Autor Tópico: Real vai ser nossa moeda para o resto da vida  (Lida 1348 vezes)

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Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Online: 02 de Julho de 2009, 01:45:29 »
Real vai ser nossa moeda para o resto da vida, diz um dos "pais" do Plano

No dia 1º de julho de 1994, ele era secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda. Participou ativamente do processo de formulação, operacionalização e administração do Plano Real, que hoje (quarta-feira) comemora 15 anos de vigência no Brasil. O principal feito do pacote foi ter controlado a hiperinflação no país, que ultrapassava a casa dos 7.000% ao ano. Para Gustavo Franco, o Real acaba com o histórico de trocas sucessivas de moeda na economia brasileira. “Não vejo nenhuma razão para a gente mudar de moeda. (O Real) Vai ser, provavelmente, a nossa moeda para o resto da vida.”


Em entrevista ao Último Segundo, Franco, que presidiu o Banco Central entre agosto de 1997 e janeiro de 1999, e atualmente é estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos, diz que o Plano Real livrou a economia brasileira “de um câncer terminal”, mas reconhece que transformar o país “em um atleta olímpico” é tarefa para os próximos 15 anos. O desafio que virá, segundo ele, é garantir o crescimento sustentável da economia, melhorando a situação fiscal do país.

Confira a íntegra da entrevista:

Último Segundo - Ao longo desses 15 anos de Plano Real, o que deve ser comemorado?

Gustavo Franco -
Nós nos livramos de um câncer terminal e conseguimos recuperar a saúde do paciente. Não a ponto de ele se tornar um atleta olímpico, mas isso fica para os próximos 15 anos.

O “câncer terminal” a que o senhor se refere é a hiperinflação?

A inflação média do primeiro semestre de 1994 foi de 7.300 % ao ano. No primeiro ano do Real, conseguimos trazer a 33% ao ano, nos primeiros 12 meses terminados em julho de 2005, e mais um tempo para trazê-la abaixo de 5%. Finalmente em 1998, a gente conseguiu 1,7% ao ano para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ter chegado a esse nível foi fundamental para conseguirmos desindexar os contratos e a cabeça das pessoas. Provou-se que o Brasil poderia ter uma moeda e inflação de primeiro mundo. Ninguém acreditava nisso em 1994. Uma vez provado, as pessoas passaram a se comportar como se isso fosse a normalidade e, a partir daí, tudo ficou mais fácil.

E o que a equipe econômica esperava comemorar, mas que não pode ser comemorado?

Foi uma guerra, especialmente nos primeiros tempos. Como em uma guerra, você tem batalhas que ganha, mas perde tropas, tem gente ferida. Algumas soluções tomadas poderiam não ser as ideais, mas eram as possíveis. Fizemos o melhor dentro de circunstâncias difíceis. Não consigo imaginar como seria, se tivéssemos feito coisas diferentes. Em situações como aquela, não dava para fazer o ideal. Às vezes, ganhamos de 1 a 0, com gol de mão no final. Outras vezes, a vitória vem mais fácil. Foi um longo campeonato, mas o importante foi ganhar o campeonato.

Como o Plano Real vai ficar marcado na história brasileira?

Eu acho que já marcou e, aliás, está marcado no bolso da população brasileira. Vai ser, provavelmente, a nossa moeda para o resto da vida. Não vejo nenhuma razão para a gente mudar de moeda. Possivelmente, somos recordista mundial em mudança de moeda. Tivemos oito padrões desde 1942, quando o Cruzeiro substituiu os Réis.

E como o senhor espera ser lembrado?

Fui um mero membro de uma equipe. Tive uma responsabilidade dentro de um grupo grande de pessoas. Não acho que seja importante a gente ressaltar o sentimento de posse, já que um elemento de importante apreço pela coisa publica é justamente ter clareza que a coisa não é sua. Não tem coisa mais publica que a moeda. A coisa é do país. Hoje, é importante que o Real seja visto como uma criação do Brasil, não do PSDB ou de ninguém.

Quais são os desafios para a economia nos próximos 15 anos?

