Autor Tópico: "Inferência do design" usada para detectar ações de anjos ou demônios  (Lida 731 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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De anjos, Satanás e desenho pouco inteligente

[/url]Os IDiotas não produziram um único modelo, uma única hipótese para a sua suposta teoria «científica», com excepção da surrealista teoria dos anjos, da autoria de Robert Newman.

O autor deste modelo genuina e absolutamente IDiota colaborou com William Dembski, Michael Behe, Philip Johnson e associados no livro «Mere Creation: Science, Faith & Intelligent Design». É ainda co-autor de «What's Darwin Got to Do with It?: A Friendly Conversation about Evolution» um livro de banda desenhada que pretende introduzir os conceitos (?) da IDiotia aos mais jovens. Ou seja, é um reputado ideólogo do desenho inteligente.

Não obstante pertencer ao multi-oxímoro Instituto de Investigação Bíblica Interdisciplinar, - de que é um dos mais prolíficos autores - Robert Newman pretende ser, como todos os IDiotas, um proponente «científico» e não teológico da IDiotia. Aliás, escreveu um artigo sobre má ciência, do qual transcrevo o resumo:

«Devido à tensão que se desenvolveu entre as comunidades científica e evangélica no último século e meio, os crentes na Bíblia têm muitas vezes (com ou sem razão) suspeitas acerca das descobertas e teorização da ciência moderna. Isto levou a uma atracção bastante generalizada por teorias que são vistas como tretas por cientistas e outras pessoas cultas. Neste artigo são discutidos alguns exemplos e propostas estratégias que protejam os cristãos de parecerem desnecessariamente cretinos aos olhos do mundo».

Apesar de ser louvável o seu reconhecimento do ridículo em que incorrem os cristãos que pregam a literalidade da Bíblia, Newman não segue o seu próprio conselho e elabora o modelo mais cretino de explicação da origem e evolução das espécies de que já ouvi falar.

O autor elabora sobre um facto «científico» que tem sido descurado na explicação do mundo, a acção de anjos, de Satanás e seus acólitos, num artigo intitulado «Rumors of Angels: Using ID to Detect Malevolent Spiritual Agents» (disponível também em powerpoint), em que discute o tema anjos (o que inclui os «caídos») como explicado pelo resumo:

«Desde 1900, a maioria das discussões sobre a acção de Deus na natureza ignora a actividade angélica, talvez em reacção à História da Guerra da Ciência com a Teologia na Cristandade de Andrew Dickson White [finais do século XIX e leitura recomendada]. Neste artigo olhamos com uma perspectiva diferente para os dados bíblicos sobre anjos e depois consideramos que dados científicos podem ser relevantes [?] à luz do recente interesse no desenho inteligente».

O artigo desenvolve-se com base nas seguintes premissas:

(1) Os antigos que acreditavam serem os anjos os responsáveis por fenómenos como a meteorologia, doenças e insanidade mental estavam errados [uma conclusão absolutamente brilhante];
(2) Mas igualmente errados estão os modernos que acreditam que os anjos são ou seres mitológicos ou incapazes de produzir efeitos no mundo natural;
(3) Na realidade, os anjos existem e são capazes de, e fazem-no de facto, interagir com a natureza.

Mas como então «podemos encontrar evidência científica para a actividade angélica? A nossa proposta é que a actividade angélica não se assemelha às leis naturais, que operam continuamente. Na realidade, é mais como a actividade humana, que é esporádica. Mas temos a complicação adicional de que não podemos ver os actores».

Dado este problemazito, o autor propõe-se usar na pesquisa da actividade angélica a metodologia preconizada por William Dembski para a «detecção» do desenho inteligente (igualmente de autores invísiveis e indetectáveis). Lembrando que «As acções dos anjos bons podem ser facilmente confundidas com aquelas de Deus, excepto que a qualidade pode não chegar aos padrões divinos [isto é, trabalho rasca é da autoria dos anjos]. E o desenho que nos pareça ser malevolente pode ser o trabalho de seres pecadores acima do nosso nível - anjos caídos, demónios ou Satanás.»

O autor adverte igualmente que desenho que nos pareça malevolente pode não o ser de facto, usando como exemplo a vespa Ichneumonidae, já que «Afinal, muitos dos insectos mortos pela Ichneumonidae são pragas para os agricultores». As lucubrações sobre se a predação é desenho malevolente são absolutamente deliciosas e permitem ao iluminado autor concluir que «a queda de Satanás é muito anterior à de Adão e a criação já não era muito boa na altura em que Adão é criado».

Gosto especialmente da parte sobre a quantificação de quantos porcos podem ser possuídos simultaneamente por um demónio (com base nos dados científicos da Bíblia, claro) para ilustrar o facto de que apenas Deus tem poder ilimitado, mesmo Satanás opera apenas à (pequena) escala local, nomeadamente sobre o clima (o que definitivamente exclui acção demoníaca no aquecimento global...).

Depois de efabular sobre os vírus HIV e Ebola, Newman mimoseia-nos com as suas conclusões:

«Se as nossas sugestões identificando desenho inteligente no polegar do panda, Ichneumonidae, AIDS e Ebola são válidas, isto terá consequências sérias nas formas históricas de fazer ciência. Porque se é verdade que seres sobrenaturais têm intervindo significativamente na história da biologia então não podemos restringir a nossa metodologia ao naturalismo».

O artigo é muito longo mas vale a pena ser lido porque é o único exemplo de uma teoria IDiota para explicar o que aos cientistas parece produto da evolução. Igualmente longo mas esclarecedor é o artigo do mesmo autor contra Carl Sagan, descrito como um «evangelizador» de uma «religião» que compete com todos os «misticismos», assente na ciência e no humanismo secular...





http://dererummundi.blogspot.com/2007/04/de-anjos-e-desenho-malvolo.html

 

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