Autor Tópico: Coisas Que Deus Não Pode Fazer  (Lida 1123 vezes)

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Coisas Que Deus Não Pode Fazer
« Online: 03 de Fevereiro de 2010, 21:51:36 »
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        Coisas Que Deus Não Pode Fazer


         

        Quando consideramos Deus como o Todo-Poderoso Criador de tudo que existe, em geral, não pensamos nas coisas que Ele não pode fazer. Existem muitas coisas que os homens não podem fazer; contudo, também existem coisas que Deus não pode fazer. A verdade é que Ele não pode fazer todas as coisas. Não que Ele não tenha capacidade para isso, ou que Ele seja, de algum modo,  limitado em Seu poder. Isso acontece por causa do que Ele é e de Sua natureza divina. Existem diretrizes que nem mesmo Deus pode anular. Por exemplo, Ele não pode ser Deus e deixar de ser Deus, ao mesmo tempo. Ele não pode criar outro Deus, ou seja, uma criatura que pudesse se tornar igual a Ele. Esse segundo Deus seria derivado e dependente do primeiro e, nesse caso, seria um “Deus” finito. Visto como Ele teve princípio, jamais poderia ser um Deus tão poderoso como o Deus que Lhe deu origem. Um dos primeiros requisitos para ser Deus, é ser infinito e eterno. Nesse caso, um Deus criado não seria qualificado para exercer o ofício de Deus.

        Então, o que Deus não pode fazer?

        1) - É impossível que Deus minta. Será que Ele poderia tornar 2 + 2 em 5? Deus não pode mentir, pois Ele é consistente com a verdade, a qual tem os seus absolutos. Hebreus 6:18: “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta...” Ele não pode quebrar uma promessa incondicional, a qual Ele prometeu cumprir. Ele é a verdade e nEle não “há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17-b). Ele não pode retroceder em Sua Palavra.

        Quando Ele falou para Abraão tomar o seu filho único e colocá-lo no altar do sacrifício, Abraão sabia que, se Deus tivesse permitido que ele matasse Isaque, Ele iria ressuscitá-lo da morte. Isso porque Ele havia prometido a Abraão, através de Isaque, que as promessas da Aliança iriam ser cumpridas. [N. T. - Se os judeus acreditassem realmente na Palavra de Deus, não ficariam tão submissos e temerosos diante dos palestinos, os quais são apoiados pelo mundo incrédulo.]

        Deus jamais pode enviar outro dilúvio sobre a Terra, como aconteceu no tempo de Noé. Não por falta de capacidade de fazê-lo. Ele não pode fazer isso por ter prometido que jamais iria repeti-lo (o Arco-íris aí está para nos lembrar esta promessa). A natureza de Deus se inclina absolutamente à verdade, o que significa que Ele sempre cumpre Suas promessas.

        2) - Deus pode fazer uma rocha tão grande que não possa erguê-la? Se Ele não pode erguê-la, então não é Todo-Poderoso. Neste caso, a rocha se tornaria mais poderosa do que Deus e qualquer coisa mais poderosa do que Ele seria Deus também. Ele tem qualidades infinitas, não finitas, e somente pode fazer coisas que Lhe sejam possíveis. Ele não pode fazer círculos quadrados, nem triângulos de dois lados. Isso seria pedir que Ele contrariasse a lógica, o que seria contra a Sua exata natureza.

        Por isso é um erro categórico afirmar que Ele pode fazer coisas que Ele não pode [N.T. - Este é um erro comum nas doutrinas do Movimento Palavra da Fé]. Seria como indagar a um bacharel qual é o nome de sua esposa (que pergunta estranha, hem?) Ou indagar: qual é o sabor da cor amarela? Cor não tem sabor. Não é possível Deus criar uma rocha tão grande que não possa levantar, pois, se Ele a criasse, também poderia erguê-la. Se Ele pode criá-la também pode destruí-la. Isso não mostra que Deus seja limitado em Seu poder e que Ele não tenha poder infinito. Significa apenas que tudo que Ele criou está sob Sua jurisdição, sob o Seu controle, e que jamais poderia a Ele se igualar...  [N.T. - Deixamos de lado um trecho da “Suma Teológica”  de Tomás de Aquino, por achar que ela é menos lógica do que o assunto deste artigo].

