Autores: Claudia Adam e Valérie Vidal
Desde meados dos anos de 1960 que os geocientistas sabem que a parte externa da Terra é composta por diversas porções rígidas, com movimentos diferenciais entre elas, e que são conhecidas como Placas Tectônicas.
Simplificadamente, o deslocamento de uma placa se dá por causa do crescimento do fundo oceânico de um lado e pelo consumo devido à subducção do outro lado. Todo o processo ocorre sob a influência de correntes de convecção no manto terrestre.
A acreção ocorre nas cordilheiras meso-oceânicas, que são descontinuidades litosféricas pelo qual há a subida gradual do magma proveniente do manto, e que se solidifica lentamente e transforma-se numa rocha basáltica.
O calor do manto aquece a parte das placas próxima das cordilheiras submarinas, fazendo-as 'flutuarem' diferencialmente e, com isto, elevam o assoalho oceânico. Ao se afastarem das cordilheiras, as placas resfriam e o fundo oceânico tende a rebaixar por causa do próprio peso da placa. A isto chama-se subsidência.
Assim, quanto mais afastado das cordilheiras, mais profundo deveria ser o assoalho oceânico. Mas o que se observou é que o assoalho está dezenas a centenas de metros acima do esperado pelo atual modelo de fluxo térmico para acreção. O que teria feito isto?
Os autores afirmaram que isto ocorre pelo comportamento peculiar do fluxo térmico do manto próximo às cordilheiras.
Após reavaliarem cerca de oitocentas medições de profundidade do assoalho oceânico, topografia e de calor pontual no Pacífico, eles propuseram um novo modelo de fluxo térmico. O Pacífico apresenta a maior superfície de acreção do planeta, consistindo de duas macro-placas e que mantiveram suas taxas e suas direções de acreção razoavelmente constantes nos últimos 50 milhões de anos. Ao aplicar o novo modelo observaram que os resultados ficaram muito próximos das suas predições, principalmente no que tange o aumento na distância da influência do calor, na maior "flutuabilidade" da placa ocêanica próximo das cordilheiras submarinas (por estar aquecida há uma diminuição de densidade) e, consequentemente, na menor profundidade do assoalho oceânico (parte direita da figura abaixo).
![](http://img526.imageshack.us/img526/484/snseafloor.jpg)
Detalhes da imagem: No modelo antigo (esquerda), mas ainda padrão, o fluxo de calor mantélico - representado pela flecha rubro-amarela - dissipasse de modo praticamente paralelo ao limite da litosfera com a astenosfera. No novo modelo (direita), o fluxo de calor dissipasse não mais de modo paralelo, mas de forma oblíqua aquele limite, o que permite carrear calor para mais longe das zonas de acreção (
plate spreading).
O geocientista Kevin Furlong, da Universidade Estadual da Pennsylvania ficou admirado pelo resultado, mas foi enfático em afirmar que os pesquisadores ainda não conhecem com detalhes o mecanismo físico que explica como as correntes de calor por convecção se deslocam do manto.
Outros geocientistas, tal como Seth Stein, da Universidade do Noroeste de Illinois, afirmam que o novo modelo irá se firmar se conseguir explicar a subsidência do fundo dos oceanos Atlântico e Índico do mesmo modo que o do Pacífico, bem como os demais aspectos da dinâmica dos assoalhos oceânicos.
Por outro lado, Stein afirma que o modelo antigo, ainda padrão, ainda persistirá por algum tempo porque ele prediz satisfatoriamente outros parâmetros dinâmicos, incluindo a própria subsidência (parte esquerda da figura acima).
Fontes:
http://news.sciencemag.org/sciencenow/2010/04/hot-mantle-may-prop-up-the-seafl.html, modificado
http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/328/5974/83, modificado