Autor Tópico: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum  (Lida 3066 vezes)

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Offline Prometheus

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A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Online: 05 de Outubro de 2009, 18:43:41 »
A propósito do debate sobre a retirada de símbolos religiosos das repartições públicas, alerto para a interpretação equivocada daqueles que propugnam tal medida. O Estado é laico, isso é o óbvio, mas a laicidade não se expressa na eliminação dos símbolos religiosos, mas na tolerância aos mesmos. Em um país que teve formação histórica-cultural cristã é natural que haja na parede um crucifixo e isso não configura discriminação alguma. Ao contrário, o pensamento deletério e a ser combatido é a intolerância religiosa que se expressa quando alguém desrespeita ou se incomoda com a opção e o sentimento religioso alheio, o que inclui querer eliminar os símbolos religiosos. Nessa toada, como prenuncia o poema "No caminho, com Maiakóvski", o culto e devoção terão que ser feitos em sigilo, sempre sob a ameaça de que alguém poderá se ofender com a religião do próximo. Nesse passo, eu, protestante e avesso às imagens (é notório o debate entre protestantes e católicos a respeito das imagens esculpidas de Santos), tive a ocasião de ver uma funcionária da Vara Federal onde sou Titular colocar sobre sua mesa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Vi tal ato com respeito, vez que cada um escolhe sua linha religiosa. A imagem não me ofendeu, mas sim me alegrou por viver em um país onde há liberdade de culto. Quando vejo o crucifixo na sala de audiências não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali uma "imagem esculpida", mas reconheço nele a recordação de nossa natural e abençoada diversidade religiosa. O crucifixo nas Cortes é, por sinal, uma salutar advertência sobre os erros judiciários e os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça. Além disso, se a medida for levada a sério, deveríamos também extinguir todos os feriados religiosos, mudar o nome de milhares de ruas e municípios e, ad reductio absurdum, demolir símbolos e imagens, a exemplo, que identificam muitas das cidades brasileiras, incluindo-se no cotidiano popular de homens e mulheres estratificados em variados segmentos religiosos. Ao meu sentir, as pessoas que tentam eliminar os símbolos religiosos têm, elas sim, dificuldade de entender e respeitar a diversidade religiosa. Então, valendo-se de uma interpretação parcial da laicidade do Estado, passam a querer eliminar todo e qualquer símbolo, e por consequência, manifestação de religiosidade. Isso sim é que é intolerância.

Os católicos que começaram este país deixaram sua fé cristalizada. Querer extrair tais vestígios afronta o nosso legado histórico. Em certo sentido, querer sustentar que o Estado é laico para retirar os Santos e Cristos crucificados não deixaria de ser uma modalidade de oportunismo de quem não sabe conviver com a religião dos outros. Todos se recordam do lamentável episódio em que um mau religioso chutou uma imagem de Nossa Senhora. Não é menos agressivo não chutar a Santa mas valer-se do Estado para torná-la uma refugiada, uma proscrita. Indo além, tal viés ataca todos os símbolos de todas as religiões, menos uma. Sim, uma: a "não religião", e é aqui que reside meu principal argumento contra a moda de se atacar a presença de símbolos religiosos em locais públicos.

A recusa à existência de Deus não é uma opção neutra, mas uma nova modalidade religiosa. Se por um lado temos um ateísmo como posição filosófica onde não se crê na(s) divindade(s), modernamente tem crescido uma vertente antiteísta. Esta nova vertente tem seus profetas, seus livros sagrados e dogmas, faz proselitismo, busca novos crentes (que nessa vertente de fé são os que optam por um credo que crê que não existe Deus algum). Como em todos os credos, há ateus educados e cordatos, e outros nem tanto. Há uma linha intolerante e, como ocorre em todas as religiões iniciantes ou pouco amadurecidas, mostra-se virulenta e desrespeitosa no ataque às demais. Nesse passo, apresenta outra característica de algumas religiões, a arrogância, prepotência e desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem o mesmo credo.

O principal profeta dessa religiosidade invertida (mas nem por isso deixando de ser uma manifestação religiosa) é Richard Dawkins, autor do livro " Deus, um Delírio". Ele está envolvido, como qualquer profeta, na profusão de suas ideias, fazendo palestras e livros, concedendo entrevistas e fazendo suas "cruzadas". A Campanha Out é uma proselitista em favor do ateísmo, tem seu símbolo (o "A"escarlate) e produz camisetas, jaquetas, adesivos, e broches vendidos pela loja online, cuja renda se destina à Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência (RDFRS).

Algo não muito diferente de outros profetas e credos. Naturalmente, Dawkins e seus seguidores têm todo o direito de pensarem e professarem qualquer fé ou a falta dela, mas só porque não creem em um Deus, não estão menos sujeitos aos valores, princípios e leis que, se não nos obrigam à fraternidade, ao menos nos impõem a respeitosa tolerância. Não se pode identificar em qualquer símbolo religioso um inimigo nem se tentar cooptar a laicidade do Estado para proteger sua própria linha de pensamento.

Discutir os símbolos religiosos é mais fácil do que enfrentar a distribuição de renda, a fome, injustiça e a desigualdade social. Talvez mexer com os religiosos seja mais simples, divertido e seguro, mas certamente não mostra a capacidade de escolher prioridades. Vale lembrar que católicos, judeus, evangélicos, espíritas e muçulmanos, e bom número de ateus gastam suas energias ajudando os necessitados. Nosso país, salvo raras e desonrosas exceções, é palco de feliz tolerância religiosa.

A eliminação dos símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada, e o Estado não pode optar por uma religião em detrimento de outras. A solução correta é tolerar e conviver com as diversas manifestações religiosas, incluindo Jesus, Buda, Maomé, Allan Kardec, São Jorge etc., sem que ninguém deva se ofender com isso. Por fim, acaso fosse possível uma opção, não poderia ser pela visão da " minoria" mas da "maioria". O "respeito às minorias" já está razoavelmente assimilado, mas isso não inclui o direito à tirania da minoria.

