Autor Tópico: Um pedaço de Marte na Antártida  (Lida 1155 vezes)

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Offline West

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Um pedaço de Marte na Antártida
« Online: 16 de Dezembro de 2009, 10:25:31 »
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Um pedaço de Marte na Antártida
Postado por Cássio Barbosa em 07 de dezembro de 2009 às 11:27



Em 1996, um time de astrônomos liderados por David McKay, do Centro Espacial Johnson da Nasa, publicou um artigo na afamada revista “Science” anunciando a descoberta de uma evidência de atividade biológica fossilizada no meteorito ALH84001. Esse meteorito foi encontrado na Antártida e é na verdade um pedaço arrancado de Marte. Alguns impactos em Marte devem ter sido tão violentos que ejetaram pedaços de rochas da superfície e os colocaram no espaço. Alguns dos pedaços de rocha foram atraídos pela Terra e caíram por aqui. O processo inverso também deve ter ocorrido, mas como a gravidade de Marte é muito menor que a da Terra, deve haver mais destroços de Marte aqui, do que o inverso.

O meteorito ALH84001, em especial, mostrou ao ser analisado traços de nanocristais de magnetita em pequenos glóbulos de material carbonáceo que poderiam ter origem biológica. A hipótese de MacKay e seus colegas é baseada em processos similares que ocorrem na Terra, onde algumas bactérias encontradas na água e mesmo no solo secretam esses nanocristais. A ideia é que a magnetita encontrada no meteorito tem origem biológica por causa de sua semelhança.  Seria a primeira evidência sólida de que teria havido vida em Marte. Seria.

O grande problema da descoberta foi a maneira com que ela foi divulgada. Todo artigo científico precisa passar por uma revisão de outros cientistas que atuam na mesma área. Chama-se revisão por pares (ou peer review). No caso de análises como essa, de meteoritos, uma amostra é mandada para outros grupos fazerem uma checagem semelhante para confirmar (ou não) as afirmações do artigo. Acontece que neste caso tudo foi atropelado. Por causa da importância e o impacto da possível descoberta, o anúncio foi feito antes da revisão por pares e da análise das amostras. O anúncio chegou a ser feito pelo presidente dos Estados Unidos, numa estratégia de marketing para pressionar o Congresso Americano a dar mais verba para enviar sondas à Marte.

Por causa do atropelo, muita gente torceu o nariz. A coisa ficou pior quando outros grupos mostraram que era possível, sob determinadas condições, obter os tais nanocristais de magnetita, tais quais os encontrados no meteorito. A magnetita presente em ALH84001 foi recriada em laboratório em um processo chamado de decomposição térmica de carbonáceos.

Agora, passados 13 anos, o mesmo grupo de astrônomos publicou outro estudo sobre o tema. Dessa vez, usando equipamentos de análise modernos (que não existiam naquela época) e passando por todos os rigores da revisão por pares, eles mostram que a hipótese biológica é a mais provável. Partindo da ideia da origem inorgânica, eles rebatem a noção de que a decomposição térmica de carbonatos pode dar origem aos cristais do meteorito. A conclusão é que a hipótese de origem orgânica é a mais plausível.

A conclusão é que a hipótese de origem orgânica é plausível, mas isso não significa que seja a única. Por enquanto, é a que melhor explica a origem da magnetita. Assim sendo, a teoria de que já tenha havido vida em Marte ganha força. E com ela uma esteira de possibilidades interessantes: se um pedaço de Marte chegou à Antártida com evidências fossilizadas de vida, não poderia um outro pedaço ter trazido um pouco dessa vida à Terra?

Fonte: http://colunas.g1.com.br/observatoriog1/
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Offline Panthera

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #1 Online: 16 de Dezembro de 2009, 11:11:29 »
Interessantíssimo! Só espero que não comecem a viajar demais com a história da "viagem" da vida de Marte pra cá.
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Offline Lord_Dracon

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #2 Online: 16 de Dezembro de 2009, 19:33:22 »
Deve ter havido um impacto extremamente significativo em Marte para um pedaço dele ser lançado, atravessado 70 milhões de quilômetros, e atingido a Terra com alguma forma de vida "viva" que poderia gerar/influenciar a origem biológica daqui.

