Autor Tópico: Alice no País das Maravilhas  (Lida 6368 vezes)

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Alice no País das Maravilhas
« Online: 20 de Abril de 2010, 10:08:50 »
A história de Alice Liddell, que inspirou o clássico "Alice no País das Maravilhas"

Hoje começa a Semana Alice no País das Maravilhas do iG Cultura. Até sexta-feira, dia da estreia do aguardado filme do cineasta Tim Burton, você conhecerá os detalhes sobre as publicações da obra de Lewis Carroll, suas adaptações e a nova versão cinematográfica. Para começar vamos contar a história por trás da criação de "Alice no País das Maravilhas".


Alice Liddell aos 7 anos
 
Em 1865 a primeira edição de "Alice no País das Maravilhas" foi lançada na Inglaterra, apresentando aos leitores um universo cheio de personagens curiosos, como o Chapeleiro Maluco, organizador de uma festa louca do chá, e a Rainha de Copas, monarca com predileção por decapitações. Mas de onde teria vindo a inspiração para a criação de uma história com elementos tão estranhos, como o gato que consegue desaparecer e um exército formado por cartas de baralho?

Além de referências ao contexto político da Inglaterra, como a relação entre a Rainha de Copas e a Rainha Vitória, alega-se que Lewis Carroll inspirou-se em pessoas que participavam de seu cotidiano, como Theophilus Carter, um vendedor de móveis excêntrico que é apontado como base para a criação do Chapeleiro.

Apesar de viver cercado por todas essas referências, não foi outra pessoa senão a menina Alice Pleasance Liddell, na época com apenas nove anos, quem inspirou o reverendo Charles Lutwidge Dodgson, nome real de Lewis Carroll, a criar a história.

A Alice real era a quarta filha do vice-reitor da Universidade de Oxford, Henry George Liddell, e seu primeiro encontro com Lewis Carroll ocorreu em 25 de abril de 1856, enquanto o autor fotografava a catedral de Oxford - a fotografia sempre fora uma de suas paixões. Deste encontro desenvolveu-se a amizade entre Carroll e a família Liddell - em especial Alice.

"Ele era encantado pelas meninas e Alice acabou tornando-se sua musa. Carroll foi muito criativo na relação com as crianças e adorava impressioná-las enviado a elas cartas malucas e inventando jogos de palavras, trocadilhos... Durante seu convívio ele contou dezenas de histórias a elas", diz Adriana Peliano, presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.


Alice Liddell aos 18 anos

Durante uma travessia de barco pelo Rio Tâmisa Carroll, percebendo o tédio das irmãs Liddell, contou-lhes a aventura da jovem Alice, que após seguir um coelho apressado encontra o estranho País das Maravilhas. Para tornar a aventura familiar às ouvintes, ele utilizou elementos do cotidiano delas, sendo o próprio coelho um exemplo disso.

"Um dos aspectos interessantes da história é que ela não surgiu como obra literária, mas de forma oral", explicou Adriana. "Quando o livro foi publicado ele acrescentou novos capítulos, personagens, deixando a obra mais complexa."

Graças a um pedido de Alice as ideias daquela tarde transformaram-se num manuscrito chamado "Alice's Adventures Underground" - "As Aventuras de Alice no Subsolo", em tradução livre - e, posteriormente, originaram as duas obras que envolvem a menina: "Alice no País das Maravilhas" e "Através do Espelho e o Que Alice Encontrou Por Lá".

Esse manuscrito, um presente de Carroll à musa inspiradora, acabou sendo vendido por ela anos mais tarde, quando a já adulta Alice precisou de dinheiro para manter sua residência após a morte do marido. A cópia rendeu um total de £15.400 e atualmente está guardada na British Library, a biblioteca nacional da Inglaterra.


A personagem Alice na famosa festa louca do chá
 
Apesar do dinheiro, ter servido de inspiração para um livro tão famoso não facilitou a vida de Alice Liddell. "A história foi criada para encantá-la, mas ela foi tragada para dentro desse contexto imaginário, mesmo sem ter nenhuma relação com os personagens", conta Adriana, acreditando que a Alice real teve de lidar com a expectativa que as pessoas tinham em relação a ela, uma pessoa comum que acabou associada a uma fábula.

