Autor Tópico: A religião no mundo de Tolkien  (Lida 3106 vezes)

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Offline Derfel

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A religião no mundo de Tolkien
« Online: 31 de Julho de 2009, 09:13:09 »
Vira e mexe eu vejo que alguém cita "O Senhor dos Anéis" como exemplo de uma religião fictícia. Na verdade a religião está mais ou menos descrita no Silmarillion, que nem todo mundo deve ter lido, assim a referência pode não ser bem compreendida. Pensei em postar aqui um apanhado do que seria essa religião como referência, se o moderador achar que não deveria estar nessa seção, poderia mudar.

Primeiramente, Tolkien era um católico fervoroso e um admirador da cultura e mitos da Inglaterra anglo-saxã e da Escandinávia, por isso a religião em seu mundo parece querer conciliar as duas visões.

O Silmarillion é composto de 5 "livros": Ainulindalë, Valaquenta, Quenta Silmarillion, Akallabêth e Dos Anéis de Poder e da Terceira Era.

O Ainulindalë (A Música dos Ainur) trata da criação do mundo e a linguagem utilizada é bem parecida com a do Gênese.

Deus é chamado de Eru, o Único, também chamado de Ilúvatar. O mundo é chamado de Arda, mas eu acho que seja em um contexto mais ampliado, como plano mortal. Eru criou primeiro os Ainur, os Sagrados, a partir de seus pensamentos e lhes propunha temas musicais. No início cada um cantava separadamente, já que eles brotaram de partes diferentes da mente de Ilúvatar. Mas Ilúvatar os reuniu e mostrou um tema tão grandioso do início ao seu final que eles emudeceram e se curvaram. A partir do tema eles deveria criar uma Música Magnífica e, inspirados com a Chama Imperecível, eles demonstraria poderes ornamentando o tema, com seus próprios pensamentos e recursos. Ilúvatar sentou e escutou. Conforme a melodia era executada o Vazio era preenchido. A música não possuía falhas, mas surgiu no coração de Melkor (o Ainur mais poderoso) a intenção de  inserir outros motivos que não estavam em harmonia com o tema de Ilúvatar. Melkor procurava no vazio a Chama Imperecível para poder dar existência a suas próprias coisas, mas ele não achava porque ela estava com Ilúvatar. Pra ele, Ilúvatar não dava atenção ao vazio e ele se impacientava com isso.
Os pensamentos dissonantes de Melkor começou a comprometer a música e a influenciar outros Ainur que parecia uma tempestade. Ilúvatar ergue-se sorrindo e, levantando a mão esquerda, propôs outro tema. Mas novamente havia dissonância em Melkor. Ergue-se novamente Ilúvatar com a expressão severa, levantou a mão direita, e mostrou outro tema.  Duas músicas surgiram um bela e outra alta e fútil que tentava abafar a primeira. Ilúvatar ergueu-se então com uma expressão terrível, levantou ambas as mãos e a música cessou. Ilúvatar passa um sermão em Melkor. Depois leva os Ainur ao Vazio e mostrou a imagem que a música havia produzido. Havia várias coisas na visão que eles não haviam imaginado e uma delas eram os Filhos de Ilúvatar (os Elfos, primogênitos, eos Homens, os sucessores), que foram concebidos apenas por ele.
Melkor desejava ir para Arda para ordear tudo pelo bem dos Filhos de Ilúvatar, mas fingia isso até para si mesmo a princípio pois tinha inveja e desejava ser um Senhor.
Cada Ainu teve o pensamento em alguma coisa, assim a água foi de Ulmo, os ares e ventos Manwë, a terra Aulë.
A visão então desapareceu. Ilúvatar disse então que as coisas existissem e elas existiram: Eä, o Mundo que É. Alguns Ainur continuaram a residir com Ilúvatar, mas outros foram habitar no Mundo, mas os poderes deles ficaram restritos e contidos no Mundo, e eles deveriam permanecer no mundo até que ele se completasse. Foram chamados de Valar, os Poderes do Mundo.
Quando os Valar entraram em Eä, perceberam que tudo ainda estava incompleto e que eles deveriam construir. Melkor interferia em tudo e queria que aquele fosse seu reino. Houve então uma batalha entre Melkor e outros Valar e ele recuou. Os Valar adotaram formas parecidascom os dos Filhos de Ilúvatar, mas que usavam como vestes. A Terra foi moldada na primeira Batalha dos Valar contra Melkor, mas disso os elfos pouco sabem, já que esse conhecimento foi passado para eles em Valinor.