Talvez eu esteja desconsiderando algumas informações vitais e seja uma alegação baseada numa visão restrita do assunto mas... é difícil acreditar como isso poderia acontecer.

Alguém ligado a área de Astronomia/Astrofísica poderia nos informar melhor sobre esse processo?

Offline Spitfire

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #3 Online: 16 de Dezembro de 2009, 19:49:58 »
Na verdade um impacto não precisa ser forte o bastante para lançar uma rocha a 70 milhões de Km e sim o suficiente forte para tirar de órbita e como no espaço não há atrito qualquer impulso manteria a trajetória... de resto a gravidade da Terra capturaria a rocha. Nem é tão fantástico assim.  :wink:

Offline West

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #4 Online: 17 de Dezembro de 2009, 10:34:40 »
Pelo que tenho visto, a cada dia mais e mais evidências têm apontado para um universo onde a vida (pelo menos como a conhecemos na terra) é um processo dependente unicamente de certas condições para que venha ocorrer. Como o universo é inimaginavelmente grande para os nossos padrões de tempo e espaço não é nada improvável que tais condiçoes venham a se repetir e assim haja vida, não somente em algumas outras partes, mas em muitas outras universo à fora.

Hidrogênio é a substância mais abundante do universo, carbono se não me engano é a terceira ou quarta. Água e diferentes tipos de compostos orgânicos já foram encotrados nos lugares mais inusitados do cosmo, como em núvens interestelares, cometas e várias luas do sistemas solar (água inclusive na nossa). Os blocos básicos de construção da vida estão espalhados por todo o universo; será que isso não nos diz nada sobre a possibilidade de que a vida possa se desenvolver também em outras regiões do cosmo?

Interessante no caso da Terra é que a vida surge logo nos primeiros tempos após a sua formação, mas durante a maior parte de sua idade geológica (cerca de 98%) ela se limitou a um número reduzido de criaturas simples. Somenente a cerca de 550 milhões de anos é que se detecta um incrível processo de diversificação das formas de vida na chamada explosão do cambriano, levando ao atual estado de diversidade biológica. É possível tirar algumas conclusões, mais ou menos acertadas, a partir desse fato. A primeira é que as condições para o aparecimento da vida são muito mais simples e fáceis de ocorrer do que as necessárias para o seu diversionismo. Logo, o que podemos esperar do universo como um todo é que as formas de vida simples sejam as dominantes.

Segundo, que algum processo ocorrido há 550 milhões de anos modificou as condições até então presentes na Terra primitiva, possibilitando a diversificação da vida no planeta, o que nos leva a concluir que o surgimento e desenvolvimento da vida sujeita-se excluivamente as condições do meio, que por isso mesmo nada impede que venham a se repetir em outras partes do universo.

Pessoalmente acho que está muito próximo de encontrarmos vida em outras partes do universo. Talvez em Marte, talvez em um lua qualquer do sistema solar. Não acho nada improvável que isso venha a acontecer nos próximos anos.

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Offline Eremita

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #5 Online: 29 de Dezembro de 2009, 02:20:28 »
A amostra não foi contaminada?
É mesmo de Marte?
Quais outros processos geram nanocristais?
Decomposição térmica de carbonáceos: tá, havia ferro metálico ou ferro-II que reagiu com carbonatos gerando cadeias carbônicas e óxido de ferro (magnetita). É isso?

É legal e interessante demais pra ser verdade!
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Offline FZapp

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Re: Um pedaço de Marte na Antártida
« Resposta #6 Online: 29 de Dezembro de 2009, 05:05:47 »
Na verdade um impacto não precisa ser forte o bastante para lançar uma rocha a 70 milhões de Km e sim o suficiente forte para tirar de órbita e como no espaço não há atrito qualquer impulso manteria a trajetória... de resto a gravidade da Terra capturaria a rocha. Nem é tão fantástico assim.  :wink:

Ei ! Assim você tirar todo o ar de 'Arquivo X' da matéria ! :)
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despues sabremos a dónde.

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