Essa frustração é o ponto de partida para o livro "Eu Sou Alice", de Melanie Benjamin, publicado pela editora Planeta do Brasil. "É como se fosse um diário da Alice, onde ela fala de seus conflitos em relação à obra", revela Adriana.

Alice Liddell morreu em 16 de novembro de 1934 aos 82 anos, enquanto sua contraparte literária continua cada vez mais viva no imaginário das pessoas.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/19/a+historia+de+alice+liddell+que+inspirou+o+classico+alice+no+pais+das+maravilhas+9462323.html

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Re: Alice no País das Maravilhas
« Resposta #1 Online: 20 de Abril de 2010, 18:37:30 »
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Livro de Lewis Carroll foi um dos grandes precursores do modernismo

O filme de Tim Burton é o melhor convite dos últimos tempos para que novos leitores fiquem “mais e mais curiosos” (parafraseando o que diz Alice depois de comer o bolo que a faz crescer) e descubram um dos grandes clássicos da literatura – que na verdade são dois. O reverendo inglês Charles Lutwidge Dodgson (1832-1898), o homem por trás do pseudônimo Lewis Carroll, publicou-os com sucesso imediato em 1865 e 1871, respectivamente: “Alice’s adventures in Wonderland”, mais conhecido como “Alice in Wonderland” ou “Alice no país das maravilhas”, e sua continuação “Through the looking glass”, ou “Através do espelho”.


O reverendo Charles Lutwidge Dodgson

O favor que Burton faz a Carroll não se deve à fidelidade ao texto, que o diretor admite não ter buscado. Para começar, sua Alice, de 19 anos, é bem mais velha que a criança original – o que é confortável em nossos tempos de vigilância contra a pedofilia, suspeita da qual Dodgson, que gostava de desenhar e fotografar meninas em poses sensuais, nunca se livrou, embora as evidências apontem para paixões platônicas. A organização em episódios dos livros também foi trocada por uma trama mais amarrada.

Mesmo assim, com sua atração pelo bizarro, Burton pode ter restituído a Alice o humor perturbador e às vezes sombrio que muitas décadas de leituras bem-comportadas e infantilizantes – sobretudo a do longa-metragem de animação da Disney, de 1951 – procuraram atenuar.

No primeiro livro, as aventuras da protagonista num mundo onírico, cheio de humor nonsense e personagens dúbios ou francamente hostis, começam quando ela entra numa toca de coelho. No segundo, Alice atravessa um espelho. Há no filme de Burton, embaralhados, elementos das duas histórias. A missão que devolverá Alice a seu mundo – matar o monstruoso Jabberwocky – é inspirada no poema de mesmo nome que ela encontra no segundo volume, dentro de um livro que, escrito ao contrário, precisa ser lido diante do espelho. 

Inspiradas nas histórias orais que Dodgson improvisava para uma amiguinha real, Alice Liddell, de 10 anos, as aventuras de Alice são uma das obras capitais da literatura infantil, com tradução para 125 línguas. Mas são mais do que isso: a fúria com que seu autor, matemático de prestígio, empacotou ali paradoxos, charadas, jogos de palavras e neologismos garantiu-lhes um prestígio talvez até maior com os leitores adultos. James Joyce e Jorge Luis Borges estão entre os grandes escritores influenciados por Carroll, que, sob muitos aspectos, foi o maior precursor do modernismo a escrever no século 19.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/20/livro+de+lewis+carroll+foi+um+dos+grandes+precursores+do+modernismo+9463003.html
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Todas as caras de Alice: como a personagem de Lewis Carroll foi retratada no cinema

Considerando a fome com a qual a atual indústria cinematográfica adapta histórias originalmente publicadas em livros, não é de espantar que "Alice no País das Maravilhas", obra do britânico Lewis Carrol lançada em 1865, tenha mais de 20 versões entre filmes, animações e séries de TV.

Apesar de todas as suas alegorias nonsense, como o Gato de Cheshire e a festa louca do chá, a história do reverendo Charles Lutwidge Dodgson (nome real de Carrol) tem como protagonista a jovem Alice, personagem inspirada em Alice Pleasance Liddell, a menina de dez anos que pediu a Carrol para escrever a fábula contada a ela durante uma travessia de barco pelo Rio Tâmisa.