Sem dúvida, o maior desafio para os próximos 15 anos é o crescimento sustentado. Ainda não conseguimos nos desintoxicar inteiramente do problema que gerou a inflação no passado, e que hoje gera o juro. Os juros no Brasil ainda são muito altos e a razão para isso é a situação fiscal, que ainda não é a melhor que a gente pode ter e é onde a gente tem de progredir. Se tivermos finanças publicas de primeiro mundo, teremos juros de primeiro mundo e um crescimento muito melhor.

O senhor acredita que o Real pode ser uma moeda regional?

Eu acho que sim. Não sei se uma moeda de uso nos contratos de comércio exterior, mas seguramente o Real já é uma moeda relevante para o investidor financeiro pelo mundo. Acho muito difícil retirar o dólar do seu papel de moeda de comercio exterior, mas o Real vem avançando gradativamente como uma dessas outras moedas relevantes e esse papel só tende a se ampliar no futuro.

Quais eram os temores da equipe econômica às vésperas do lançamento do Real?

Os temores todos (risos). A situação era muito difícil e tudo poderia dar errado. Eu acho que nós aproveitamos bem os insucessos anteriores para fazer uma bela síntese de boas ideias, que no passado tinham sido implementadas, mas sem sucesso, por faltar um compromisso mais sério com a saúde da moeda. Mas tinha uma infinidade de detalhes da fase de URV, que era uma operação delicada, que mexia com a vida de todo mundo, e tudo precisava ser feito com precisão para não haver desequilíbrio. Depois disso, a partir de 1º de julho de 1994, era um combate à inflação mais convencional, com política fiscal, monetária, cambial, em que muita coisa poderia dar errado. Tínhamos ainda privatizações, uma crise bancária, que a gente conseguiu não deixar estourar e levar as coisas relativamente sem tumulto até resolver o problema. Foram mais de 100 bancos liquidados nos primeiros anos do Real sem que isso tivesse causado ruptura na economia. É só olhar o que acontece hoje para perceber o impacto de uma crise bancária na economia.

No último domingo (28), o jornal O Globo publicou que os temores de um possível fracasso do Real levaram a equipe econômica a imprimir 130 milhões de cédulas de R$ 100. Essa história é verdade?

Procede, mas há um certo exagero. Havia uma diferença de opinião sobre quanto seria necessário imprimir, porque havia uma estimativa de qual seria a inflação do Real, quanto tempo demoraria para chegarmos a uma inflação igual a dos Estados Unidos. Na pratica levou 30 meses, mas poderia ter sido 60. Se levasse 60 meses, (o Real) morreria no caminho. Chegar abaixo de 10% em cerca de 22 meses foi o suficiente para a gente não precisar (das notas). Para assegurar o sucesso do plano, a nota de R$ 100 ficou lá sobrando, mas não é dinheiro jogado fora, porque acabou entrando em circulação. Até hoje, temos nota de R$ 100 assinada pelo (Pedro) Malan (ex-presidente do BC entre 1993 e 1994). Eu mesmo não assinei nota de R$ 100, quando fui presidente do BC.

O Real foi antecedido por seis planos desde 1986. Quais fatores fizeram com que ele não fosse apenas mais uma tentativa frustrada?

O fundamentalismo foi o diferencial. Foi o diagnóstico de que a inflação brasileira não era acidental, nem estrutural. Era, na verdade, o sintoma óbvio do excesso de fabricação de moeda, decorrente da situação fiscal fora de controle, como são todas as inflações que a história da humanidade registra. Durante outros planos, quisemos nos enganar que a inflação brasileira era diferente, e não é não. Então, o primeiro dos planos que assumiu que tínhamos uma doença fiscal foi o que deu certo. Aliás, como em qualquer tratamento médico, começa acertando o diagnóstico para não usar o remédio errado.

Desde o seu lançamento, o Real já enfrentou, pelo menos, oito crises de diferentes impactos e proporções [México (1995), Ásia (1997-1998), Rússia (1999), Argentina (2001), 11 de setembro (2001), Apagão (2001), Eleição de Lula (2002) e EUA (2008-2009)]. Podemos dizer que temos uma moeda blindada contra crises?

