Autor Tópico: O keynesianismo é uma constante  (Lida 991 vezes)

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Rhyan

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O keynesianismo é uma constante
« Online: 19 de Junho de 2009, 08:53:16 »
O keynesianismo é uma constante
 

Por Murray N. Rothbard
 

Por ironia e infortúnio, um dos mais duradouros legados dos oito anos da administração Reagan foi a ressurreição do keynesianismo. Desde o final da década de 1930 até meados da década de 1970, o keynesianismo esteve em alta tanto na profissão de economista quanto nos corredores do poder em Washington. A promessa era que, enquanto os economistas keynesianos estivessem no comando, as bênçãos da macroeconomia moderna iriam garantidamente nos levar a uma permanente prosperidade - e, melhor ainda - sem inflação. Mas então, eis que surgiu algo no meio desse caminho que levava ao Éden: a poderosa recessão inflacionária de 1973-1974.

A doutrina keynesiana, apesar do seu jargão algébrico e geométrico, é impressionantemente simples em seu âmago: recessões são causadas por uma escassez de gastos na economia; e a inflação, por um excesso de gastos. Dentre as duas principais categorias de gasto, o consumo é passivo e determinado - quase que roboticamente - pela renda; portanto, a esperança para que haja a quantidade adequada de gastos depende do investimento. Mas os investidores privados, conquanto ativos e decididamente não robóticos, são irregulares e voláteis, inconfiavelmente dependentes de flutuações - característica essa alcunhada por Keynes de "animal spiritis". [Instinto animal].

Mas, para a nossa felicidade geral, existe um outro grupo na economia que, além de ser exatamente tão ativo e decisivo quanto os investidores, é também - desde que guiado por economistas keynesianos - científico e racional, capaz de agir pelo interesse de todos: o paizão governo. Quando os investidores e os consumidores gastam pouco, o governo deve intervir e aumentar o gasto social por meio de déficits, tirando assim a economia da recessão. E quando o animal spiritis privado ficar muito selvagem, o governo deve interferir e reduzir o gasto privado por meio daquilo que os keynesianos reveladoramente chamam de "absorção do excessivo poder de compra" (o nosso, convém frisar).

Aliás, em termos teóricos, os keynesianos poderiam muito bem defender que é o governo quem deve cortar seus gastos durante um boom inflacionário, e não as pessoas. Mas a idéia de reduzir o orçamento do governo (e eu me refiro a cortes mesmo, e não a reduções no crescimento do gasto) sempre foi anátema para eles.

Originalmente, os keynesianos juravam que eles também eram tão a favor de um "orçamento equilibrado" quanto os antiquados reacionários que se opunham a eles. Mas a única e insignificante diferença, diziam eles, é que, ao contrário dos antiquados reacionários, eles não se prendiam a um período da contabilidade que durava apenas um ano; sim, eles também iriam equilibrar o orçamento, mas isso aconteceria ao longo de um período de tempo maior, geralmente o tempo de um ciclo econômico. Assim, se a um período de quatro anos de recessão se seguir um período de quatro anos de crescimento, os déficits federais durante a recessão seriam compensados pelos superávits acumulados durante o crescimento; ao longo dos oito anos do ciclo, tudo estaria equilibrado.

Evidentemente, o "orçamento ciclicamente equilibrado" foi o primeiro conceito keynesiano a ir para o buraco da memória orwelliano, pois ficou claro que não iria jamais haver qualquer superávit - apenas déficits menores ou maiores. Daí, então, surgiu uma sutil, porém importante correção no modelo keynesiano: déficits maiores durante as recessões, e déficits menores durante as expansões.

Mas o verdadeiro carrasco do keynesianismo foi a recessão inflacionária de dois dígitos ocorrida em 1973-74, logo seguida pelas ainda mais intensas recessões inflacionárias de 1979-80 e 1981-82. Pois se o governo deve pisar no acelerador dos gastos durante as recessões e no freio durante as expansões, o que diabos ele deve fazer se houver uma aguda recessão (com desemprego e falências) e uma vigorosa inflação ao mesmo tempo? O que o keynesianismo tem a dizer sobre essa situação? O governo deve pisar simultaneamente no acelerador e no freio? A inegável ocorrência de recessões inflacionárias viola os pressupostos fundamentais da teoria keynesiana, acabando assim com seu crucial programa político. Desde 1973-74, o keynesianismo está intelectualmente acabado; tornou-se uma teoria obtusa.