Ilustração de Alice feita por Lewis Carroll em "Alice's Adventures Underground"

Do inocente pedido surgiu uma das histórias mais famosas do mundo, que não por acaso popularizou a personagem Alice criada por Carrol, conferindo à menina diversas interpretações em mais de um século de adaptações.

Como fotógrafo amador o reverendo registrou algumas imagens de Alice Liddell, que muito provavelmente serviram de base para a primeira ilustração de sua contraparte fictícia, desenhada pelo próprio autor em um manuscrito batizado de "Alice's Adventures Underground" - "As Aventuras de Alice no Subsolo", em tradução livre.


Alice ilustrada por John Tenniel

Apesar de pouco conhecida, essa imagem pode ser apontada como a primeira versão da verdadeira Alice, que acabou ofuscada pelos traços do ilustrador John Tenniel, responsável pelos desenhos da publicação original do livro, de 1865.

As ilustrações de Tenniel, feitas como xilogravuras, serviram de inspiração para a maioria das adaptações cinematográficas de "Alice no País das Maravilhas", ditando muito do visual de sua protagonista, como o vestido godê com avental e o cabelo louro.

Poucos cineastas fugiram dessa imagem, alterando apenas as cores do vestido, que já foi azul, vermelho e rosa, e o tom do cabelo da protagonista - em sua maioria loiro, mas com passagens pelo castanho.

Das páginas para os rolos de filmes

Apesar de precoce, a primeira adaptação do livro já conta com efeitos especiais. Dirigido por Cecil Hepworth e Percy Stow em 1903, o filme inglês "Alice in Wonderland" usa truques primários da história do cinema para mostrar tanto o encolhimento quanto o crescimento da personagem, interpretada pela atriz May Clark, de apenas 14 anos.


A primeira adaptação do livro, de 1903

Sete anos mais tarde, em 1910, o cineasta norte-americano Edwin S. Porter filma sua própria versão da obra, entregando o papel de Alice a jovem Gladys Hulette, também aos 14 anos. Assim como a adaptação britânica, essa versão é muda e de curta duração para os padrões atuais - com apenas dez minutos.

Em 1933 a Paramount Pictures lança sua adaptação do livro, em que a personagem principal, interpretada por Charlotte Henry, com 19 anos na época, usa vestes muito semelhantes às das ilustrações de John Tenniel - e o cabelo mais claro.

Boicotada pelos Walt Disney Studios, a animação francesa "Alice au Pays des Merveilles", de 1949, utilizou tanto atores reais como personagens em stop motion, técnica de animação que utiliza bonecos e objetos. Como a Disney estava produzindo sua própria versão animada da história, o longa-metragem francês não chegou a estrear nos Estados Unidos e passou despercebido por outros países.


Alice na versão da Disney

Apesar da força do estúdio norte-americano, sua versão de "Alice no País das Maravilhas", lançada em 1951, sofreu severas críticas de fãs de Lewis Carroll, acusando a produtora de ter "americanizado" um clássico britânico. Mesmo assim, o visual da personagem apresentado pela Disney, com o vestidinho azul e os cabelos louros, tornou-se o mais conhecido desde as ilustrações de Tenniel.

Uma Alice loira também protagonizou a animação para a TV feita pela Hanna-Barbera em 1966, que conta com a participação de Fred Flintstone e Barney Rubble, personagens do seriado "Os Flintstones".

Talvez a mais curiosa versão da jovem seja a do musical pornográfico dirigido por Bud Townsend em 1976. Nesta história, Alice, interpretada pela atriz Kristine DeBell, faz caras e bocas ao encontrar com os famosos personagens em um "País das Maravilhas Sexuais" - uma Alice, aliás, com decote provocante.


Versão tcheca da Alice é tida como sombria

Em 1982 foi a vez de Meryl Streep, então com 33 anos, assumir o papel principal no especial para televisão "Alice at the Palace" - "Alice no Palácio", em tradução livre. Nele a personagem aparece com um macacão rosa e cabelos cheios, atualizando o visual da personagem do século 19.

