Autor Tópico: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países  (Lida 2024 vezes)

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Offline Südenbauer

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Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Online: 20 de Julho de 2005, 13:42:44 »
20/07/2005 - 10h23
Legalização de uniões homossexuais avança em vários países do mundo
da Folha Online

Nesta terça-feira, o Senado do Canadá aprovou o projeto de lei que permite o casamento entre homossexuais, convertendo-se no quarto país do mundo a reconhecer esse direito a casais gays. Holanda, Bélgica e Espanha já aprovaram a lei.

Acompanhe o desenvolvimento da união entre gays desde 1999 --quando a Dinamarca foi o primeiro país do mundo a aprovar a união civil entre homossexuais-- até hoje:

19 de julho de 2005 - O Senado do Canadá aprova o projeto de lei C-38, que permite o casamento entre casais gays, legalizando a união entre homossexuais em todo o país.

30 de junho de 2005 - A Câmara dos Deputados da Espanha aprova lei que permite o casamento gay e a adoção de crianças por esses casais.

28 de junho de 2005 - O Parlamento do Canadá aprova a legislação que permite casamento entre pessoas do mesmo sexo, apesar da ferrenha oposição de políticos conservadores e grupos religiosos. Para que a lei tenha abrangência federal, é preciso que seja aprovada pelo Senado, o que deve acontecer até o final de julho.

2 de junho de 2005 - Após três votações, uma assembléia na Califórnia (Estados Unidos) rejeita um projeto de lei que permitiria o casamento homossexual no Estado americano mais populoso.

21 de abril de 2005 - O Parlamento da Espanha dá a aprovação inicial que legaliza o casamento gay. O Senado votou contra a proposta em junto, e o projeto de lei retorna à Câmara dos Deputados.

20 de abril de 2005 - Uma corte do Connecticut permite a legalização de uniões civis para casais gays, sem a necessidade de aprovação da Justiça.

5 de abril de 2005 - Eleitores do Kansas (EUA) aprovam uma emenda à Constituição do Estado que barra o casamento entre gays.

1º de fevereiro de 2005 - Canadenses divulgam a primeira versão da legislação que permite o casamento gay, depois as cortes de sete das dez províncias do país já tinham decidido a favor da união gay.

12 de agosto de 2004 A Suprema Corte da Califórnia anula mais de 4.000 casamentos gays realizados em San Francisco.

27 de julho de 2004 - Uma corte francesa anula o primeiro casamento gay do país, que aconteceu em 5 de junho de 2004.

10 de junho de 2004 - Uma corte do Estado de Nova York autoriza o casamento entre homossexuais.

17 de maio de 2004 - os primeiros casais homossexuais se casam legalmente em Massachusetts, que se torna, na época, o único Estado americano a permitir o casamento gay.

Fevereiro de 2004 - O prefeito de San Francisco, Gavin Newson, desafia a lei estadual e suspende uma lei que proibia casamentos gays. Em 2000, Vermont foi o primeiro Estado americano a permitir uniões civis entre gays.

Julho de 2003 - Dois argentinos tornam-se o primeiro casal gay da América Latina a usar uma nova lei que permite a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Junho de 2003 - Uma corte de Ontário (Canadá) abre caminho para o casamento gay na província, ao declarar inconstitucional a definição de casamento heterossexual.

O Reino Unido começa a estudar a possibilidade de permitir aos casais a realização de uma união formal e legal, fazendo um registro de 'união civil'.

Na Bélgica, a união civil entre homossexuais passa a ser permitida.

Julho de 2002 - A Alemanha permite que casais gays registrem suas uniões junto a autoridades civis.

Dezembro de 2000 A Holanda dá a aprovação final à lei que permite o casamento e a adoção de crianças à casais do mesmo sexo. O governo holandês reconhecia a união civil homossexual desde 1998.

Outubro de 1999 - A França garante a todos os casais o direito à união civil, que inclui reformas na cobertura do seguro social e nas leis de transmissão da herança.

Março de 1995 - A Corte Constitucional da Hungria derruba uma lei que proíbe o casamento entre gays.

