Autor Tópico: Os Intocáveis da India  (Lida 1460 vezes)

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Offline ronysalles

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Os Intocáveis da India
« Online: 21 de Julho de 2009, 11:46:50 »
Quem sãos os Dalits?


Poucas pessoas no mundo tem experimentado um nível de abuso e pobreza como os 300 milhões de Dalits ou “intocáveis” da Índia.

Por 3.000 anos eles tem vivido num ciclo de discrimação e desespero sem esperança de escape. Para os Dalits, dor e sofrimento são parte da vida.

Eles estão presos a um sistema de castas que nega a eles adequada educação, água potável, empregos com decente pagamento e o direito à terra ou à casa própria.

A cada duas horas Dalits são assaltados e duas casas de Dalits são queimadas. A cada dia, dois Dalits são assassinados. Discriminados e oprimidos, Dalits são freqüentemente vítimas de violentos crimes.

Em 15 de Outubro no Estado de Haryana, cinco jovens Dalits foram linchados por uma multidão por tirarem a pele de uma vaca morta, da qual eles tinham legal direito para fazer. A Polícia, segundo consta, ficou parada sem nada fazer e permitiu que a violência continuasse.

Em 1999, vinte e três trabalhadores agrícolas Dalits (incluindo mulheres e crianças) foram assassinados por seguranças particulares de um fazendeiro de alta-casta. O crime deles? Ouvir a um partido político local com considerações que ameaçavam o domínio do fazendeiro sobre Dalits locais como mão de obra barata.

Embora leis contra a descriminação de castas tenham sido aprovadas, a discriminação continua e pouco é feito para processar os acusados. Em anos recentes, porém, tem havido um crescente desejo por liberdade entre os Dalits e castas baixas hindus. Líderes como Ram Raj tem vindo a frente exigindo justiça e liberdade da escravidão das castas e da perseguição. Um detalhada “Carta dos Direitos Humanos dos Dalits” foi redigida com apelos para a Comunidade Internacional e para a ONU, na esperança que isto colocaria um pressão possitiva sobre o Governo Indiano. Mas pouco tem mudado – até recentemente.

http://poemaseconflitos.blogspot.com/2009/02/quem-sao-os-dalits-os-intocaveis-da.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dalit
« Última modificação: 21 de Julho de 2009, 11:50:50 por ronysalles »
“A maior decepção de um crente fervoroso seria, ao chegar no céu, vê um ateu”. ronysalles

Offline André Luiz

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Re: Os Intocáveis da India
« Resposta #1 Online: 21 de Julho de 2009, 17:52:45 »
O que deve ter de missionario cristao indo para a India agora

Offline Diegojaf

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Re: Os Intocáveis da India
« Resposta #2 Online: 21 de Julho de 2009, 19:00:15 »
Aí eu pergunto: O que é menos pior? :|
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Unknown

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Re:Os Intocáveis da India
« Resposta #3 Online: 16 de Outubro de 2012, 00:37:07 »
Modernidade entra em conflito com castas na Índia

Reshma Devi luta para recuperar a guarda de sua filha de 15 anos. Em janeiro, a polícia invadiu um hotel em Mumbai e encontrou a garota se prostituindo. Quando um comitê de bem-estar de menores decidiu enviar a garota para um lar juvenil em Déli, Devi argumentou que sabia que sua filha estava atuando como trabalhadora sexual - e que isso não era um problema para ela.

Não era um caso de tráfico de pessoas. Era uma questão de casta. Devi argumentou que a prostituição é a ocupação da casta dos bedias, da qual ela e sua filha fazem parte. O comitê de bem-estar de menores considerou que o argumentou era mais uma justificativa para que a mãe não voltasse a ter a guarda da filha, que precisava ser resgatada da prostituição.

Reshma Devi acha embaraçoso explicar seus argumentos. Ela vive numa sociedade em que "prostituta" é um palavrão, mas que utiliza os serviços dos bedias. É isso o que os bedias sempre souberam, é o que eles fazem, é quem eles são. Com a abolição do sistema de locadores feudais, os bedias perderam seus patronos nos vilarejos rurais, de modo que as garotas bedias hoje trabalham com sexo nas cidades grandes. O dilema dos bedias é o choque da instituição tradicional das castas com a modernidade. Quem é este novo Estado moderno para dizer às pessoas o que é bom para elas?