Mas, muito frequentemente, o cadáver se recusa a deitar, principalmente um que é composto por uma elite que teria de abrir mão de seus poderosos cargos no meio acadêmico e no governo. Uma regra crucial da política ou da sociologia é: ninguém jamais deve renunciar aos seus postos. E assim, os keynesianos se agarraram aos seus poderosos cargos o mais firme possível, dali jamais saindo, embora estejam hoje um pouquinho menos afeitos a promessas grandiosas.

Um pouco moderados, eles hoje apenas prometem fazer o melhor que puderem para manter o sistema funcionando. Essencialmente, portanto, desprovido de seu fundamento intelectual, o keynesianismo tornou-se pura e simplesmente a economia do poder, comprometida apenas em manter o establishment funcionando, em fazer ajustes marginais e em mimar ternamente a máquina governamental até a próxima eleição na esperança de que, ao ficar mexendo nos controles, alternando rapidamente entre o acelerador e o freio, alguma coisa vai funcionar - pelo menos o suficiente para preservar suas confortáveis posições por mais alguns anos.

Entretanto, no meio de toda a confusão intelectual, algumas poucas tendências dominantes, legado de seus dias gloriosos, ainda permanecem entre os keynesianos: (1) uma predileção por déficits contínuos, (2) uma devoção ao papel-moeda de curso forçado e a uma inflação, no mínimo, moderada, (3) fidelidade a um aumento constante dos gastos do governo, e (4) uma afeição eterna pelo aumento de impostos como meio de diminuir timidamente os déficits e, sobretudo, como meio de infligir um saudável castigo na população gananciosa, egoísta e imediatista.

Nos EUA, a administração Reagan conseguiu institucionalizar essas benesses no cotidiano do país, e de modo aparentemente permanente. Desde então, os déficits estão cada vez maiores e aparentam ser eternos; pior, formou-se um padrão de competição: os economistas de qualquer que seja o governo do momento estão sempre se esforçando para superar o keynesianismo dos seus antecessores, sendo que o maior desafio é arrumar desculpas cada vez mais engenhosas para os déficits exorbitantes. A única disputa permitida é aquela que ocorre dentro do campo keynesiano, com os supostamente "conservadores" economistas supply-siders (economia do lado da oferta) unindo-se entusiasmadamente aos keynesianos na paixão pela inflação e pelo crédito fácil, e diferindo-se deles apenas ao pedir alguns cortes de impostos e ao se posicionar contra o seu aumento.

O triunfo dos keynesianos dentro da administração Reagan - o que solidificou o retorno dessa doutrina à proeminência política - se deveu ao rápido falecimento dos monetaristas, os principais concorrentes dos keynesianos no meio acadêmico. Após uma série de previsões desastrosamente ruins, os monetaristas - que repetiam continuamente que "ciência é predição" - tiveram de bater em retirada, confusos e desesperadamente tentando descobrir o que deu errado, além de também terem de decidir qual dos Ms - M1, M2, M3 ou M4 - deveria servir como o representante da verdadeira oferta monetária. O colapso do monetarismo tornou-se evidente quando seu simpatizante, o então Secretário do Tesouro Donald Regan, foi substituído pelo keynesiano James Baker. Com os keynesianos dominando o segundo mandato de Reagan, a transição para um time completamente keynesiano no governo Bush - sendo que Bush sempre teve fortes inclinações keynesianas - foi tão suave que foi praticamente invisível.

É compreensível que o mesmo governo [Reagan] que tenha tratado assuntos importantes por meio de breves discursos e imagens de TV tenha sido também o responsável pela restauração da dominância de um credo econômico intelectualmente falido, o mesmo credo responsável pela política econômica de cada governo desde o segundo mandato de Franklin D. Roosevelt.

Também não é por acaso que o mesmo governo que foi capaz de combinar a retórica de "tirar o governo dos nossos ombros" com a realidade de um governo enormemente expandido, foi aquele que também trouxe de volta o fracassado e estatizante keynesianismo, e tudo sob a retórica da prosperidade e da livre iniciativa.

______________________________________________

Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies. Esse texto foi publicado em janeiro de 1989 no períodico The Free Market.