É presunção falar de blindagem. Acho que não. Porém já dá para dizer com relativa segurança que o risco de volta à inflação de dois, três, quatro dígitos está afastado. Desde 2002, pode-se dizer que está afastado. Desde então, a gente vive um sistema de metas de inflação que tem os seus ciclos de subida e descida de juros com a inflação que jamais ultrapassou 10%. Desde 2003, 2004 a inflação está abaixo de 7% aproximadamente, e agora possivelmente caindo abaixo de 4%. Nesse sentido, temos todas as condições para manter as coisas sob controle. Vamos ter crises no futuro, a gente não sabe bem de onde ou de que natureza, mas é uma certeza no sistema em que a gente vive. Mas agora o organismo está muito mais sadio do que jamais esteve. Por isso, tem toda condição de vencer a próxima crise, como venceu essa.

Vídeo no site: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/07/01/real+vai+ser+nossa+moeda+para+o+resto+da+vida+diz+um+dos+pais+do+plano+7044113.html

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Offline Gabarito

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #1 Online: 16 de Março de 2014, 15:26:32 »
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NA REAL, VINTE ANOS.
    16. mar



Tive o privilégio e o prazer de assistir ao seminário   “ 20 Anos depois do Plano Real: um debate sobre o futuro do Brasil  “  promovido pelo IFHC- Instituto Fernando Henrique Cardoso, dia 12 de março em SP.

Durante um dia inteiro,  algumas das melhores cabeças pensantes do Brasil ,  revezaram-se em análises brilhantes sobre a conjuntura e a  história recente da economia brasileira . A começar pelo ex-presidente FHC , de invejável  lucidez,  passando por Pedro Malan , Gustavo Loyola, Armínio Fraga , Gustavo Franco , Eduardo Giannetti, Roberto da Matta , Sergio Fausto, , José Roberto Mendonça de Barros , Demétrio Magnoli,  Edmar Bacha , André Lara Resende e Pérsio Arida. Ufa! Dá gosto  escutar  esta significativa amostra da inteligência brasileira e ,  ao mesmo tempo, se pode  entender por que todos eles se encontram tão distantes do poder.

Dando início aos trabalhos FHC enfatizou a importância de se continuar as reformas estruturais iniciadas pelo Plano Real. O ex-presidente identifica um certo “mal estar“  no conjunto da sociedade brasileira , uma necessidade de mudança , uma demanda por melhor qualidade de vida , apesar, e talvez , justamente , por conta dos  recentes ganhos efetivos de renda.

Pedro Malan sublinhou a inadequação,  e a ineficiência,  do atual    aparelho de estado brasileiro. Do tanto que a sociedade paga de impostos e como toda esta montanha de dinheiro é mal utilizada. Malan,  lembrou a necessidade das contas públicas estarem  equilibradas e , principalmente , da importância da sua transparência e critério,  garantindo a   credibilidade do nosso país na comunidade internacional.

Gustavo Loyola alertou para o caráter perverso dos repasses de recursos do Tesouro , através do BNDES , recriando a antiga e nefasta conta-movimento do Banco do Brasil. O destino desta grana toda vai  para as empresas “campeãs nacionais “ , amigas do governo, num modelo muito semelhante aos tempos da ditadura militar.

Armínio Fraga foi o mais veemente no que identifica como o grave risco que corre a economia do Brasil. Uma  política macro econômica frouxa , pouco comprometida com os controles das contas públicas   e da inflação , aliado ao baixo crescimento  e a baixa produtividade da economia,  não vai  acabar dando em boa coisa. Na verdade ,  a inflação brasileira é muito maior que o divulgado, pois  é  “mascarada”  através do  controle de preços dos combustíveis e energia.

Gustavo Franco foi muito feliz em sua intervenção ao criticar o “ populismo bolivarianista” que assola boa parte do continente. Esse tipo de “ideologia” se mostra muito eficiente  na política , principalmente por se servir , sem nenhum pudor,  da demagogia  e do clientelismo. Por outro lado estre mesmo” bolivarianismo “  se mostra incompetente na gestão e coordenação de qualquer política econômica

Eduardo Giannetti  mostrou que,  no Brasil , a Sociedade serve ao Estado , quando deveria ser justamente  ao contrário. E pior : que o governo por sua vez se serve , ‘a vontade , do Estado. A onipresença do aparelho de Estado no dia-a-dia  do cidadão acaba criando uma subordinação da Sociedade ao Poder. Segundo Giannetti ,  tamanho nível de  tutela,  como  hoje se vive  no Brasil, só encontra paralelo no estado Novo e nos governos militares.