Na região de origem de Devi, em Agra, a três quilômetros do Taj Mahal, as meninas da comunidade podem ter sua virgindade leiloada assim que chegam à puberdade. A região é notória pela presença de milhares de membros dessa comunidade, que, segundo relatos, pratica o aborto de fetos do sexo masculino.

Visto muito frequentemente sob o prisma do racismo, o problema central do sistema de castas seria o da discriminação. Mas o que define as pessoas muito mais do que isso é a ocupação para a qual elas nascem. Uma pessoa não se torna bedia, ela nasce sendo bedia. A casta não é algo do qual uma pessoa se afasta, mesmo que abandone a religião hindu. Um estudo governamental de 2006 constatou que os muçulmanos indianos são mais pobres e menos instruídos que a média nacional, porque a maioria deles faz parte das castas de artesãos, que têm dificuldades em se adaptar à economia moderna.

Os membros das privilegiadas castas superiores nascem para ser sacerdotes, estudiosos, comerciantes e guerreiros. As pessoas das castas inferiores nascem para ser camponesas e artesãs e não têm acesso ao ensino formal. Em último lugar, há os párias, que são vistos como "impuros" e "poluídos", destinados a exercer profissões "sujas", como limpar banheiros e ruas, consertar sapatos e pelar animais. Os párias são considerados intocáveis e deram a si mesmos o nome dalit, que significa "povo alquebrado". Os bedias integram essa última categoria.

Dentro dessas três categorias, há milhares de castas e subcastas definidas por suas ocupações. Ainda é difícil para os membros de uma casta deixarem sua profissão em favor de outra mais respeitável. Mas muitas profissões de casta estão ameaçadas pela modernidade. Os turistas que visitam a Índia se queixam de não conseguirem ver encantadores de serpentes, já que a prática foi proibida por uma lei contra a crueldade aos animais. A mecanização e as importações tornaram redundantes as castas de tecelões manuais e extratores de óleo. Os membros da casta nat, que fazem acrobacias e malabarismos, reclamam porque passaram a ser vistos como mendigos, e não artistas de entretenimento.

As pessoas impedidas de exercer suas ocupações tradicionais raramente encontram outra profissão e são reduzidos a ser lavradores diaristas sem terra, arando os campos das castas mais altas e erguendo as construções da "nova" Índia. A maior desigualdade que enfrentam é a baixa qualidade do sistema de ensino público, que em muitos casos não ensina o inglês, a língua dos indianos instruídos. Isso priva seus filhos de uma oportunidade igual para competir na Índia moderna. Uma lei recente de direito à educação pode aliviar esse problema, mas apenas parcialmente. Além do ensino e da ação afirmativa, as comunidades de castas precisam de ajuda do governo para deixar suas ocupações tradicionais e encontrar outras.

As classes da elite urbana da Índia fazem de conta que as castas não existem. Algumas pessoas alegam nem saber qual é a sua casta. Mas se casam com pessoas de seu próprio grupo, mantendo o capital social, cultural, político e econômico dentro dele. Tendo sido as primeiras a beneficiar-se da modernidade colonial, as castas superiores não sofrem as restrições das profissões de casta. Seus filhos podem optar por ser pilotos, pintores, escritores ou empreendedores.

Mas a filha de Reshma Devi não tinha essa escolha. No lar beneficente em Déli, a moça está estudando e recebendo uma formação em corte e costura, para que tenha outro meio de ganhar a vida. Ao recusar devolver a guarda à sua mãe, o comitê de bem-estar de menores observou que os pais queriam a guarda da menina porque ela estava mandando para casa US$ 30 por dia.

Se o Estado puder forçar a filha de Devi a ser costureira, ela terá uma vida melhor. Mas o mundo à sua volta ainda a verá como dalit.

