Autor Tópico: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro  (Lida 445 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Online: 20 de Outubro de 2009, 21:03:47 »
Citar
Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta segunda-feira que o governo passará a taxar aplicações estrangeiras na Bolsa de Valores (Bovespa) e nas aplicações em renda fixa para tentar evitar a sobrevalorização do real e o excesso de especulação.

Segundo Mantega, a tributação entra em vigor a partir desta terça-feira, por meio de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) com uma alíquota de 2%. A taxação será apenas sobre no ingresso do capital estrangeiro e não afetará os investimentos estrangeiros diretos no país.

"Adotamos as medidas para evitar que haja um excesso de especulação na bolsa ou no mercado de capitais em função da grande liquidez que existe hoje no mercado externo e forte atrativo que o Brasil exerce no mercado internacional."

"Nossa preocupação é que haja um excesso de aplicações no Brasil, naturalmente especulativas e que venham a fazer uma bolha na nossa Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F)”, disse o ministro.

Mantega ressaltou ainda que a taxação tem como objetivo desestimular a sobrevalorização da moeda brasileira, o que prejudica as exportações e o emprego no país.

“Se tiver um fluxo muito grande de capital estrangeiro para o Brasil, além daquele que é necessário, teremos uma valorização excessiva do real e quando ele se valoriza acaba encarecendo as nossas exportações e barateando as importações”, afirmou Mantega.

Segundo o ministro, o IOF é um “imposto regulatório”.

Real

Desde o início do ano, o real já se valorizou 36% frente ao dólar. Em 4 de janeiro, o dólar estava cotado a R$ 2,27. Nesta segunda, a moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 1,71. No ano passado, no auge da crise financeira mundial, o dólar chegou a ser negociado a mais de R$ 2,50.

O ingresso de capital estrangeiro é apontado por analistas como um dos fatores que contribuíram para a valorização da moeda brasileira.

Desde meados de março, começou a haver maior fluxo de dólares para o Brasil, como resultado do saldo positivo na balança comercial e da retomada de investimentos no mercado brasileiro, principalmente em bolsa de valores. Com isso, entram mais dólares no país e há uma consequente valorização da moeda nacional.

Outro motivo da valorização do real é uma diminuição da aversão ao risco, que havia se intensificado com o agravamento da crise econômica mundial, a partir de setembro de 2008.

Naquela época, investidores estrangeiros que investiam em bolsa de valores e títulos do governo no Brasil passaram a enviar dólares para o exterior, porque precisavam desse dinheiro lá, devido à crise financeira.

Agora, com sinais de que o pior da crise pode ter passado, os agentes financeiros estão mais dispostos a assumir riscos em mercados emergentes, como o Brasil, o que se reflete não apenas na alta do real frente ao dólar, mas também na valorização da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Leia na BBC Brasil: Entenda a trajetória de valorização do real

Ao anunciar a medida, Mantega afirmou que IOF poderia evitar a prática especulativa na Bolsa.

"A nossa bolsa de mercadorias e futuros é muito sadia, sólida. Não queremos que isso seja deturpado pelo excesso de investimento, de aplicações que poderiam ocorrer."

Fluxo

Essa não é a primeira vez que o governo interfere no fluxo de capitais para o país através do IOF.

A taxação foi retirada em 2006 e novamente introduzida em março de 2008 pelo mesmo motivo que está sendo imposta neste ano: limitar a valorização do real.

O IOF só foi retirado em outubro de 2008, em meio à crise econômica global.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091019_iof_mantega_np.shtml
Citar
FMI diz que êxito de controle de capitais depende de reformas

O diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolás Eyzaguirre, disse que a decisão do Brasil de taxar aplicações financeiras internacionais em 2% não pode servir como um pretexto para que o governo adie reformas fiscais e estruturais fundamentais.

“Estes tipos de impostos oferecem algum espaço para manobra, mas não é muito, então os governos não devem se sentir tentados a adiar outros ajustes fundamentais”, afirmou Eyzaguirre, na segunda-feira durante uma entrevista coletiva na sede do FMI.

Eyzaguirre disse ainda que "implementar estes impostos é muito complexo, porque eles precisam ser aplicados a todos os possíveis instrumentos financeiros”.

“Com a engenharia financeira de hoje em dia, não é muito difícil disfarçar fluxos financeiros puros com fluxos comerciais ou até investimento estrangeiro direto”, acrescentou.