Em suma, espero que deixem este crucifixo, tão católico apostólico romano quanto é, exatamente onde ele está. A laicidade aceita todas as religiões ao invés de persegui-las ou tentar reduzi-las a espaços privados. Eu, protestante e empedernidamente avesso às imagens esculpidas, as verei nas repartições públicas e saudarei aos católicos, que começaram tudo, à liberdade de culto e de religião, à formação histórica desse país e, mais que tudo, ao fato de viver num Estado laico, onde não sou obrigado a me curvar às imagens, mas jamais seria honesto (ou laico, ou cristão, ou jurídico) me incomodar com o fato de elas estarem ali.

Fonte:http://www.pciconcursos.com.br/comopassar/a-laicidade-do-estado-laico-todos-os-credos-ao-inves-de-nenhum
« Última modificação: 06 de Outubro de 2009, 18:11:38 por Prometheus »
O profundo
tédio, que como névoa silenciosa desliza para cá e para lá nos abismos da
existência, nivela todas as coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa
estranha indiferença. Esse tédio manifesta o ente em sua totalidade.(Heidegger)

A angústia manifesta o nada.(Heidegger)

Offline Prometheus

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #1 Online: 05 de Outubro de 2009, 18:47:10 »
O texto é bem conveniente para o debate.Uma coisa chamou-me a atenção,sobre o comentário do proselitismo,uma crítica ao proselitismo ''ateísta'' relacionando ao proselitismo religioso.Isto faz pensar que existe o proselitismo:político,religioso etc.

Será que é uma tendência humana buscar falar para todos o que pensa e tentar persuadir  todos?

Realmente,algo a se pensar.
O profundo
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Offline Irracionalista

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #2 Online: 05 de Outubro de 2009, 20:46:05 »
Eu me pergunto o que o título do tópico tem em relação com o texto colocado nele... você copiou o texto errado e não notou?  :P

O texto seria esse?

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O texto é bem conveniente para o debate.Uma coisa chamou-me a atenção,sobre o comentário do proselitismo,uma crítica ao proselitismo ''ateísta'' relacionando ao proselitismo religioso.Isto faz pensar que existe o proselitismo:político,religioso etc.

Eu até hoje me pergunto onde está o suposto proselitismo ateísta. Do modo como é alardeado, dá-se a impressão que é um movimento de massas, não algo ( teoricamente ) feito por uma dúzia de escritores cuja vendagem não é muito expressiva e duas ou três organizações virtuais ( no Brasil ) cujos membros que não passam da quinta casa decimal. E caracterizar Dawkins como Intolerante é outro cliché batido e repetido ad nauseam pelos críticos do "grande" "Movimento Neo-Ateísta" ( Seja lá o que for isso. Vide o parágrafo acima ).

Além do mais, o autor do texto dá um incrível salto ilógico, precognizando que a retirada de símbolos reliosos de ambientes estatais é um possível antecedente para eliminar símbolos religiosos de qualquer ambiente. Não creio que preciso perder tempo digitando por que tal salto é nonsense.
« Última modificação: 05 de Outubro de 2009, 21:01:57 por Irracionalista »
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Offline West

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #3 Online: 06 de Outubro de 2009, 09:35:43 »
Putz,

O texto não tem nada a ver com o título!

Quanto ao laicismo: muitos religiosos veem nas críticas ao uso de símbolos e expressões religiosas pelo estado como uma tentativa, por parte daqueles que fazem tais críticas, de se excluir a religião ou até mesmo como perseguição religiosa ateia, como já vi alguns afirmarem.

Quanto a esse tipo de afirmação, eu penso que o seguinte raciocínio é bastante esclarecedor:

Temos vários exemplos do uso oficial de símbolos e expressões religiosas em nosso país. Podemos citar a invocação de Deus no preâmbulo da Constituição Federal, o uso da expressão "Deus seja louvado nas cédulas de dinheiro e o uso extensivo de crucifixos em diversas repartições públicas.

Agora eu faço a seguinte pergunta: Por que se invocar "Deus" (com maiúscula) ao invés de "deus" ou "Alá" ou Buda ou Ganesh no preâmbula da CF? Por que "Deus seja louvado" e não Oxalá, Crishina ou Tupã? Por que o crucifixo e não uma imagem do deus elefante Ganesh ou do Buda, por exemplo? Gostaria de ver a reação dos cristãos ao se deparar com alguma dessas situações que citei. Duvido muito que teriam o mesmo empenho em defender o uso oficial de símbolos de outras religiões quanto têm ao defender os da sua própria.

Como disse, penso que esse tipo de raciocínio é bastante esclarecedor e nos faz refletir sobre o princípio democrático. Neste, todos, inclusive a minoria, são dignos de respeito e devem ser levados em conta. Assim,  democracia, ao contrário do que alguns pensam, jamais poderá ser entendida como a tirania da maioria.
« Última modificação: 06 de Outubro de 2009, 09:38:37 por West »
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
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Offline West

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #4 Online: 06 de Outubro de 2009, 10:32:51 »
Li o artigo, mas peço ao Prometheus que post o texto correto para que possamos discuti-lo melhor.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
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"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
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Offline Prometheus

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #5 Online: 06 de Outubro de 2009, 18:07:09 »
Peço desculpa a todos.
O profundo
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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #6 Online: 06 de Outubro de 2009, 18:12:51 »
HAHHHAAHHAAHHHAHAHAH.

HAUAHAUAAHAUAHUAAHAUAHAU

Valeu,pessoal.
O profundo
tédio, que como névoa silenciosa desliza para cá e para lá nos abismos da
existência, nivela todas as coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa
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Offline Spitfire

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #7 Online: 06 de Outubro de 2009, 18:43:08 »
Eu fico me perguntando "what the jongas" da relevância de ter um símbolo religioso em uma sala do judiciário?

NENHUMA!

