Senado pagou cursos no exterior para mais de cem funcionários desde 1991BRASÍLIA - Mais de cem servidores do Senado fizeram cursos ou participaram de congressos no exterior com despesas parcial ou integralmente pagas pela Casa. O número está em levantamento do próprio Senado, que não especifica porém, o montante gasto pela instituição. A principal lista indica que, de 1991 para cá, o Senado arcou parcialmente com as despesas de seus funcionários em 94 cursos e congressos realizados no exterior. Pelo menos 18 deles tiveram duração superior a um ano.
A pesquisa foi recebida nesta segunda-feira a pedido do senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, exatamente 80 dias após ter feito o requerimento de informações à Mesa. O tucano recebeu pelo menos três levantamentos diferentes produzidos pela Diretoria Geral.
Alguns destes cursos financiados parcialmente pelo Senado chegaram a durar mais de quatro anos. Foi o caso, por exemplo, dos funcionários Aldo Assumpção Zagonel dos Santos - técnico legislativo que está atualmente no núcleo de servidores afastados; Valéria Rodrigues Motta, analista legislativa, lotada na 2 vice-presidência; e Tarcísio Barroso da Graça, consultor de orçamento, lotado na consultoria de Orçamento.
Lista inclui também até ex-advogado-geral da CasaEsta lista inclui ainda o nome de mais 23 servidores que tiraram licença de capacitação, à qual um funcionário de carreira tem direito a cada cinco anos, podendo se afastar do cargo por até 90 dias sem deixar de receber seu salário.
Pelo menos outros oito servidores, no mesmo período, tiveram todas as despesas de cursos no exterior pagas pela Casa. Entre os beneficiados estão: Carlos Roberto dos Santos Munis, César Luiz Gonzalez da Silva, George Rodrigues Cardim, Flávia Santinoni Vera, Leany Barreiro de Sousa Lemos, Marcos Magalhães Aguiar, Eliane Manhães e Alberto Machado Cascais Meleiro. Este último foi advogado-geral do Senado nos dois mandatos de Renan Calheiros (PMDB-AL) como presidente da Casa.
Uma segunda lista identifica outros 98 funcionários de carreira que pediram licença para capacitação no Brasil e no exterior - a lista pode repetir nomes. Foram 28 em 2007, 58 em 2008 e 12 em 2009.
O terceiro levantamento identifica pelo menos 127 eventos no exterior para os quais 161 servidores se apresentaram para participar. A assessoria da Diretoria Geral, porém, não informou se esses funcionários tiveram despesas pagas pela Casa.
Virgílio decidiu solicitar o levantamento depois da divulgação de que ele próprio teria abrigado em seu gabinete por 14 meses um funcionário que estava estudando no exterior. O tucano admitiu o erro e optou por ressarcir o Senado em R$ 326 mil, mas não se livrou de dar explicações à opinião pública e ao Conselho de Ética do Senado, após representação do PMDB.
Na semana passada, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), também se viu envolvido com problema semelhante já que um dos funcionários comissionados de seu gabinete teria recebido salários da Casa por quatro meses, mesmo estando num curso no exterior.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/09/21/senado-pagou-cursos-no-exterior-para-mais-de-cem-funcionarios-desde-1991-767720459.asp