Tópico: Blind Batboy!

[Renato T]

Fiquei um pouco pasmo com essa notícia...

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1330775-5603,00-MENINO+CEGO+USA+SONAR+PARA+SE+LOCALIZAR+E+ATE+JOGA+BASQUETE.html

Menino cego usa 'sonar' para se localizar e até joga basquete

Técnica é semelhante à ecolocalização usada por morcegos e golfinhos
Assista vídeo sobre as habilidades de Lucas Murray, de 7 anos.

Da BBC

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reprodução/Reprodução
Lucas nasceu cego (Imagem: BBC)

Um menino britânico cego de 7 anos conseguiu aprender a "ver" objetos usando sua audição. Lucas Murray estala sua língua e usa o eco provocado pelos objetos para construir o cenário em seu entorno.

 
 

A técnica é semelhante à do sonar usado por morcegos e golfinhos.

 

Lucas estala sua língua no céu da boca, e pelo som que escuta do eco ele consegue descobrir a distância, a forma, a densidade e a posição dos objetos.

 

A técnica, conhecida como "ecolocalização", ajudou Lucas, que nasceu cego, a jogar basquete e a escalar montanhas.

 

Ele aprendeu o sistema com o californiano Daniel Kish, de 43 anos, que fundou uma organização não governamental internacional de ajuda aos cegos.

 

    *

          Aspas

          Lucas é capaz de estalar sua língua para determinar onde as coisas estão ao seu entorno e o que são essas coisas. Ele é capaz de se movimentar confortavelmente sem ter que se segurar em outras pessoas"

Os pais de Lucas, Sarah e Iain, viram Kish em um programa de TV e o convidaram para visitar o filho em sua cidade, Poole, no sul da Grã-Bretanha.

 

"O Lucas é capaz de estalar sua língua para determinar onde as coisas estão ao seu entorno e o que são essas coisas. Ele é capaz de se movimentar confortavelmente sem ter que se segurar em outras pessoas", afirma Kish.

 

"O estalo basicamente emite um som que reflete no ambiente um pouco como o flash de uma câmera", explica.

 

Mobilidade 'extraordinária'

Lucas consegue determinar a distância dos objetos ao estimar o tempo que o eco leva para voltar e é capaz de estimar a localização do objeto sabendo em que ouvido o eco é percebido primeiro. A densidade e a forma do objeto é percebida pela intensidade do som que retorna.

 

    *

          Aspas

          Ele joga basquete, é capaz de acertar a bola na cesta com os estalos da língua. Ele consegue jogar muito bem"

Um objeto que se move para mais longe cria um som com volume mais baixo, e um objeto que se aproxima cria um som com volume mais alto.

 

Segundo Kish, Lucas determina as qualidades de um objeto pelas características do som que ele consegue perceber. "Ele joga basquete, é capaz de acertar a bola na cesta com os estalos da língua. Ele consegue jogar muito bem", afirma Kish. Para ele, a mobilidade alcançada por Lucas é "extraordinária".

A capacidade humana surpreende.

[Dbohr]

Interessante. Mas a capacidade auditiva dele deve ser muito superior, ou dá para treinar e ficar assim? Não ficou claro.

[Renato T]

Ao que parece foi treinamento.
Aqui vai a notícia do The Sun.

http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/2667257/Blind-batboy-can-see-using-his-ears.html


The seven-year-old is believed to be the first in Britain to use echoes to visualise his surroundings.

He clicks his tongue on the roof of his mouth and discovers where objects are based on how the sound bounces back.

The amazing technique allows him to run around his playground, play basketball and even go rock climbing.

Inspirational ... Lucas with his cane

Inspirational ... Lucas with his cane

Lucas, who was born blind, said: "I really like the clicking system but it was quite hard to learn.

"I love basketball. I can use my click to find out where the hoop is myself and throw the ball through."

The echolocation technique is similar to that used by bats and dolphins.

Lucas can work out how far away an object is by the time it takes the echo to return. Its intensity tells him the object's size, and which ear the sound reaches first tells him its position.

He can even work out movement through pitch - with the echo lower if the object is moving away and higher if it is getting closer.The lad also uses a cane and has a great memory for places he has already "scanned" with his ears.

He was taught by blind Californian Daniel Kish, 41, who founded the World Access for the Blind charity.

Lucas's parents Sarah and Iain, from Poole in Dorset, saw Daniel on TV and asked him to visit.

