Autor Tópico: Postura contraditória da Escola Austríaca  (Lida 5650 vezes)

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Offline DDV

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Postura contraditória da Escola Austríaca
« Online: 05 de Maio de 2010, 14:36:11 »
Nas relações econômicas, o que é muito ofertado valerá menos do que o que é pouco ofertado.

No caso dos trabalhadores e empresários, a tendência é que haja mais trabalhadores e menos empresários na economia, o que por si só tende a ser uma desvantagem para os trabalhadores na hora de negociar salários. Mas isso não é a questão principal do tópico.

Os empresários ofertam seus bens no mercado. Quanto mais ofertantes houver, mais concorrência haverá, e menores os preços serão.

Idem com os trabalhadores: mais trabalhadores disponíveis aumenta a concorrência por empregos, o que puxa os salários para baixo.

Tanto os empresários, quanto os trabalhadores, podem se reunir em associações, de modo que a oferta de mã-de-obra (no caso dos trabalhadores) ou de produtos e serviços (no caso de empresários) possa ser melhjor controlada, atenuando-se a concorrência, o que puxa os salários (no caso dos trabalhadores) e preços (no caso dos empresários) para cima.

Aqui entra a postura contraditória da Escola Austríaca.

Os austríacos combatem e recriminam ferozmente as associações sindicais, alegando que permitem ganhos "irreais" por parte dos trabalhadores, o que é ruim para a atividade econômica, para os empreendimentos e, em última análise, para o emprego e a renda das pessoas. Defendem enfraquecimento ou mesmo extinção dos sindicatos, e defendem também a existência de um desemprego "natural" que serviria entre outras coisas para deixar o mercado de trabalho o mais concorrencial possível.

Porém, quando passam para o lado empresarial, a coisa muda radicalmente e diametralmente de figura: acham que
os cartéis e trustes são coisas "naturais" da economia, que combatê-los é inadequado, que faz parte da liberdade econômica poder se associar com outros para evitar a concorrência, e nega QUALQUER dano ou nocividade à economia e à sociedade decorrentes disso. O extremo oposto do que falam dos sindicatos!

Afinal, porque tamanha diferença de tratamento! Porque os empresários fazendo cartéis e trustes é considerado normal e não-nocivo, mas os trabalhadores associando-se em sindicatos é considerado péssimo para a economia e indesejável? Onde está a diferença entre os 2 casos?


Olhando essa diferença de tratamento, sem nenhuma justificativa lógica e empírica, começo a achar mais ainda que a Escola Austríaca não é séria.


 

 


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Offline DDV

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #1 Online: 05 de Maio de 2010, 15:06:27 »
Todos sabem perfeitamente que sem a concorrência, a oferta privada fica UMA MERDA.

Tudo de bom que a economia de mercado trás tem, entre seus maiores pilares, a concorrência.


Logo, chega a ser RIDÍCULO um austríaco defendendo privatizações até mesmo da segurança pública, alegando que a CONCORRÊNCIA melhora a qualidade, e ao mesmo tempo defendendo cartéis e trustes, que são formas de se acabar com a CONCORRÊNCIA!

Afinal, qual é a dos austríacos?!
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Offline Unknown

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #2 Online: 05 de Maio de 2010, 16:10:17 »
Afinal, porque tamanha diferença de tratamento! Porque os empresários fazendo cartéis e trustes é considerado normal e não-nocivo, mas os trabalhadores associando-se em sindicatos é considerado péssimo para a economia e indesejável? Onde está a diferença entre os 2 casos?
Resposta óbvia: porque os defensores da escola austríaca são os empresários!

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Offline Dbohr

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #3 Online: 05 de Maio de 2010, 16:56:24 »
Faça o que digo, não faça o que faço?

... I got nothing :-|

Offline Adriano

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #4 Online: 06 de Maio de 2010, 13:18:40 »
A polarização marxismos versus austríacos é uma boa deixa e um avanço sobre direita versus esquerda.


versus
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Offline Geotecton

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #5 Online: 06 de Maio de 2010, 14:15:12 »
Nas relações econômicas, o que é muito ofertado valerá menos do que o que é pouco ofertado.

No caso dos trabalhadores e empresários, a tendência é que haja mais trabalhadores e menos empresários na economia, o que por si só tende a ser uma desvantagem para os trabalhadores na hora de negociar salários. Mas isso não é a questão principal do tópico.

Os empresários ofertam seus bens no mercado. Quanto mais ofertantes houver, mais concorrência haverá, e menores os preços serão.

Idem com os trabalhadores: mais trabalhadores disponíveis aumenta a concorrência por empregos, o que puxa os salários para baixo.