 

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque


Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=183

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #1 Online: 19 de Junho de 2009, 09:01:12 »
Falando sério, seria legal pegar uma ilha ou cidade e fazer uma experiência minarquista ou anarco-capitalista.

Rhyan

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #2 Online: 19 de Junho de 2009, 09:12:24 »
O filho do David Friedman (e neto do Milton Friedman) criou um instituto para criar essa cidade no meio do mar. Não to achando o link, faz tempo que vi isso.

O pai dele não gostou da idéia.

Atheist

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #3 Online: 19 de Junho de 2009, 10:44:20 »
Já leram ou assistiram "Ensaio sobre a cegueira"? Não consigo imaginar que anarquismo possa ser algo diferente daquilo.

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #4 Online: 19 de Junho de 2009, 17:21:15 »
O filho do David Friedman (e neto do Milton Friedman) criou um instituto para criar essa cidade no meio do mar. Não to achando o link, faz tempo que vi isso.

O pai dele não gostou da idéia.

http://www.wired.com/science/planetearth/news/2008/05/seasteading?currentPage=all

http://en.wikipedia.org/wiki/Patri_Friedman

http://en.wikipedia.org/wiki/Seasteading_Institute
« Última modificação: 19 de Junho de 2009, 17:25:58 por Dante Cardoso Pinto de Almeida »

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #5 Online: 19 de Junho de 2009, 17:21:36 »
Já leram ou assistiram "Ensaio sobre a cegueira"? Não consigo imaginar que anarquismo possa ser algo diferente daquilo.

Já. Por isto eu sou minarquista.

Offline Herf

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #6 Online: 19 de Junho de 2009, 20:37:08 »
Falando sério, seria legal pegar uma ilha ou cidade e fazer uma experiência minarquista ou anarco-capitalista.
http://en.wikipedia.org/wiki/Free_State_Project

Citar
The Free State Project (FSP) is an Internet-based political movement, founded in 2001, to get at least 20,000 libertarian-leaning people to move to New Hampshire in order to make the state a stronghold for libertarian ideals.

Those who join the Free State Project sign a statement of intent to move to New Hampshire within five years of the group reaching 20,000 members. However, many FSP members choose to simply move to New Hampshire as soon as they can, rather than wait for the goal of 20,000 members to be reached. Those who move to New Hampshire in advance of the FSP reaching 20,000 members are referred to as "early movers".

As of June 16, 2009, there are 9,363 members, of which 720 have already moved to New Hampshire.[1] The movement achieved a victory in 2006 when one of its members, Joel Winters, was elected to the New Hampshire General Court. Winters ran as a Democrat.[2] In 2008, six Free Staters were elected to the New Hampshire House of Representatives, including Winters, according to group members.[3]

Many project members also belong to the New Hampshire Liberty Alliance.[4]

Vale conferir o site e, principalmente, o fórum de discussões, onde há muita discussão libertária interessantíssima:

http://www.freestateproject.org/
http://forum.freestateproject.org/

Offline DDV

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #7 Online: 19 de Junho de 2009, 21:33:57 »
Eu acho que os MMORPGs poderiam ser usados em testes de teorias econômicas, já que (guardadas as devidas proporções) são pessoas "reais" que estão interagindo. Obviamente, não daria pra reproduzir um medo real de desemprego e miséria, que influencia bastante o comportamento das pessoas no mundo real.

Entrei em contato com um desses MMORPGs e achei interesssante o potencial para testar teorias econômicas e sociológicas. Faltaria apenas criar jogos com simulações a mais fidedignas possíveis do mundo real.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #8 Online: 19 de Junho de 2009, 21:57:05 »
Talvez se houvessem "premiações" que valessem no "mundo real" os RPGs simulassem um pouco melhor esse aspecto do medo do desemprego. Mas se perderia volume de pessoas na simulação, a menos que investissem muito nesses prêmios.







Falando sério, seria legal pegar uma ilha ou cidade e fazer uma experiência minarquista ou anarco-capitalista.
http://en.wikipedia.org/wiki/Free_State_Project

Citar
The Free State Project (FSP) is an Internet-based political movement, founded in 2001, to get at least 20,000 libertarian-leaning people to move to New Hampshire in order to make the state a stronghold for libertarian ideals.

