Autor Tópico: Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?  (Lida 738 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?
« Online: 23 de Janeiro de 2010, 14:15:48 »
Até a ICAR tem os seus comitês de investigação e "aprovação" ou "reprovação" de milagres, quaisquer que sejam seus critérios. Como é com os espíritas? Como descobrem um charlatão, se passando por médium? Como discernem se algo que alguém interpreta como "fenômeno físico" de fato teria origem "espiritual" ou não?

Offline Týr

  • Nível 36
  • *
  • Mensagens: 3.126
  • Sexo: Masculino
  • ?
    • »Costa Advocacia«
Re: Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?
« Resposta #1 Online: 23 de Janeiro de 2010, 14:40:18 »
Boa pergunta. Não conheço muito do espiritismo, mas eles não têm um poder 'central' como o catolicismo. Logo este tipo de aprovação deve vir do íntimo de cada um.

Offline Adriano

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.672
  • Sexo: Masculino
  • Ativismo quântico
    • Filosofia ateísta
Re: Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?
« Resposta #2 Online: 23 de Janeiro de 2010, 16:10:58 »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Leafar

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.806
  • Sexo: Masculino
    • Convicção Espírita
Re: Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?
« Resposta #3 Online: 23 de Janeiro de 2010, 18:03:04 »
Exato. Não há poder central aprovador de obras mediúnicas, e nem poderia ter. Cada um é responsável por usar a razão própria para decidir o que crer ou descrer, por sua conta e risco. Há pessoas que voluntariamente abdicam de avaliar e confiam a sua crença ao julgamento de outras pessoas ou instituições, especialmente os médiuns famosos ou os espíritas de maior evidência. Mas está errado, pois cada um deve formar opinião própria e deve poder saber explicar porque é que crê ou descrê em determinada coisa, ou porque se aliou à determinada opinião.

É um enfoque um pouco diferente do da Igreja, porque para a Igreja o acerto ou o erro pode significar a diferença entre a salvação eterna ou a danação eterna. Mas para o Espiritismo, um erro de julgamento é apenas um erro de julgamento, que pode fazer o indivíduo perder um pouco de tempo na escalada evolutiva, mas que não representaria a diferença entre salvação ou danação eternas. Por isso a divergência, no Espiritismo, adquire menos gravidade e é mais tolerado do que, por exemplo, na Igreja, e talvez por isso, a Igreja tenha mais necessidade de cercear a liberdade de consciência (na medida do possível, claro) a fim de evitar a divulgação de tudo aquilo que ela considera errado e que, segundo ela, estaria levando mais pessoas para o Inferno. Sobre isso, Kardec escreveu:

Neste grande movimento regenerador, o Espiritismo tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo, inventado pela crítica zombeteira, mas o Espiritismo filosófico, tal qual o compreende quem quer que se dê ao trabalho de procurar a amêndoa dentro da casca. Pelas provas que ele traz das verdades fundamentais, preenche o vazio que a incredulidade faz nas idéias e nas crenças; pela certeza que dá de um futuro conforme à justiça de Deus e que a mais severa razão pode admitir, ele tempera as amarguras da vida e previne os funestos efeitos do desespero. Tornando conhecidas novas leis da Natureza, o Espiritismo dá a chave de fenômenos incompreendidos e problemas até agora insolúveis, e mata, ao mesmo tempo, a incredulidade e a superstição. Para ele não há sobrenatural nem maravilhoso; tudo se realiza no mundo em virtude de leis imutáveis. Longe de substituir um exclusivismo por outro, arvora-se como campeão absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas e o corta pela raiz, proclamando a salvação para todos os homens de bem, e a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegarem, por seus esforços, pela expiação e pela reparação, à perfeição, pois só ela conduz à suprema felicidade. Ao invés de desencorajar o fraco, encoraja-o, mostrando-lhe o fim que pode atingir.

Não diz: Fora do Espiritismo não há salvação, mas, com o Cristo: Fora da caridade não há salvação, princípio de união, de tolerância, que congraçará os homens num sentimento comum de fraternidade, em vez de os dividir em seitas inimigas. Por este outro princípio: Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade, destrói o império da fé cega, que aniquila a razão, da obediência passiva, que embrutece; emancipa a inteligência do homem e levanta o seu moral.

Conseqüente consigo mesmo, não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá e espera que a ele venham livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão, e não pela força.
Respeita todas as crenças sinceras e não combate senão a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os mais sérios obstáculos ao progresso moral; mas não lança o anátema a ninguém, nem mesmo aos seus inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais imperfeitos e que, mais cedo ou mais tarde, nele entrarão.
(Kardec em Revista Espírita out/1866, Os Tempos são chegados).

Mas reparem que o fato de respeitar a consciência de cada um, isso não significa que o Espiritismo não faça questão de ter respeitada a sua própria opinião. Por isso as críticas que às vezes são feitas àqueles que usam o nome "Espiritismo" para se referirem a coisas que não são a sua proposta, ou que são contrárias a ela. Como ser espírita não é critério de salvação para ninguém, os inovadores poderiam muito bem usar os seus próprios nomes para as suas inovações, ao invés de simplesmente se escorarem no Espiritismo para conseguirem maior credibilidade. Allan Kardec quando se arvorou a inovador fez isso. Por que os outros não podem fazer?