Oras, se não serve para porra nenhuma então tire de lá... é apenas um ornamento inútil e cafona... péssimo gosto, não combina com a decoração.  ::)

Offline West

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #8 Online: 07 de Outubro de 2009, 13:34:28 »
Citar
A propósito do debate sobre a retirada de símbolos religiosos das repartições públicas, alerto para a interpretação equivocada daqueles que propugnam tal medida. O Estado é laico, isso é o óbvio, mas a laicidade não se expressa na eliminação dos símbolos religiosos, mas na tolerância aos mesmos

Ululante. O que é vedado em um estado laico é o patrocínio de qualquer corrente ideológica(religiosa, filosofica,...), o que claramente ocorre no Brasil quando se gasta o dinheiro público com crucifixos, ou se constroi igrejas e ou outros símbolos religiosos, como as estátuas gigantes de santos, por exemplo. Ninguém defende a eliminação de símbolos religiosos. A tese do autor não passa de um mero espantalho. O que se critica é o emprego de recursos públicos em simbolos religiosos ou o incentivo ou patrocínio à prática de determinada religião

Tolerância e fomento são coisas totalmente diferentes. Tolerância consiste em neutralidade e não consigo imaginar posição mais neutra do que o não envolvimento, seja de que forma for, do estado em questões de religião.

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Em um país que teve formação histórica-cultural cristã é natural que haja na parede um crucifixo e isso não configura discriminação alguma.

Não. Não é natural que um estado que se propõe a ser tolerante com todas as correntes ideológicas ao mesmo tempo patrocine e despenda dinheiro público com uma em especial e isso sim configura discriminação, já que o estado opta por patrocinar apenas uma das muitas expressões religiosas, deixando as demais de fora.

Como isso não pode ser considerado discriminação? Em um estado verdadeiramente laico, a formação histórica religiosa de um país não o impede de respeitar a diversidade de pensamento. Pelo seu argumento, mesmo em um estado laico a religião Xis, por ter prevalência histórica, deve ser mais privilegiada em detrimento das demais, o que é absurdo.

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Ao contrário, o pensamento deletério e a ser combatido é a intolerância religiosa que se expressa quando alguém desrespeita ou se incomoda com a opção e o sentimento religioso alheio, o que inclui querer eliminar os símbolos religiosos.

A questão aqui não é a intolerância, não é se incomodar ou não com os simbolos da religião alheia. O que se discute é o fato de em um estado tido como laico uma religião em especial ter prioridade, e inclusive demandar recursos públicos na compra de simbolos a ela afeta, em detrimento de todas as outras correntes ideológicas. Novamente, não se trata de querer eliminar os simbolos religiosos, mas seu uso oficial por parte do estado(espantalho).

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Nessa toada, como prenuncia o poema "No caminho, com Maiakóvski", o culto e devoção terão que ser feitos em sigilo, sempre sob a ameaça de que alguém poderá se ofender com a religião do próximo.

Mais espantalho. É justamente esse tipo de comportamento que a laicidade tenta combater. É do conhecimento de todos que a liberdade ideológica historicamente sempre foi combatida e cerceada pela religião. A liberdade de expressão e de pensamento, que perpassa pela laicidade do estado, foi uma construção do iluminismo racionalista do séc. XVIII, dos ideais de igualdade e liberdade oriundas do constitucionalismo francês e americano, em contraposição ao absolutismo  do qual a religião foi muro de arrimo. Foi a religião, com seus dogmas e verdades absolutas, com sua intolerância a idéias diferentes, que pregava a ofensa e a heresia por parte dos diferentes. Querer contradizer a história é imaginar, de forma ingênua, a ignorância e a falta de senso crítico por parte de seus interlocutores.

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Nesse passo, eu, protestante e avesso às imagens (é notório o debate entre protestantes e católicos a respeito das imagens esculpidas de Santos), tive a ocasião de ver uma funcionária da Vara Federal onde sou Titular colocar sobre sua mesa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Vi tal ato com respeito, vez que cada um escolhe sua linha religiosa. A imagem não me ofendeu, mas sim me alegrou por viver em um país onde há liberdade de culto. Quando vejo o crucifixo na sala de audiências não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali uma "imagem esculpida", mas reconheço nele a recordação de nossa natural e abençoada diversidade religiosa.

Mas uma vez a mesma cantilena. Julga que quem defende a isenção religiosa do estado se sente ofendido pela prática da religião, tentando convencer que isenção e neutralidade é o mesmo que perseguição. Como alguem pode ser sabedor dos sentimentos subjetivos de outrem? Com base em que ele afirma que os que defendem a isenção religiosa do estado se sentem ofendidos pela prática da religião?

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Quando vejo o crucifixo na sala de audiências não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali uma "imagem esculpida", mas reconheço nele a recordação de nossa natural e abençoada diversidade religiosa. O crucifixo nas Cortes é, por sinal, uma salutar advertência sobre os erros judiciários e os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça

E para isso precisa de imagem alguma? O princípio da justiça não é, por acaso, o fundamento e a razão de ser de todo Direito? Por que deveria ser olvidado pelos magistrados em sua lida contidiana?

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Além disso, se a medida for levada a sério, deveríamos também extinguir todos os feriados religiosos, mudar o nome de milhares de ruas e municípios e, ad reductio absurdum, demolir símbolos e imagens, a exemplo, que identificam muitas das cidades brasileiras, incluindo-se no cotidiano popular de homens e mulheres estratificados em variados segmentos religiosos

Aqui o ilustre magistrado, na defesa sega de sua argumentação, esquece-se de um dos princípios mais fundamentais do Direito que é do da razoabilidade. É óbvio que ninguém defende a mudança do nome de cidades e ruas ou a demolição de monumentos. Apesar de a abolição de feriados religiosos fazer bastante sentido em um estado laico, já que se restringem a uma religião específica, em esquecimento das demais. O argumento da maioria não tem fundamento lógico nem legal em um estado democrático, mas puramente político (no sentido eleitoreiro).
Mais uma vez faz uso da falácio do boneco de palha.


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Ao meu sentir, as pessoas que tentam eliminar os símbolos religiosos têm, elas sim, dificuldade de entender e respeitar a diversidade religiosa. Então, valendo-se de uma interpretação parcial da laicidade do Estado, passam a querer eliminar todo e qualquer símbolo, e por consequência, manifestação de religiosidade. Isso sim é que é intolerância.

Mais espantalhos, como demonstrado anteriormente.