A jornada da Índia rumo a uma sociedade sem castas será longa e árdua.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1168084-modernidade-entra-em-conflito-com-castas-na-india.shtml

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Offline Fabrício

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Re:Os Intocáveis da India
« Resposta #4 Online: 16 de Outubro de 2012, 08:53:33 »
Aí eu pergunto: O que é menos pior? :|

No caso dos Dalits, pelo que está no texto, acho que, infelizmente, é mais negócio ser "cheirador de bíblia"...

Aliás parece que qualquer coisa é melhor do que ser Dalit.
"Deus prefere os ateus"

Offline Sofista

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Re:Os Intocáveis da India
« Resposta #5 Online: 16 de Outubro de 2012, 12:33:02 »
Modernidade entra em conflito com castas na Índia

Reshma Devi luta para recuperar a guarda de sua filha de 15 anos. Em janeiro, a polícia invadiu um hotel em Mumbai e encontrou a garota se prostituindo. Quando um comitê de bem-estar de menores decidiu enviar a garota para um lar juvenil em Déli, Devi argumentou que sabia que sua filha estava atuando como trabalhadora sexual - e que isso não era um problema para ela.

Não era um caso de tráfico de pessoas. Era uma questão de casta. Devi argumentou que a prostituição é a ocupação da casta dos bedias, da qual ela e sua filha fazem parte. O comitê de bem-estar de menores considerou que o argumentou era mais uma justificativa para que a mãe não voltasse a ter a guarda da filha, que precisava ser resgatada da prostituição.

Reshma Devi acha embaraçoso explicar seus argumentos. Ela vive numa sociedade em que "prostituta" é um palavrão, mas que utiliza os serviços dos bedias. É isso o que os bedias sempre souberam, é o que eles fazem, é quem eles são. Com a abolição do sistema de locadores feudais, os bedias perderam seus patronos nos vilarejos rurais, de modo que as garotas bedias hoje trabalham com sexo nas cidades grandes. O dilema dos bedias é o choque da instituição tradicional das castas com a modernidade. Quem é este novo Estado moderno para dizer às pessoas o que é bom para elas?

Na região de origem de Devi, em Agra, a três quilômetros do Taj Mahal, as meninas da comunidade podem ter sua virgindade leiloada assim que chegam à puberdade. A região é notória pela presença de milhares de membros dessa comunidade, que, segundo relatos, pratica o aborto de fetos do sexo masculino.

Visto muito frequentemente sob o prisma do racismo, o problema central do sistema de castas seria o da discriminação. Mas o que define as pessoas muito mais do que isso é a ocupação para a qual elas nascem. Uma pessoa não se torna bedia, ela nasce sendo bedia. A casta não é algo do qual uma pessoa se afasta, mesmo que abandone a religião hindu. Um estudo governamental de 2006 constatou que os muçulmanos indianos são mais pobres e menos instruídos que a média nacional, porque a maioria deles faz parte das castas de artesãos, que têm dificuldades em se adaptar à economia moderna.

Os membros das privilegiadas castas superiores nascem para ser sacerdotes, estudiosos, comerciantes e guerreiros. As pessoas das castas inferiores nascem para ser camponesas e artesãs e não têm acesso ao ensino formal. Em último lugar, há os párias, que são vistos como "impuros" e "poluídos", destinados a exercer profissões "sujas", como limpar banheiros e ruas, consertar sapatos e pelar animais. Os párias são considerados intocáveis e deram a si mesmos o nome dalit, que significa "povo alquebrado". Os bedias integram essa última categoria.

Dentro dessas três categorias, há milhares de castas e subcastas definidas por suas ocupações. Ainda é difícil para os membros de uma casta deixarem sua profissão em favor de outra mais respeitável. Mas muitas profissões de casta estão ameaçadas pela modernidade. Os turistas que visitam a Índia se queixam de não conseguirem ver encantadores de serpentes, já que a prática foi proibida por uma lei contra a crueldade aos animais. A mecanização e as importações tornaram redundantes as castas de tecelões manuais e extratores de óleo. Os membros da casta nat, que fazem acrobacias e malabarismos, reclamam porque passaram a ser vistos como mendigos, e não artistas de entretenimento.

