Autor Tópico: Prêmio Nobel de Economia  (Lida 460 vezes)

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Prêmio Nobel de Economia
« Online: 15 de Outubro de 2009, 21:45:42 »
Nobel de Economia: uma no cravo, outra na ferradura

O Prêmio Nobel de Economia, que havia dado uma no cravo na edição de 2008, com a premiação de Paul Krugman, deu outra na ferradura, em 2009, conferindo a láurea (e os US$ 1,2 milhão em dinheiro) aos americanos Oliver E. Williamson e Elinor Ostrom – esta a primeira mulher a ganhar o prêmio da área, instituído em 1968.

É típico do “Nobel” de Economia – que, na verdade, não é um Nobel como os outros, já que o prêmio é concedido pelo banco central sueco e não pela Real Academia de Ciências da Suécia e a Fundação Alfred Nobel – alternar premiados “conservadores”, de linha, digamos “mercadista”, e “progressistas”, de linha “intervencionista” (caso de Krugman e Joseph Stiglitz, entre os mais recentes). Na verdade, desta vez, o cravo e a ferradura vieram no mesmo pacote.

O comunicado oficial com a justificativa do prêmio informa que os dois professores americanos foram escolhidos por seus trabalhos sobre “governança econômica”. Quando se vasculha a internet, percebe-se que, de fato, eles estudaram, cada um de seu lado, como pessoas e instituições interagem nas sociedades. Mas, enquanto o economista Williamson, aluno direto de Ronald Coase e discípulo das idéias de Douglass North, outros dois laureados com o Nobel, desenvolveu pesquisas no campo da Economia Institucional e dos “custos de transação”, Ostrom, uma cientista política, buscou compreender, principalmente, o impacto das organizações no meio ambiente. Característica comum entre os dois laureados deste ano é o fato de que ambos trabalham em campos de pesquisa atuais em Economia, são reconhecidos no meio acadêmico, mas não figuram nas listas das celebridades da profissão.

O prêmio, no caso de Elinor Ostrom, acompanha a onda global de preocupações com um planeta sustentável. Suas pesquisas, relatadas em livro traduzido no Brasil este ano, do qual ela é uma das organizadoras (“Ecossistemas florestais”, 544 páginas, editora Senac São Paulo), concluem não haver regime de posse – privado, comum ou governamental – superior a outro quando se trata do bem-estar das florestas. A evidência é que as regras de uso, associadas ao manejo dos recursos, independentemente do regime de propriedade, determinam as condições das florestas.

No caso de Williamson, o júri do Nobel de Economia reafirma uma preferência por pesquisas sobre o funcionamento dos mercados, a partir de visões neoclássicas e/ou comportamentais. Ainda sem obras traduzidas em português (não encontrei nada na pesquisa que fiz), o premiado de 2009 é pelo menos o terceiro, em cerca de década e meia, a dedicar-se, principalmente, a estudos no campo da chamada Economia Institucional. As ações das pessoas, enquanto agentes econômicos, limitadas pelo conjunto de regras e normas que definem a vida em sociedade são o foco das pesquisas de Williamson.

Integrado à linha de pensamento econômico mais conservador, o novo Nobel de Economia alinha-se entre os que, descartando o papel da História na economia, centram esforços no estudo do desenvolvimento de normas e regras sociais – ou seja, das instituições – como chave para compreender as consequências dos comportamentos econômicos. O resumo do raciocínio, em largas pinceladas, é o seguinte: são as instituições que restringem o oportunismo (no mau sentido) inerente ao homem e, portanto, o desenvolvimento social depende de como as sociedades as moldam e fazem operar

* * *

Um resumo interessante da evolução do pensamento de Oliver Williamson pode ser obtido nesta resenha de seu livro “Human Actions and Economic Organizations”, de 1998, de autoria do economista Carlos de Brito Pereira, escrita em inícios dos anos 2000, quando o autor era doutorando no Departamento de Administração da Faculdade de Economia da USP.

Aqui, o link para o texto: http://www.ead.fea.usp.br/WPapers/2001/01-013.pdf

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2009/10/12/nobel-de-economia-uma-no-cravo-outra-na-ferradura/

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

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