Dante Cardoso Pinto de AlmeidaSeria a religião uma característica com raiz evolutiva própria, selecionada naturalmente por sua capacidade de promover a moralidade e a cooperação entre indivíduos não aparentados de uma população? Ou seria ela um subproduto de outras características evolutivas que favorecem esse comportamento social independentemente de crenças religiosas?
A origem mais provável é a segunda, de acordo com um artigo científico publicado ontem na revista Trends in Cognitive Sciences. Os autores fazem uma revisão dos estudos já publicados sobre o tema e concluem que nem a cooperação nem a moralidade dependem da religião para existir, apesar de serem influenciadas por ela.
"A cooperação é possível graças a um conjunto de mecanismos mentais que não são específicos da religião. Julgamentos morais dependem desses mecanismos e parecem operar independentemente da formação religiosa individual", escrevem os autores. "A religião é um conjunto de ideias que sobrevive na transmissão cultural porque parasita efetivamente outras estruturas cognitivas evoluídas."
A mim parece-me evidente, que a religião aparece em consequência do Homem ser um animal gregário; portanto político e sociável.
Portanto considero plausível, que a religião é um sub-produto relativamente parasitário, da actividade social. Derivado principalmente de actividades políticas mais ou menos astutas, com a finalidade de favorecer determinados tipos de lideranças; conservá-las e legitimá-las através de herança, doada por um poder impossível de contestar: os "deuses" muitíssimo mais fortes e poderosos que qualquer simples humano mortal.