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Os católicos que começaram este país deixaram sua fé cristalizada. Querer extrair tais vestígios afronta o nosso legado histórico. Em certo sentido, querer sustentar que o Estado é laico para retirar os Santos e Cristos crucificados não deixaria de ser uma modalidade de oportunismo de quem não sabe conviver com a religião dos outros. Todos se recordam do lamentável episódio em que um mau religioso chutou uma imagem de Nossa Senhora. Não é menos agressivo não chutar a Santa mas valer-se do Estado para torná-la uma refugiada, uma proscrita.

Não se busca mudar a história. Palha mais uma vez!

Não saber conviver com idéias diferentes é querer impor a sua como a única verdadeira e oficial, por julgá-la melhor do que as dos outros. E é isso que o estado faz ao oficializar certa religião, mesmo sob o argumento da maioria, no qual subtende-se que a maioria tem a razão e por isso deve ser privilegiada.

Mas uma vez tenta convencer que o que  está se querendo é a eliminação dos simbolos religiosos. Ideia já demonstrada falsa.
O que se questiona é o apoio oficial à religião - algo vedado em um estado laico, não a liberdade de culto que dever ser livre e igual para todos, como todas as outras formas de expressão.

 
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Indo além, tal viés ataca todos os símbolos de todas as religiões, menos uma. Sim, uma: a "não religião", e é aqui que reside meu principal argumento contra a moda de se atacar a presença de símbolos religiosos em locais públicos.

Aqui o autor usa o velho argumento, por si só contraditório, da ausência de religião como sendo uma religião, a semelhança da idéia de que a ausência de fé é também fé. Argumentos por si só absurdos que, por não terem sustentação lógica, buscam perverter a própria lógica ao mudar o sentido comum das palavras de forma a adequá-las convenientemente ao que se pretende provar.

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A recusa à existência de Deus não é uma opção neutra, mas uma nova modalidade religiosa. Se por um lado temos um ateísmo como posição filosófica onde não se crê na(s) divindade(s), modernamente tem crescido uma vertente antiteísta. Esta nova vertente tem seus profetas, seus livros sagrados e dogmas, faz proselitismo, busca novos crentes (que nessa vertente de fé são os que optam por um credo que crê que não existe Deus algum). Como em todos os credos, há ateus educados e cordatos, e outros nem tanto. Há uma linha intolerante e, como ocorre em todas as religiões iniciantes ou pouco amadurecidas, mostra-se virulenta e desrespeitosa no ataque às demais. Nesse passo, apresenta outra característica de algumas religiões, a arrogância, prepotência e desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem o mesmo credo.

Gostaria que o autor me apresentasse o endereço de um único templo da tal religião ateísta.

O problema é que as religiões são historicamente mal acostumadas. Não podem ver seus dogmas questionados que já começam a choramingar, a se fazer de perseguidas, etc., [efeito da sacralidade dos seus dogmas intocáveis]

Na verdade, é a maioria das religiões que não são capazes de conviver com a diferença(o própio autor citou o exemplo do pastor que chutou a santa - gostaria que ele me apresentasse um exemplo sequer de um ateu que tenha feito algo semelhante) e quando confrontadas com uma forma diferente de pensar se acham perseguidas, ameaçadas e tentam reagir, a semelhança do que faz o autor do texto. A simples palavra "ateu" denota um sentido preconceituoso e de marginalização e quando pronunciada provoca um sentimento de despreso e discriminação por parte dos religiosos. "Ateu" sempre foi sinônimo de herege.  Por isso alguns filósofos americanos, dentre eles Daniel Dennet, defendem a adoção da palavra "bright" como alternativa ao termo "ateu", este de conotação histórica claramente perjorativa.

Contudo, o que acontece é que a minoria ateia, historicamente discriminada e perseguida, atualmente tem buscado se mobilizar no sentido de exiguir respeito da sociedade e do estado. Nada mais legítimo, pois são cidadãos como todos os outros, compridores de seus deveres e pagadores de impostos. E isso, infelizmente, tem sido visto pelos religiosos como afronta.

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O principal profeta dessa religiosidade invertida (mas nem por isso deixando de ser uma manifestação religiosa) é Richard Dawkins, autor do livro " Deus, um Delírio". Ele está envolvido, como qualquer profeta, na profusão de suas ideias, fazendo palestras e livros, concedendo entrevistas e fazendo suas "cruzadas". A Campanha Out é uma proselitista em favor do ateísmo, tem seu símbolo (o "A"escarlate) e produz camisetas, jaquetas, adesivos, e broches vendidos pela loja online, cuja renda se destina à Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência (RDFRS).

Algo não muito diferente de outros profetas e credos. Naturalmente, Dawkins e seus seguidores têm todo o direito de pensarem e professarem qualquer fé ou a falta dela, mas só porque não creem em um Deus, não estão menos sujeitos aos valores, princípios e leis que, se não nos obrigam à fraternidade, ao menos nos impõem a respeitosa tolerância. Não se pode identificar em qualquer símbolo religioso um inimigo nem se tentar cooptar a laicidade do Estado para proteger sua própria linha de pensamento.

Se encaixa no que disse antes. Trata-se de uma minoria exigindo respeito.

Só falta agora o senhor juiz vir defender a imunidade tributária das ONG's e associações em geral, pois tais segmentos sociais, segundo sua própria linha de raciocínio, podem, dessa forma, ser classificados como religiões institucionalizadas.

No caso dos ônibus de Londres é fácil observar o nível de intolerância dos religiosos. Basta ver algo contrário a sua fé, uma única frase é o suficiente, que logo ficam todos eriçados, imperdigados, inquietos,..., gritam e esperneiam e começam a rotular os ateus de tudo quanto têm direito, inclusive de religiosos fanáticos. Vejam só! Os religiosos não estão realmente acostmumados a conviver com a diversidade de idéias.

