Autor Tópico: A Volta da Criança Problema - lSD ressurge como possível tratamento clínico  (Lida 1561 vezes)

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Offline Lion

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Albert Hofmann, descobridor do LSD, criticou o movimento contracultural por marginalizar uma substância que ele assegura ter potencial benéfico como coadjuvante da psicoterapia e práticas espirituais como a meditação. "A alegria de ter sido o descobridor do LSD perdeu o encanto quando, depois de mais de dez anos de pesquisa científica e uso medicinal da substância, o ácido foi arrastado pela gigantesca onda de loucura inebriante que começou a se espalhar pelo mundo ocidental, principalmente nos Estados Unidos, ao fim dos anos 50", queixou-se nas suas memórias, de 1979, LSD: minha criança problema. Por isso,Hofmann ficou muito feliz antes de morrer, aos 102 anos, no ano passado, ao saber que a primeira pesquisa científica com LSD em décadas estava começando na Suíça, sua terra natal. Segundo Peter Gasser, médico que chefia o teste clínico, Hofmann estava feliz porque a substância iria voltar para as mãos dos médicos, e chegou a afirmar: "Um antigo desejo meu finalmente se realiza" . O estudo preliminar, retomado do ponto onde os investigadores pararam décadas atrás, explora possíveis efeitos terapêuticas da droga experimentada por pacientes acometidos por doenças fatais, como o câncer. Centenas de estudos realizados de 1940 até 1970 com a dietilamida do ácido lisérgico (muitos de má qualidade, segundo padrões atuais) investigavam relatos pessoais do uso da droga, que permitiam aos pacientes se reconciliar com a própria mortalidade. Nos últimos anos, alguns pesquisadores estudaram a psilocibina - ingrediente ativo nos cogumelos alucinógenos - e a MDMA (metilenodioximetanfetamina, mais conhecida por ecstasy),entre outras drogas,como possíveis tratamentos para a "angústia existencial",mas não o LSD. Gasser,chefe da Sociedade Médica Suíça para Terapia Psicolítica, da qual se tormou membro depois de ter experimentado o LSD administrado por um terapeuta, só recentemente começou a discutir as pesquisas, revelando os desafios dos estudos com psicotrópicos. O estudo, a um custo de US$ 190 mil, aprovado pelas autoridades médicas suíças, foi quase todo financiado pela Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos,organização americana sem fins lucrativos que patrocina pesquisas com a finalidade de legalizar a prescrição médica de drogas psicoativas e da maconha. O estudo teve início em 2008 e pretende tratar 12 pacientes - 8 receberão LSD e 4 um placebo. Selecionar os candidatos não foi tarefa fácil. Após 18 meses, apenas cinco pacientes haviam sido recrutados e somente quatro submetidos à rotina do experimento de duas sessões,de oito horas cada uma. "Por ser incomum, os oncologistas não indicam o tratamento com LSD para seus pacientes", lamenta Gasser. Os pacientes que receberam a droga afirmaram que a experiência os ajudou emocionalmente, e nenhum apresentou reações de pânico ou outros sintomas desagradáveis. Um deles, Udo Schulz, relatou a Der Spiegel que a terapia com LSD o ajudou a superar a angústia após receber o diagnóstico de câncer no estômago e facilitou seu retomo ao trabalho. Os experimentos seguem um protocolo rígido - "todas as sessões de tratamento com LSD começam às 11 horas da manhã" -, e os pesquisadores são cautelosos para evitar excessos registrados em experimentos psicodélicos anteriores, quando pacientes foram deixados sozinhos durante uma sessão com a droga. Gasser e sua assistente estão sempre presentes durante as oito horas de cada sessão, realizada em salas sossegadas e na penumbra, com equipamento médico de emergência à mão. Antes de receberem o LSD as pessoas passam por testes psicológicos e sessões prévias de psicoterapia. A Fundação Beckley, inglesa, também interessada na pesquisa com LSD, financia e colabora com um estudo-piloto com 12 pessoas na University of  California, em Berkeley. O estudo examina como a droga estimula a criatividade e como alterações na atividade neural se relacionam com mudanças na experiência consciente induzida pela substância. Se o LSD será um dia a droga preferida para psicoterapia psicodélica ainda é uma incógnita, já que pode haver outras soluções. "Escolhemos a psilocibina porque é mais suave e geralmente menos eficaz que o LSD",explica Charles S. Grob, professor de psiquiatria da University of California, em Los Angeles, que realizou um experimento para testar os
efeitos sobre a angústia de pacientes terminais, vítimas de câncer.Além disso, "ela produz menos reações de pânico e menos surtos de paranoia e, acima de tudo, nos últimos 50 anos a psilocibina teve menos publicidade negativa e menor carga cultural que o LSD". Outros pesquisadores insistem na importância da farmacologia comparativa por causa do longo período de pesquisas autorizadas.Qual a diferença entre LSD e psilocibina? O fato de existirem muitos tipos de antidepressivos ISRS(inibidores seletivos da recaptação da serotonina) "não quer dizer que sejam todos idênticos", observa Roland Griffiths, pesquisador da Johns Hopkins University, que realiza experimentos com psilocibina.De qualquer modo, no quadragésimo aniversário de Woodstock, as substâncias psicoativas - que representaram a apoteose da contracultura – não são mais apenas uma moda hippie.