Depois eu faço um resumão do Valaquenta

Offline Renato T

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #1 Online: 31 de Julho de 2009, 10:46:58 »
O Silmarillion é um ótimo livro, mas EU não diria que o senhor dos aneis eram dotados de uma religião. Eu classificaria como uma mitologia, sendo o Ainulindalë e o Valaquenta uma espécie de Gênesis do mundo Tolkeniano. Acho que seria um tremendo erro usar a obra do Tolkien como exemplo de religião se a intenção for a crítica à uma religião verdadeira (atual)

Offline West

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #2 Online: 31 de Julho de 2009, 11:35:26 »
Sem dúvida que Tolkien criou em suas obras uma mitologia tão complexa quando as "reais".

É sem dúvida também a notada influência do cristianimo nessa ciração.

 Uma aspecto onde isso fica claro no Silmarillion é a revolta de Melkor, o mais poderoso dos ainus, a semelhança da revolda de Lúcifer, o mais poderoso dos Anjos.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #3 Online: 31 de Julho de 2009, 13:44:40 »
Sem dúvida que Tolkien criou em suas obras uma mitologia tão complexa quando as "reais".

É sem dúvida também a notada influência do cristianimo nessa ciração.

 Uma aspecto onde isso fica claro no Silmarillion é a revolta de Melkor, o mais poderoso dos ainus, a semelhança da revolda de Lúcifer, o mais poderoso dos Anjos.

Tem jeito não. Joseph Campbell já mostrou que todos os mitos são cópias uns dos outros.

Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #4 Online: 31 de Julho de 2009, 14:20:50 »
O Silmarillion é um ótimo livro, mas EU não diria que o senhor dos aneis eram dotados de uma religião. Eu classificaria como uma mitologia, sendo o Ainulindalë e o Valaquenta uma espécie de Gênesis do mundo Tolkeniano. Acho que seria um tremendo erro usar a obra do Tolkien como exemplo de religião se a intenção for a crítica à uma religião verdadeira (atual)

Concordo com você que não há uma indicação clara de uma religião estruturada nos livros, exceto, talvez, no Akallabêth, onde os reis de Númenor tinham que realizar um ritual em uma montanha em honra a Eru. Por deixar de realizar esses rituais e por outros motivos de desvio da moral (influeciados por Sauron), que Númenor foi submergida e Valinor retirada de Arda. Depois vou confirmar tudo isso no livro, mas é o que me lembro agora.
A mitologia é a base da formação da religião, qualquer que seja ela. Da Wikipedia:

Citar
Mitologia (do grego μυθολογία) é o estudo dos mitos (lendas e/ou histórias) de uma cultura em particular creditadas como verdadeiras e que constituem um sistema religioso ou de crenças específicos.

Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais e qualquer outra coisa a que explicações simples não são atribuíveis. Mas nem todos os mitos têm esse propósito explicativo. Em comum, a maioria dos mitos envolvem uma força sobrenatural ou uma divindade, mas alguns são apenas lendas passadas oralmente de geração em geração.
(...)
Alguns usam os termos mito e mitologia para ilustrar histórias de uma ou mais religiões como algo falso ou duvidoso. Enquanto quase todos os dicionários incluem essa definição, mito nem sempre significa que uma história é falsa, tampouco verdadeira.
(...)
Para o propósito desse artigo a palavra mitologia é usada para se referir a histórias, que, enquanto elas podem ou não serem factuais, revelam verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do freqüente uso de arquétipos. Também é necessário frisar que as histórias discutidas expressam pontos de vista e crenças de um país, um período no tempo, cultura e/ou religião a qual lhes deu à luz. Uma pessoa pode falar de mitologia Judaica, mitologia Cristã ou mesmo mitologia Islâmica, onde cada uma descreve os elementos míticos nessas religiões sem se referir à veracidade sobre a sua história.

Por fim, Tolkien era um cara muito meticuloso com a sua criação, um detalhe como religião não passaria batido por ele, na verdade parece perpassar por toda a obra (excluindo "O Hobbit").
« Última modificação: 31 de Julho de 2009, 14:24:30 por Derfel »

Offline Renato T

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #5 Online: 31 de Julho de 2009, 16:25:05 »
Aí que tá: eu não vejo exatamente como religião. Religião acho que é algo mais como uma "seita", organizado hierarquicamente, de modo ritualistico. Não vejo isso em Tolkien.
Quem sabe seja só uma discordância do que é religião entre nós dois.

Offline André Luiz

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #6 Online: 31 de Julho de 2009, 16:51:44 »
Eu vejo mitologia como um religiao sem exercito  :hihi:

O que temos hoje por mitologia foram no passado religioes que foram derrotadas e/ou esquecidas

Acho que vou enterrar alguns livros dele para que daqui ha uns 2.000 anos alguem ache e monte uma igreja

Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #7 Online: 31 de Julho de 2009, 18:54:21 »
Aí que tá: eu não vejo exatamente como religião. Religião acho que é algo mais como uma "seita", organizado hierarquicamente, de modo ritualistico. Não vejo isso em Tolkien.
Quem sabe seja só uma discordância do que é religião entre nós dois.

Talvez seja mesmo discordância do que seja religião. Sei que a Wikipedia não é lá a melhor fonte do mundo, mas é a mais rápida de se acessar:

Citar
Dentro do que se define como religião pode-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes. As diversas religiões do mundo são de fato muito diferentes entre si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica em comum entre todas elas. É fato que toda religião possui um sistema de crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades ou deuses. As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra e do Homem, e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte.

A religião não é apenas um fenômeno individual, mas também um fenômeno social. A igreja, o povo escolhido (o povo judeu), o partido comunista, são exemplos de doutrinas que exigem não só uma fé individual, mas também adesão a um certo grupo social


Temos em Tolkien uma crença no sobrenatural, envolvendo Deus (Eru) e divindades (os Ainur, Valar e Maiar); relatos sobre a origem do Universo (Eä), da Terra (Arda) e do Homem (no caso a origem dos homens, elfos e anões são contatads tanto no Ainulindalë quanto no Quenta Silmarillion).
Há uma crença na vida pós-morte, já que os Elfos mortos vão para as moradas de Mandos, em Valinor, a fim de serem julgados para reencarnarem ou não. Os Homens vão para o Palácio da Espera em Mandos e de lá seguem um destino que apenas Ilúvatar conhece.
É um fenômeno social já que parece estar presente em toda a gente do oeste e uma presença de dois povos escolhidos: os Elfos (em especial os Noldor) e depois os seus sucessores: os Homens, em especial os de Oeste.
Por fim existe um vislumbre de rituais, como a veneração pelas águas por parte do Elfos, a veneração da árvore branca pelos Homens do Oeste e os rituais na Montanha de Eru, em Númenor.

Por isso eu acho que há uma religião na obra de Tolkien, ainda que nem sempre evidente.
 :ok:

Offline Orbe

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #8 Online: 31 de Julho de 2009, 19:25:54 »
Sem dúvida que Tolkien criou em suas obras uma mitologia tão complexa quando as "reais".