Tanto os empresários, quanto os trabalhadores, podem se reunir em associações, de modo que a oferta de mã-de-obra (no caso dos trabalhadores) ou de produtos e serviços (no caso de empresários) possa ser melhjor controlada, atenuando-se a concorrência, o que puxa os salários (no caso dos trabalhadores) e preços (no caso dos empresários) para cima.

Aqui entra a postura contraditória da Escola Austríaca.

Os austríacos combatem e recriminam ferozmente as associações sindicais, alegando que permitem ganhos "irreais" por parte dos trabalhadores, o que é ruim para a atividade econômica, para os empreendimentos e, em última análise, para o emprego e a renda das pessoas. Defendem enfraquecimento ou mesmo extinção dos sindicatos, e defendem também a existência de um desemprego "natural" que serviria entre outras coisas para deixar o mercado de trabalho o mais concorrencial possível.

Porém, quando passam para o lado empresarial, a coisa muda radicalmente e diametralmente de figura: acham que
os cartéis e trustes são coisas "naturais" da economia, que combatê-los é inadequado, que faz parte da liberdade econômica poder se associar com outros para evitar a concorrência, e nega QUALQUER dano ou nocividade à economia e à sociedade decorrentes disso. O extremo oposto do que falam dos sindicatos!

Afinal, porque tamanha diferença de tratamento! Porque os empresários fazendo cartéis e trustes é considerado normal e não-nocivo, mas os trabalhadores associando-se em sindicatos é considerado péssimo para a economia e indesejável? Onde está a diferença entre os 2 casos?


Olhando essa diferença de tratamento, sem nenhuma justificativa lógica e empírica, começo a achar mais ainda que a Escola Austríaca não é séria.

Sem refletir quase nada sobre o assunto, eu arrisco afirmar que o único fator (desculpa?) para justificar esta diferença de tratamento seria o fato de que empresário tem um risco de negócio muito maior, pois dependendo da natureza de sua atividade e o modo como foi constituída sua personalidade jurídica, ele pode responder inclusive com seus bens pessoais.

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Offline DDV

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #6 Online: 06 de Maio de 2010, 14:35:01 »
Adriano, pare de poluir o tópico! NINGUÉM está falando de marxismo aqui.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Locke Cole

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #7 Online: 06 de Maio de 2010, 21:25:28 »
Uma outra possível desculpa é que os sindicatos costumam ser instituições formais, com endereço e hierarquia, enquanto cartéis costumam ser informais.

Também já li austríacos defendendo que é virtualmente impossível a existência de cartéis em um livre mercado sem que haja coerção (o que obviamente eles condenam).
« Última modificação: 06 de Maio de 2010, 21:28:23 por Locke Cole »

Offline Adriano

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #8 Online: 07 de Maio de 2010, 02:46:56 »
Adriano, pare de poluir o tópico! NINGUÉM está falando de marxismo aqui.


Os austríacos falam sobre o marxismo, são críticos destes. Logo os marxistas também são críticos dos austríacos.  :stunned:
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #9 Online: 07 de Maio de 2010, 11:23:02 »
Citar
A Crítica a da Escola Austríaca a Marx, mais-valia.

O economista austríaco Eugen Ritter von Böhm-Bawerk acredita que refutou a doutrina da Mais-valia no final do século XIX. Segundo Böehm-Bawerk o valor da produção que não é destinado ao pagamento dos salários existe como consequência da manifestação das preferências temporais dos capitalistas em relação ao processo intertemporal de produção.

Os produtos produzidos pelos trabalhadores só serão bens de consumo em certa quantidade de tempo. E como os salários são pagos antes do término do processo intertemporal de produção, muito do que é considerado lucro pela definição marxista deriva dos juros sobre os bens de consumo futuros (bens de capital). Isso ocorre porque, segundo Böehm-Bawerk, os juros existem devido aos seres humanos sempre preferirem ter um bem no presente do que ter esse mesmo bem no futuro. Os trabalhadores, que recebem os salários antes de que os bens de capital se transformem em bens de consumo, tem sua renda descontada por esse fator.

Outros economistas austríacos desenvolveram, já no início do século XX, a teoria de que os lucros e prejuízos líquidos (resultado do desconto dos juros e os fatores de risco sobre o lucro bruto), são resultado do ajuste incessante dos empresários às mudanças constantes no mercado. E que os lucros líquidos, somente são, em geral, maiores que os prejuízos quando o sistema econômico está em expansão e acumulando bens de capital. Isso ocorre porque um aumento da produção gera um aumento dos faturamentos que geram os lucros. Como os lucros aumentam (e também a produtividade marginal da mão de obra) a demanda por mão de obra aumenta e assim os salários sobem.

Diferentemente dos clássicos, para os austríacos os lucros líquidos sempre tendem a desaparecer ao longo do tempo porque os preços dos fatores de produção sobem com a aumento da demanda pelos mesmos que é justamente causada pelos lucros.