O FMI acredita que o êxito da operação de controle de capital estrangeiro que o Brasil implementou no longo prazo está condicionado à adoção de reformas estruturais.

Medida

A taxação a aplicações estrangeiras na Bolsa de Valores (Bovespa) e nas aplicações em renda fixa foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como uma maneira de evitar a sobrevalorização do real e um excesso de especulação.

O ministro informou que a medida, que entra em vigor nesta terça-feira, se dará somente sobre o ingresso de capital estrangeiro no país e não sobre investimentos externos diretos no Brasil.

"Adotamos as medidas para evitar que haja um excesso de especulação na bolsa ou no mercado de capitais em função da grande liquidez que existe hoje no mercado externo e forte atrativo que o Brasil exerce no mercado internacional", afirmou Mantega.

"Nossa preocupação é que haja um excesso de aplicações no Brasil, naturalmente especulativas e que venham a fazer uma bolha na nossa Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F)”, disse o ministro.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091019_iof_imf_bg_np.shtml

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #1 Online: 21 de Outubro de 2009, 17:17:10 »
Citar
Bovespa opera em alta nesta quarta-feira; dólar 'vira' e cai

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) firmou alta nesta quarta-feira e opera com elevação acima de 2%. Por volta das 14h13, o índice Ibovespa – a principal referência do mercado brasileiro – subia 2,14%, aos 66.698 pontos. Ontem, refletindo o início da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a bolsa chegou a perder quase 5% durante a sessão.

No mercado cambial, o dólar ensaiou o quarto dia consecutivo de alta, mas reverteu o movimento e opera em queda. Por volta das 14h, a moeda norte-americana era negociada a R$ 1,735 para venda, em baixa de 0,74%. Ontem, a moeda americana registrou a maior valorização diária desde junho de 2009.

Espera-se, principalmente, uma retração no giro do mercado doméstico de câmbio, que vinha sendo incrementado pelas oportunidades de ganho nas operações de curto prazo. Isso deve ter peso em volume negociado, que tende a encolher, e nas cotações do dólar, que provavelmente terão menor pressão de queda.

As Bolsas de Nova York operam em alta, com os investidores digerindo mais uma rodada de balanços divulgados nos Estados Unidos e à espera do Livro Bege do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), que será divulgado à tarde. Às 13h, o Dow Jones subia 0,68% e o Nasdaq avançava 1,12%.

Enquanto assimilam os balanços divulgados nos Estados Unidos, os investidores aguardam cautelosos os dados da China que sairão na madrugada de hoje, entre eles o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, a produção industrial e as vendas no varejo. Esses indicadores deverão ditar o ritmo dos negócios no pregão da Bovespa de amanhã, influenciando diretamente os papéis das empresas atreladas às commodities, que operam na defensiva hoje.

A queda da Bovespa ontem foi uma realização de lucros, que teve como agravante a cobrança do IOF, segundo o responsável pela mesa de renda variável de uma corretora nacional. Apesar de o impacto inicial do IOF já ter sido absorvido em grande parte, a avaliação é de que essa taxação do capital estrangeiro ainda deve render muitas influências no mercado. "Vamos aguardar a evolução do quadro", diz a fonte.

Expectativas sobre o IOF

Há, desde ontem, no mercado financeiro a expectativa de que o governo reveja alguns pontos da medida que prevê a taxação para a Bolsa. Ontem, o diretor presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que irá conversar amanhã com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando apresentará sugestões de mudanças na regra, entre elas a de que a incidência da alíquota de 2% ocorra na saída dos recursos estrangeiros aplicados na bolsa e uma tabela regressiva para a cobrança do IOF que isentaria o estrangeiro de longo prazo.

"O governo foi muito duro com o mercado de capitais. Não fez nenhuma distinção entre entrada de recursos de curto e longo prazo", diz o diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira. Segundo ele, a Bovespa não pode perder os 63.500 pontos porque rompe uma linha forte do suporte gráfico e pode acentuar ainda mais a queda. Nesse nível de preços - 63.500 pontos - a avaliação é de que a Bovespa já dá "ponto de compra".

Novas medidas

Embora confie que a taxação do capital estrangeiro com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) vá conter o ritmo da valorização do real ante o dólar, o governo sabe que a medida é limitada e não vai mudar a tendência de alta da moeda brasileira no longo prazo. Por isso, a equipe econômica trabalha em ações complementares para conter essa tendência e diminuir a volatilidade cambial.