Um ano mais tarde, em 1983, o estúdio de animação japonesa Nippon Animation lança "Fushigi no Kuni no Alice", uma série animada de 52 episódios que retrata Alice em estilo animê, com cabelo louro e vestido vermelho. Mas a grande diferença desta para a obra original é que Alice retorna para casa ao fim de cada capítulo.

Com o título original de "Neco z Alenky", o diretor tcheco Jan Švankmajer lançou uma versão surrealista para a história de Lewis Carroll, que apesar de sombrio, traz no papel de Alice a atriz Kristýna Kohoutová, que usa um vestido rosa e mantém o espírito inocente da personagem.


A Alice adulta de Tim Burton

As marionetes da série "Vila Sésamo" ganharam em 2008 sua própria versão de "Alice no País das Maravilhas", mas com o título "Abby no País das Maravilhas", afinal, é estrelada pela personagem rosa Abby Cadabby.

Para encerrar, ao menos por um momento, a lista de adaptações da personagem Alice, está a atriz de 21 anos Mia Wasikowska, que contracena com Johnny Depp e Helena Bonham Carter na versão do cineasta Tim Burton.

O diretor optou por recuperar o visual clássico com as cores da Disney: um vestido azul, mas não tão infantil: no longa Alice já cresceu e, ao escapar de um pedido de casamento, acaba voltando ao País das Maravilhas.

Colunistas:


http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/20/todas+as+caras+de+alice+como+a+personagem+de+lewis+carroll+foi+retratada+no+cinema+9462329.html

Infográfico: adaptações de Alice no país das maravilhas para o cinema

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Re: Alice no País das Maravilhas
« Resposta #2 Online: 22 de Abril de 2010, 14:30:44 »
Tim Burton e Johnny Depp: 20 anos de uma parceria bilionária com "Alice"

"Alice no País das Maravilhas", mais do que o primeiro megasucesso de Tim Burton e Johnny Depp – o filme arrecadou até agora cerca de US$ 800 milhões ao redor do mundo –, marca também a comemoração dos 20 anos de parceria da dupla. Já são sete longas-metragens de uma relação que parece ficar cada vez mais forte, de identificação profunda de dois seres estranhos na indústria cinematográfica. As excentridades de um se encaixam com as do outro e isso resultou num patamar de qualidade que, além da excelência artística, encontra surpreendente respaldo junto ao público: juntos, os filmes acumulam quase US$ 2 bilhões de bilheteria.


Johnny Depp e Tim Burton: sete filmes no currículo e quase US$ 2 bilhões de bilheteria

A história começou no final da década de 1980, quando Depp, ao deixar uma fracassada carreira de rockstar, resolveu seguir o conselho de Nicolas Cage e tentar a sorte em Hollywood. A primeira janela para a fama veio através da série "Anjos da Lei" ("21 Jump Street"), no papel de um policial que trabalhava disfarçado de adolescente em um colégio. Depp detestava o programa – chegou a acusá-lo de fascista – e, no cinema, só conseguiu papéis secundários em "Platoon" e "A Hora do Pesadelo". A grande virada aconteceu com "Cry Baby", do polêmico cineasta John Waters, e, principalmente, com "Edward Mãos de Tesoura", ambos de 1990.

A conexão foi imediata. Depp encontrou Burton em um hotel de Los Angeles já completamente apaixonado pelo personagem, uma espécie de Pinóquio criado por um recluso cientista (Vincent Price, em um dos seus últimos trabalhos) que, apesar da aparência humana – pele muito branca e cabelos desgrenhados, como o diretor – tinha um único defeito: lâminas afiadas no lugar de mãos. "Aquele papel não era uma estratégia de carreira. Era a liberdade. Liberdade para criar, experimentar, aprender e exorcisar algo em mim", lembrou Depp anos depois. De fato, essa fábula sombria foi um divisor de águas na carreira do ator e é até hoje o maior êxito crítico de Burton, que vinha do blockbuster "Batman".