Those who join the Free State Project sign a statement of intent to move to New Hampshire within five years of the group reaching 20,000 members. However, many FSP members choose to simply move to New Hampshire as soon as they can, rather than wait for the goal of 20,000 members to be reached. Those who move to New Hampshire in advance of the FSP reaching 20,000 members are referred to as "early movers".

As of June 16, 2009, there are 9,363 members, of which 720 have already moved to New Hampshire.[1] The movement achieved a victory in 2006 when one of its members, Joel Winters, was elected to the New Hampshire General Court. Winters ran as a Democrat.[2] In 2008, six Free Staters were elected to the New Hampshire House of Representatives, including Winters, according to group members.[3]

Many project members also belong to the New Hampshire Liberty Alliance.[4]

Vale conferir o site e, principalmente, o fórum de discussões, onde há muita discussão libertária interessantíssima:

http://www.freestateproject.org/
http://forum.freestateproject.org/

Interessante. Bem que os comunistas poderiam tentar empreitadas similares em vez de tentar impor tudo a força a todos. O mais próximo disso que existe meio comunistóide é o projeto Horcones:

Citar
Los Horcones is a community formed in October, 1973 that utilizes behavioral principles to govern itself (much like BF Skinner 's Walden Two). It is located in Sonora, Mexico. (28˚44' N 110˚25' W)

http://en.wikipedia.org/wiki/Los_Horcones
http://loshorcones.org/


Mas o lance desses é mais engenharia social do que comunismo, embora sua economia pareça tender bastante ao comunismo:

http://loshorcones.org/organization/economy.html

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #9 Online: 19 de Junho de 2009, 22:05:11 »
Citar
Civil disobedience

Several Free State Project members have taken part in acts of civil disobedience within New Hampshire. Lauren Canario was arrested for driving without a license, and then refused to co-operate with legal proceedings. She was arrested for a second time when she entered a court building without permission to retrieve a camera that had been taken from her.

On January 10, 2009, Andrew Carroll, an 18-year-old Free State Project member, took part in an act of marijuana civil disobedience. Though he does not smoke it himself, he openly possessed marijuana, in order to demonstrate what he believes to be the stupidity of the drug war.[13] Carroll was arrested for this, and was found guilty - but is opting to spend eight days in jail and appeal the conviction rather than pay a $420 fine. [14]

Most recently, in April 2009, Sam Dodson was arrested for filming in court lobby. As he refused to give his name (exercising his fifth amendment right), he is being held indefinitely without trial.

Meio punks... :/

Offline Herf

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Re: O keynesianismo é uma constante
« Resposta #10 Online: 20 de Junho de 2009, 23:06:27 »
Conheço esse movimento apenas superficialmente, mas não acredito que isso seja comum. Parece claro pelo que li que o objetivo é ir implementando as reformas de caráter libertário pela via democrática, e fazer de New Hampshire, aos poucos, um pólo libertário que venha a irradiar essa ideologia ao resto dos EUA e também do mundo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O keynesianismo é uma constante
« Resposta #11 Online: 29 de Novembro de 2016, 17:20:49 »
O "free state project" atingiu no começo do ano a meta de 20.000 dispostos a mudar em massa para New Hampshire.

<a href="https://www.youtube.com/v/OPka9pKH-Xo" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/OPka9pKH-Xo</a>


Será que o coletivismo inerente ao projeto pode ser também sua ruína? Essa imigração massiva não vai elevar os preços para todos, especialmente de habitação? Se bem que a tendência é serem na maioria gente não exatamente na pindaíba, não é como se fosse uma nova temporada de homesteaders.



Até porque, ao contrário do que sugere a PROPAGANDA ENGANOSA, simplesmente NÃO É um estado GRÁTIS, mas sim um estado para quem ainda tenha o PODER financeiro para poder se mudar para lá e meios para manter seu PODER e se sustentar. O característico veneno na língua das cascavéis do deserto.










:?: Legalmente, "país" precisa de ter território? Poderia haver um país como uma instituição legal apenas, não tendo uma "terra natal" mas cidadãos com dupla nacionalidade ao redor do mundo todo? Algo assim seria de alguma utilidade a fim de libertários e simpatizantes se esquivarem em algo de imposições do estado "real" em suas relações individuais?

 

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