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A eliminação dos símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada, e o Estado não pode optar por uma religião em detrimento de outras. A solução correta é tolerar e conviver com as diversas manifestações religiosas, incluindo Jesus, Buda, Maomé, Allan Kardec, São Jorge etc., sem que ninguém deva se ofender com isso. Por fim, acaso fosse possível uma opção, não poderia ser pela visão da " minoria" mas da "maioria". O "respeito às minorias" já está razoavelmente assimilado, mas isso não inclui o direito à tirania da minoria.

Em suma, espero que deixem este crucifixo, tão católico apostólico romano quanto é, exatamente onde ele está. A laicidade aceita todas as religiões ao invés de persegui-las ou tentar reduzi-las a espaços privados. Eu, protestante e empedernidamente avesso às imagens esculpidas, as verei nas repartições públicas e saudarei aos católicos, que começaram tudo, à liberdade de culto e de religião, à formação histórica desse país e, mais que tudo, ao fato de viver num Estado laico, onde não sou obrigado a me curvar às imagens, mas jamais seria honesto (ou laico, ou cristão, ou jurídico) me incomodar com o fato de elas estarem ali.

Repete a mesma ladainha: "que os ateus querem eliminar os simbolos religiosos". Falácia!

Tolerar e conviver é muito diferente de patrocinar oficialmente. Segundo a linha de raciocínio do autor, em vez de um crucifixo, as paredes das repartições públicas deveriam ter lugar para os símbolos de todas as religiões praticadas no país (por que privilegiar somente uma religião? A desculpa não é a diversidade religiosa?). Só acho que nesse caso não teríamos paredes suficientes. Não precisa refletir muito para ver o absurdo desse argumento.

Outro absurdo defendido pelo autor é que a ausência de símbolos religiosos nas repartições atende à pretensa "religião ateia", como se uma parede vazia fosse símbolo de alguma coisa. Alguém ao se deparar com uma parede vazia em uma repartição pública será logo capaz de associar tal fato à religião ateia. Lógico, esse é seu símbolo. Não é preciso ser um gênio para perceber que esse argumento não faz nenhum sentido.

De longe a neutralidade é a posição mais acertada em um país que se diz laico e que não faz distinção entre ideologias de qualquer natureza.

Não se trata da tirania da minoria, mas, ao contrário, do respeito à diversidade de idéias.
« Última modificação: 07 de Outubro de 2009, 14:40:35 por West »
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
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Offline Mr."A"

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #9 Online: 10 de Outubro de 2009, 22:43:28 »
Sou uma das pessoas que se insurge contra essas imagens e não sou discípulo de Dawkins nem faço parte de nenhum movimento pela minoria ateísta. No meu caso, sou estudante de uma universidade pública e me incomoda entrar nessa instituição, da qual faço parte, pois sou aluno regularmente matriculado, e olhar todos os dias para um crucifixo pendurado em cima da porta de um elevador. Me incomoda porque vejo nitidamente que quem não é católico não está sendo contemplado com aquela imagem.

Ingenuidade, muita ingenuidade achar que um crucifixo pendurado na parede não demarca uma posição. Demarca. Um crucifixo numa sala de audiências, assim como na entrada de uma unidade universitária, demarca aquele espaço como um espaço católico. Se você entra numa casa e vê um crucifixo pendurado, você imagina que os residentes são católicos. Se você entra numa casa com búzios e contendas, mas que apenas em um dos quartos há um crucifixo, você imagina que quem dorme naquele quarto é católico. Se você entra num hospital e vê um crucifixo, você imagina que aquele hospital é dirigido e/ou gerenciado por católicos. Um espaço onde há um crucifixo torna-se um espaço católico no imaginário de quem ali transita.

Ingenuidade achar que um crucifixo numa parede só serve de enfeite. Mais ainda que ele representa mais a liberdade de culto do que a neutralidade. Para tanto, mais valeria congregar símbolos de todos os credos existentes no país nesses espaços. Se o Cristo crucificado pode significar "uma salutar advertência sobre os erros judiciários e os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça", o Xangô do candomblé representa a justiça de maneira bem mais sólida e concreta e poderia ser colocado ao seu lado. A imagem de um Cristo crucificado não simboliza nenhuma diversidade de crenças e não-crenças; muito pelo contrário: ela inibe essa diversidade, silencia sua existência.

Não sou só eu que se insurge contra essas imagens, nem só ateus, muito menos só ateus militantes proselitistas. São pessoas que não são católicas e se sentem apagadas, já que vivem num estado laico e teoricamente neutro.
« Última modificação: 10 de Outubro de 2009, 23:10:24 por Acolon »
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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #10 Online: 10 de Outubro de 2009, 22:49:01 »
Quanto aos feriados, mencionados no texto, uma ótima idéia acabar com a maioria deles. Digo a maioria porque alguns transcenderam a questão da religião. Aqui no Nordeste, por exemplo, os feriados juninos são tão culturamente enraizados que dificilmente alguém - católico ou não - se abstem deles.
« Última modificação: 10 de Outubro de 2009, 22:51:59 por Acolon »
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Offline Eremita

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #11 Online: 11 de Outubro de 2009, 15:05:17 »
Quanto aos feriados, mencionados no texto, uma ótima idéia acabar com a maioria deles. Digo a maioria porque alguns transcenderam a questão da religião. Aqui no Nordeste, por exemplo, os feriados juninos são tão culturamente enraizados que dificilmente alguém - católico ou não - se abstem deles.
Já comentei aqui, mas vale a pena repetir porque a idéia pode funcionar... não seria possível simplesmente deixar o trabalhador definir seus feriados? Cristãos (a maioria no Brasil) vão continuar folgando nos mesmos feriados, então pra eles não faria diferença nenhuma; mas faria para a gente, para judeus, para muçulmanos e etc.