A próxima investida da dupla foi "Ed Wood" (1994), uma homenagem àquele que é considerado por muitos o pior diretor de todos os tempos. Burton vinha de uma briga feia com Warner por causa de "Batman - O Retorno" e Depp, um astro depois de "Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador" e "Don Juan de Marco", queria fugir da imagem de galã. O mergulho no universo dos filmes B, em uma belíssima fotografia em preto-e-branco, provou que os dois não precisavam da fantasia para conseguir emocionar plateias. Ou melhor, eles pelo menos tentaram: na melhor tradição Ed Wood, o filme foi um fracasso comercial retumbante, mesmo com a imprensa aplaudindo o longa-metragem. Mais tarde, o trabalho ganharia dois prêmios Oscar, de melhor maquiagem e melhor ator coadjuvante (Martin Landau).


Burton, Vincent Price e Depp em 1990, no set de "Edward Mãos de Tesoura"

Baseado no conto de Washington Irving, "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" surgiu cinco anos depois e, à época, foi o maior sucesso da carreira de Johnny Depp (US$ 200 milhões). Estrelado também por Christina Ricci, o filme abusava de uma direção de arte assustadora e litros de sangue para mostrar um fantasma colecionador de cabeças tocando o terror num vilarejo do século 18. O clima lúgubre e por vezes onírico da produção cristalizou o estilo de Burton, já famoso por essas histórias bizarras e soturnas. Isso ficou ainda mais evidente em "Noiva Cadáver", primeira animação stop-motion dirigida por Burton – que antes havia produzido "O Estranho Mundo de Jack" e "James e o Pêssego Gigante" –, dublada por Depp.

Também em 2005, estreou a nova versão de "A Fantástica Fábrica de Chocolate", do livro de Roald Dahl, e aí as cores escuras deram lugar à explosão de cores do mundo de Willy Wonka. A atuação bizarra de Depp no papel principal – inspirada, dizem por aí, em Michael Jackson – fez com que o personagem antes interpretado por Gene Wilder ganhasse dimensões completamente novas, inclusive uma estranhíssima fobia social. Crianças e adultos abarrotaram as salas de cinema, e a partir disso não é difícil saber por que a Disney apostou alto ao colocar "Alice" nas mãos de Burton.


A dupla no Festival de Veneza, em 2007

O diretor voltou à farra de sangue e terror com "Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet", de 2007, uma adaptação do musical de Stephen Sondheim. Depp encabeça um elenco que não tinha experiência na música, mas que encara sem pudores a tarefa de cantar. A trama, uma mistura de assassinatos, vingança, paixão e tortas feitas de carne humana, conquistou o público e, de quebra, rendeu a terceira indicação ao Oscar a Johnny Depp.

Burton insiste que a participação do amigo sempre depende do papel e que a surpresa é a melhor parte da parceria. "Você quer ter certeza que as coisas continuam no mesmo nível, ou até melhores. É sempre empolgante ver o que ele acrescenta. E é divertido trabalhar com Johnny porque é como se sempre vai haver algo diferente e novo." Para Depp, tudo é bem mais claro – a confiança no diretor é irrestrita e absoluta, tanto que ele nem sabia que ia interpretar o Chapeleiro Maluco em "Alice": aceitou entrar no filme totalmente no escuro. "Por mim, poderia ter sido até Alice", ele afirma. "Confiança é a chave de tudo. Sei com certeza que Tim confia em mim, o que é uma benção maravilhosa, mas isso não quer dizer que eu não fique sempre paralisado pelo medo de decepcioná-lo."

Veja abaixo a entrevista que a Reuters fez com Burton sobre o trabalho na adaptação de Lewis Carroll e acesse a entrevista exclusiva que o Omelete fez com o diretor.

Você pode explicar sua visão sobre "Alice no País das Maravilhas"?
Tim Burton:
Estamos tentando fazer um filme. Apenas pego versões e... porque é como gostar de material em quadrinhos, embora eu não sei se verei em algum momento um filme que realmente gostei baseado neles, porque sempre parece ser uma série de acontecimentos estranhos. Todo mundo é louco e é um tipo de garotinha passiva vagueando de episódio em episódio. Então, mesmo que os livros e as histórias sejam icônicos, nunca senti que houve um filme que realmente se fez um filme, traduzido da história para um filme. Então essa é a tentativa.

O que você tirou do material de Lewis Caroll?
É baseado em todo o material de Lewis Caroll, incluindo o "Poema Jabberwocky". Outros filmes de "Alice" sempre eram apenas uma garota vagueando passivamente com um monte de personagens estranhos. Tentamos tramar uma história que tenha emoção e faça sentido.