Eduardo Giannetti lembra que cerca de 40% do PIB vão direto para o Estado que , por sua vez , só transforma em investimentos míseros 2,4% do Produto Interno Bruto. Cerca de 40 milhões de famílias  dependem ou vivem parasitariamente do estado brasileiro. Multiplicados de forma conservadora por três: pai , mãe e um filho , temos uma população de 120 milhões de brasileiros cuja renda depende diretamente do Estado. O que não é funcionalismo público , é beneficiário do Bolsa Família, ou seja,  chega a 60% de toda a população.

Ninguém é contra o Bolsa Família , só que o programa  deve  ser entendido como uma alavanca de desenvolvimento social  e não como uma eterna  muleta,  por conta da “ piedade” de governantes. Não se deve comemorar a cada milhão de brasileiros que passa a ser beneficiado pelo Bolsa Família. O que se deve celebrar é quando  uma família pode dispensar este tipo de ajuda.

Giannetti vai mais longe ao mostrar que muito maiores que os recursos destinados as políticas ditas sociais  são os recursos destinadas as “empresas amigas “ , através do BNDES , que chegam a corresponder a 9% do  PIB. Essa  é a Bolsa BNDES. Eduardo Giannetti propõem é uma maior autonomia aos estados e municípios, onde o Estado se submeta  as demandas da  Sociedade através de um controle descentralizado ,onde  os recursos públicos  possam ser   aplicados com mais eficiência e eficácia.

Edmar Bacha levantou um ponto importante sobre o custo dos impostos na economia  brasileira. O cipoal mutante de leis e normas,  obriga a que toda empresa tenha  uma estrutura operacional e legal para resolver as questões fiscais e tributárias. E , é claro , que estes custos entram na formação do preço final do produto ou do serviço. Portanto torna-se  urgente uma reforma tributária no país.

Bacha mostrou que estamos perdendo competitividade à olhos vistos. De sétima economia do planeta fomos rebaixados  para o nono lugar. E, mesmo sendo a nona maior economia do  mundo,  ocupamos um modesto  24º lugar na lista dos maiores exportadores. Ou seja , a economia brasileira é responsável por 3,3 % do PIB mundial , no entanto,  a nossa participação no comércio internacional é de apenas 1,3% do PIB planetário. Pelo lado das importações , nossas compras no exterior correspondem a 1,3 % do PIB , a menor percentagem entre todos os 176  países medidos pelo Banco Mundial.

André Lara Resende falou da necessidade de correção de rumo na economia brasileira , ao mesmo tempo ,  colocou a questão da relação do crescimento econômico versus qualidade de vida. Ou seja nem todo aumento na renda real representa , necessariamente,  uma   diminuição no stress da vida cotidiana , na convivência com a família e  com os amigos e a confiança no futuro. André coloca em cheque a política atual de consumo desvairado e crédito sem limites de  governos  populistas e irresponsáveis.

André Lara Resende lembrou que  a Educação, como política de Estado,  é o melhor caminho para um desenvolvimento sustentado e consistente , contribuindo  de forma decisiva para atenuar as desigualdades existentes na  sociedade.

Por último Pérsio Arida fez uma irônica confissão de fé no Liberalismo vis-à-vis a situação em que se encontra a economia brasileira. Segundo Pérsio , o Brasil precisa se modernizar , o Estado brasileiro precisa de um choque de produtividade.

Na minha opinião o mais importante e  que define o caudaloso seminário é que o  Brasil  ,  antes de mais nada, precisa  de um projeto.

E tenho dito.

Offline _Juca_

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #2 Online: 16 de Março de 2014, 15:44:59 »
É pra comemorar os 20 anos do Real, e eu concordo  com colunista humorista aí, quando diz que entende porque esse pessoal não está no poder, mas pelo pelo motivo contrário do que ele acha,´porque o discurso deles é um tanto raso nas críticas e principalmente sem um discurso construtivo, propositivo e alternativo para o que eles criticam, o que denota uma certa hipocrisia, porque parece que não saberiam fazer nada muito diferente. Aliás, é por isso que a oposição sofre tanto no Brasil, falta gente que pensa mais alto e lidere essa turma aí.

Offline Gabarito

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #3 Online: 16 de Março de 2014, 16:00:24 »
Eu nem ia postar esse outro artigo, mas por falar em hipocrisia, é bom lembrar que hipocrisia de verdade é ser contra o Plano Real, votar contra o Plano Real, fazer campanha contra o Plano Real e hoje ser o maior beneficiário dele.

