Autor Tópico: Eleições no Chile  (Lida 295 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Eleições no Chile
« Online: 16 de Dezembro de 2009, 18:27:49 »
Vitória da direita em 1º turno e nova esquerda dão às eleições no Chile relevância inesperada

Processo atrai atenção por envolver a mais organizada interação entre mercado e Estado na América Latina

Pode um presidente com 80% de aprovação, o dobro de quando tomou posse, não eleger o sucessor? A questão desafia o presidente Lula, tão popular quanto a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que teve resposta negativa nas urnas sobre seu candidato à sucessão.

Incisiva, ela não a favorece, ainda que a resposta possa mudar, já que haverá 2º turno, em 17 de janeiro. Mas a direção política no Chile, país pequeno, embora o mais bem-sucedido, politizado e polarizado da América Latina, mudou de mão.

O processo chileno tem relevância pelos antecedentes de radicalização extrema, seguida da mais organizada interação entre o mercado e a atuação do Estado na economia, constatada pela liderança do país, na América Latina, em todos os indicadores globais de desempenho econômico e social.

É a primeira vez em vinte anos que a coalizão de centro-esquerda Concertação, que reúne os tradicionais partidos Democrata Cristão e o Socialista, do ex-presidente Salvador Allende - derrubado pelo golpe que entronizou a ditadura do general Augusto Pinochet entre 1973 e 1990 -, está sob ameaça real de ser derrotada.

O candidato de direita, que lá se apresenta de cara lavada, sem subterfúgio, como os políticos da mesma linha no Brasil, atropelou o candidato do governo - o ex-presidente democrata-cristão Eduardo Frei Ruiz-Tagle. E o fez num continente em que a esquerda, desde o fim do século passado, não perde eleição presidencial.

O empresário Sebastián Piñera, do Partido Renovação Nacional, um bilionário, dono entre outras empresas da Lan Chile, passou para o segundo turno com 44% dos votos, mudando sua desvantagem no pleito passado, em que competiu e perdeu para a socialista Bachelet. Frei teve pouco menos de 30%. A vitória de Piñera não está assegurada, embora as pesquisas o apontem à frente de Frei no segundo turno.

A Concertação se dividiu, apresentando-se à sucessão de Bachelet com dois outros nomes: o comunista histórico Jorge Arrate, que só teve 6,2% dos votos, e o deputado Marco Enríquez-Ominami, a grande novidade eleitoral, votado por 20,1% dos eleitores num pleito com grande abstenção.

Arrate manifestou apoio a Frei. Ominami liberou o seu eleitorado, mas afirmou que a eleição de Piñera seria “grave retrocesso”, enquanto vários de seu grupo fizeram o oposto.

Ele renunciou ao Partido Socialista e se candidatou liderando uma lista independente – candidatos no Chile podem concorrer sem estar filiado a um partido, ao contrário do Brasil -, com uma proposta de renovação da esquerda. Ela estaria, segundo ele, distanciada no Chile e no mundo dos interesses e anseios dos mais jovens.

Esquerda renovadora

Cineasta, Ominami, 36 anos, também se fez ouvido pela credencial de filho do fundador da organização de extrema-esquerda MIR, morto em combate com a polícia de Pinochet, e ser apoiado por Andrés Pascal Allende, seu tio e sobrinho do ex-presidente Allende. Ele veio de Cuba, onde vive, para ajudar a organizar a “Nova Maioria”.

É o movimento criado por Ominami como alternativa à Concertação. E com um discurso de renovação entre capital e Estado, tanto que entre seus assessores há quem defenda maior abertura ao mercado da maior empresa chilena, a estatal Codelco, que domina a produção de cobre no mundo e está para o Chile como a Petrobras para o Brasil.

Debate de ideologias

A política chilena sugere um caldeirão de idéias em ebulição, o que a torna mais interessante do que já é, principalmente por ter os pontos cardeais do espectro político – direita, centro-direita, centro-esquerda e esquerda –, mais que em outras partes, muito bem definidos, como as estações do ano.

E, do mesmo modo que o debate sobre o clima, em transição. Para o quê e onde não se sabe ainda.

Lições para o Brasil

O próprio Piñera representa uma direita diferente num país em que o conservadorismo gerou a mais cruenta ditadura em tempos recentes na América Latina. Seus negócios floresceram no período Pinochet, do qual se afastou ao apoiar a realização de eleições livres no plebiscito convocado pelo ditador em 1990. Mas não recusou o apoio da direita pinochetista, que ainda é forte no Chile.

Piñera também atraiu entusiastas improváveis como Fernando Flores - senador independente do bloco Concertação, que, aos 29 anos, foi ministro da Economia de Allende. O Chile, diz ele, precisa avançar e para isso tem de digerir seu passado.