"Confiança é a chave de tudo", Depp fala da relação entre ator e diretor

Você assistiu aos outros filmes de "Alice?"
Vi muitas das diferentes versões de "Alice" pelos anos. Eu sei que houve um filme musical pornô que eu lembro de ter assistido nos anos 70. E muitas outras diferentes versões.

Você pensa sobre um público específico antes de fazer o filme?
Não exatamente (risos). Digo, porque acho que você não pode. Quando fiz "O Estranho Mundo de Jack", as pessoas pensaram que ele era muito estranho para crianças, mas elas gostaram muito. Você sabe que adaptei material de Roald Dahl e ele é sempre estranho, mas as crianças gostam disso. Pais frequentemente esquecem que crianças gostam de coisas estranhas. Então você tenta fazer isso para todos, creio.

Que tipo de tecnologia você desenvolveu para "Alice?"
Bem, parece mais uma combinação de coisas. Usamos técnicas que foram usadas antes. Apenas as misturamos de forma um pouco diferente, então isso é o que torna um pouco diferente para mim: a combinação de atuação e animação.

O que Johnny Depp trouxe ao Chapeleiro Maluco?
Ele gosta de se enfeitar. Pensei nos personagens de "Alice no País das Maravilhas", eles sempre são retratados como loucos sem significado, e acho que ele tentou trazer algo, uma qualidade humana à loucura. Ele tentou entender um pouco mais... Tentamos dar a cada personagem sua loucura particular. Ele é bom para explorar isso, acho que por ele ser louco. Não sei.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/22/tim+burton+e+johnny+depp+20+anos+de+uma+parceria+bilionaria+9463981.html

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Re: Alice no País das Maravilhas
« Resposta #3 Online: 23 de Abril de 2010, 09:56:57 »
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Tim Burton quer que "Alice" volte a "surpreender como criança"

"Alice no País das Maravilhas" é uma convite para a surpresa, um beliscão para "tentar recuperar a capacidade de se surpreender com as coisas novas, característica das crianças", ressalta o diretor do filme, o cômico e sempre surpreendente Tim Burton.

"'Alice' não é uma alegoria sobre a volta à infância nem um filme para crianças", explicou Tim Burton à Agência EFE em Londres, onde promove o filme, que chega nesta sexta-feiras aos cinemas brasileiros.

Segundo ele próprio, lhe interessa explorar histórias nas quais os personagens "compreendem a vida a partir de um ponto de vista novo e estranho".


"Alice" de Tim Burton é uma interpretação "mais livre" da história original

Justamente esse novo e estranho ponto de vista é o que o inspirou ao interpretar os personagens do escritor britânico Lewis Carroll.

O diretor de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" sustenta que, apesar das inúmeras versões que existem de "Alice no País das Maravilhas", nenhuma chegava a convencer. Por esse motivo, seu filme repercutiu como "diferente" ao que tinha sido feito até agora, com uma interpretação "mais livre" da história e dos personagens.

"No entanto, todos os desenhos foram feitos de olho nos desenhos de John Tenniel (o artista que ilustrou a primeira edição do livro em 1865), porque, embora não tenhamos calcado suas ideias, tínhamos que respeitar o espírito de personagens que se transformaram em autênticos ícones".

O resultado desse difícil equilíbrio é que "Wonderland" (ou "País das maravilhas, em tradução livre) se transforma em "Underland" (ou "País do Subterrâneo", em tradução livre) e a cor fica degradê em um lugar cujos habitantes se caracterizam por estarem totalmente loucos.

Não há mais que se fixar no insano e quase esquizofrênico Chapeleiro Louco interpretado por Johnny Depp, para se fazer uma ideia da reinterpretação de Tim Burton do clássico infantil.

"Ele faz coisas inesperadas, rompe padrões, passa da compaixão ao ódio e alterna em uma sucessão de emoções que leva a pensar que sofre algum tipo de transtorno de personalidade. Definitivamente, o Chapeleiro Louco está completamente louco", diz Depp à Agência EFE sobre seu personagem.