Lá vai mais pedrada:

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O DINHEIRO NÃO VALE NADA.
    16. mar


INFLACAOO DINHEIRO NÃO VALE NADA

Mi recordo, si, io mi ricordo.

Dos tempos da Hiperinflação , quando se entrava no supermercado e o que se escutava era o matraquear  das maquininhas de remarcar preço.  Naqueles tempos,  ainda não se usava o código de barras. Estava começando a minha vida adulta. Assim que  o “pagador “ saía , corria feito um alucinado ,  na direção do supermercado enchendo quantos carrinhos pudesse,  antes que o valor do meu parco salário evaporasse.

O dinheiro perdia o seu valor tão rápido , que as empresas pagavam os seus funcionários de quinze em quinze dias. Comparados com os mais humildes éramos um privilegiados pois , conseguíamos minimizar um pouco o efeito perverso da inflação. Nós, da classe média para cima , não tínhamos dinheiro em conta corrente. Ficava tudo aplicado em fundos que , por sua vez,  financiavam ( e aumentavam ) o déficit público ,   girando  a roda da inflação. Vivíamos como hamsters.

De manhã , assim  se chegava no “serviço “, antes de qualquer coisa,  telefonava-se para o banco, mandando  baixar para a conta corrente,   a quantia necessária para os pagamentos do dia. O preço das coisas subia de maneira  tão descontrolada que não se perdia a noção de preços relativos. Desde  quantos cruzados se podia pagar por um cacho de bananas até se a propina  que o empreiteiro  tinha pago ao deputado era mesmo um absurdo.

Meu querido amigo ,  o economista Sérgio Besserman, trabalhávamos juntos no departamento de planejamento do BNDES  e , depois de muito debater,   chegamos a conclusão que o dinheiro, a qualquer momento,  corria o sério risco de não valer nada. Viraria pó. A economia, então ,  se daria na sua forma mais atrasada, ou seja o escambo. A troca de mercadorias sem a intermediação da moeda. Prevenidos, compramos latas e latas de atum em conserva para ,no futuro,  podermos trocar por sapatos , remédios , o que fosse.

Brasileiro que não  conhecesse  rudimentos de finanças morria de fome. Os planos milagrosos se sucediam . A cada novo plano um rasgo de esperança , uma réstia de luz no fim do túnel que , pouco depois,  se revelava em  mais uma feroz locomotiva.

Lembro quando nasceu a minha filha, poucos dias depois do Plano Collor. O plano  que , simplesmente,  confiscou toda a poupança dos brasileiros. Não havia dinheiro para ninguém. Soube então que , num caixa eletrônico do aeroporto Santos Dumont , ainda havia   “algum qualquer  “ . Parti direto para o local e enfrentei uma fila quilométrica  , só assim consegui  alguns trocados  e  comprar  pacotes de fraldas.

Eu poderia escrever  um livro sobre a tragédia que é a inflação. Mas , felizmente,  não é necessário. A Miriam Leitão já escreveu um insuperável ,  “o  nome se chama “:    A Saga Brasileira: A  Longa Luta de Um Povo Por Sua Moeda, tem na Livraria da Travessa    e deveria ser lido por  todos os jovens.

Digo isso por que  participei de um seminário comemorativo dos 20 anos do Real , em São Paulo. E fiquei chocado com a ausência de jovens na plateia. E como já disse o meu amigo Carlos Marx, o povo que não conhece a sua História esta condenado a repeti-la enquanto farsa.

Numa modesta contribuição,  preparei um resumo resumidíssimo do que foi dito e falado no encontro no post

http://www.casseta.com.br/madureira/2014/03/16/na-real-vinte-anos/.


E tenho dito.

Offline Gabarito

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #4 Online: 16 de Março de 2014, 16:04:26 »

Lula, opositor do Plano real, e trabalhadores

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Durante todo o Governo FHC, o Partido dos Trabalhadores (PT) como principal opositor ao governo, votou contra15 a maioria das medidas propostas no Plano Real ou que vieram a fazer parte dele, tal como o PROER. Alguns poucos artigos receberam apoio, como a previsão de destinação de recursos do FSE para o Sistema Único de Saúde, em 1994.6

Críticos afirmam que o PAC é apenas o apostilamento de todos os projetos do governo e que isso não implica naquilo que preconiza, a aceleração do crescimento.16 17 18
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Quando a gente é de oposição, pode fazer bravata porque não vai ter de executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer, e aí não cabe a bravata.