Sarah, 33, said: "Lucas learned echolocation in three intense days two years ago.

"Now he is so independent he hardly needs to ask for help any more than a normal seven-year-old would."

E a do Daily Mail:

http://www.dailymail.co.uk/news/article-1218291/Blind-boy-7-Briton-able-ears.html
Ever since he was born Lucas Murray has been unable to see.

But thanks to a technique using a form of sonar the seven-year-old can now visualise his surroundings for the very first time.

By clicking his tongue on the roof of his mouth the youngster can discover where and how big objects are by deciphering the echoes that bounce back.
Schoolboy Lucas Murray can visualise his surroundings by making clicking sounds with his tongue and then listening to the echoes bouncing off objects

Defying odds: Schoolboy Lucas Murray can visualise his surroundings by making clicking sounds with his tongue and listening to the echoes bouncing off objects

The technique has transformed his life - and means he can play freely with other children his age.

'We went through real grief when Lucas was younger because we had only really seen blind people being led or using canes,' said his mother, Sarah Murray, 33.

'We thought that was going to be Lucas's life. But now he is so independent, his mobility is fantastic and he hardly ever needs to ask for help any more than a normal seven-year-old would. It has given Lucas a fantastic future. Now he can do all the things he dreams of doing.'

Echolocation, a technique also used by bats and dolphins, means Lucas can play freely with other children his age. The technique begins with a click of the tongue on the roof of his mouth.

Lucas  -  who loves playing basketball and even goes rock climbing  -  listens to the echoes as they bounce off the objects before him. He can then determine how far away an object is by the time it takes for the sound to travel back, while its position can be estimated by which ear it hits first.
Lucas, seven, can now play basketball after learning how to use echolocation

Lucas, seven, can now play basketball after learning how to use echolocation

He is also able to estimate the size of an object by the intensity of the echo, with a smaller object reflecting less of the sound wave.

The technique works in part because the blind often have more acute hearing than the fully sighted.

In America, users of the technique have learned to differentiate between people, trees, buildings and parked cars by interpreting the pitch and timbre of the echo they produce.

Some say they can determine the height, density and shape of objects up to 100ft away.

As for Lucas, he can use it to play basketball, determining which direction the hoop is in and how far away it is, before making his shot.

He is among the first youngsters to use the technique in Britain.

It was pioneered by blind 41-year-old Daniel Kish, from California. He created the 'No Limits Mobility' programme and spent three days working with Lucas and his family.

'Lucas already had a cane but we used to have to spend a lot of time holding his hand and guiding him,' said Mrs Murray, a mother of two from Poole, Dorset.

'While Daniel taught Lucas echolocation and cane skills, he taught us that the most important lesson as parents is to let him do it himself. Lucas picked up the clicking-quite quickly and very soon we could tell it was having a real impact on his life.

'When people see him walking or running around and hear that he is blind they are just blown away.'

Lucas met Mr Kish after his parents, Sarah and Iain, saw him on television two years ago.

Lucas said: 'I love basketball and it's much easier to play now that I can use my click to find out where the hoop is. It was quite hard to learn what the echoes meant at first but now I find it a lot easier.'

Mr Kish said youngsters often pick up the basic technique of echolocation very quickly  -  but warned it can take years to master the skill.

'How quickly, to what extent, and how reliably they pick it up depends largely on the support given to them,' he said.

Read more: http://www.dailymail.co.uk/news/article-1218291/Blind-boy-7-Briton-able-ears.html#ixzz0T9oM9LKM

Ao que parece seria mais difícil -- ou até impossível -- para quem enxerga fazer isso, mas parece ser possível em cegos.

[Dbohr]

Difícil, vá lá. Mas impossível por quê? Alguma razão neurológica?

[Renato T]

Não, na verdade não creio que seja impossível, mas pode ser. Afinal, cegos parecem ter mais audição do que não-cegos e quem sabe seja esse "mais" de audição que faça a diferença.

[Diegojaf]

Faz uns 5 anos passou o cara que ensinava aos cegos a usar esse sistema. Um deles andava de bicicleta (e ele teve os olhos removidos na adolescência).

Dizem que quando falta um sentido, os outros se desenvolvem. Então acho difícil que alguém que enxergue se prive da visão pra aprender.

[Athena]

Certa vez ,a menos de um ano vi, não sei no NatGeo ou se foi no Discovery Home & Health, um garoto negro que se movimentava assim, produzindo estalidos com a boca. Foi muito interessante, penso que é o mesmo.

