Para ter sucesso na China é preciso obedecer ao governo, diz CEO do BaiduRobin Li, líder do mecanismo de busca mais utilizado na China, afirma que também já sofreu com a censura, mas teve que se conformar.Para ter sucesso na China, as companhias devem se adequar às regras de mercado impostas pelo governo, inclusive a censura ou a burocracia, disse Robin Li, CEO do Baidu, o mecanismo de busca mais usado pelos internautas do país.
A primeira vez que enfrentou problemas, confidenciou Li, foi logo após fundar a empresa, há dez anos, em Pequim. Na ocasião, o executivo considerou mudar a sede da empresa para Hong Kong, mas concluiu que isso o tornaria um inimigo do Estado.
“Sou chinês. Não tenho outras opções”, afirmou na última segunda-feira (15/11), em entrevista concedida a John Battelle, jornalista e um dos fundadores da revista de tecnologia Wired.
Uma empresa estrangeira, por outro lado, se não seguir as leis chinesas, pode ter problemas, mas continuará como um “parceiro estratégico” do Partido Comunista, podendo, até certo ponto, manter suas atividades intactas.
GoogleSobre os problemas enfrentados pela Google na China, Li os relacionou à falta de compreensão do governo quanto às alterações que a Internet vem sofrendo no país, já que o número de internautas tem crescido muito e a rede de comunicações está mais veloz.
A relação entre a gigante das buscas e o Partido Comunista se deteriorou este ano. Tudo começou quando a companhia de Mountain View decidiu que deixaria de censurar seus resultados na China, em retaliação aos ataques que hackers do país promoveram contra seus servidores, roubando propriedade intelectual e invadindo as contas de e-mail de seus financiadores que suportam entidades de direitos humanos.
Assim, o site do Google passou a redirecionar as buscas para os servidores de Hong Kong, onde não há censura. No entanto, devido à pressão do governo chinês,
a empresa reviu sua posição: passou a deixar um link que levava os usuários ao serviço da região autônoma citada, mas manteve na página chinesa as pesquisas que não são bloqueadas, como as de produtos ou de música. Com isso, conseguiu renovar sua licença para continuar suas operações no país.
FavorecimentoLi desmentiu os comentários de que o Baidu é como um “filho favorito” do governo chinês. “É um equívoco”, afirmou, ressaltando que o mercado de buscas na China é mais competitivo que nos Estados Unidos. “Não somos os donos do pedaço”.
Ainda assim, a posição do Baidu é privilegiada. De acordo com o executivo, 99% dos internautas do país usam o serviço e a arrecadação da empresa vem crescendo ano após ano; seu valor de mercado já é de 40 bilhões de dólares – a Google vale por volta de 170 bilhões.
Alguns anos atrás, várias empresas disputavam a aquisição da líder de buscas na China. Yahoo, Microsoft e a própria Google tentaram comprá-la por quantias entre 1 e 2 bilhões de dólares. Li, no entanto, conseguiu convencer os investidores de que o retorno seria muito maior se se mantivessem independentes. “Eu sabia que o Baidu teria muito potencial”.
FuturoUm dos projetos em desenvolvimento pelo Baidu é o que Li chama de “Box computing” (computação em caixa), uma pequena janela que substituiria os sistemas operacionais convencionais em dispositivos que possuem inicialização instantânea. A partir dessa janela, o usuário poderia abrir aplicativos e portais, além de muitas outras funções.
“O programa interpretará as intenções do usuário antes que ele termine de digitar”, prometeu. “Nossa tecnologia estará apta a fazer isso”.
Li também disse que não pensa em se arriscar no mercado americano, por ele já estar consolidado. Mas as atividades na China e no Japão deverão ser expandidas.
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