Junho de 1994 - O Parlamento da Suécia aprova uma lei que permite a união entre gays, que dá aos casais homossexuais os mesmos direitos garantidos aos heterossexuais.

Agosto de 1993 - A Noruega se torna o segundo país do mundo a permitir que gays e lésbicas registrem civilmente a união, fornecendo direitos quase iguais aos que são oferecidos aos casais homossexuais.

Junho de 1989 - A Dinamarca aprova uma lei que permite o registro da união civil a casais homossexuais, e abrigando-os na mesma lei heterossexual que define direitos a parceiros em uniões heterossexuais.

Com agências internacionais


Fonte: Folha On-line

CuritibaCetica

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #1 Online: 18 de Março de 2007, 00:48:04 »
WSCOM  17.03.07 [16:40]

Movimento evangélico envia carta a senadores paraibanos, defendendo liberdade da fé e criticando ações pró-gays

A Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) encaminhou aos senadores uma carta aos senadores para que as ações que tramitam no Congresso Nacional não interfiram na liberdade de expressão de fé e culto. (...)
Entre os projetos criticados pelos evangélicos, está a aprovação do projeto de lei que permite a união de pessoas do mesmo sexo. (...)

http://www.wscom.com.br/noticias.jsp?pagina=noticia&id=87737

A carta foi reproduzida no fim da notícia.

Raphael

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #2 Online: 18 de Março de 2007, 02:39:18 »
WSCOM  17.03.07 [16:40]

Movimento evangélico envia carta a senadores paraibanos, defendendo liberdade da fé e criticando ações pró-gays

A Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) encaminhou aos senadores uma carta aos senadores para que as ações que tramitam no Congresso Nacional não interfiram na liberdade de expressão de fé e culto. (…)
Entre os projetos criticados pelos evangélicos, está a aprovação do projeto de lei que permite a união de pessoas do mesmo sexo. (…)

http://www.wscom.com.br/noticias.jsp?pagina=noticia&id=87737

A carta foi reproduzida no fim da notícia.

Por que as pessoas são tão hipócritas?
Alguém consegue me responder, por favor?

Desde já, obrigado.

Offline Luis Dantas

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #3 Online: 18 de Março de 2007, 05:01:19 »
Porque tem medo do mundo real.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Raphael

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #4 Online: 18 de Março de 2007, 05:13:53 »
Porque tem medo do mundo real.

Uma boa resposta.

Obrigado. Alguém mais poderia dissecar sobre a pergunta que fiz?

Rhyan

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #5 Online: 18 de Março de 2007, 07:42:57 »
Eles são conservadores, querem conservar os costumes tradicionais, são inimigos do progresso.

Offline Fred

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #6 Online: 18 de Março de 2007, 19:06:05 »
A união homosexual é um fato concreto. Quem luta contra a legalização está perdendo seu tempo. É mais um jogo de cena político para angariar simpatia dos eleitores mais conservadores.

Como de costume, os avanços sociais sempre começam no Primeiro Mundo e depois se alastram pelos demais países. É uma questão de tempo isto ser regulamentado no Brasil. Vamos torcer para que seja em breve.

Off-topic...não estou totalmente certo sobre a grafia da palavra "homossexual"...no Larousse está escrita com um "s" somente e no Houaiss com "ss", e na imprensa já vi escrito das duas maneiras também. Como o termo "homo" foi acrescentado posteriormente a "sexual", talvez o correto fosse escrever homo-sexual...

Alguém sabe a maneira correta de escrever ?
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Offline Guinevere

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #7 Online: 18 de Março de 2007, 20:48:48 »
se for um "esse" só vira homozexual…
« Última modificação: 19 de Março de 2007, 13:04:34 por Guinevere »

Offline Flush

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #8 Online: 19 de Março de 2007, 00:14:40 »
Dos países citados o que sempre me espantou foi a Espanha. Vinda de um totalitarismo Católico encabeçado por Franco e sendo um dos países que mais sofreu na pele a Inquisição, é extremamente bem-vindo estas iniciativas do meu país vizinho. As fortes correntes minoritárias de laicidade e Direitos Humanos têm vindo a afundar o Catolicismo Espanhol, e espero que em Portugal em breve também se dê este passo importante no sentido dos Direitos Humanos.