É sem dúvida também a notada influência do cristianimo nessa ciração.

 Uma aspecto onde isso fica claro no Silmarillion é a revolta de Melkor, o mais poderoso dos ainus, a semelhança da revolda de Lúcifer, o mais poderoso dos Anjos.

Tem jeito não. Joseph Campbell já mostrou que todos os mitos são cópias uns dos outros.

Só porque são muito semelhantes não significa que são cópias. Humanos tendem a pensar parecido. Não é dificil encontrar duas pessoas que nunca se conheceram, que nunca trocaram idéias de alguma forma, mas que tem as mesmas idéias religiosas ou científicas.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline West

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #9 Online: 01 de Agosto de 2009, 07:56:19 »
Sem dúvida que Tolkien criou em suas obras uma mitologia tão complexa quando as "reais".

É sem dúvida também a notada influência do cristianimo nessa ciração.

 Uma aspecto onde isso fica claro no Silmarillion é a revolta de Melkor, o mais poderoso dos ainus, a semelhança da revolda de Lúcifer, o mais poderoso dos Anjos.

Tem jeito não. Joseph Campbell já mostrou que todos os mitos são cópias uns dos outros.

Só porque são muito semelhantes não significa que são cópias. Humanos tendem a pensar parecido. Não é dificil encontrar duas pessoas que nunca se conheceram, que nunca trocaram idéias de alguma forma, mas que tem as mesmas idéias religiosas ou científicas.

Concordo.

Mas não resta dúvida de que no caso de Tolkien ele usou as idéias presentes em várias mitologias, em especial na mitologia nórdica, para compor a sua obra. Não tenho certeza, mas acho que ele próprio afirmou isso em vida.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
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Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #10 Online: 01 de Agosto de 2009, 08:30:05 »
Agora que estou com o livro em mãos eu posso dar uma citada aqui. No livro Akallabêth, do Silmarillion, p. 332:

Citar
No meio do território, havia porém uma montanha alta e escarpada, que se chamava Meneltarma, a Coluna dos Céus, e nela havia um local elevado que era consagrado a Eru Ilúvatar. Era aberto e sem telhado; e nenhum outro templo ou santuário havia na terra dos númenorianos.

p. 339:

Citar
E, a partir do tempo de Tar-Ancalimon, a oferenda dos primeiros frutos a Eru passou a ser negligenciada, e os homens raramente iam ao Local Sagrado nas alturas da Meneltarma, no meio da terra.

 p. 342:

Citar
Entretanto, ao subir ao trono, Inziladûn voltou a adotar um título no idioma éfico de outrora, denominando-se Tar-Palantir, pois tinha excelente visão tanto no olhar quanto no pensamento; e mesmo os que o odiavam temiam as suas palavras como temeriam as de um vidente. Por algum tempo, ele deixou os Fiéis em paz; e voltou a frequentar nas devidas ocasiões o Local Sagrado de Eru, na Meneltarma, que Ar-Gimilzôr abandonara. Da Árvore Branca, ele agora cuidava com honrarias. E profetizou que, quando a Árvore perecesse, também chegaria o fim da linhagens dos Reis. Seu arrependimento chegou, porém, tarde demais para apaziguar a cólera dos Valar provocada pela insolência de seus antepassados, da qual a maior parte de seu povo não se arrependia.


p. 346

Citar
Então, Ar-Pharazôn, o Rei, voltou-se para o culto do Escuro e de Melkor, seu Senhor, a princípio em segredo; mas dentro em pouco abertamente e diante de seu povo. E eles em sua grande maioria o imitaram.

p. 348

Citar
Já Sauron fez com que fosse construído no topo da colina, no eio da cidade dos númenorianos, Armelos, a Dourada, um templo enorme. E, na base, sua forma era a de um círculo. Ali, as paredes tinham quinze metros de espessura, e a largura da base era de cento e cinquenta metros de um lado a outro, ao passo que as paredes se elevavam a cento e cinquenta metros do piso e eram coroadas por uma enorme cúpula. E essa cúpula era toda recoberta de prata e se erguia cintilante ao Sol, de tal modo que a luz podia ser vista a grande distância, mas logo a luz escureceu e  a prata ficou negra. Pois havia um altar de fogo no centro do templo, e na parte mais alta da cúpula havia um lanternim, por onde saía grande quantidade de fumaça.