Piñera e Ominami captaram tal sentimento, além de falarem bem de Bachelet. Frei, nem isso. A sua desvantagem encerra lições para o embate eleitoral no Brasil.

Estado & mercado S/A

Com necessidades básicas como saúde e educação atendidas, o Chile tateia novos caminhos por cima do desgaste dos partidos, ainda que o governo Bachelet termine com alta popularidade, parte devido aos programas sociais e à economia ter resistido razoavelmente bem aos efeitos da crise externa.

O conflito Estado X mercado está também superado. O sucesso do binômio foi atestado pelo papel anticíclico do fundo formado com as rendas da exportação de cobre.

O que lá se discute é a reinvenção do Estado para estimular o empreendedorismo e a inovação visando criar empregos de alta qualidade. É um debate comum no mundo pós-crise e sem carbono, e ainda “verde” no Brasil.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/50001_51000/50791-1.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re: Eleições no Chile
« Resposta #1 Online: 16 de Dezembro de 2009, 19:06:54 »
Acho tão bonitinho um país latinoamericano onde as eleições são feitas assim, sem o atual presidente tentar um 3º, 4º ou 5º mandato... :)
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Eleições no Chile
« Resposta #2 Online: 18 de Janeiro de 2010, 21:45:47 »
Piñera começa a preparar seu governo com a oposição em maioria no Parlamento

O presidente eleito do Chile, o empresário Sebastián Piñera, trabalha a partir desta segunda-feira para formar a sua equipe de governo, cuja capacidade negociadora será chave para alcançar acordos em um Parlamento no qual a oposição é a maioria.



Por isso, após sua vitória eleitoral, que representa o retorno ao poder da direita chilena pela via democrática desde 1958, anunciou um "governo de união nacional" e invocou a política de acordos que nos anos 90 permitiu alcançar consensos em matéria legislativa.

A possibilidade de reviver essa política de acordos entre a coalizão de centro-esquerda Concertación, que governou o país pelos últimos 20 anos, e a direita chilena dependerá da capacidade de negociação da autoridade que ocupar o Ministério da Presidência, um posto-chave que faz a ligação entre o Executivo e o Legislativo.

Fontes da coalizão direitista mencionaram como possível titular ao cargo o economista Cristián Larroulet, que declarou nesta segunda-feira que o governo de Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, "não será de direita".

Após a eleição parlamentar de dezembro, a Concertación ficou com maioria de 19 cadeiras contra 16 no Senado. Na Câmara dos Deputados, a direita terá 58 cadeiras e a Concertación, 54.

Mas haverá também três deputados comunistas, três do Partido Regionalista Independente (PRI) e dois independentes que serão chaves na hora de negociar os projetos, conforme disse à EFE o analista Santiago Escobar.

Os projetos do presidente eleito apontarão para a criação de um milhão de empregos, para a melhoria da administração da Justiça e aperfeiçoamento das políticas educativas, de habitação e de saúde e ainda para o aumento do crescimento econômico, entre outros objetivos.

Piñera, que se mostrou conciliador após sua vitória, afirmou que fará um governo "com os melhores, os mais preparados, honestos e com maior vocação para o serviço público" e prometeu "fortalecer e ampliar" a rede de proteção social desenvolvida por Michelle Bachelet.

Segundo os analistas, essas expressões reforçam a impressão que o próximo governo chileno evitará o confronto.

Piñera obteve 53,60% dos votos, 3,21 pontos de vantagem sobre o candidato governista, Eduardo Frei, que alcançou 48,39%, pelo último cômputo eleitoral divulgado nesta segunda-feira.

No primeiro dia de reuniões, o presidente eleito se encontrou com diversas autoridades, entre elas a presidente Michelle Bachelet, com quem conversou por 40 minutos.

A presidente saiu em silêncio da reunião na casa do empresário, mas mais tarde, no Palácio de La Moneda, disse que tinha convidado o seu sucessor à Cúpula do Grupo do Rio, que será realizada em 21 de fevereiro em Cancún (México) e na qual o Chile assumirá a presidência temporária da instância.

"Convidei Sebastián Piñera a me acompanhar à Cúpula de Rio, na qual terá a oportunidade de interagir e ser apresentado aos líderes da região", disse Bachelet, que reiterou sua intenção de governar "até o último dia".

Piñera também se reuniu nesta segunda-feira com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados e com as autoridades religiosas.

O presidente eleito recebeu mensagens de felicitações dos governantes da maioria dos países latino-americanos e europeus, entre eles o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/01/18/pinera+comeca+preparar+seu+governo+com+a+oposicao+em+maioria+no+parlamento+9355146.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!