No cardápio de possíveis medidas adicionais, uma das apostas é a regulamentação da compra de dólares pelo Fundo Soberano do Brasil (FSB). Além do reforço nas compras de dólares, o governo pensa em medidas para aumentar a competitividade das empresas brasileiras no médio prazo. Também se discute na equipe econômica a criação de um seguro para diminuir o risco de variações no câmbio.

Agenda

No Brasil, o principal evento do dia é a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Como o consenso entre os analistas é de que o BC manterá o juro básico em 8,75% ao ano, a expectativa recai sobre o comunicado do Copom, que pode trazer alguma sinalização diferente.

Na esfera corporativa, tem início a safra de balanços trimestrais, o que deixa o mercado mais suscetível a oscilações. A multioperadora de serviços via cabo Net anunciou esta manhã lucro líquido de R$ 246 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 63 milhões em igual período de 2008. Após o fechamento saem os números de Usiminas, GVT e Natura.

Fluxo cambial

O fluxo cambial registrou ingresso líquido de US$ 10,489 bilhões no acumulado de outubro até a última sexta-feira (dia 16), antes do anúncio da cobrança de Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre capital estrangeiro, divulgado no dia 19.

O valor foi divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC) e é superior ao observado em igual período de outubro de 2008, quando o Brasil havia perdido US$ 2,228 bilhões.

Vídeos no site: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/10/21/bovespa+mantem+trajetoria+queda+nesta+quarta+feira+dolar+sobe+8898982.html
Citar
Empresas listadas na Bovespa perderam US$ 55 bilhões na estreia do IOF, diz Economatica

No dia em que entrou em vigor a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a entrada de capital estrangeiro, as empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderam US$ 55 bilhões em valor de mercado. Segundo levantamento da consultoria Economatica, na terça-feira, o montante estava em US$ 1,16 trilhão, contra US$ 1,22 trilhão do dia anterior. 

“O valor perdido no mercado brasileiro é maior que o valor de mercado da AmBev, que fechou o dia com valor de mercado de US$ 52,9 bilhões”, diz o estudo.

A Petrobras, empresa com o maior valor de mercado da Bovespa, perdeu US$ 7,96 bilhões na terça-feira, encerrando o pregão com valor de US$ 203 bilhões. A Vale – segunda colocada – fechou o dia em US$ 130,5 bilhões, com perdas de US$ 5,06 bilhões.

Ontem, a Bovespa fechou em forte queda, influenciada pelo início da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a entrada de capital estrangeiro no País. O Ibovespa, principal índice da Bolsa paulista, recuou 2,88%, aos 65.303 pontos.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/10/21/empresas+listadas+na+bovespa+perderam+us+55+bilhoes+na+estreia+do+iof+diz+economatica+8903950.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #2 Online: 22 de Outubro de 2009, 16:33:18 »
Citar
IOF sobre capital externo é medida 'sábia', diz Financial Times

Em editorial publicado nesta quinta-feira, o jornal britânico "Financial Times" apoia a decisão do governo brasileiro de taxar em 2% a entrada de capital estrangeiro no mercado financeiro, afirmando que o País está sendo "sábio" ao tentar evitar uma bolha especulativa "antes que seja tarde demais". No artigo, intitulado "Atração fatal", o jornal avalia que "a modesta taxa sobre entrada de capital do Brasil é uma política sábia", argumentando que o fluxo excessivo de capital para o mercado pode trazer mais estragos que benefícios ao País.

"A paixão dos investidores impulsionou a moeda em 54,5% em relação ao dólar e 23% em termos de comércio - até que o governo disse 'chega' e impôs uma taxa de 2% sobre a entrada de capital para carteiras de investimento. Embora investidores ofendidos tenham deixado o preço das ações e do real cair, foi uma boa escolha", diz o editorial.

"Diferentemente da garota de Ipanema, o suíngue e o balanço do real é bem menos bacana e delicado", brincam os editorialistas.

O editorial observa que "cada vez mais, o capital entra no Brasil através das carteiras de investimento em vez de investimento direto externo".

"Enquanto a média de investimento externo direto (IED) em agosto, de US$ 1,6 bilhão, foi menos da metade de um ano antes, os fluxos para as carteiras de investimento mais que duplicaram, chegando a US$ 5,2 bilhões", cita.