É só o esquema ser bem planejadinho, p.ex. fazendo o trabalhador definir os feriados com bastante antecedência.
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Offline West

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #12 Online: 11 de Outubro de 2009, 15:18:24 »
Outra solução seria o governo fixar quanto e quais dias do ano seriam feriados, sem definir o nome do feriado.
Aí cada um nomearia/comemoraria o que quisesse .
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Offline Eremita

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #13 Online: 11 de Outubro de 2009, 16:22:13 »
Outra solução seria o governo fixar quanto e quais dias do ano seriam feriados, sem definir o nome do feriado.
Aí cada um nomearia/comemoraria o que quisesse .
Mas mesmo nos dias escolhidos já haveria alguma implicação religiosa, ainda que menor.
P.ex., se o governo definisse 25/dezembro como feriado, não seria por causa do solstício ou da Saturnália, seria por causa do Natal cristão mesmo. Se colocassem o aniversário de um cientista famoso qualquer como feriado, ia gerar briga entre cristãos e não-cristãos, e por aí vai.
(Mas se forem fazer isso mesmo, que seja o de Einstein. Gosto da idéia de fazer aniversário em feriado X-D )
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Offline Sr. Jesus

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #14 Online: 11 de Outubro de 2009, 18:44:20 »
Os prédios públicos são propriedade de todos, não devem fazer marketing de uma religão em particular, principalmente se for a religão da maioria. Ninguém está falando de proibir a expressão de maluquices religiosas publicamente, mas utilizar os corredores de repartições públicas como se fossem privadas para vender suas idéias,religiosas ou não, é imoral.

Mesmo fora de propriedades estatais a propaganda deve ser feita de forma a permitir sossego a quem não quer escutar ladainhas. E não ser tomado de refém como fazem quando religiosos invadem os trens ou colocam o volume no máximo, para contrabandear pregação pra dentro da casa de quem não quer.

A discussão deve ser se crucifixos e cia em espaços de circulação em prédios públicos (nenhum problema dentro de salas) é um direito ou privilégio. Para mim é um privilégio, tão aceito por todos que é fácil fazer-se de vítima quando ele é questionado. A mim não enganam.
« Última modificação: 11 de Outubro de 2009, 20:35:30 por Sr. Jesus »
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Offline lusitano

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #15 Online: 17 de Março de 2010, 17:41:45 »
Prometheus

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A recusa à existência de Deus não é uma opção neutra, mas uma nova modalidade religiosa. Se por um lado temos um ateísmo como posição filosófica onde não se crê na(s) divindade(s), modernamente tem crescido uma vertente antiteísta. Esta nova vertente tem seus profetas, seus livros sagrados e dogmas, faz proselitismo, busca novos crentes (que nessa vertente de fé são os que optam por um credo que crê que não existe Deus algum). Como em todos os credos, há ateus educados e cordatos, e outros nem tanto. Há uma linha intolerante e, como ocorre em todas as religiões iniciantes ou pouco amadurecidas, mostra-se virulenta e desrespeitosa no ataque às demais. Nesse passo, apresenta outra característica de algumas religiões, a arrogância, prepotência e desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem o mesmo credo.

O principal profeta dessa religiosidade invertida (mas nem por isso deixando de ser uma manifestação religiosa) é Richard Dawkins, autor do livro " Deus, um Delírio". Ele está envolvido, como qualquer profeta, na profusão de suas ideias, fazendo palestras e livros, concedendo entrevistas e fazendo suas "cruzadas". A Campanha Out é uma proselitista em favor do ateísmo, tem seu símbolo (o "A"escarlate) e produz camisetas, jaquetas, adesivos, e broches vendidos pela loja online, cuja renda se destina à Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência (RDFRS).

Algo não muito diferente de outros profetas e credos. Naturalmente, Dawkins e seus seguidores têm todo o direito de pensarem e professarem qualquer fé ou a falta dela, mas só porque não creem em um Deus, não estão menos sujeitos aos valores, princípios e leis que, se não nos obrigam à fraternidade, ao menos nos impõem a respeitosa tolerância. Não se pode identificar em qualquer símbolo religioso um inimigo nem se tentar cooptar a laicidade do Estado para proteger sua própria linha de pensamento.

Discutir os símbolos religiosos é mais fácil do que enfrentar a distribuição de renda, a fome, injustiça e a desigualdade social. Talvez mexer com os religiosos seja mais simples, divertido e seguro, mas certamente não mostra a capacidade de escolher prioridades. Vale lembrar que católicos, judeus, evangélicos, espíritas e muçulmanos, e bom número de ateus gastam suas energias ajudando os necessitados. Nosso país, salvo raras e desonrosas exceções, é palco de feliz tolerância religiosa.

A eliminação dos símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada, e o Estado não pode optar por uma religião em detrimento de outras. A solução correta é tolerar e conviver com as diversas manifestações religiosas, incluindo Jesus, Buda, Maomé, Allan Kardec, São Jorge etc., sem que ninguém deva se ofender com isso. Por fim, acaso fosse possível uma opção, não poderia ser pela visão da " minoria" mas da "maioria". O "respeito às minorias" já está razoavelmente assimilado, mas isso não inclui o direito à tirania da minoria.

Caríssimo: estou em crer, que você tem alguma razão.

Entretanto, eu pergunto se no lugar das imagens "santas", colocam lá a fotografia do presidente da república?

Também concordo com o West, que também deviam ser toleradas imagens de buda, ganech, shiva, apolo, afrodite, etc., nas mesmas instituições onde se encontram crucifixos, em paralelo, ou concorrência com as imagens cristãs. :idea:
« Última modificação: 17 de Março de 2010, 19:25:01 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #16 Online: 17 de Março de 2010, 18:02:05 »
West

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Gostaria que o autor me apresentasse o endereço de um único templo da tal religião ateísta.

Eu não resido no Brasil. Mas sei que nesse país, tem pelo menos a Capela Positivista de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, representativa da religião da Humanidade, fundada por um ilustríssimo "ateu". Mais propriamente, Auguste Comte. :)
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline Spitfire

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #17 Online: 17 de Março de 2010, 18:33:49 »
Sou portoalegrense e gaúcho... nunca ouvi falar nem da "igreja" e muito menos do cidadão.

Offline Mr."A"

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #18 Online: 18 de Março de 2010, 00:43:09 »
O cidadão não é brasileiro, Spit, é francês.
« Última modificação: 18 de Março de 2010, 00:45:32 por Acolon »
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Offline Pandora

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #19 Online: 18 de Março de 2010, 10:31:41 »
Texto típicos de religiosos que são incapazes de entrar numa discussão sem proclamarem que estão sendo perseguidos! 

