Para avaliar as aparências que recebemos dos sujeitos (ou seja, dos objetos, tais como seriam, por hipótese ou etimologia, "sob" as aparências), precisaríamos de um instrumento judicatório; para verificar esse instrumento, precisamos da demonstração; para verificar a demonstração, de um instrumento: eis-nos girando em circulos. Já que os sentidos não podem deter nossa disputa, estando eles cheios de incerteza, é preciso que seja a razão a fazê-lo; nenhuma razão se estabelecerá sem uma outra razão: eis-nos recuando até o infinito.
Montaigne, Ensaios.