"Estão colocados os ingredientes para uma clássica bolha de ativos de mercado emergente. O iminente status do Brasil como potência exportadora de petróleo aumenta a pressão."

Na avaliação do "FT", "o governo é sábio de se preocupar antes que seja tarde demais". "Nosso sistema monetário global, frágil e febril, deixa os países emergentes com menos opções para conter as bolhas, todas piores do que esta."

Para o jornal, "o Brasil tem elaborado suas políticas de maneira sensata".

"A taxa é modesta. Não se aplica ao investimento direto, menos propenso às bolhas de ativos. Mais importante, ela trata o investidor honestamente, taxando-os na ida ao invés de no momento em que eles tentam reaver seu dinheiro, como fez a Malásia há uma década. Agora o governo deve tranquilizar investidores, certificando-se de que eles entendem o raciocínio."

Câmbio

Entretanto, o jornal avalia que a posição do governo ao tentar justificar a taxa de 2% alegando uma tentativa de controle do câmbio é "começar as coisas pelo lado errado".

"A apreciação do real é sintoma da charada do Brasil; a causa subjacente são os fluxos de capitais que há anos vêm aumentando de intensidade e foram temporariamente interrompidos pela crise financeira", diz o artigo.

Concluindo o editorial, o "FT" avalia que "um Brasil bem-sucedido terá de viver com um real mais forte". "A taxa não altera este fato, mas ajuda a manter a tarefa sob controle."

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/10/22/iof+sobre+capital+externo+e+medida+sabia+diz+financial+times+8909911.html
Citar
IOF no câmbio: os ortodoxos, mesmo os carecas, de cabelo em pé

A volta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os capitais externos que ingressem no País é uma medida óbvia – que vem tarde –, diante do quadro oferecido pela conjuntura econômica. Adotado anteriormente em março do ano passado, o IOF sobre capitais ingressantes foi revogado em outubro, quando se instalou a crise global ainda em curso.

Difícil saber se o IOF de 2% será suficiente para amenizar a pressão dos dólares que têm aportado por aqui com crescente avidez e equilibrar o mercado de divisas na economia brasileira. Mas é um começo a um tempo necessário e prudente.

Os ortodoxos de casaca, mesmo os carecas, estão de cabelo em pé. Eles não aceitam nada que passe perto de algum controle de câmbio. A aplicação de do IOF, a uma alíquota de 2%, está no limite do que são capazes de aceitar, ainda que a contragosto.

Há um leque conhecido de argumentos ortodoxos para reagir a ações fora da política monetária clássica para conter o ingresso excessivo de dólares. Todos parecem considerar que qualquer intervenção no mercado cambial fará cessar, imediata, inapelável e absolutamente, os fluxos de capitais externos. É algo fora da realidade e do bom senso, que só expõe um radicalismo extremo.

Medidas de “controle” cambial são tomadas com o objetivo de elevar o “preço” do ingresso de recursos, promovendo uma seleção de interessados. Os que estimam uma taxa de retorno abaixo do novo custo de ingresso desistirão de aplicar seu dinheiro aqui, diferentemente dos que projetam ganhos, mesmo com os novos “preços”.

É uma apelação para a falta de argumentos mais sólidos afirmar que isso prejudica, pela elevação forçada dos custos, o financiamento dos projetos do governo e os investimentos em capital fixo das empresas. Preços sempre expressam valores relativos – o que é caro para uns é barato para outros.

Dizer que tal manejo é impossível ou ineficaz também não passa de um dogma. Nada é mais controlado, por exemplo, do que os capitais externos ingressantes na China. Mas nem por isso os investidores evitam o mercado chinês.

Ao contrário, mesmo com controles caso a caso, sem lei e sem ordem, obedecendo ao humor dos burocratas de plantão, a China atrai capitais com uma economia pujante e com potencial de crescimento acelerado e sustentado. Guardadas as proporções, é o que hoje o Brasil também oferece.

A enxurrada de dólares que tem ingressado na economia brasileira está provocando uma perigosa valorização do real. As armas até aqui usadas pelo governo para evitar os impactos econômicos negativos desse tipo de situação – e, acreditem, são muitos – estão se mostrando insuficientes.

Fora da ação do Banco Central, há a permissão para que empresas importadoras e exportadoras mantenham dólares no exterior. Vigoram também algumas medidas de desburocratização e flexibilização nos prazos de financiamento e pagamento no setor externo. E há um ainda inoperante fundo soberano.

