Músico revela pressões e ingerência de gravadora para música tocar na rádioComo se escolhe a música de sucesso de um disco, aquela que vai tocar sem parar no rádio? Por que algumas músicas tocam, e outras não? É preciso pagar o famoso “jabá” para tocar na rádio?
Não se surpreenda se você não sabe as respostas a esta pergunta. Pouca gente sabe. A relação entre músicas, gravadoras e rádios é uma espécie de caixa preta, muito bem protegida e imune, inclusive, à investigação jornalística. Mesmo músicos progressistas, com idéias avançadas e críticas sobre o mercado fonográfico, costumam ser tímidos na hora de falar deste assunto delicado.
É por esse motivo que convido o leitor a conhecer um texto do músico Tico Santa Cruz, publicado nesta quinta-feira,
em seu blog. Trata-se de um desabafo do artista contra o que ele vê como uma perseguição de um conjunto de rádios FM, do grupo Mix, ao seu grupo, o Detonautas.
Descontado os excessos retóricos, o texto descreve os percalços de uma banda no esforço de tocar sua música na rádio. A revelação mais surpreendente, na minha opinião, é a de que a emissora exigiu dos Detonautas que alterassem uma música já gravada para se adequar aos padrões da emissora. Escreve o músico:
"Em 2006 lançamos um disco totalmente fora dos padrões EMO que começavam a dominar a cena e tivemos novos percalços. O 'Psicodeliamorsexo&distorção' (baixe quem quiser ouvir) veio com uma pegada muito mais pesada e abordagens diferentes dos discos anteriores. Fomos mal recebidos de forma geral por conta da escolha da primeira musica de trabalho 'Não reclame mais' que tem uma letra sacana e um olhar diferente das influências que nos regiam. Então veio nosso segundo problema com a Rádio Mix. Eles queriam que nós modificássemos a estrutura original da música, baixando as guitarras e refazendo os arranjos para que pudesse tocar em sua programação. Chegaram a sugerir que mandariam um produtor DELES para pegar a MASTER ABERTA de nossa gravação e colocar o padrão Mix de som. Nós batemos o pé e não aceitamos."
Os Detonautas não aceitaram a proposta, conta o músico. Porém, por entenderem que era essencial tocarem nesta rádio, se dispuseram a fazer uma nova gravação da mesma música, de forma que ela ficasse mais adequada à rádio.
"Isso gerou uma crise na nossa antiga gravadora e depois de muitos problemas aceitamos a proposta de fazer um especial acústico para a FM em questão de onde eles tirariam a versão que achassem melhor. Uma maneira que encontramos de equilibrar os interesses de todos os envolvidos e não modificar a obra original".
O grupo Mix de rádio foi procurado pela reportagem do Último Segundo, mas não quis comentar o assunto. O próprio Tico Santa Cruz também não quer falar mais sobre o tema. Diz que tudo que tem a dizer está no texto publicado no blog.
http://ultimosegundo.ig.com.br/mauricio_stycer/2009/07/24/musico+revela+pressoes+e+ingerencia+de+gravadora+para+musica+tocar+na+radio+7486978.html