Havia também um "povo escolhido", os Elendili, os Fiéis, que mantinham a fé em Eru Ilúvatar, quando houve a destruição de Númenor foram eles que se salvaram apenas. Entre eles estavam Elendil e seus filhos (um deles era Isildur).

Da Wikipedia, porque é mais rápido:

Citar
Na obra de Tolkien, Meneltarma era uma montanha no centro da Ilha de Elenna, mais conhecida como Númenor. Seu nome significa, em Quenya, Pilar dos Céus. Era o local mais alto de Númenor, e diz-se que aqueles de melhor visão poderiam avistar Tol Eressëa de seu topo. Depois da Queda de Númenor, episódio em que a ilha submergiu, os remanescentes dos Dúnedain acreditaram que o topo de Meneltarma ainda se erguia sobre o nível do mar.

Consta que a montanha se ergue suavemente do chão inicialmente, com cinco saliências longas e baixas cobertas por grama. São as Tarmasundar, as Raízes do Pilar, que se estendem na direção das cinco penínsulas que formam a Ilha. Depois, em direção ao topo, as encostas começam a ficar bem mais verticais, dificultando a subida. O topo de Meneltarma era plano e amplo, capaz de comportar muitas pessoas. Era considerado o local mais sagrado de Númenor, um templo a Eru Ilúvatar e nada foi construído ali. Somente aos Reis de Númenor era permitido falar sobre seu topo, e apenas durante as preces a Eru, citadas mais abaixo. As outras pessoas podiam subir, mas a sensação era tão aterradora que eles próprios sentiam-se incapazes de falar. Somente Águias moravam lá, e os Númenorianos acreditavam que fora Manwë a mandá-las para vigiar.


Preces a Eru

As preces feitas a Eru pelo Rei de Númenor sobre o topo de Meneltarma eram três:

Erukyermë - A prece a Eru, no ínicio da Primavera;
Erulaitalë - O louvor a Eru, no meio do Verão;
Eruhantalë - O agradecimento a Eru, no fim do Outono

 :oba:

Offline West

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #11 Online: 01 de Agosto de 2009, 08:47:19 »
Tolkien talvez quis transparecer que existia uma religião [organizada], porém sem entrar em detalhes quanto a ela.

Isso não é impossível, já que ele tenta criar em sua obra todo um mundo, incluindo aspectos físicos e antropológicos.

No que diz respeito aos seres de Arda[Terra], ele cria várias raças e entra em detalhes quanto a suas culturas, indicando como seriam suas línguas, costumes e histórias, por exemplo.

Nesse contexto, é difícil imaginar que ele tenha esquecido da religião, como fator cultural expressivo que é.
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Offline Panthera

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #12 Online: 01 de Agosto de 2009, 16:58:01 »
Sem dúvida que Tolkien criou em suas obras uma mitologia tão complexa quando as "reais".

É sem dúvida também a notada influência do cristianimo nessa ciração.

 Uma aspecto onde isso fica claro no Silmarillion é a revolta de Melkor, o mais poderoso dos ainus, a semelhança da revolda de Lúcifer, o mais poderoso dos Anjos.

Tem jeito não. Joseph Campbell já mostrou que todos os mitos são cópias uns dos outros.

Só porque são muito semelhantes não significa que são cópias. Humanos tendem a pensar parecido. Não é dificil encontrar duas pessoas que nunca se conheceram, que nunca trocaram idéias de alguma forma, mas que tem as mesmas idéias religiosas ou científicas.

