Estadão, edição de 25 de abril de 2010 | 1h 48No interior do Mato Grosso do Sul, um grupo de ufologistas busca extraterrestres e teme 2012Não é bem à velocidade da luz, mas sacolejando a 40 por hora em uma estrada de chão batido que se chega à fazenda Boa Sorte, em Corguinho, interior do Mato Grosso do Sul. O município de 4.370 habitantes, a 96 km da capital, Campo Grande, ganhou o nome da forma acaipirada com que os locais chamam o pequeno córrego que passa por ali. Corguinho anda muito mudado. Nos últimos anos, os agricultores e as comunidades quilombolas que povoam a região de relevo acidentado, matas verdes e céu límpido têm recebido estranhas visitas.
Um grupo de ufologistas firmou pouso ali, com o objetivo de observar e contatar seres extraterrestres. Em datas predeterminadas, excursões desembarcam centenas de curiosos, homens e mulheres de todas as idades e das mais variadas profissões, em busca de um contato imediato com os ETs. Esse tipo de turismo ecoufológico não é novidade no Brasil. A diferença, asseguram os organizadores do chamado Projeto Portal - liderado por Urandir Fernandes de Oliveira, um paulista que se diz paranormal e traz no próprio nome o acrônimo UFO -, é que a atividade-fim ali é outra. Eles estão determinados a erguer em pleno Centro-Oeste uma cidade-refúgio para a catástrofe planetária "prevista" no calendário maia para o ano de 2012 - tema do blockbuster hollywoodiano estrelado por John Cusack no ano passado.
Nós não estamos sós, é a mensagem que Urandir e seus seguidores querem passar ao mundo. Não são os únicos convictos, a julgar por uma pesquisa divulgada no último dia 8 pela agência Reuters. Feita pelo instituto francês Ipsos em 22 países que representam 75% do PIB mundial, ela concluiu que um em cada cinco cidadãos do mundo (20%) acredita que seres alienígenas vieram à Terra e caminham entre nós disfarçados de seres humanos. Como se o enredo da série cinematográfica Man in Black, com Will Smith e Tommy Lee Jones, transcorresse na vida real, das ruas. Nos números do Ipsos, o Brasil, com 24%, aparece como o sexto país em que as pessoas mais acreditam na ideia, empatado com os Estados Unidos. Os campeões são Índia (45%) e China (42%).
"Eles são seres de outras dimensões e a sua forma, assim como a de suas naves, é energética", explica um dos associados mais antigos do grupo, o instrutor de voo gaúcho Alexandre de Oliveira, de 42 anos. Embora nunca tenha visto um óvni durante o trabalho, Oliveira diz que sempre se impressionou com os relatos de "avistamento" feitos por colegas pilotos. E, embora luzes misteriosas no céu já o tenham intrigado durante a infância, considera ter visto sua primeira nave "com certeza" em Corguinho, há cerca de dez anos. Hoje, afirma ter "contatos presenciais frequentes" com ETs.
"Não somos místicos, nem uma seita religiosa, mas um grupo de pesquisa sobre o tema", resume Oliveira, cujo discurso, assim como o de boa parte dos participantes, tempera referências a pirâmides egípcias ou civilizações maias e astecas com teorias da física quântica moderna, como a de supercordas - que sugeriu a existência de 11 dimensões no universo, além da realidade tridimensional a que estamos acostumados. Tudo ao melhor estilo Eram os Deuses Astronautas?, best-seller do suíço Erich von Däniken que especulava, já em 1968, sobre a presença alienígena em registros de civilizações antigas.
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http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-et-de-corguinho,542765,0.htm