        3). - Deus pode deixar de ser Deus e de existir? Sua natureza é infinita, ou seja, jamais terá fim. Seu imutável caráter moral é um moral absoluto. Este inclui santidade, justiça, amor, misericórdia e verdade. Deus é quem é, eternamente, o único Ser permanente do universo. Somente as coisas criadas, sujeitas ao tempo e ao espaço, feitas de substâncias não eternas, podem mudar. Deus não poderia mudar, mesmo que o desejasse (e isso Ele não quer). Porque Ele é o mais elevado e conclusivo estado da perfeição. As palavras não conseguem descrever o ponto e o estado em que Deus se encontra.

        4). - Deus não é livre para agir ao contrário de Sua natureza, a qual é permanente. Isto significa que Ele não é Todo-Poderoso? Não! Significa que, sendo Ele um Ser perfeito e imutável, Seus comandos e ações estão enraizados no bem final, o qual flui de Sua natureza. Seu caráter moral não muda. Sua natureza é eterna. Ele não pode dizer: “amanhã vou agir, por um momento, como se fosse, o Diabo,  e pecar como o homem peca”. O que Ele tem sido, há de ser, para sempre - o EU SOU. Ele é totalmente Auto-Suficiente.

        5). - Deus não pode pecar. A santidade é parte de Sua natureza e Ele não pode agir de outro modo.

        6). - Deus não pode aprender coisas novas [N.T. - Mesmo porque nada existe de novo no Céu e na Terra, por Ele criados].  Antes de criar todas as coisas, Ele já conhecia tudo a respeito delas. Não existe progressão no Seu conhecimento, como existe para o homem. Deus não possui limitações sobre qualquer coisa por Ele  criada.

        7). - Deus não pode atender oração alguma, conforme a vontade de quem ora. Ele atende somente aquelas orações que estão de acordo com a Sua soberana vontade a ser feita na Terra. Ele não pode responder orações que sejam contrárias aos Seus propósitos.

        8). - Deus sempre tem razão. Quando Ele faz qualquer coisa não é simplesmente por tê-la feito. Ela é certa porque é certa.  Não se torna uma obra boa porque Deus a escolheu, mas por ser boa. Deus a escolheu por ser boa. Deus a quer porque ela é boa e não simplesmente porque Ele deseje ou resolva que ela seja boa. Ele não é arbitrário nem caprichoso. Ele conhece o bem maior porque nEle habita o conhecimento.

        Toda a natureza comprova que isto é verdade. A ordem é o Seu maior desígnio e objetivo, enquanto o caos não é! Promover a vida é o bem maior, tirar a vida, não! (as exceções são raras). Isso porque tudo flui de Sua natureza moral. Então, conquanto Deus seja Todo-Poderoso, Ele não pode agir nem pensar contrariamente à Sua eterna e ilimitada natureza, a qual é o conclusivo bem moral.

        Não é bom saber que existe um Ser a Quem todo o universo está sujeito? Um Ser perfeito em Seus julgamentos e escolhas, um Ser que cumpre Suas promessas e jamais comete erros? Isto é um conforto para aqueles que O conhecem e respeitam... E exatamente o contrário para os que O negam ou O ignoram!

        Artigo do “letusreason ministries” - “Things God Cannot Do”

        Traduzido e comentado por Mary Schultze, em 11/08/2008

        www.cpr.org.br/Mary.htm


FONTE: http://www.cpr.org.br/coisas_que_Deus_nao_pode_fazer.htm
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
__________
Protágoras.Ensaio sobre os deuses. Séc. V a.C.

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Re: Coisas Que Deus Não Pode Fazer
« Resposta #1 Online: 03 de Fevereiro de 2010, 22:12:29 »
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O Que Um Deus Soberano Não Pode Fazer
Dave Hunt


 Uma das expressões mais comuns que escutamos em círculos cristãos, especialmente quando se quer reassumir a confiança quando as coisas não estão dando certo, é que “Deus está no controle, Ele ainda está no trono.” Os cristãos se confortam com estas palavras – mas o que elas significam? Deus não estava “no controle” quando Satã rebelou e quando Adão e Eva desobedeceram, mas agora Ele está? Deus estar no controle significa que todos os estupros, assassinatos, guerra e o mal proliferado é exatamente o que Ele planejou e deseja?

 Cristo nos pede para orar, “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).  Por que a oração se nós já estamos no reino de Deus com Satã preso, como João Calvino ensinou e os Reconstrucionistas alegam hoje? Poderia um mundo de mal excessivo ser realmente o que Deus deseja? Certamente não!

 “Espere um minuto!” alguém se opõe. “Você está sugerindo que nosso Deus onipotente é incapaz de realizar Sua vontade sobre a terra? Que heresia esta! Paulo claramente diz que Deus ‘faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade’ (Ef 1.11).”