Tomando a iniciativa da constituição do Espiritismo, usamos de um direito comum, o que todo homem tem de completar, como o entender, a obra que haja começado e de ser juiz da oportunidade. Desde o instante em que cada um é livre de aderir ou não a essa obra, ninguém se pode queixar de sofrer uma pressão arbitrária. Criamos a palavra Espiritismo, para atender às necessidades da causa; temos, pois, o direito de lhe determinar as aplicações e de definir as qualidades e as crenças do verdadeiro espírita. (Kardec em Obras Póstumas, Constituição do Espiritismo)

Por fim, pode ser que o "balaio de gatos" que se forme em torno do nome Espiritismo, em função de não haver uma autoridade "impondo" a todos, por força de lei mesmo, a delimitação do significado e aplicação do termo Espiritismo, cause uma certa confusão de conceitos, como se vê muito por aí, o que nos obriga a às vezes ficar dizendo que "isso não é Espiritismo", ou "isso não é um conceito legitimamente espírita", etc... Mas só vão se confundir mesmo aqueles que não o estudam, e estes, bem... o Espiritismo não se interessa mesmo em tê-los por adeptos. No dia em que se predispuserem a estudá-lo seriamente, separarão facilmente o joio do trigo.

Não vos apresseis, amigos. Muitos dentre vós desejariam ir a vapor e, nestes tempos de eletricidade, correr tanto quanto esta. Esquecidos das leis da Natureza, quereriam andar mais depressa do que o tempo. Refleti, porém, e vereis quão sábio é Deus em tudo. Os elementos que constituem o vosso planeta sofreram longa e laboriosa elaboração; antes que pudésseis existir, foi preciso que tudo se constituísse de acordo com a aptidão dos vossos órgãos. A matéria, os minerais, fundidos e refundidos, os gases, os vegetais, pouco a pouco se harmonizaram e condensaram, a fim de permitirem que surgísseis na Terra. É a eterna lei do trabalho, que nunca cessou de reger os seres inorgânicos, como os seres inteligentes.

O Espiritismo não pode fugir a essa lei, à lei da elaboração. Plantado num solo ingrato, forçoso é que o cerquem as ervas más e os maus frutos. Mas, também, todos os dias o terreno é desbravado, os maus ramos são arrancados ou cortados; o campo se destorroa insensivelmente e, quando o viajante, fatigado das lutas da vida, encontrar a fartura e a paz à sombra de um fresco oásis, se dessedentará e enxugará o suor, nesse reino lenta e sabiamente preparado. Aí o rei é Deus, o dispensador generoso, o igualitário judicioso, que bem sabe ser doloroso, mas fecundo, o trajeto que o viajor seguirá; penoso, mas necessário. O Espírito formado na escola do trabalho dela sai mais forte e mais apto para as grandes coisas. Aos que desfalecem, ele diz: coragem e, como suprema esperança, lhes deixa entrever, mesmo aos mais ingratos, um ponto de chegada, ponto salutar, caminho assinalado pelas reencarnações.

Ride das declamações vãs; deixai que falem os dissidentes, que berrem os que não podem consolar-se de não serem os primeiros; todo esse arruído não impedirá que o Espiritismo prossiga imperturbavelmente o seu caminho. Ele é uma verdade e, qual rio, toda verdade tem que seguir seu curso.
(Obras Póstumas, Paris, 27/04/1866, MARCHA GRADATIVA DO ESPIRITISMO. DISSIDÊNCIAS E OBSTÁCULOS)

Um abraço.
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

visite: http://conviccao-espirita.blogspot.com/2013/08/apresentacao-deste-blog.html

Offline Leafar

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.806
  • Sexo: Masculino
    • Convicção Espírita
Re: Como os espíritas descartam "fenômenos sobrenaturais" e psicografias?
« Resposta #4 Online: 23 de Janeiro de 2010, 18:07:01 »
E o conselho espírita internacional?

http://www.febnet.org.br/site/movimento_exterior.php?SecPad=31
Não têm autoridade sobre a doutrina, pois não se é obrigado a aderir às suas opiniões e deliberações. Só têm autoridade sobre aqueles que voluntariamente decidirem aderir a esse conselho.

No entanto, esse conselho tem a sua influência sobre o Espiritismo, proporcional ao percentual de adeptos da doutrina que aderem a esse conselho.

E reparem que não estou dizendo que esse conselho é bom ou ruim, ou que a FEB é boa ou ruim. Apenas digo que elas, assim como todas as outras associações espíritas, não têm autoridade sobre todos os que se auto-declaram adeptos do Espiritismo.

Um abraço.
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

visite: http://conviccao-espirita.blogspot.com/2013/08/apresentacao-deste-blog.html

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!