As gravações do filme sobre a vida do médium Chico Xavier foram marcadas por vários casos que, certamente, são uma história a parte. As filmagens tiveram uma uma atriz vendo o médium, figurante incorporando um espírito e outros mistérios, como a chuva que parava misteriosamente a cada novo dia de gravação. Nelson Xavier, ator que interpreta o papel principal, conta que sua ligação com Chico foi muito além do sobrenome igual.
http://extra.globo.com/lazer/materias/2009/09/27/misterios-durante-as-gravacoes-do-filme-sobre-vida-de-chico-xavier-767800542.asp
Por que não doam toda a bilheteria do filme e todo o dinheiro arrecadado com a venda de livros para o Hospital do Câncer, por exemplo?
Há duas bandeiras que se agitam em torno do nome do Chico: os que o idolatram como a um santo e os que o desprezam completamente, e não me refiro aqui aos não-espíritas ou anti-espíritas.
Nesse caso a virtude estaria no meio... Chico não era tão perfeito quanto pintam aqueles que o idolatram, mas também não era o demo encarnado que pintam os espíritas cientificistas ou laicos. Ele não era um espírito muito adiantado, como o mostram certas atitudes e defecções dele diante de certos problemas que teve ao longo de sua vida; era um espírito que claramente vivia numa condição de expiação terrestre por causa, segundo ele próprio dizia, de males praticados no passado. Mas era, em contra-partida, um espírito resignado à condição que tinha e que fez grandes esforços para se melhorar nessa vida, tendo sido, na minha opinião, muitíssimo bem sucedido. Ele é um exemplo de vida (para os espíritas) porque está mais perto de nós do que estaria, por exemplo, Kardec; porque mostrou-nos que não é preciso estar lá no topo da escala evolutiva para que se consiga tirar grande proveito dessa vida em prol da própria evolução intelectual e moral. Esse é o seu grande legado, no meu ponto de vista. E claro, as suas obras. Mas o mérito dessas obras se devem muito mais aos espíritos que as ditaram do que ao próprio Chico, visto que, como eu já disse em outras ocasiões, encontram-se autores muito bons e outros bastante ruins do ponto de vista doutrinário.
Quanto ao dinheiro arrecadado, as leis do nosso país permitem que se dê o destino que quiser, desde que não seja ilegal. O que o Espiritismo moralmente condena na verdade é a exploração em proveito próprio de um dom que não lhe pertença. É visto mais ou menos como o irmão que explorava a memória do autista no filme Rain Man (1988). A lei humana não proíbe, mas o Espiritismo condena, e com razão. Por exemplo, num romance mediúnico, o autor é o espírito, a beleza da história se deve ao espírito e, por isso, o Chico, enquanto médium que negava a autoria dos livros, não se sentia no direito de receber os direitos autorais, mas dava ao dinheiro a destinação que lhe recomendavam os próprios autores: as instituições espíritas em alguns casos, instuições filantrópicas em outros casos.
Mas no caso desse filme específico o que está sendo oferecido é a habilidade do ator, e não do médium ou intermediário. E ele estudou, treinou, praticou e, como ele também precisa prover a sua subsistência, é justo que venda e que lucre a partir do seu serviço prestado de ator. Ele não está se servindo de habilidades alheias, mas de suas próprias habilidades. Ele pode, certamente, dar destino aos seus honorários a alguma instituição filantrópica, mas não estaria comentendo nenhuma falta moral caso simplesmente embolsasse todos os honorários e fosse gastar tudo num shopping center. É direito legítimo dele e não condenado pela Providência. Melhor faz assim que se doasse, por exemplo, para o Hospital do Câncer, com fins de ostentação, para simplesmente aparecer.
Existe, portanto, muita hipocrisia nessa crítica. É simples desejo de criticar por qualquer elemento que surja pela frente, justo ou não.
Um abraço.