As pessoas impedidas de exercer suas ocupações tradicionais raramente encontram outra profissão e são reduzidos a ser lavradores diaristas sem terra, arando os campos das castas mais altas e erguendo as construções da "nova" Índia. A maior desigualdade que enfrentam é a baixa qualidade do sistema de ensino público, que em muitos casos não ensina o inglês, a língua dos indianos instruídos. Isso priva seus filhos de uma oportunidade igual para competir na Índia moderna. Uma lei recente de direito à educação pode aliviar esse problema, mas apenas parcialmente. Além do ensino e da ação afirmativa, as comunidades de castas precisam de ajuda do governo para deixar suas ocupações tradicionais e encontrar outras.

As classes da elite urbana da Índia fazem de conta que as castas não existem. Algumas pessoas alegam nem saber qual é a sua casta. Mas se casam com pessoas de seu próprio grupo, mantendo o capital social, cultural, político e econômico dentro dele. Tendo sido as primeiras a beneficiar-se da modernidade colonial, as castas superiores não sofrem as restrições das profissões de casta. Seus filhos podem optar por ser pilotos, pintores, escritores ou empreendedores.

Mas a filha de Reshma Devi não tinha essa escolha. No lar beneficente em Déli, a moça está estudando e recebendo uma formação em corte e costura, para que tenha outro meio de ganhar a vida. Ao recusar devolver a guarda à sua mãe, o comitê de bem-estar de menores observou que os pais queriam a guarda da menina porque ela estava mandando para casa US$ 30 por dia.

Se o Estado puder forçar a filha de Devi a ser costureira, ela terá uma vida melhor. Mas o mundo à sua volta ainda a verá como dalit.

A jornada da Índia rumo a uma sociedade sem castas será longa e árdua.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1168084-modernidade-entra-em-conflito-com-castas-na-india.shtml

Este problema não esta tão longe de nós assim não, lembro me de um caso parecido relatado por uma colega, de uma tribo indígena, aonde um cacique era responsável pela disseminação de DSTs entre crianças e jovens(que eram abusados por ele na nossa concepção) que frequentemente buscavam atendimento no hospital que ela trabalhava. Como  este povos vivem sobre um regime diferente dos nossos, não se poderia fazer nada.  Pois este casos mtas vezes são levados a Funai que intervem mto pouco na ordem desta população.
« Última modificação: 16 de Outubro de 2012, 12:35:25 por hsfrosa »
Quem sou eu?Entre os crente sou ateu, entre ateus sou um crente.

Offline LaraAS

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Re:Os Intocáveis da India
« Resposta #6 Online: 16 de Outubro de 2012, 18:47:15 »
        Bom, mas nesses casos de índios conhecidos e já com contanto com a funai, na verdade uma grande proporção do seu sustento vem da sociedade ocidental ou pelo menos, semi-ocidental dqie é a brasileira, então na verdade eles já estão em grande parte integrados e além disso já sabem consideravelmente sobre as coisas de fora, então as pessoas vitimadas ou pelo menos grande parte delas, tem a noção de que são vitimadas, sofrem por isso e além disso a tolerância para com essas coisas, gera efeito imitação na sociedade ocidental ou semi-ocidental brasileira e da sociedade semi-ocidental e ocidental em geral no mundo, inclusive com o argumento dos dois pesos e dois medidas, pelos brasileiros não-indios que querem fazer essas coisas dentro da sociedade não-india brasileira.
        E depois isso é coletivismo totalitario, o que importa são os direitos individuais, só em muito segundo lugar vem os direitos coletivos, sobretudo em casos em que eles recebem grandes ajudas financeras da sociedade brasileira.
        Tudo isso é residuo da ideologia terceiro-mundista leninista e de Marcusi e Adorno, que ao ver que não se concretizou a profecia da pauperização absoluta dos operários na Europa, Estados Unidos e países do tipo, ficam inventando essas besteiras desumanas.
« Última modificação: 16 de Outubro de 2012, 18:53:12 por LaraAS »

 

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