Offline Flush

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #9 Online: 19 de Março de 2007, 00:22:01 »
WSCOM  17.03.07 [16:40]

Movimento evangélico envia carta a senadores paraibanos, defendendo liberdade da fé e criticando ações pró-gays

A Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) encaminhou aos senadores uma carta aos senadores para que as ações que tramitam no Congresso Nacional não interfiram na liberdade de expressão de fé e culto. (…)
Entre os projetos criticados pelos evangélicos, está a aprovação do projeto de lei que permite a união de pessoas do mesmo sexo. (…)

http://www.wscom.com.br/noticias.jsp?pagina=noticia&id=87737

A carta foi reproduzida no fim da notícia.

Por que as pessoas são tão hipócritas?
Alguém consegue me responder, por favor?

Desde já, obrigado.

Já sabes que é uma pergunta retórica infelizmente.
Uma das maiores "batalhas" entre Homofobia e Direitos Humanos vem de Itália, país que contaminado pelo cancro de nome Vaticano. Penso que se na Itália, o país mais influenciado pelo Catolicismo, se der ainda mais passos no sentido da liberdade sexual mais países seguirão essas condutas.

Pelo que sei do Brasil, as seitas cristãs são um obstáculo tão ou maior que o Catolicismo.

Já vi algumas palestras de pastores evangélicos, culpando os homosexuais pela existência da SIDA, dizendo que aplaudem a morte dos homosexuais que têm SIDA, discursando à lá Hitler sobre tudo e todos  . Gostei particularmente de quererem censurar o Rei Leão por ter segundo eles um andar enfeminado. O pastor "obrigou" os fiéis a irem para casa e queimarem as cassetes da Disney. Os cristãos sempre forma pirómaniacos.

Offline Luis Dantas

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #10 Online: 19 de Março de 2007, 04:43:13 »
se for um esse só vira homozexual…

As aspas são nossas amiguinhas, Guinevere, e não se ressentem quando as usamos como ferramentas.  O itálico, idem.

Como existe um pronome soletrado e-s-s-e, a sua frase acima pede um pouco de elaboração.  Você se referia à letra "S", correto?
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Guinevere

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #11 Online: 19 de Março de 2007, 13:04:19 »
ahn, é vero...

Offline Unknown

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #12 Online: 23 de Dezembro de 2010, 02:37:48 »
Casar Homossexuais

A cada ano, mais e mais países têm aprovado o casamento entre homossexuais. No Brasil, o casamento civil ainda é sistematicamente confundido com o sacramento católico do matrimônio. Mas se para muitas religiões a homossexualidade ainda é pecado, para o Estado laico é o exercício do direito à livre orientação sexual e não pode ser pretexto para qualquer discriminação.

O divórcio só foi legalizado no Brasil em 1977. A depender de alguns religiosos da época, o casamento até hoje seria “até que a morte os separe”, pois “o que Deus uniu o homem não separa”. Os moralistas de plantão alegavam que o divórcio seria a degeneração da família e que, por costume, o casamento seria a “união indissolúvel entre o homem e a mulher”. Os filhos de casais separados eram invocados como as grandes vítimas da então nova lei mas, paradoxalmente, eram estigmatizados justamente por quem era contrário ao divórcio.

Passados 33 anos, o mundo não acabou, o Brasil não foi devastado pela ira divina e a emenda constitucional nº66 de julho de 2010 tornou possível o divórcio direto, sem a necessidade de uma prévia separação judicial. Ao contrário do que pregaram alguns profetas, o divórcio foi incorporado à legislação e ao cotidiano dos brasileiros sem maiores traumas.

A celeuma em relação ao casamento agora é outra: podem os homossexuais se casar? Os argumentos do debate continuam os mesmos: “a Bíblia não permite! Está lá no Levítico: 18-22!”, bradam os contrários; mas “o Estado é laico! Está lá na Constituição: 19-1!”, retrucam os defensores.

