http://www.diariodopara.com.br/noticiafullv2.php?idnot=53862Um dos maiores traficantes das regiões Norte e Nordeste do país foi preso na noite de anteontem, em Manaus, no Amazonas. Jocicley Braga de Moura, o “Dote”, 26 anos, saía de uma festa quando foi abordado pelos policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) do Pará, que trabalhavam em parceria com a polícia de Manaus.
O acusado estava com mandado de prisão preventiva decretado pelo juiz Pedro Sotero, da Vara de Entorpecentes da Comarca de Belém. Além de tráfico de drogas, “Dote” responde por vários crimes como homicídio, porte ilegal de armas e associação ao tráfico.
O traficante foi preso às 23h30, em uma área nobre de Manaus. No domingo, o acusado foi até um hotel, no centro da cidade, para participar da festa de aniversário da filha de amigos. No final do evento, acompanhado de um advogado, ele deixou o local e seguiu até uma casa de recepções, onde acontecia outro evento.
No momento em que chegou a esse local, ele foi abordado pelos policiais civis e preso. Para prender o acusado os policiais passaram mais de 15 horas dentro de um carro, acompanhando todos os passos do criminoso. “Ele não reagiu à prisão, até porque não houve possibilidade”, afirmou o delegado João Bosco, diretor da DRCO.
O acusado foi trazido de avião para Belém e chegou à capital paraense por volta de 18h de ontem. A seguir, ele foi levado para a Delegacia Geral, na avenida Nazaré. “Dote” foi levado para uma sala e ficou sob a vigilância de dezenas de policiais. Em pé em um canto da sala, ele permaneceu de cabeça baixa para não ser fotografado e filmado por jornalistas.
Além das roupas de “marca” utilizadas pelo criminoso,
uma Bíblia pequena no bolso dele, de cor azul, chamou a atenção de todos. Apesar das inúmeras perguntas feitas pelos profissionais da imprensa, “Dote” permaneceu calado. Nem mesmo perguntas simples como a sua idade eram respondidas.
Segundo o delegado Bosco, “Dote” responde por crimes diferentes em várias cidades do país. “Ele cometeu crimes em São Paulo, Paraná, Amazonas e Ceará. É acusado de tráfico de drogas, associação ao tráfico, homicídio e porte ilegal de armas”, disse o diretor da DRCO.
“Ele não tinha paradeiro certo, mas atualmente morava em Foz do Iguaçu, no Paraná. Mas, de Manaus ele ia para Santarém”, disse Everaldo Souza, chefe de operações da DRCO.
“Prende e solta” da Justiça
“Dote” foi preso pela primeira vez no dia 11 de fevereiro deste ano, durante uma festa de aniversário em um bar em Belém.
A prisão foi feita pelo delegado Eder Mauro Barra, coordenador do Grupo de Polícia Metropolitana (GPM). Naquele dia ele estava com outros dois seguranças armados e uma pequena quantidade de droga. Eles estariam no bar comemorando o aniversário de um traficante que seria sócio dele.
Apesar do flagrante ter sido feito, “Dote” foi colocado em liberdade no dia 4 de março pela juíza Maria Edwiges Lobato de Miranda, que assumiu interinamente a Vara de Inquéritos Policiais que, apesar do passado criminosos de Josicley, em seu despacho avaliou que ele “tinha bons antecedentes” e por “possuir residência fixa” poderia aguardar o julgamento em liberdade. A juíza é titular da Vara de Crimes contra o Consumidor e Imprensa, mas ficou, temporariamente, cerca de duas semanas à frente da Vara de Inquéritos Policiais.
A decisão da juíza veio dois dias depois do juiz Erick Aguiar Peixoto, da 1ª Vara Criminal, ter negado o benefício ao criminoso conforme exposto no site do Tribunal de Justiça do Estado (TJE-PA). Ele alegou a alta periculosidade do acusado e o flagrante de seus crimes.
Somente depois da transferência da juíza da Vara e da nomeação do magistrado Pedro Sotero, da recém-criada Vara de Crimes de Entorpecentes do Pará, os processos contra “Dote” foram novamente avaliados pela Justiça e, cerca de um mês depois da liberdade do criminosos, a prisão do megatraficante foi novamente decretada.
“Dote” encomendou morte do delegado Eder Mauro
Desde então, a Polícia Civil passou a realizar diversas buscas para prender o criminoso. “Dote” cresceu no bairro da Cabanagem, na periferia de Belém. Devido a sua habilidade de negócios e a violência com que tratava seus adversários, logo se tornou um dos mais fortes traficantes do Pará. Por isso, segundo o apurado pela polícia, passou a coordenar a distribuição de cocaína e óxido, que são os materiais usados para fazer a pasta base de cocaína, principal entorpecente vendido no Pará.
O seu relacionamento com os distribuidores internacionais, da Colômbia e da Bolívia, logo colocaram o tráfico de drogas em outros Estados, no Norte e no Nordeste. Os vários laboratórios de refino de cocaína em poucos anos renderam uma fortuna ao bandido que com apenas 26 anos seria dono de vários carros, de lojas de revenda de veículos em Fortaleza (CE) e vários apartamentos pelo Brasil. Só em um prédio de luxo na avenida Dr. Freitas, em Belém, ele seria proprietário de três apartamentos.
ENCOMENDAEm função das várias operações feitas pela polícia no combate ao tráfico de drogas no bairro, o delegado Eder Mauro Barra, titular do Grupo de Polícia Metropolitana (GPM), chegou a ser ameaçado de morte por “Dote” que teria oferecido R$ 300 mil a dois pistoleiros, em agosto de 2008, para matar o policial.
O acerto foi feito após a equipe do policial estourar três grandes laboratórios de refino de drogas de dois traficantes conhecidos por “Boca” e “Jacaré”, membros importantes no esquema de tráfico comandado por “Dote”.
“Dote” também é acusado do homicídio da própria namorada, a modelo e dançaria Vanielle Albuquerque, em Fortaleza (CE), em 2007. Ele teria matado a moça por espancamento. Ela era dançarina de uma banda de forró. Ano passado, após a libertação do criminoso pela Justiça paraense, familiares da jovem estiveram na redação do DIÁRIO para cobrar justiça.
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