 Sim. Mas a própria Bíblia contém muitos exemplos de homens desafiando a vontade de Deus e desobedecendo-O. Deus se lamenta, “Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim” (Is 1.2). Os sacrifícios que eles oferecem a Ele e suas vidas corruptas não são obviamente de acordo com a Sua vontade. Somos informados de que “os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus” (Lc 7.30).

 A declaração de Cristo em Mt 7.21 mostra claramente que todos nem sempre fazemos a vontade de Deus. Isto está implícito em Is 65.12, 1Ts 5.17-19, Hb 10.36, 1Pe 2.15, 1Jo 2.17 e muitas outras passagens. De fato, Ef 1.11 não diz que tudo que acontece é de acordo com a vontade de Deus, mas de acordo com “o conselho” de Sua vontade. Claramente o conselho da vontade de Deus deu ao homem liberdade para desobedecê-lo. Não há nenhuma outra explicação para o pecado.

 Todavia, em seu zelo para proteger a soberania de Deus de qualquer desafio, A. W. Pink argumenta ardentemente, “Deus preordena tudo que acontece... Deus inicia todas as coisas, controla todas as coisas...”[1] Edwin H. Palmer concorda: “Deus está por trás de tudo. Ele decide e faz todas as coisas acontecerem... Ele preordenou tudo ‘segundo o conselho de Sua vontade’ (Ef 1.11): o mover de um dedo... o erro de um datilografista – até o pecado.”[2]

 Estamos aqui diante de uma distinção vital. Uma coisa é Deus, em Sua soberania e sem diminuir esta soberania, dar ao homem o poder para se rebelar contra Ele. Isto abriria a porta para o pecado, sendo o homem unicamente responsável por sua livre escolha. Outra totalmente diferente é Deus controlar tudo de tal maneira que Ele deve efetivamente causar o pecado do homem. É uma falácia imaginar que, para Deus estar no controle de Seu universo, Ele precisa, por essa razão, preordenar e iniciar tudo. Deste modo, Ele causa o pecado, depois pune o pecador. Para justificar esta opinião, é argumentado que “Deus não tem nenhuma obrigação de conceder Sua graça àqueles que Ele predestina para o julgamento eterno.” De fato, obrigação não tem nenhuma relação com graça.

 Na verdade diminui a soberania de Deus sugerir que Ele não pode usar para seus propósitos o que Ele não preordena e origina. Não há razão lógica nem bíblica por que um Deus soberano, por Seu próprio plano soberano, não poderia conceder a criaturas feitas à Sua imagem a liberdade de escolha moral genuína. E há razões convincentes por que Ele faria dessa forma.

 Muitas vezes um ateísta (ou um sincero indagador que está perturbado pelo mal e o sofrimento) lança em nossas faces, “Você alega que seu Deus é todo-poderoso. Então por que Ele não interrompe o mal e o sofrimento? Se Ele pode e não faz, Ele é um monstro; se Ele não pode, então Ele não é todo-poderoso!” O ateísta pensa que nos encurralou.

 A resposta envolve certas coisas que Deus não pode fazer. Mas Deus é infinito em poder, então não deve haver nada que Ele não possa fazer! Sério? O próprio fato que Ele é infinito em poder significa que Ele não pode falhar. Há muito mais que seres finitos fazem todo o tempo que o infinito, absolutamente soberano Deus não pode fazer por Ele ser Deus: mentir, trapacear, roubar, pecar, se enganar, etc. De fato, muito mais que Deus não pode fazer é vital para nós entendermos quando enfrentamos desafios de céticos.

 Tragicamente, há muitas questões sinceras que muitos cristãos não podem responder. Poucos pais têm tirado um tempo para pensar nos muitos desafios intelectuais e teológicos que suas crianças progressivamente enfrentam, desafios para os quais a juventude de hoje não encontra respostas de tantos púlpitos e lições das escolas dominicais. Como resultado, números crescentes daqueles criados em lares e igrejas evangélicos estão abandonando a “fé” que nunca adequadamente entenderam.

A soberania e o poder é a panacéia? Muitos cristãos superficialmente acham que sim. Todavia há muito pelo qual a soberania e o poder são irrelevantes. Deus age não apenas soberanamente, mas com amor, graça, misericórdia, justiça e verdade. Sua soberania é exercitada somente em perfeita harmonia com todos os Seus outros atributos.