Por favor me corrigem se eu estiver errada, mas pela "lógica" desse cara se eu pratico swing, falo sobre isso e tento convencer as pessoas a fazerem o mesmo, então estou praticando uma religião? Ou se sou adepta do existencialismo, escrevo livros sobre isso, dou palestra sobre o assunto e entrevistas, etc... estou pratcando a religião existencialista?



Offline West

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #20 Online: 18 de Março de 2010, 10:45:12 »
West

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Gostaria que o autor me apresentasse o endereço de um único templo da tal religião ateísta.

Eu não resido no Brasil. Mas sei que nesse país, tem pelo menos a Capela Positivista de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, representativa da religião da Humanidade, fundada por um ilustríssimo "ateu". Mais propriamente, Auguste Comte. :)

Não tenho conhecimento da tal igreja positivista gaúcha.

Sei que no auge do positivismo europeu se tentou criar a igreja positivista mas acho que a idéia não pegou e hoje a mesma não passa de mera curiosidade histórica e atração turística.

Os positivistas desse tempo pensavam que faltava muito pouco para se chegar ao limite de tudo que se podeia conhecer, como se o homem estivesse próximo do conhecimento total. Pobres coitados!
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Offline lusitano

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #21 Online: 18 de Março de 2010, 17:50:11 »
A Religião da Humanidade:

Auguste Comte através da obra Sistema de Política Positiva (1851-1854)- institui a Religião da Humanidade. Após a elaboração de sua filosofia, Comte concluiu que deveria criar uma nova religião: afinal, para ele, as religiões do passado eram apenas formas provisórias da única e verdadeira religião : a religião positiva. Segundo os positivistas, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova Religião que apresenta um novo conceito do Ser Supremo, a Religião da Humanidade. Comte foi profundamente influenciado a tal pela figura de sua amada Clotilde de Vaux.

Segundo os Positivistas, a Teologia e a Metafísica, nunca inspiraram uma religião verdadeiramente racional, cuja instituição estaria reservada ao advento do espírito positivo. Estabelecendo a unidade espiritual através da ciência, a Religião da Humanidade possui como principal objetivo a Regeneração Social e Moral.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte
« Última modificação: 18 de Março de 2010, 18:01:22 por lusitano »
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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #22 Online: 24 de Março de 2010, 12:30:11 »
 
 
 
Política e Religião

João A. de Souza Filho

Durante séculos algumas sociedades ocidentais – católicas e protestantes – existiram sem fazer separação entre o Estado e a religião. Isto porque, quando estudamos as civilizações descobrirmos que algumas nações católicas e protestantes não conseguiram, na prática, fazer esta separação. No Brasil, a influência da igreja de Roma é muito forte sobre o estado laico, da mesma forma que o protestantismo em outros países. Da mesma maneira, países de religião islâmica não conseguem separar o Estado da religião, sendo os dois também uma só coisa. E são piores, porque não admitem que se usem publicamente os símbolos cristãos.

Os governos de todas as épocas misturavam religião e política de maneira natural, e nem conseguiam ver diferença alguma entre um estado laico e o religioso. Com o advento da República as nações católicas e protestantes vêm tentando trabalhar esta diferença, sem muitos resultados práticos. Civilizações antigas como o Egito, a Caldéia, Grécia e Roma eram governadas por místicos que, a pedido de reis e imperadores prognosticavam o  que os governos deveriam fazer.

Estou escrevendo este artigo, a propósito da decisão de um juiz do RS que vem orientado os magistrados a tirarem das salas de audiência e dos tribunais o crucifixo alegando que o estado é laico e este é um símbolo religioso. E ele não está errado, apesar da opinião pública se levantar contra a decisão. Ele está correto. Religião e Estado são separados aqui no Brasil, ou pelo menos deveriam ser. E também para lembrar da influência que teve o bispo de Barra, no Nordeste, impedindo o projeto de transposição do Rio São Francisco, assunto que trato em outro artigo. A influência do catolicismo é ainda forte no independente Estado laico brasileiro.

É preciso viajar no tempo e ver como Demócrito (460-371 a.C.) o criador da primeira doutrina materialista, e seu discípulo Epicuro, fundador do epicurismo já pensavam em separar Estado e religião. Este dizia: “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. Mas não conseguiu distanciar-se da religião, porque depois que morreu, a escola de Epicuro pregava que o homem vivia aterrorizado por uns deuses, que ele sabe, estão ausentes em seu destino, e o homem deve seguir seu caminho esquecendo os deuses. Ele foi no passado, o que Augusto Comte o foi em anos mais recentes: criou a filosofia do positivismo em que o homem não precisa de um deus. Filosofia que ainda é forte em certos personagens da política brasileira.

Tito Lucrécio Caro (98-55 a.C.), pregava que o homem é ignorante e daí o temor que tem pelos deuses, e pregava que em nome da religião cometiam-se os mais horrendos crimes, por isso os homens precisam ficar livres da religião.

Durante toda a idade média, a igreja controlou a cultura e os costumes europeus,  mas estes laços foram se enfraquecendo, e a imagem de Deus foi-se apagando. Mas é no período do renascimento que começa a luta entre ciência e religião. Quem desafiasse a religião era morto pela igreja, aliás uma prática ainda bem presente na sociedade dos dias de hoje, com outros métodos que ainda silenciam os que desafiam Roma.  

Por este tempo, diversos cientistas, entre eles Berzélio e Mitscherlich debochavam da tese criacionista bíblica, afirmando que a geração espontânea fora provada. Em 2 de março de 1875 Pouchet, adepto daqueles cientistas, fez uma demonstração pública com uma vasilha de água. Em alguns dias a água fervilhava de germes vivos; era a vitória da ciência sobre a religião. Luis Pasteur imediatamente levou à praça pública uma vasilha de água esterilizada. Toda a Europa esperava o surgimento de seres vivos na vasilha de Pasteur. Nada aconteceu. No dia 30 de março Pasteur explicou que não havia geração espontânea, e que os germes eram fruto da putrefação. A Bíblia triunfou sobre a ciência.