— Presidente Lula (Ipsis litteris) assumindo em encontro com empresários que fazia oposição.


Wikipedia.
« Última modificação: 16 de Março de 2014, 16:07:20 por Gabarito »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #5 Online: 16 de Março de 2014, 16:43:18 »
É pra comemorar os 20 anos do Real, e eu concordo  com colunista humorista aí, quando diz que entende porque esse pessoal não está no poder, mas pelo pelo motivo contrário do que ele acha,´porque o discurso deles é um tanto raso nas críticas e principalmente sem um discurso construtivo, propositivo e alternativo para o que eles criticam, o que denota uma certa hipocrisia, porque parece que não saberiam fazer nada muito diferente. Aliás, é por isso que a oposição sofre tanto no Brasil, falta gente que pensa mais alto e lidere essa turma aí.

De hipocrisia os petistas como o Lulla e o Dilmão entendem muito.

Offline Cumpadi

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #6 Online: 16 de Março de 2014, 21:06:23 »
O real terá uma vida mais curta do que vocês imaginam pelo simples motivo de ele estar atrelado ao dólar. A estabilidade do dólar se devia ao padrão ouro e restrições de gastos, agora ela se deve aos países otários que compram dólar.
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Offline Gigaview

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #7 Online: 16 de Março de 2014, 21:12:25 »
O real terá uma vida mais curta do que vocês imaginam pelo simples motivo de ele estar atrelado ao dólar. A estabilidade do dólar se devia ao padrão ouro e restrições de gastos, agora ela se deve aos países otários que compram dólar.

Atrelado? Como?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

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Offline Moro

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #8 Online: 16 de Março de 2014, 21:15:05 »
É pra comemorar os 20 anos do Real, e eu concordo  com colunista humorista aí, quando diz que entende porque esse pessoal não está no poder, mas pelo pelo motivo contrário do que ele acha,´porque o discurso deles é um tanto raso nas críticas e principalmente sem um discurso construtivo, propositivo e alternativo para o que eles criticam, o que denota uma certa hipocrisia, porque parece que não saberiam fazer nada muito diferente. Aliás, é por isso que a oposição sofre tanto no Brasil, falta gente que pensa mais alto e lidere essa turma aí.

gente como Lula e Dilma imagino, que fizeram coisas diferentes e criativas.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Geotecton

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #9 Online: 16 de Março de 2014, 21:18:21 »
É pra comemorar os 20 anos do Real, e eu concordo  com colunista humorista aí, quando diz que entende porque esse pessoal não está no poder, mas pelo pelo motivo contrário do que ele acha,´porque o discurso deles é um tanto raso nas críticas e principalmente sem um discurso construtivo, propositivo e alternativo para o que eles criticam, o que denota uma certa hipocrisia, porque parece que não saberiam fazer nada muito diferente. Aliás, é por isso que a oposição sofre tanto no Brasil, falta gente que pensa mais alto e lidere essa turma aí.

É pode ser. Mas o PT e seus acólitos pregavam exatamente o oposto do que fizeram nos 12 anos de governo. Ou seja, são hipócritas em uma escala incomensurável.
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Offline Cumpadi

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #10 Online: 16 de Março de 2014, 21:28:16 »
O real terá uma vida mais curta do que vocês imaginam pelo simples motivo de ele estar atrelado ao dólar. A estabilidade do dólar se devia ao padrão ouro e restrições de gastos, agora ela se deve aos países otários que compram dólar.

Atrelado? Como?
Eles simplesmente "refletem" o que é feito nos EUA, por mais que não seja uma "lei", sempre estão interferindo no valor do real em relação ao dólar para manter a relação relativamente estável. Vamos colocar como exemplo a crise de 2008. Os EUA injetaram dólar para salvar o sistema bancário corrupto de lá e os otários aqui compraram.
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Offline Derfel

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #11 Online: 16 de Março de 2014, 22:19:08 »
Na verdade, o Brasil diminuiu a composição das reservas em dólar desde 2008 (apesar de ainda muito alta). Em 2008, 89,1% das reservas eram em dólar. Em 2011 estava em 79,6%. O restante das reservas era "6% estão alocadas em dólares canadenses; 4,9% em euro; 3,1% em dólar australiano; 3% em libra esterlina; 1% em iene; e 2,4% em outras moedas, como as coroas dos países nórdicos".