Muito familiar essa discussão.
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Offline Adriano

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #10 Online: 07 de Maio de 2010, 11:49:12 »
Citar
A crítica liberal ao marxismo

Os membros da escola austríaca foram os primeiros economistas liberais em criticar sistematicamente a escola marxista. Isto foi, em parte, uma reacção à Methodenstreit (controvérsia sobre a questão do método), quando atacaram as doutrinas hegelianas da escola histórica. Ainda que muitos autores marxistas têm tentado apresentar à escola austríaca como reacção burguesa a Marx, tal interpretação é insostenible: Carl Menger escreveu seus Princípios de economia quase ao mesmo tempo que Marx completava O capital. Os economistas austríacos foram, não obstante, os primeiros em enfrentar-se directamente com o marxismo, já que ambos tratavam de assuntos como o dinheiro, o capital, os ciclos económicos e os processos económicos. Eugen von Böhm-Bawerk escreveu críticas extensas de Marx nos anos 1880 e 1890, e vários marxistas prominentes (como Rudolf Hilferding) assistiram a seu seminário em 1905-1906. Suas obras mais destacadas ao respecto são A teoria da exploração e A conclusão do sistema marxiano.

Posteriormente existiu um debate entre Ludwig von Mises (discípulo de Böhm-Bawerk) e o economista marxista polaco Oskar Lange. Mises impactó profundamente nos planificadores soviéticos preocupados pela pouca consecución de seus objectivos, com uma observação, por então empírico-deductiva, pela qual o socialismo colapsaría ou dependeria eternamente de países estrangeiros capitalistas, ao não existir um mercado que determinasse os preços. Esta primeiro exposição voltar-se-ia uma obra completa titulada O socialismo. Mais tarde Mises estendeu-se para além da imposibilidad do cálculo económico no socialismo (problema observado com especial atenção por seu colega Max Weber em Economia e sociedade]]), atingindo sua crítica à mesma metodología marxista de interpretação histórica com sua análise do polilogismo clasista em Teoria e história. Oskar Lange, apreciando cuidadosamente a crítica miseana que por então se limitava ao socialismo em tanto tal e não a seu carácter de classe, propugnó uma economia socialista com um mercado estatal na que os preços fossem determinados segundo um método de ensaio e erro]], até achar um preço adequado. O debate entre ambos economistas continuou durante vários anos, até que Oskar Lange afirmou que von Mises tinha razão. No entanto, anos depois voltou a modificar seu ponto de vista, e defendeu a economia soviética assimilando o contribua de von Mises à análise da acção humana: a praxeología, mas sem explicar com ela toda a teoria económica. Esta tese seria proposta em seu livro Economia política. A resposta austríaca aos argumentos de Oskar Lange viu-se completada com a análise não-praxeológico e evolucionista de Friedrich Hayek, cujos escritos ao respecto foram compilados no livro Individualismo e ordem económica. Um amigo de Hayek, o epistemólogo Karl Popper, realizaria paralelamente uma crítica muito conhecida à filosofia social do marxismo, em um aspecto nuclear de dita doutrina: o historicismo. O filósofo matemático Bertrand Russell chamaria a atenção em que as obras de Popper referidas a Marx, A sociedade aberta e seus inimigos e A miséria do historicismo, resultam fundamentais para entender o liberalismo como doutrina política explicativa da sociedade capitalista em forma alternativa ao marxismo.

Economistas austríacos como Joseph Schumpeter têm revisado as origens do capitalismo e têm recusado a noção marxista de acumulación originaria como uma contradição autorreferente que requer capital inicial para a actividade de uma suposta burguesía violenta originaria. Em O capitalismo e os historiadores, Hayek junto a T.S. Ashton, Louis Hacker e outros historiadores do progresso tecnológico, propõem uma relectura não-marxista da história do desenvolvimento do capitalismo, em particular a Revolução Industrial. Conquanto sempre tinha existido uma interpretação histórica alternativa à marxista, tanto de factos como de teoria, na obra de sociólogos anteriores e posteriores a Marx (Tocqueville, Weber, etc.), nunca se tratou como em meados do século XX de fundamentar desde o liberalismo uma visão capitalista do progresso histórico para a complejización progressiva da divisão do trabalho, a expansão indefinida do mercado e o número crescente de classes sociais em cooperação orgânica.

