Autor Tópico: Paleontologia - Nova espécie de homínideo é descoberta na África do Sul  (Lida 1190 vezes)

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Pesquisadores trabalhando na África do Sul, no sítio fossilífero Malapa, e liderados por Lee Berger (Universidade de Witwatersrand), descobriram dois notáveis e bem preservados esqueletos fósseis, em uma caverna de calcário, de um ancestral dos humanos modernos com quase dois milhões de anos, e cujos dados foram publicados em dois artigos na Science.


Aspectos dos fósseis

No primeiro artigo, são descritos dois fósseis que configuram uma nova espécie de hominídeo chamado Australopithecus sediba, e que se apresenta como uma possível forma transicional entre espécies semelhantes aos macacos e os primeiros membros do gênero Homo que incluem os homens modernos.

Foram observadas algumas características importantes nos fósseis de A. sediba e que incluem um pequeno cérebro e braços longos o que os qualificam como do gênero Australopithecus. No entanto, a pélvis e a região da coxa são mais avançadas, aproximando-se da estrutura do Homo erectus, indicando que o A. sediba foi capaz de andar ereto e com passadas longas.

Suas pernas são relativamente compridas e seus calcanhares são considerados como intermediários entre os homens modernos e os primeiros hominídeos.

Outro aspecto importante é que os fósseis dão de um jovem macho e de uma fêmea adulta, que tiveram idades estimadas, pela arcada dentária, em 12 e 25 anos, respectivamente.


Aspectos geológicos

O segundo artigo trouxe informações sobre a geologia do sítio fossilífero Malapa, principalmente sobre a sua geomorfologia. Este sítio é constituído por um complexo de cavernas calcárias. “A análise geológica é importante para compreender o ambiente em que estes hominídeos viviam, bem como para direcionar os futuros esforços na busca de novos fósseis” disse Daniel Farber, geocientista da Universidade da Califórnia e membro da equipe liderada por Paul Dirks, da Universidade de Witwatersrand.

Os dados sedimentológicos e o contexto geológico sugerem que os dois hominídeos morreram praticamente ao mesmo tempo e logo em seguida foram soterrados por um fluxo de detritos. Após o uso combinado de técnicas de datação, se estimou que os sedimentos que soterraram os fósseis tem idade entre 1,78 e 1,95 milhões de anos.

No mesmo complexo de cavernas foram encontrados diversos fósseis de animais, incluindo tigre dente-de-sabre, hiena, cavalo, gato selvagem, cachorro selvagem, entre outros pequenos animais. Muitos dos esqueletos estão intactos e bem preservados, sugerindo que eles ficaram aprisionados nas cavernas e que não foram atacados por carniceiros. Isto ocorreu por causa da forma da entrada da caverna, que é estreita e constituída por paredes íngremes, bem como de sua grande profundidade.

Uma importante contribuição do projeto foi o de estimar a taxa de erosão superficial, usando uma técnica nova denominada de “Isótopos-Nuclídeos Cosmogênicos”*, e “com isto foram feitos reconstituições da topografia e do paleoambiente dos hominídeos” disse Enriqueta Barrera, diretor do programa de pesquisa junto à Divisão de Ciências da Terra, pertencente à Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Hoje a posição da entrada caverna é próxima à base de um vale, mas se estima que, quando os hominídeos e os demais animais caíram na caverna, a sua entrada estava cerca de 30 metros acima do atual nível. “Nós estamos vendo porções muito erodidas e denudadas das rochas do sistema de cavernas, onde a erosão expôs aquilo que uma vez foi muito profundo”, disse Daniel Farber.






Referência

http://www.nsf.gov/news/news_summ.jsp?cntn_id=116690&WT.mc_id=USNSF_51&WT.mc_ev=click



* A técnica denominada “Isótopos-Nuclídeos Cosmogênicos” usa isótopos cosmogênicos, tais como o Berílio 10 e o Alumínio 26, que são criados quando elementos químicos na atmosfera ou na superfície são bombardeados por raios cósmicos. O acúmulo destes isótopos junto à superfície rochosa pode ser usada para estimar o quanto esta superfície ficou exposta à radiação cósmica. Esta técnica permite obter datações de superfícies no intervalo de poucos milhares até cerca de 10 milhões de anos.

http://www.antarctica.ac.uk/bas_research/techniques/cosmogenic_isotope_studies.php

http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6VBC-44B29S8-5&_user=10&_coverDate=05%2F31%2F2002&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1290365076&_rerunOrigin=google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=24592c0fddb3083f55226cf74dc9b3bf


Nota: O presente informe foi inicialmente postado no original em inglês, sem a figura e sem o texto de referência à técnica de datação.
« Última modificação: 27 de Maio de 2010, 02:22:07 por Angelo Melo »
Foto USGS

 

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