Em 2006, após várias decepções religiosas e pesquisas relacionadas à crença, cheguei a conclusão de que eu me adequaria melhor ao que sugere o agnosticismo. Naquela ocasião, recebi um telefonema, era um grande amigo. Aproveitei a oportunidade, em meio à conversa, e disse a ele que eu estava realmente duvidoso da historicidade de Jesus, o meu amigo era membro das Testemunhas de Jeová.
Ao me referi de Jesus daquela forma, ele ficou um pouco atônito e refutou. Para ele Jesus era histórico e ponto final. Eu não alonguei o diálogo, até porque não tinha base para tal. Não pudemos continuar, pois estávamos ao telefone. Ontem, por volta de umas 3 horas da tarde, eu recebi uma ligação – três anos depois, era o dito, meu amigo Testemunha de Jeová.
Falamos sobre várias coisas, nada de religião. Mas quando foi no dia seguinte, ao responder um e-mail, além das coisas que relatou sobre sua vida, ele perguntou bem no final: “e aí, você ainda acha que Jesus não existiu?”; “como vai sua religiosidade?” Então eu lhe enviei o seguinte e-mail:
Em 2006 eu me tornei agnóstico. Eu não posso dizer que não tenho uma espiritualidade, pois a meu ver, a espiritualidade não está vinculada diretamente à prática de uma determinada religião, até porque existe um número incalculável de religiões pelo mundo; a maioria divergente entre si.
Em relação à existência de Jesus Cristo, eu cheguei à conclusão de que pode ter havido um homem chamado Jesus por volta do primeiro século dessa era. No entanto, tenho que ser franco e dizer: o Messias bíblico, tal como a bíblia descreve, com todas aquelas façanhas, como andar sobre a água, transformar água em vinho, fazer cego enxergar etc. Tudo isso não passa de mitologia. Quando se tem uma mente livre do poder de influência da religião somada ao conhecimento, não é difícil de perceber que o Cristianismo, assim como Hinduísmo, judaísmo etc. não passam de produtos do intelecto humano.
Mesmo assim eu não desconsidero o valor do exercício de uma determinada fé – desde que a mesma não fira os valores morais universais, como por exemplo, o direito à liberdade de ser agnóstico ou ateu. Em geral, do ponto de vista religioso, tais pessoas são vistas como anormais. É aí onde a religião perde seu valor espiritual e parte para agressão, ou seja, assim como uma pessoa tem o direito de crer em algum deus, profeta etc. nós agnósticos ou ateus, temos o direito de não crer. Um ótimo exemplo é perguntar ao um evangélico se ele/ela crê nos deuses do Monte Olímpio, aqueles da mitologia Grego-romana, é óbvio que eles dirão que não, ou seja, eles também são ateus de alguma forma, em relação ao deus dos outros.
Esse é um assunto que chama bastante à minha atenção. Já fiz parte de vários debates desse gênero; aliás, esse é um assunto muito prazeroso de se debater. Desde que me tornei agnóstico, eu estudo a bíblia, mais que antes; hoje eu faço parte de um fórum no qual eu tenho vários artigos postados. Lá as pessoas discutem sobre a historicidade de Jesus, contradições bíblicas, conflitos religiosos, discriminação religiosa, humanismo e tantos outros. Caso você se interesse, eu envio o link pra você.
Muitas vezes as pessoas confundem espiritualidade com religiosidade. A espiritualidade, a meu ver, está mais ligada ao seu bem estar consigo mesmo e com a natureza. A religiosidade, por sua vez, está ligada a doutrinação, um conjunto de regras e normas sugeridas para um determinado grupo de pessoas que por elas estejam interessadas, ou que por elas foram induzidas.
Após quase 10 anos de religiosidade, eu só descobri a espiritualidade quando olhei para vida de uma forma mais livre e humanista, ou seja, racional. Para mim, a religião não funciona, no entanto compreendo que ela serve para outros.
Voltando a questão da existência de Jesus. Existe muita coisa por trás da estória de Jesus que poucos religiosos sabem. Caso você se interesse pelo assunto, continue a enviar questionamentos; estou disposto a esclarecer o que estiver ao meu alcance.