No caso do BC, os esforços para conter a alta do real frente ao dólar se concentram na acumulação de reservas internacionais, com compra de moeda, diretamente no mercado ou por operações compromissadas. Mas o fato de o Brasil ter se tornado credor líquido externo, uma grande novidade na história econômica do País, faz com que a manobra de acumular dólares se transforme numa também inédita pressão fiscal.

Embora os benefícios da manutenção de reservas robustas ainda sejam maiores do que os custos fiscais, fica claro que, no novo quadro de credor líquido, a estratégia quase exclusiva de acumular de reservas para evitar uma excessiva valorização do real tem limites.

Uma condução responsável da política econômica exige a aplicação de outros mecanismos. O IOF sobre capitais externos ingressantes, no fim das contas, é um tímido primeiro passo.

http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/2009/10/19/iof-no-cambio-os-ortodoxos-mesmo-os-carecas-de-cabelo-em-pe/

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #3 Online: 22 de Outubro de 2009, 18:33:10 »
Taxação do hot money é pontual até que o novo governo e EUA-China deem solução para o dólar

Medida é mais satisfação para quem exporta e ao fabricante nacional que uma virada de mesa

Quem já passou pelo governo sabe que há decisões tomadas para dar fim a um problema e outras com pretensão mais modesta de só ganhar tempo e amenizar uma situação difícil, que exige alguma atitude.

A volta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no fluxo de entrada do capital estrangeiro para aplicação em ações e papéis de renda fixa pertence ao segundo tipo de decisão. É uma satisfação a quem exporta e ao fabricante nacional, não uma virada de mesa.

Dólar barato contrata o colapso da exportação de bens industriais e atrai a concorrência predatória de mercadorias importadas. Não é um desafio para ação tópica, mas para reformas profundas que nem o governo tem condições e tempo de resolver, além de ser um desafio global, gerado pelos déficits dos EUA espelhados, sobretudo, pelos superávits da China, Japão e os árabes exportadores de petróleo.

A fraqueza do dólar é consequência direta da grande crise global e, subtende-se, de ação deliberada dos EUA para começar a solver a sua dívida externa e reter e depois recuperar os empregos perdidos pela recessão, desobstruindo o canal exportador. A solução para o problema terá de ser concertada com os países superavitários, como se fez nos anos 80 com os chamados acordos do Plaza e do Louvre.

À falta de entendimento, cada governo se defende como pode. Aqui, o ministro Guido Mantega convenceu o presidente Lula a autorizar essa medida complementar às compras de dólares pelo Banco Central.

É um refresco para a indústria nacional, certamente outras ações graduais e cumulativas deverão vir adiante, dando tempo a que os países se acertem ou adiando reformas mais incisivas até a chegada do novo governo em 2011. Até lá resta torcer para que a indústria não seja rifada aos poucos e os supermercados não se abarrotem de comilanças e bugigangas importadas, como no Plano Real em 1994/95.

A alíquota de 2% anunciada pelo ministro da Fazenda não vai deter a avalancha de dólares, pelo menos enquanto a economia brasileira for vista como remanso seguro e rentável para o capital ocioso que vaga o mundo nestes tempos de taxas de juros na vizinhança de zero nos EUA, na Europa da zona do euro, Japão, e crescimento econômico a passo de cágado. O fenômeno não contempla apenas o Brasil.

O câmbio é tinhoso

A China também sofre o assédio do hot money há mais tempo, suas bolsas de Xangai e Shenzhen estão a mil, mas a cotação do renminbi não se move. O câmbio está atrelado ao dólar, para desespero dos EUA, diferentemente do real, cuja taxa é flutuante.

Não há com o renminbi o atrativo de ganho cambial acumulado ao da aplicação em ações ou papéis de dívida, que lá também rendem juros gordos, como há com o real – cada vez mais forte desde o começo do ano, apesar de a reserva de divisas operada pelo BC não parar de crescer.

O mercado cambial é tinhoso. Quando o portador de moedas baratas sai à caça de barganhas, não há barreiras que o impeça.

A solução é onerosa

Países que tentaram centralizar o câmbio, como não poucos propõem que se faça aqui, quebraram a cara. Pegue-se a China: lá o câmbio é administrado, só entra o que o governo quer que entre e do jeito que quiser, mas o que segura o valor baixo do renminbi, de fato, é a compra maciça de dólares pelo Banco do Povo, o BC local.