 Há muito que Deus não pode fazer, não apesar do que Ele é, mas por causa de quem Ele é. Até Agostinho, descrito como o primeiro dos assim chamados primeiros Pais da Igreja que “ensinou a absoluta soberania de Deus,”[3] declarou, “Por conseguinte, Ele não pode fazer algumas coisas justamente por ser onipotente.”[4]

 Por causa de Sua absoluta santidade, é impossível para Deus praticar o mal, fazer com que outros pratiquem ou até tentar alguém ao mal: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.” (Tg 1.13)

 Mas e quanto às muitas passagens na Escritura onde diz que Deus tentou alguém ou foi tentado? Por exemplo, “Deus provou a Abraão” (Gn 22.1). A palavra hebraica aí e por todo o Velho Testamento é nacah, que significa testar ou provar, como num teste de pureza de um metal. Não tem nada a ver com tentar para pecar. Deus estava testando a fé e a obediência de Abraão. Se Deus não pode ser tentado, por que Israel é alertado, “Não tentareis o Senhor vosso Deus” (Dt 6.16)? Somos até informados de que em Massá, ao pedir água, “tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?” (Ex 17.7). Mais tarde eles “E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo comida segundo o seu apetite... dizendo: Poderá Deus porventura preparar uma mesa no deserto?... provocaram o Deus Altíssimo” (Sl 78.18-19, 56).

 Deus não estava sendo tentado para realizar o mal, Ele estava sendo provocado, Sua paciência estava sendo testada. Ao invés de esperar obedientemente que Ele supra suas necessidades, Seu povo estava pedindo que Ele usasse Seu poder para dar a eles o que queriam para satisfazer seus desejos. A “tentação” de Deus era um desafio blasfemo forçando-O a, ou ceder ao desejo deles, ou puni-los pela rebelião.

 Quando Jesus foi “tentado pelo Diabo” para lançar-se do pináculo do templo para provar que os anjos Lhes sustentariam em suas mãos, Ele lembrou, “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mt 4.1-11). Em outras palavras, colocar-nos deliberadamente em um lugar onde Deus deva agir para nos proteger é tentá-lO.

 Tiago então diz, “Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.” A tentação ao mal não vem de fora mas de dentro. O homem que não poderia possivelmente ser “tentado” para ser desonesto nos negócios pode sucumbir à tentação de cometer adultério e, assim, ser desonesto com sua mulher. Dizem que “todo homem tem seu preço.”

 Deus não estava tentando Adão e Eva para pecar quando Ele diz para eles não comerem de uma árvore em particular. Eva foi tentada por sua própria cobiça e desejo egocêntrico. Até na inocência o homem podia ser egoísta e desobediente. Vemos isto em jovens infantes que por enquanto não sabem a diferença entre o certo e o errado.

 Além disso, há muitas outras coisas que Deus não pode fazer. Deus não pode negar a Si mesmo ou se contradizer. Ele não pode mudar. Ele não pode voltar atrás em Sua Palavra. Especialmente em relação à humanidade, há algumas coisas que Deus não pode fazer que são muito importantes para entender e explicar aos outros. Um dos conceitos mais fundamentais (e menos entendido pelas pessoas “religiosas”) é este: Ele não pode perdoar o pecado sem a pena ser paga e aceita pelo homem.

             Estamos dizendo que apesar de Sua soberania e infinito poder Deus não pode perdoar quem Ele quer, Ele não pode simplesmente apagar o passado deles no registro celestial? Exatamente: Ele não pode, porque Ele é também perfeitamente justo. “Então você está sugerindo,” alguns se queixam, “que Deus quer salvar toda a humanidade mas falta o poder para fazer isso? É uma negação da onipotência e soberania de Deus se houver algo que Ele deseja mas não possa realizar.” De fato, onipotência e soberania são irrelevantes em consideração ao perdão.

             Cristo no Jardim na noite anterior da cruz gritou, “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice...” (Mt 26.39). Certamente se tivesse sido possível proporcionar salvação de outra forma, o Pai teria isentado Cristo dos excruciantes sofrimentos físicos da cruz e a agonia espiritual infinita de sofrer a pena que Sua perfeita justiça tinha pronunciada sobre o pecado. Mas até para o Deus onipotente não houve outro jeito. É importante que nós claramente explicamos esta verdade bíblica e lógica quando apresentamos o evangelho.

             Suponha que um juiz tenha diante dele um filho, uma filha ou outra pessoa amada considerada culpada de múltiplos assassinatos pelo júri. Apesar de seu amor, o juiz deve confirmar a pena exigida pela lei. O amor não pode anular a justiça. O único modo que Deus poderia perdoar pecadores e continuar justo seria que Cristo pagasse a pena pelo pecado (Rm 3.21-28).