Mas e se pudéssemos ver as fonte de onde essas pessoas baseram suas idéias, voltando ao longo do tempo, "várias gerações" atrás, quem sabe encontrariamos uma cópia de mito, pensamentos ou algo do tipo. Mais ou menos como "idéias ancestrais".

Humn, isso é intessante...
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Offline Fernando Silva

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #13 Online: 02 de Agosto de 2009, 16:22:06 »
Concordo com você que não há uma indicação clara de uma religião estruturada nos livros, exceto, talvez, no Akallabêth, onde os reis de Númenor tinham que realizar um ritual em uma montanha em honra a Eru. Por deixar de realizar esses rituais e por outros motivos de desvio da moral (influeciados por Sauron), que Númenor foi submergida e Valinor retirada de Arda. Depois vou confirmar tudo isso no livro, mas é o que me lembro agora.
Além disto, os reis tentaram chegar a Valinor, o que era proibido aos humanos. Mais ainda, tentaram chegar lá com uma frota de invasão. Foi isto que causou o afundamento da ilha.

Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #14 Online: 02 de Agosto de 2009, 21:02:54 »
Além disto, os reis tentaram chegar a Valinor, o que era proibido aos humanos. Mais ainda, tentaram chegar lá com uma frota de invasão. Foi isto que causou o afundamento da ilha.


Acho que essa foi a gota d'água. Os fatos narrados no texto vão crescendo até culminar na tentativa de invasão do reino de Aman pela esquadra númenoriana. Foi aí que os Valar renunciaram a sua autoridade sobre Arda e Ilúvatar mudou a aparência do mundo, sendo Aman e Eressëa retirados do mundo e Númenor submergida. Interessante é que nesse conto é o único que mostra que as histórias da Terra-Média se passam no nosso mundo mesmo, em uma época muito distante no passado. Isso porque Númenor passa a ser conhecida como Atalantë, ligando Númenor a Atlântida. :)

Offline Fernando Silva

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #15 Online: 03 de Agosto de 2009, 07:13:05 »
Interessante é que nesse conto é o único que mostra que as histórias da Terra-Média se passam no nosso mundo mesmo, em uma época muito distante no passado. Isso porque Númenor passa a ser conhecida como Atalantë, ligando Númenor a Atlântida. :)
Arda --> Erda (alemão) --> Earth (inglês)
Atani --> Adão

Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #16 Online: 04 de Agosto de 2009, 10:58:07 »
Interessante é que nesse conto é o único que mostra que as histórias da Terra-Média se passam no nosso mundo mesmo, em uma época muito distante no passado. Isso porque Númenor passa a ser conhecida como Atalantë, ligando Númenor a Atlântida. :)
Arda --> Erda (alemão) --> Earth (inglês)
Atani --> Adão

Mas isso porque o Westron que o Tolkien criou foi baseado no anglo-saxão. Tanto as palavras quanto a sintaxe são parecidas. Mas, no meu ponto de vista, a queda de Númenor mostra mais claramente que a Terra-Média é a nossa Terra (mais especificamente a Europa). Não só o nome quanto a história espelham o mito de Atlântida.

Offline André Luiz

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #17 Online: 04 de Agosto de 2009, 11:05:23 »
É a midgard dos nórdicos nao é?

Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #18 Online: 04 de Agosto de 2009, 21:03:03 »
Não tinha pensado nisso, mas você tem razão. Achei isso na Wikipedia:
Citar
Midgard, Miðgarðr (nórdico arcaico), Midjungards (gótico), e Middangeard (inglês arcaico) é o nome do reino dos humanos na mitologia nórdica, correspondendo à Terra como então era conhecida. Midgard é o domínio da deusa Jord. No inglês médio, o nome se transformou em Middel-erde e resultou na Terra-média, conhecida modernamente.