A defesa da moeda nacional pela compra de dólares é o que todos estão fazendo. A Rússia, recentemente, comprou US$ 1,4 bilhão num único dia, e US$ 4 bilhões na mesma semana. O BC brasileiro tirou do mercado quase US$ 5 bilhões ingressados há duas semanas para a compra de ações da abertura de capital do Banco Santander.

A arapuca chinesa

As reservas do BC são agora 230% superiores às de 2007 - US$ 232 bilhões. As da China, de mais de US$ 2,2 trilhões, cresceram 197%. Reservas volumosas permitiram aos países superar o pior da crise.

Mas o custo é enorme. Aqui, elas oneram a dívida pública, já que o Tesouro é deficitário. Na China, é feita à custa do bem estar da sociedade, forçada a poupar mais que o normal, 40% do PIB, pois a oferta de saúde, educação e previdência públicas é restrita. Assim é para que haja superávit fiscal, usado para proteger o valor do renminbi, enquanto as suas reservas financiam os déficits dos EUA.

Ninguém com juízo pode almejar tamanha dependência. Os chineses já sacaram a arapuca. Não sabem é o que fazer e por onde começar.

Ao governo Lula o jeito é ir construindo aos poucos a proteção do real, o que exige trocar pela Selic ou disciplina fiscal a ênfase no dólar fraco como instrumento anti-inflação. Lula topa? Difícil.

Olho gordo no IOF

Ao optar por taxar o hot money, sem que haja excesso de divisas em circulação – o BC tem comprado todos os dólares que entram e mais um pouco –, suspeita-se de que outros motivos devem ter embasado a decisão.

O IOF pode gerar uma receita de até R$ 8 bilhões em doze meses, se o fluxo financeiro externo for pouco afetado, ou metade disso, na simulação da Receita Federal – dinheiro bem vindo a um governo com dificuldade para equilibrar a proposta orçamentária de 2010, ano de eleições.

Solução mais eficaz seria o BC só dar liquidez em seus leilões aos dólares trazidos pela banca para tomadores finais. Se o governo não agiu assim, não deve estar tão preocupado com o câmbio, mas com o que o IOF possa render.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/50001_51000/50113-1.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Fabi

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.801
  • Sexo: Feminino
  • que foi?
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #4 Online: 24 de Outubro de 2009, 10:44:53 »
Eu acho isso uma coisa tipo as cotas... é tapar o sol com a peneira.

Se fizeram isso para evitar "prejudicar" as exportações então o sistema de exportação tá muito capenga, e se falarem que a valorização do real pode fazer que produtos importados fiquem mais baratos que produtos nacionais e o mercado nacional vai sair perdendo, ou seja aquele bla bla de sempre...

Uma pergunta... Por que será que produtos importados seriam mais baratos? Será que não é aquela coisa que o governo adora impostos e isso acaba deixando nossos produtos mais caros? (é muito imposto até chegar ao consumidor final ou seja nós, pobres mortais)
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #5 Online: 24 de Outubro de 2009, 12:21:25 »
Citar
Segundo Mantega, a tributação entra em vigor a partir desta terça-feira, por meio de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) com uma alíquota de 2%. A taxação será apenas sobre no ingresso do capital estrangeiro e não afetará os investimentos estrangeiros diretos no país.
"Adotamos as medidas para evitar que haja um excesso de especulação na bolsa ou no mercado de capitais em função da grande liquidez que existe hoje no mercado externo e forte atrativo que o Brasil exerce no mercado internacional."
"Nossa preocupação é que haja um excesso de aplicações no Brasil, naturalmente especulativas e que venham a fazer uma bolha na nossa Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F)”, disse o ministro.

Faz sentido... Até então eu pensava que era apenas pelo gosto de taxar as coisas.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Mantega anuncia taxação de 2% sobre capital estrangeiro
« Resposta #6 Online: 24 de Outubro de 2009, 23:41:29 »
Uma pergunta... Por que será que produtos importados seriam mais baratos?
Imagine um produto importado que em sua origem custe US$20,00. Com o dólar custando R$2,00, ele ficaria em R$40,00 (sem contar os impostos, que não vem ao caso). Suponha o dólar perdendo o valor e indo a R$1,70. O mesmo produto chegaria aqui por R$34,00.

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!