Houve uma época em minha vida em que eu acreditava de tudo um pouco, inclusivem coisas do tipo. Hoje, em função de certas ocorrências em meu passado, embora não veja muito ou nenhum sentido nestas coisas, eu me deparo com um fato de meu passado, no mínimo, estranho que me ronda a mente. Eu, apesar de ainda um adolecente quase adulto, era bem remunerado em meu emprego, tinha uma namorada bonita e inteligente, frequentavas clubes badalados e então, de um instante para o outro, tudo começou a mudar drasticamente. Eu fui acometido de tuberculose, tendo várias crises de hemopetise "da braba", perdi o emprego E emagreci ao ponto de ficar parecendo um zumbí. Na verdade, eu me sentia mesmo um zumbi. Tive uma insônia "da braba", chegando a acumular ais de 96 horas sem conseguir tirar um mínimo cochilo. Quando eu fechava os olhos, eles tremiam e eu não os conseguia manter fechados por mais que míseros segundos, apesar da médica que me tratava afirmar que era simplesmente impossível ficar mais de 72 horas sem dormir. Peguei uma "ziquezira" "da braba", sendo atormentado por um prurido permanente e generalizado. Em função de tanto me coçar, fiquei com feridas e placas por todo o corpo, pelos quais minavam linfa. Meu rosto, aliás, uma boa parte de meu corpo descamava constantemente. Meus pais separavam tudo que eu usava, inclusiva as toalhas.
Por mais que eu mergulhasse em meu tratamento (quatro comprimidos antes e três após o desjejum, três comprimidos antes do almoço e uma injeção a tarde, fora o tratamento da insônia e da "ziquezira"), que se dava por meses, eu só pioráva. Então, num dia eu tive a oportunidade de consultar um "pai de santo", que, sob influência de um suposto espírito, disse que tudo pelo que eu passava era o resultado de uma feitiçaria "da braba" feita por uma "perna de calça" (homem na linguagem deles). Isso era muito estranho! Algumas mulheres até teriam motivos para me odiarem, mas homem! O suposto espírito me disse que o feitiço lançado era impossível de ser desfeito por outros meios senão, descobrindo quem o praticara, removendo qualquer ressentimento que eu pudesse ter (de verdade) e fazendo as pazes com ele. Achei tudo aquilo, "armagedonamente" falando, estranhíssimo.
Depois de algum tempo, eu acabei me lembrando que havia tido um desentendimento com um cara da rua em que morava, antes de tudo isso começar. Era um gay e, segundo alguns diziam, era também um bruxo. O desentendimento teria sido a causa de tudo aquilo? Ele teria feito "macumba" pra mim? E eu teria que fazer as pazes com ele? Que coisa, não!
No Natal ou Reveillon, não me lembro bem, ele passava por mim, em frente minha casa, então o chamei. Ele me olhou com aquela cara de assustado, como quem não estava entendendo nada, mas ainda sim, vei á mim. O cumprimentei com um forte abraço fraternal, lhe desejando todos os "s" para o próximo ano e coisa e tal. Apartir daí voltamos a nos falar. Não demorou muito e eu comecei a melhorar, ganhar peso, dormir melhor. A coceira foi desaparecendo e, em algumas semanas, recuperei o emprego que havia perdido. No ano seguinte me casei com a mesma garota que me aturara, mesmo com aquele quadro "medonho" instalado e vivemos felizes para sempre (nem tanto).
The End.