             Há duas outras questões de vital importância em relação à salvação do homem que Deus não pode fazer: ele não pode forçar ninguém a amá-lo; e Ele não pode forçar ninguém a aceitar um presente. Pela própria natureza do amor e da doação, o homem deve ter o poder de escolha. A recepção do amor de Deus e do dom da salvação através de Jesus Cristo pode somente ser por um ato do livre-arbítrio do homem. Alguns argumentam que se a vontade de Deus fosse que todos os homens fossem salvos, o fato de todos não serem salvos significaria que a vontade de Deus seria frustrada e Sua soberania aniquilada pelos homens. É também argumentado que se o homem pudesse dizer sim ou não a Cristo, ele teria a palavra final em sua salvação e sua vontade é mais forte do que a vontade de Deus: “A heresia do livre-arbítrio destrona Deus e entrona o homem.”[5] Não há nada na Bíblia ou na lógica que sugere que a soberania de Deus requer que o homem seja impotente para fazer uma escolha real, moral ou de qualquer outra maneira.

Dar ao homem o poder para fazer um escolha genuína, independente, não diminui o controle de Deus sobre Seu universo. Sendo onipotente e onisciente, Deus certamente poderia arranjar as circunstâncias para impedir que a rebelião do homem possa frustrar Seus propósitos. De fato, Deus poderia até usar o livre-arbítrio do homem para ajudar a cumprir Seus próprios planos e por meio disso ser ainda mais glorificado.

 O grande plano de Deus desde a fundação do mundo para conceder ao homem o dom de Seu amor impede qualquer faculdade para forçar esse dom sobre qualquer uma de Suas criaturas. Tanto o amor quanto os dons de qualquer espécie devem ser recebidos. A força perverte a transação.

 O fato que Deus não pode falhar, mentir, pecar, mudar ou negar a Si mesmo não diminui Sua soberania em qualquer proporção. Nem é Ele menos soberano porque Ele não pode forçar alguém a amá-lo ou a receber o dom da vida eterna por Jesus Cristo. E do lado humano, a limitação reversa prevalece: não há nada que alguém possa fazer para merecer ou ganhar o amor ou um dom. Eles devem ser dados livremente do coração de Deus sem qualquer razão que não seja o amor, a misericórdia e a graça.

 Maravilhosamente, em Sua graça soberana, Deus assim constituiu o homem e teve a intenção que o homem recebesse esse dom voluntariamente por um ato de sua vontade e respondesse com amor ao amor de Deus. Alguém uma vez disse, “O livre-arbítrio do homem é a mais maravilhosa das obras do Criador.”[6] O poder de escolha abre a porta para algo maravilhoso além de nossa compreensão: comunhão genuína entre Deus e o homem por toda a eternidade. Sem o livre-arbítrio o homem não poderia receber o dom da vida eterna, por isso Deus não poderia dar este dom a ele.

             Pusey aponta que “Sem o livre-arbítrio, o homem seria inferior aos menores animais, que têm uma espécie de liberdade limitada de escolha.... Seria auto-contraditório que o Deus Todo-Poderoso criasse um livre agente capaz de amá-lo, sem também ser capaz de rejeitar Seu amor.... sem o livre-arbítrio não poderíamos livremente amar Deus. Liberdade é uma condição do amor.”[7]

 É o poder de escolha genuína do próprio coração e vontade do homem que Deus tem soberanamente dado a ele que possibilita Deus a amar o homem e para o homem receber esse amor e para amar Deus em resposta “porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). É impossível que o poder de escolha pudesse desafiar a soberania de Deus visto que é a soberania de Deus que conferiu este dom ao homem e estabeleceu as condições para amar e dar.

Sugerir que Deus estaria faltando em “poder” (assim negando Sua soberania) se Ele oferecesse salvação e alguns a rejeitasse é errar o alvo. Poder e amor não são partes da mesma discussão. De fato, das muitas coisas que temos visto que Deus não pode fazer, uma falta de “poder” não é a razão para qualquer uma delas, nem é Sua soberania mitigada de maneira alguma por qualquer uma destas.

Assim, Deus ter dado à humanidade o poder de escolher amá-lo ou não e receber ou rejeitar o dom gratuito da salvação, longe de negar a soberania de Deus, admite o que a própria soberania de Deus amorosa e maravilhosamente proporcionou. Que possamos desejosamente responder de coração a Seu amor com nosso amor, e em gratidão por Seu enorme dom proclamar as boas novas aos outros.





 Tradução: Paulo Cesar Antunes



 



Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).



(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)


FONTE: http://solascriptura-tt.org/TeologiaPropriaTrindade/OQueUmDeusSoberanoNaoPodeFazer-DHunt.htm
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