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Offline Gigaview

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #13 Online: 16 de Março de 2014, 22:24:28 »
O real só estaria de fato atrelado ao dólar se tivesse taxa de câmbio fixa. Ainda assim, o Nobel de economia Robert Mundell defendia em 2002 o atrelamento.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020729_donmamt.shtml
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Offline Cumpadi

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #14 Online: 16 de Março de 2014, 23:07:46 »
Na verdade, o Brasil diminuiu a composição das reservas em dólar desde 2008 (apesar de ainda muito alta). Em 2008, 89,1% das reservas eram em dólar. Em 2011 estava em 79,6%. O restante das reservas era "6% estão alocadas em dólares canadenses; 4,9% em euro; 3,1% em dólar australiano; 3% em libra esterlina; 1% em iene; e 2,4% em outras moedas, como as coroas dos países nórdicos".
"Na verdade" o que eu falei não está errado, assim como mostra o gráfico. Se o Brasil está comprando ainda mais de outras moedas (Euro? outra porcaria) isso só significa que a situação é pior do que eu mostrei, não melhor. A quantidade de reservas em moeda sem lastro (despencarão de valor nas próximas décadas) que deveríamos ter não é 1 centavo a mais que 0. O motivo do plano real ter funcionado é que ele brecou os gastos sem controles do governo na época em que este emitia moeda livremente.
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Offline _Juca_

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #15 Online: 17 de Março de 2014, 07:27:26 »
O que você sugere para formar as reservas brasileiras?

Offline Dodo

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #16 Online: 17 de Março de 2014, 07:37:07 »
Citar
Eduardo Giannetti lembra que cerca de 40% do PIB vão direto para o Estado que , por sua vez , só transforma em investimentos míseros 2,4% do Produto Interno Bruto. Cerca de 40 milhões de famílias  dependem ou vivem parasitariamente do estado brasileiro. Multiplicados de forma conservadora por três: pai , mãe e um filho , temos uma população de 120 milhões de brasileiros cuja renda depende diretamente do Estado. O que não é funcionalismo público , é beneficiário do Bolsa Família, ou seja,  chega a 60% de toda a população.

De onde ele tirou estes dados?
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Derfel

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #17 Online: 17 de Março de 2014, 10:01:59 »
Ele pegou 10 milhões de funcionários públicos civis e militares que existem nas 3 esferas, somou com 11,1 milhões de  famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, considerou que todos  representavam núcleos familiares de 3 indivíduos e, acho, multiplicou por 2 (não sei bem o motivo). Claro, em pessoas o bolsa família atende cerca de 48 milhões e esse número de servidores desconsidera o fato que funcionários da saúde e educação frequentemente possuem dois vínculos.  Em suma,  foi um chute.

Offline Fernando Silva

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #18 Online: 17 de Março de 2014, 10:50:02 »
Eu nem ia postar esse outro artigo, mas por falar em hipocrisia, é bom lembrar que hipocrisia de verdade é ser contra o Plano Real, votar contra o Plano Real, fazer campanha contra o Plano Real e hoje ser o maior beneficiário dele.
O PT teria sido contra a cura do câncer se fosse um projeto do FHC.
8 anos gritando "Fora FHC" e votando contra tudo o que era proposto.

O pior é que tem gente que acredita em que foi Lula que acabou com a inflação...

Offline Moro

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #19 Online: 17 de Março de 2014, 15:01:42 »
O que você sugere para formar as reservas brasileiras?
Simples colocar um governo não radicalmente assistenciailista que da dinheiro a fundo perdido a ditadores, investe mal e é corrupto. Resumindo tirar o PT já ajudaria muito.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Cumpadi

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Re:Real vai ser nossa moeda para o resto da vida
« Resposta #20 Online: 03 de Abril de 2014, 02:30:23 »
O que você sugere para formar as reservas brasileiras?
Nada ou algum metal precioso/combinação de metais preciosos.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

 

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