O mundo de Midgard se localiza no meio de Yggdrasil, cercado por um mundo de água ou oceano, cuja passagem é instransponível. O oceano é habitado pela enorme serpente marinha Jormungard, que circula todo o mar, formando um anel que impede a passagem de quaisquer seres ao agarrar sua própria cauda. O nome original do que hoje é chamado Midgard era conhecido como Mannheim(lar dos homens), mas os primeiros pesquisadores da mitologia confundiram a região como se fosse o castelo mais importante do local. Logo, Midgard, em algumas fontes antigas, era a mais imponente construção do mundo dos homens, Mannheim.

Midgard é representada como sendo um mundo intermédio entre Asgard e Niflheim (respectivamente o paraíso e inferno nórdicos). De acordo com a lenda, foi formada da carne e sangue do gigante de gelo Ymir, a carne formando a terra; e o sangue, o oceano que a rodeia. Midgard será destruida na batalha de Ragnarok, a batalha final, que terá lugar na planície de Vigrid. Nessa batalha, Jormungard, a gigantesca serpente que habita o oceano, irá levantar-se e envenenará a terra e o mar, fazendo com que as águas se lancem contra a terra, que será submergida, destruindo praticamente toda a vida em Midgard.

A expressão Middel-erde, como Terra Média, foi usada por J. R. R. Tolkien em sua obra de ficção O Senhor dos Anéis, obra esta que é muito baseada na mitologia nórdica.

O nome middangeard ocorre diversas vezes no poema épico anglo-saxão Beowulf, utilizada na mesma conotação que a palavra Midgard em nórdico arcaico. O termo é equivalente no significado ao termo grego Oikoumene, que é definido como o mundo conhecido e habitado. Stephen King usou também uma mutação do nome Midgard em seus trabalhos, nomeando o universo paralelo em sua série "A Torre Negra" como Mid-World, embora este ainda pudesse ser considerado somente o nome de um reino antigo.


Offline West

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #19 Online: 06 de Agosto de 2009, 08:21:14 »
Acabei de ler "O silmarillion" ontem. :-)
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
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Protágoras.Ensaio sobre os deuses. Séc. V a.C.

Offline Diegojaf

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #20 Online: 06 de Agosto de 2009, 09:59:14 »
Leia "Contos Inacabados" agora...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Fernando Silva

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #21 Online: 07 de Agosto de 2009, 12:46:15 »
Citar
Stephen King usou também uma mutação do nome Midgard em seus trabalhos, nomeando o universo paralelo em sua série "A Torre Negra" como Mid-World, embora este ainda pudesse ser considerado somente o nome de um reino antigo.
"A Torre Negra" se passa em vários universos paralelos, mas são como o nosso universo e a nossa Terra, embora algumas coisas sejam diferentes, como as constelações no céu, em alguns casos.

Em alguns dos universos, a única diferença está em coisas como os presidentes que aparecem nas notas de dólar, por exemplo, ou em modelos de carros.


Offline Fernando Silva

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #22 Online: 07 de Agosto de 2009, 12:48:26 »
Leia "Contos Inacabados" agora...
Este livro é uma espécie de preenchimento de lacunas. Explica coisas que ficaram mal detalhadas na história principal.

Offline Diegojaf

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #23 Online: 07 de Agosto de 2009, 12:59:34 »
Leia "Contos Inacabados" agora...
Este livro é uma espécie de preenchimento de lacunas. Explica coisas que ficaram mal detalhadas na história principal.

Mesmo assim não tão bem, já que alguns textos contaram com alguma interpretação do filho dele... Mas é melhor do que nada... :)
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Derfel

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Re: A religião no mundo de Tolkien
« Resposta #24 Online: 07 de Agosto de 2009, 14:39:49 »
O problema do Tolkien é que ele escrevia compulsivamente, sempre melhorando a história, mas parece que quase nunca terminava... :)

 

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