[Athena]

Só agora é que vi que não se trata da mesma pessoa, o documentário que vi é sobre este garoto aqui:

http://ctrlc.blog.br/2008/10/17/ecolocalizacao-biosonar-visao-sonica/

[Diegojaf]

Esse mesmo.

[West]

Interessante, ainda mas quando se considera que a nossa percepção dos sons não é lá essas coisas.

Parece que o que faz mesmo a diferença nesse caso é o cérebro, que quando bem treinado consegue associar toda uma gama de sons a determinados significados espaço-dimensionais como pequeno, grande, longe, perto, etc.

O cérebro humano é realmente incrível!

[Pellicer]

Não, na verdade não creio que seja impossível, mas pode ser. Afinal, cegos parecem ter mais audição do que não-cegos e quem sabe seja esse "mais" de audição que faça a diferença.

Não creio que eles possuem mais audição, eles apenas usam mais. As pessoas normais também se orientam pelo som, mas como é muito mais fácil ver a gente não treina essa habilidade. E a reportagem abaixo fala de uma sala que consegue cortar quase que totalmente o som externo, e quem entra nessa sala fica desorientado e perde o equilíbrio.

http://gizmodo.com.br/conteudo/camara-anecoica-da-microsoft-onde-o-som-morre

[Buckaroo Banzai]

A sala também é feita sobre uma espécie de cama elástica, acho que isso é mais responsável pelo desequilíbrio relatado pelo cara do que a explicação que ele deu. O ouvido interno é responsável pelo equilíbrio, mas sem usar informação sonora, só gravidade e inércia de fluidos. Nunca ouvi falar de pessoas surdas terem costumeiramente mais problemas de equilíbrio, ou gradualmente conforme ensurdecem. Isso deve ocorrer quando a causa da audição afetar também a parte do equilíbrio, mas acho que enquanto afetar apenas a audição, não compromete em nada o equilíbrio.

[Buckaroo Banzai]

E eles talvez de fato tenham "mais audição" sim, generalizando pelo que já li sobre a visão.

Fatores psicológicos podem melhorar a visão das pessoas sem que hajam mudanças propriamente oculares, e possivelmente uma versão extrema disso, desse processamento diferencial do que os órgãos recebem, acontece com pessoas dentro do espectro do autismo, que aparentemente conseguem enxergar bem mais longe. Um pouco mais próximo dessa situação, mas ainda com a visão, tem o caso do Kaspar Houser, que supostamente cresceu na escuridão, e desenvolveu uma visão espetacular. Achava engraçado as pessoas tateando as coisas para se orientar no escuro, o que sugere que não só não precisava fazer isso, como podia ver as pessoas fazendo.

No caso da cegueira e orientação por essa ecolocalização rudimentar, talvez possa envolver áreas do cérebro que normalmente seriam destinadas a visão sendo aproveitadas para a audição. Não sei se isso ocorre, o que já li que de fato ocorre é o aproveitamento dessas áreas para o vocabulário, mas talvez não seja a única possibilidade. Mas no mínimo, ao passar o tempo todo sem ver, acaba se destinando mais atenção aos estímulos auditivos, o que deve levar a eles se desenvolverem mais do que o normal.

 

[Pellicer]

E eles talvez de fato tenham "mais audição" sim, generalizando pelo que já li sobre a visão.

Por "mais audição" eu entendo que é uma habilidade que as outras pessoas, mesmo que treinem essa habilidade, não conseguem. E isso eu creio que não existe, que as pessoas sem deficiência só não treinam essas habilidades porque não precisam. É evidente que quem não consegue ver precisa se virar de uma maneira e treina mais as habilidades que envolvem a audição, mas por isso eu entendo que eles possuem um treinamento melhor com a audição, e não que eles possuem "mais audição".

[Buckaroo Banzai]

Por "mais audição" eu estou sendo bastante abrangente, desde simplesmente mais capazes de escutar coisas que talvez outras pessoas não estejam escutando por estarem "distraídos" com a visão, até mais parte do cérebro ser dedicada à audição, resultando numa capacidade que outras pessoas não têm, num sentido mais "forte" de "capacidade". Poderiam desenvolver em algum grau, mas para isso teriam que se privar da visão propositalmente, e os cegos de verdade levam vantagem levam boa vantagem em terem "treinado" isso a mais tempo, não sendo algo que se pode desenvolver trivialmente.