Do ponto de vista estritamente jurídico, o casamento civil é um contrato entre duas pessoas que deve ser firmado com base no princípio da autonomia da vontade. Se as partes são maiores e capazes, e há um efetivo consenso entre elas, o Direito deveria simplesmente respeitar suas vontades, sem impor qualquer tipo de limitação. Assim, não haveria qualquer óbice ao casamento de pessoas do mesmo sexo.

O casamento civil brasileiro, porém, desde sua criação, vem sendo reiteradamente confundido com o sacramento católico do matrimônio que lhe deu origem. Com a proclamação da República e o advento do Estado laico, uma das consequências imediatas foi a criação do casamento civil, pelo decreto 181/1890. Na prática, porém, o casamento civil emulava o matrimônio religioso e mantinha suas principais características: patriarcal, indissolúvel, monogâmico e heterossexual.

O Código Civil de 1916 manteve estas características, que só começaram a ser alteradas com o advento do Estatuto da Mulher Casada (Lei 4.121/62), quando a esposa deixou de ser relativamente incapaz, e da Lei do Divórcio (Lei 6.515/77), que pôs fim à indissolubilidade do casamento. A Constituição da República de 1988 deu feição bem mais moderna ao Direito de Família, assegurando a igualdade entre homens e mulheres (art.5º, I) e reconhecendo a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar (art.226, §3º). A discriminação por orientação sexual não foi expressamente mencionada no seu art.3º, IV, que proíbe o preconceito, mas foi abarcada pela vedação genérica a “quaisquer outras formas de discriminação”.

Os dogmas católicos da monogamia (art.1566, I) e da heterossexualidade (art.1514) foram mantidos pelo Código Civil de 2002 como características intrínsecas ao contrato de casamento civil, vedando assim os casamentos abertos e entre homossexuais. Estas restrições, na prática, não impedem os casamentos abertos, bastando aos interessados a aceitação do dever de fidelidade recíproca na cerimônia, para logo em seguida o descumprirem de comum acordo na vigência do casamento. O mesmo, porém, não se pode dizer dos casamentos homossexuais, que permanecem inviabilizados por uma inaceitável interferência religiosa no Estado laico.

Na impossibilidade de formalizarem sua união, os casais homossexuais passam a morar juntos, constituem famílias e seguem suas vidas, quase à revelia do Direito. Como em toda família, porém, separações ocorrem, pessoas morrem e questões jurídicas sobre este patrimônio constituído na vida em comum são levadas ao Judiciário.

A jurisprudência dos tribunais estaduais inicialmente solucionava estas questões, tratando a união como “sociedade de fato”, ou seja, como se os companheiros fossem sócios da micro-empresa “Lar Doce Lar”. Se um dos “sócios” morresse, o sobrevivente recebia a cota parte que lhe cabia na sociedade e a cota do falecido era deixada aos seus herdeiros. Atualmente, porém, muitos tribunais já dão sinais da aceitação da união estável homossexual, até para evitar situações absurdas como o companheiro falecido deixar sua herança aos seus irmãos, tios, sobrinhos ou primos que, em muitos casos, o hostilizavam por sua orientação sexual, em detrimento do companheiro sobrevivente que com ele trabalhou para acumular tal patrimônio e muitas vezes acabava por ficar na miséria.

A necessidade do reconhecimento jurídico das relações homossexuais, porém, vai muito além da questão da herança. Uma série de direitos exercidos quase que inconscientemente pelos casais heterossexuais é cotidianamente negada aos homossexuais: direito de adotar o sobrenome do companheiro, de somar renda para aprovar um financiamento ou alugar um imóvel, de inscrever-se como dependente do companheiro na Previdência, no imposto de renda e no plano de saúde, de gozar de licença na morte do companheiro ou quando este tiver filho, de realizar visita íntima ao companheiro preso, dentre muitos outros. Em suma, dá-se um tratamento jurídico de solteiro a um casal, cerceando-lhe direitos por mero preconceito moral e religioso.