O Chapeleiro Louco de Johnny Depp está "completamente louco"

Para fazer mais evidentes essas mudanças de personalidade, o intérprete se atreveu com os sotaques e, algo mais difícil ainda para os atores americanos, com o sotaque escocês, que Depp já praticou em "Em Busca da Terra do Nunca", onde encarnava James Matthew, autor de "Peter Pan", outra das grandes parábolas sobre a infância junto a "As crônicas de Nárnia".

A maquiagem, com olhos coloridos de amarelo exagerados digitalmente entre 10% e 15%, o cabelo laranja e, sem dúvida, o chapéu, são os traços característicos do Chapeleiro Louco de Burton.

"Tudo o que contribui para perder mais de você mesmo e a se parecer mais com o personagem é sempre bem-vindo", afirma Depp. O ator confessa que mergulhou no personagem "depois", algo que só tinha feito antes com o capitão Jack Sparrow da saga de "Piratas do Caribe".

O ator e o diretor coincidiram pela primeira vez há 20 anos em "Edward Mãos-de-Tesoura". Desde então, trabalharam juntos em outros seis projetos. Segundo Burton, "assim que surgir o roteiro ideal, com um personagem que encaixe com ele, voltaremos a trabalhar juntos".

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/22/tim+burton+quer+que+alice+volte+a+surpreender+como+crianca+9465491.html
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Crítica: "Alice no País das Maravilhas" não é um triunfo de imaginação

"Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton, lembra um desfile de moda (ou melhor, lembra um desfile para quem, como eu, não entende a fundo de moda). Um espetáculo agradável aos olhos, mas frio, mecânico, artificial como os passos dos modelos. Uma sucessão de figuras exóticas com roupas idem, mas que não interagem para formar uma narrativa.

Um dos grandes diretores do cinema contemporâneo, Burton tem essa limitação recorrente na parte mais frágil de sua obra, em trabalhos como "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" e "Planeta dos Macacos"”. Existe um esforço tão grande para criar um visual arrebatador, para conceber personagens originais, que parece sobrar pouca energia para construir uma história interessante.


Versão de Tim Burton para "Alice" é mais aventureira do que fantástica

Em "Alice", o problema se repete. Burton conseguiu mais uma vez imprimir um olhar original para um universo já conhecido – como já havia feito nos dois primeiros filmes da série "Batman" ou em "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Em vez de simplesmente transpor para a tela os livros de Lewis Carroll sobre o personagem, o cineasta imaginou Alice voltando ao país das maravilhas já adulta, para escapar de um pedido de casamento que ela quer recusar.

Ali ela tem sua identidade questionada por seus antigos companheiros de aventuras. Será ela a Alice "verdadeira", a antiga Alice? Se for, então talvez ela seja capaz, com a ajuda do Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), de enfrentar um monstro terrível e tirar o país das maravilhas de um período de trevas, iniciado quando a Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter) tomou o poder da Rainha Branca (Anne Hathaway).

Burton imprime ao filme um tom mais aventureiro do que fantástico, mais "O Senhor dos Anéis" e menos a "Alice" da Disney. É um olhar original. Mas isso é apenas um ponto de partida, não é a garantia de um bom filme. Burton montou seus cenários fantásticos, criou seres incríveis para habitá-los. Mas não conseguiu lhes dar vida. Seus personagens se movem desarticuladamente, como marionetes nas mãos do diretor.


A atriz Helena Bonham-Carter injetou vida na Rainha Vermelha
 
Até mesmo Depp, que estabeleceu com Burton uma das parcerias mais frutíferas do cinema atual, está longe de sua habitual excelência. Seu Chapeleiro Maluco é apenas uma soma de trejeitos, uma caricatura exangue. Assim como a Rainha Branca criada por Hathaway. A única que consegue injetar um pouco de vida em seu personagem é Bonham-Carter, mulher de Burton na vida real.

O país das maravilhas de Burton não é aquele delírio lisérgico imaginado por Carroll, mas um universo paralelo criado pela própria Alice para escapar de uma existência conformada e previsível. Como outros filmes do cineasta, "Alice" é uma apologia da imaginação. Mas, infelizmente, não é um triunfo de imaginação.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2010/04/22/critica+alice+no+pais+das+maravilhas+nao+e+um+triunfo+de+imaginacao+9465482.html

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