Autor Tópico: ARTIGO: Ateus, poetas & messias  (Lida 712 vezes)

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Offline ronysalles

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ARTIGO: Ateus, poetas & messias
« Online: 19 de Junho de 2009, 15:30:11 »
Leiam este artigo, tem algumas coisas que acho fora de rumo. Acho o escritor meio apaixonado. Leiam e digam o que pensam.


A estupidez humana não cessa de me espantar. Leio na imprensa do dia que uma associação "humanista" da Grã-Bretanha lançou em Londres uma campanha pública para defender a provável inexistência de Deus. A ideia foi escrever nos ônibus da cidade duas frases de arrasadora profundidade filosófica: "Deus provavelmente não existe. Por isso, deixa de te preocupar e aproveita a vida".

A tese espanta, não apenas pela infantilidade que a define --mas pela natureza ilógica que a contamina. Se Deus não existe, haverá necessariamente motivos para celebrar?

Os mais radicais "philosophes" do século 18 concordariam que sim. O próprio projeto iluminista, na sua crítica à instituição religiosa como autoritária e obscurantista, defendia que a libertação dos Homens passava pela libertação do divino. Nem todos os "philosophes" eram ateus, é certo: Rousseau ou Diderot, impenitentes "deístas", não são comparáveis a La Mettrie ou Helvétius. Mas o iluminismo continental abriria a primeira brecha na cultura ocidental, ao retirar a Fé do seu trono e ao coroar a deusa Razão.

Foi esse gesto primordial que tornaria possível as devastadoras críticas posteriores do trio maravilha (Feuerbach, Marx e Freud). Deus criou os Homens? Pelo contrário: Deus é uma criação dos Homens por razões várias e todas elas racionalmente explicáveis.

Os Homens criaram Deus por temerem a sua própria mortalidade (Feuerbach). Os Homens criaram Deus por contraposição às condições materiais das suas existências precárias (Marx). Os Homens criaram Deus por puro sentimento de culpa: parricidas arrependidos, eles buscam ainda uma autoridade perdida; Deus é o "fétiche" infantil de quem se recusa a viver uma vida adulta (Freud).

Infelizmente, aparece sempre alguém para estragar a festa. Falo de Doistóievski, claro, disposto a contrariar o otimismo liberal da burguesia russa oitocentista, para quem Deus era um empecilho de modernidade. Pela boca de Karamazov, Dostoiévski formularia a pergunta que Feuerbach, Marx, Freud e também Nietzsche se recusaram a enfrentar: e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a acção humana?

Essa possibilidade seria confirmada no século seguinte: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente ateias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais.

Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton. Antes de festejarmos a provável inexistência do barbudo, convém saber o que essa coisa será.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u494323.shtml
“A maior decepção de um crente fervoroso seria, ao chegar no céu, vê um ateu”. ronysalles

Offline lusitano

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Re: ARTIGO: Ateus, poetas & messias
« Resposta #1 Online: 20 de Junho de 2009, 20:59:40 »
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ronysalles:

Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton. Antes de festejarmos a provável inexistência do barbudo, convém saber o que essa coisa será.

De facto - nada - não é nada em que se deva acreditar. Também acho :!: :idea:
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline N3RD

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Re: ARTIGO: Ateus, poetas & messias
« Resposta #2 Online: 21 de Junho de 2009, 13:29:24 »
Porque acham que o acreditar é imprensendivel ?   :nojo:


Esta coisa de ter que acreditar em algo é balela, ainda assim muitos caem  ::)
Não deseje.

Offline Bruno Coelho

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Re: ARTIGO: Ateus, poetas & messias
« Resposta #3 Online: 21 de Junho de 2009, 14:01:22 »
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A estupidez humana não cessa de me espantar.

Começando dessa forma o autor deixa transpareçer a sua grande humildade perante a verdade.

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Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton.
Acreditar na improvável inexistência de um ser divido não implica que sejamos niilistas, talvez  aqueles que  dedicam a sua vida  unicamente a Deus, e que eventualmente se tornassem descrentes, se encaixassem nesse perfil.Certamente os ateus não acreditam em qualquer coisa, acreditam nas verdades que são mais plausiveis para si, dizer que a partir do momento em que não acreditamos em Deus, iremos acreditar em nada é falso, pois existem pessoas que não acreditam em Deus e que acreditam em outras afirmações ou por serem respostas que lhe satisfaçam ou por darem de alguma forma sentido a sua vida.

Offline ffl

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Re: ARTIGO: Ateus, poetas & messias
« Resposta #4 Online: 06 de Julho de 2009, 18:01:35 »
''no século seguinte: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente ateias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais.''
Parece que o cara não sabe o que foram as cruzadas ou nunca ouviu o termo ''guerra santa''.
Ele fala como se os ateus fossem o mal do mundo.


 

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