GARY STIX - SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL - Novembro 2009

Offline Bob Cuspe

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Re: A Volta da Criança Problema - lSD ressurge como possível tratamento clínico
« Resposta #1 Online: 09 de Novembro de 2009, 19:15:59 »
LSD é mais uma substância que foi simplesmente atirada no saco de "drogas ilícitas". Quanto antes a comunidade cientifica estudar e gerar informações legítimas sobre as substâncias proibidas, mais cedo poderemos debater claramete qual política deve ser adotada para cada droga.

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Offline Lion

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Re: A Volta da Criança Problema - lSD ressurge como possível tratamento clínico
« Resposta #2 Online: 24 de Julho de 2010, 13:32:57 »
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Terapeuta é condenada por tratar pacientes com LSD na Suíça

Uma psicoterapeuta suíça foi condenada nesta segunda-feira por um tribunal de Zurique a 16 meses de prisão por ter tratado seus pacientes, que pertenciam à alta sociedade, com LSD, ecstasy e mescalina.
Durante quatro anos, entre 2004 e 2008, nos fins de semana, a psicoterapeuta, que hoje tem 62 anos, organizou sessões em grupo com cerca de 60 pessoas, entre elas médicos, advogados e mulheres de homens ricos.
Os participantes pagavam 300 francos suíços (US$ 280) pelas sessões durante as quais, segundo a acusação, foram entregues em torno de 700 doses de LSD, a mesma quantidade de ecstasy, 50 de mescalina e 150 de 2-CB, uma droga alucinógena, semelhante à mescalina.
A psicoterapeuta, acusada pela procuradoria de narcotráfico, explicou ao tribunal que esses produtos não eram drogas, mas "substâncias que permitem uma ampliação da consciência". O tribunal rejeitou o pedido de absolvição apresentado pela defesa.
Condenada por violação da lei sobre produtos terapêuticos, além da pena de 16 meses de prisão a psicoterapêuta pagará multa de 2.000 francos suíços (US$ 1.880).

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4545574-EI8142,00-Terapeuta+e+condenada+por+tratar+pacientes+com+LSD+na+Suica.html


Offline FZapp

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Re: A Volta da Criança Problema - lSD ressurge como possível tratamento clínico
« Resposta #3 Online: 24 de Julho de 2010, 13:52:16 »
Essa mulher tá viajando ! :lol:
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
derecho ande el sol se esconde
tierra adentro hay que tirar;
algun día hemos de llegar...
despues sabremos a dónde.

"Why do you necessarily have to be wrong just because a few million people think you are?" Frank Zappa

Offline Fabi

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Re: A Volta da Criança Problema - lSD ressurge como possível tratamento clínico
« Resposta #4 Online: 24 de Julho de 2010, 14:45:21 »
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Nos últimos anos, alguns pesquisadores estudaram a psilocibina - ingrediente ativo nos cogumelos alucinógenos - e a MDMA (metilenodioximetanfetamina, mais conhecida por ecstasy),entre outras drogas,como possíveis tratamentos para a "angústia existencial",mas não o LSD.
Essa é a única parte do texto que faz algum sentido.

Na verdade, o uso de drogas como o ecstasy e a cocaína para tratar depressão e outras doenças mentais já foi testado. O problema é que quanto mais rápido e intenso é o efeito, mais rápido o cérebro volta em estado de depressão. E também tem o risco de ter overdose (já que o corpo fica resistente a droga).

Essas drogas poderiam ser usadas para tratamento, se soubessem exatamente como funciona o corpo humano (principalmente o cérebro), mas isso ainda tá longe de acontecer. E elas seriam apenas coadjuvantes, e teria que ter acompanhamento psiquiátrico (+ou-como Freud fazia com a cocaína). Mas, no momento, o risco é muito alto.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

 

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