Nos dias de hoje, apesar do papel da ciência ser bem definido e operar livremente fora da religião, esta ainda impõe condições impedindo que os governos tomem decisões na área da saúde e em outros quesitos mais. Mas o contrário também é verdadeiro, porque até hoje a teoria da evolução ensinada nas escolas não tem comprovação científica plena, e o sofisma da evolução que contraria o criacionismo foi-nos imposta pela ciência, e aceita pela estado como uma grande verdade. Como se vê, ciência, estado e religião têm ainda um longo caminho pela frente.  

Separar o estado da religião não é tarefa fácil. Sempre houve uma tentativa de separá-los, pela força, como fizeram Engel e Marx, resultando daí que todas as ideologias, tentaram separar estado e religião, acabando elas, próprias, por tornarem-se a “nova” religião. Foi assim com o positivismo de Comte, cujos templos do positivismo passaram a ser construídos em vários países, e o comunismo ateu que se tornou também a nova religião atéia dos governantes.

Pode constar na constituição do Brasil que são duas coisas independentes, mas não se consegue separar o que a cultura religiosa brasileira estabeleceu, já que, cultura e religião andam de mãos dadas desde tempos remotos. Os símbolos religiosos católicos que insistem em permanecer nas repartições públicas, hospitais, escolas e no judiciário provam o que quero dizer. O juiz está certo em querer afastá-los, pois o Estado é laico e não religioso, no entanto esbarra no povo e em seu líder máximo, o Presidente Lula que aparece em público com uma imagem de Aparecida na lapela do casaco, o que não deixa de ser uma ofensa às demais religiões. Temos que admitir que política e religião ainda precisam andar de mãos dadas; são votos nas urnas.

Bacon fundou a escola racionalista na Inglaterra (1561-1626) buscando banir do homem a idéia do sobrenatural e da revelação. Seu discípulo, Thomas Hobbes (1588-1679) escreveu a obra O Leviatã usando o monstro da Escritura como metáfora do Estado, que nega a individualidade e devora os seres humanos. O homem devora o próprio homem como lobo, pois o homem transfere seus direitos para o Estado, mudando sua condição natural para uma condição civil. Nunca o Leviatã, o Estado, tem sido tão devorador como hoje no Brasil. Interfere em tudo na vida do povo, até mesmo no direito de ter sua própria religião. Pois no momento em que o Presidente usa uma imagem de Aparecida no peito ofende a outra parcela da população.

Mas esta questão de política e religião ganhou formas com Carl Marx (1818-1883). Ele conheceu Engels em 1844 e juntos fundaram a liga dos comunistas com um programa político e filosófico em 1848. Criador do marxismo, pregava que a crítica do céu deve ceder seu posto a terra; a crítica da religião ceder ao direito; e a teologia à política. Para eles, religião é alienação, uma realização fantástica do ser humano, porque ainda não possui a verdadeira realidade. A religião é o ópio do povo.

Assim, pela ótica do ateísmo marxista (que hoje governa o Brasil) a política se opõe a Deus e a religião, mas não abre mão deles para continuar no poder. A evolução do pensamento filosófico e científico evoluíram para o materialismo e o ateísmo, exercendo forte influência nos movimentos políticos da história, cujo exemplo máximo é o presidente atual da Câmara dos Deputados, Aldo Rabelo, cujo partido foi criado no rastro do sangue derramado dos mártires cristãos da Albânia de Ever Hoxa.

Se pelo menos o Estado não interferisse na religião e a religião não interferisse no Estado, quem sabe o povo viveria melhor, as formas de culto seriam respeitadas, a ciência contribuiria para o bem-estar da sociedade e a religião deixaria de ser palanque em época de eleições. Mas numa sociedade que mescla religião e política, cultura e religião, em que o Estado laico ainda é subserviente da religião patrocinando encontros, reuniões, e viagens de representantes de líderes afro nas viagens presidenciais, tirar o crucifixo das paredes é mera hipocrisia.        

Um Estado que se diz laico não poderia ter feriados em homenagem a santos, o que comprova, por fim que a mão dos líderes católicos comandados por Roma ainda são os dominadores do pensamento, da filosofia, da teologia e do estilo de vida do povo brasileiro. O juiz que optou por tirar os crucifixos deveria ir mais além, entrando com uma representação contra o governo que, laico, mantém-se religioso para permanecer no poder.

É isto mesmo! O laico Estado brasileiro, precisa da religião, apesar de fazer o possível de agir contra ela! :arrow: :?:
 
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Offline Geotecton

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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #23 Online: 24 de Março de 2010, 21:08:25 »
Considere-se que:

01) Estado laico não é declaradamente ateu, portanto não pode reprimir qualquer crença, por mais idiota que seja ou possa parecer.

02) Estado laico deve prover liberdade de credo, seja qual for, por mais idiota que seja ou possa parecer.

No entanto:

03) Estado laico não pode ser instrumentalizado por nenhuma religião, mesmo que seja a da maioria da população, como determina a atual Constituição e que remonta a uma situação que surgiu com a proclamação da República.

04) Todas as imagens religiosas devem ser retiradas de todos os prédios públicos nas 3 esferas de poder e em todas as unidades político-administrativas da federação.

05) Todos os feriados religiosos deveriam ser legalmente proibidos. Somente deveriam restar aqueles ligados às datas relevantes para a União, os Estados e os Municípios. Eu acrescentaria à lista aqueles que se tornaram mundiais, tais como o do Dia do Trabalho e o da Fraternidade Universal.

06) Estado laico não deve promover ou patrocinar nenhum tipo de atividade de nenhuma religião ou de qualquer pessoa jurídica a elas vinculadas. :no:

07) Religiões personificadas juridicamente deveriam ser tributadas. :ok:

É o que eu lembro por ora. :idea:
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Re: A laicidade do Estado laico: todos os credos ao invés de nenhum
« Resposta #24 Online: 24 de Março de 2010, 22:51:45 »
Eu já acho que deveria haver um feriado para cada religião, mais um feriado para cada divindade cultuada e mais um feriado para cada Santo existente.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

 

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