Para tentar minimizar esta excrescência jurídica, tramita no STF, desde 2009, sob relatoria da ministra Ellen Gracie, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.277-7 que busca o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo, como entidade familiar. Se provida, o poder judiciário, na prática estará suprindo em parte a omissão do legislativo em legislar sobre a união civil de homossexuais, reduzindo consideravelmente a discriminação jurídica hoje existente.

União estável, porém, não é casamento. Há diferenças jurídicas significativas que vão do uso do sobrenome, somente autorizado aos casados, até o tratamento dado à herança. Para além do direito, falta principalmente à união estável o simbolismo de uma cerimônia perante familiares e amigos reconhecendo a união do casal. Assim, mesmo que o STF admita a união estável homossexual, faz-se necessário que o legislativo aprove uma lei autorizando o casamento ou, ao menos, a união civil de homossexuais.

Em 1995, a então deputada federal Marta Suplicy (PT-SP) apresentou à Câmara dos Deputados o projeto de lei 1.151 propondo a regulamentação da união civil entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. O projeto original foi modificado em 2001 por um substitutivo do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e, desde então, aguarda a boa vontade dos deputados para votá-lo. Mais recentemente um novo projeto de lei (nº 4.914/2009) em sentido semelhante foi proposto pelo deputado federal José Genoino (PT-SP), e atualmente está sendo discutido nas comissões da Câmara.

No Brasil, até o momento, optou-se por projetos de leis que buscam regular a questão como união civil, e não como casamento. Esta união civil, que não deve ser confundida com a mera união estável, seria registrada em cartório e, na prática, geraria efeitos praticamente idênticos ao de um casamento civil. Foi a estratégia política encontrada pelo legislador para tentar minimizar a oposição à lei por parte dos setores conservadores da sociedade.

Este modelo da união civil de homossexuais foi adotado em alguns países europeus (Reino Unido, França, Alemanha etc), mas vem sendo bastante criticado por dar um tratamento jurídico desigual em função da orientação sexual. Muito mais democrático tem sido o reconhecimento por inúmeros países da igualdade jurídica entre uma união heterossexual e uma homossexual. Desde que a Holanda aprovou em 2001 o casamento homossexual, muitos outros países também sancionaram leis no mesmo sentido como Bélgica (2004), Espanha e Canadá (2005), África do Sul (2006), Noruega e Suécia (2009), Portugal e Argentina (2010).

Aqui, não raras vezes ainda se vê políticos de todos os espectros partidários valendo-se de um discurso escancaradamente religioso para rechaçar a aprovação do casamento civil de homossexuais, com base nas restrições do sacramento católico do matrimônio. Os mais cuidadosos procuram disfarçar sua fundamentação religiosa, recorrendo a argumentos do quilate da “tradição” e do “costume”, utilizados no passado para justificar a escravidão, a virgindade e o casamento indissolúvel por toda a vida.

Enquanto o exercício de direitos for negado por questões exclusivamente religiosas não seremos uma sociedade efetivamente democrática. Impressiona a quantidade de pessoas que lutam acirradamente para impedir que casais possam viver uma vida feliz juntos, porque esta relação contraria os dogmas da sua fé. Lutam para que o Direito impeça as pessoas de expressarem seu afeto, seu carinho, seu amor.

Já é hora de aprovar uma lei que permita o casamento dos homossexuais no Brasil. O Direito não pode servir de cão-de-guarda da intolerância religiosa alheia. Que os casais homossexuais também possam se casar e ser felizes para sempre, até que a morte – ou o divórcio – os separe.

http://www.revistaforum.com.br/noticias/2010/12/21/casar_homossexuais/

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Offline Liddell Heart

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #13 Online: 03 de Fevereiro de 2011, 20:28:42 »
Será que sou só eu que possui extrema aversão ao conservadorismo religioso e preconceituoso?  :hein:
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Offline Geotecton

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Re: Legalização de uniões homossexuais avança em vários países
« Resposta #14 Online: 03 de Fevereiro de 2011, 22:28:33 »
Será que sou só eu que possui extrema aversão ao conservadorismo religioso e preconceituoso?  :hein:

99,99% dos foristas tem sentimento semelhante ao seu.
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