Importantes economistas neoliberales, como Gary Becker e James Buchanan, compartilham o individualismo metodológico com os liberais austríacos, mas a diferença destes partem das premisas neoclásicas da teoria da eleição racional, cuja raiz antropológica está no homo oeconomicus como visão estreita do egoísmo, e que já está presente ao realismo político de Maquiavelo, Spinoza e os "Federalistas" Hamilton, Madison e Jay; também adoptam um critério de eficiência económica entendido como óptimo paretiano, porquanto dentro da história do pensamento económico sua fonte dentro da revolução marginalista não é a vertente ordinal de Menger/Böhm-Bawerk senão os ramos cardinales de Walras/Pareto e Jevons/Marshall. A microeconomía por eles criada é, em síntese com a macroeconomía fundada por Frisch e Keynes, o paradigma dominante em termos de Kuhn: a chamada economia matemática. Todos estes autores, naturalmente, replicaram em seus próprios termos "economicistas" às fontes e à interpretação próprias da visão histórico-tecnológica do marxismo. No entanto, a diferença das escolas económicas que, como a austríaca, se enfrentaram doctrinalmente ao marxismo, o mainstream neoclásico nunca aderiu a uma filosofia social ou política específica, e sua atitude para Marx tem sido de cuasi indiferença, inclusive com respeito aos mesmos clássicos. Em seus Ensaios sobre a persuasión Keynes chegaria a dizer que O capital era "um manual obsoleto" ao qual não só encontrava "cientificamente equivocado senão ademais sem interesse ou aplicação para o mundo moderno". Conquanto cabe mencionar que Keynes jamais mostrou demasiado interesse pelos clássicos, aos que às vezes citava incorrectamente como foi o caso com Jean-Baptiste Say, este desdén seria comum a todo o espectro do paradigma matemático, e paradoxalmente reverter-se-ia a fins do século XX com o trato atento que seus membros mais liberais dariam ao marxismo: é o caso de economistas como Thomas Sowell e filósofos como Robert Nozick. Um exemplo importante é o do institucionalista Douglass North cujo estudo clássico O nascimento do mundo ocidental: uma nova história económica tem sido tido muito em conta entre os historiadores marxistas.

Em contraposição à antropologia do americano Lewis H. Morgan que Marx e Engels fizeram sua em O orígen da família e segundo a qual todas as economias comunitárias primitivas teriam sido comunistas (hipóteses que o mesmo historiador marxista Eric Hobsbawn tem considerado consequência de um pobre conhecimento da prehistoria), o liberalismo se nutriu da antropologia de diferentes autores e historiadores como Denman W. Ross, Alfred Irving Hallowell, H. Ian Hogbin, Bronisław Malinowski ou Fustel de Coulanges, autor de A cidade antiga. Esta visão da origem da propriedade privada foi resumida na obra do historiador Richard Pipes Propriedade e liberdade.

Diversos autores marxistas têm oferecido nos anos posteriores respostas aos argumentos capitalistas de livre mercado. Enquanto alguns defendem modelos de socialismo de mercado mais refinados que o de Oskar Lange (por exemplo, David Schweickart), outros consideram ainda que é possível estabelecer uma economia socialista sem mercado. Neste último grupo pode-se diferenciar entre os que sustentam que o método de cálculo no socialismo deve realizar segundo a teoria do valor trabalho]] e os que sustentam que o valor trabalho só existe nas sociedades capitalistas. Actualmente a crítica mais refinada da escola austríaca ao socialismo em todas suas variantes tem sido realizada por Jesús Huerta de Soto em seu livro Socialismo, cálculo económico e função empresarial.

Ao respecto das raízes comuns do liberalismo e o marxismo na Ilustração não todas são observações optimistas. Pensadores dispares de certa orientação comunitarista, entre os que se pode contar a Zygmunt Bauman e Michel Houellebecq, têm chamado a atenção a respeito de que o conceito liberal-popperiano de 'historicismo' dever-se-ia aplicar em grande parte na contramão do mesmo liberalismo. O economista da desenvolvo Albert Ou. Hirschman destaca em Retóricas da intransigencia que "a afinidad básica entre estas duas teorias [o liberalismo e o marxismo] em aparência opostas demonstra-se pelo jeito que a linguagem da futilidad é comum a ambas. Marx é aqui uma excelente testemunha. Imediatamente após ter proclamado sua descoberta da 'lei do movimento', escreve em seu prefacio que a sociedade moderna 'não pode saltar acima das fases naturais (naturgemässe) de desenvolvimento, nem as abolir por decreto'. A futilidad, tal como a expõe o cientista social que tem um conhecimento privilegiado das chamadas leis do movimento, consiste aqui na tentativa de mudar ou estorvar sua operação, enquanto em Pareto e Stigler a futilidad brota por tanto do vão esforço por pisotear alguma constante básica."

A acção política liberal fundamentada à moda de Karl Popper e Friedrich Hayek sobre a ideia neosocrática de diálogo plural de ideias políticas, une o evolucionismo de Adam Smith e a tolerância propugnada por John Stuart Mill, e estabelece à estrutura económica burguesa como único marco até o presente que possibilitaria dito diálogo racional, tese compartilhada e explicitada formalmente pelo liberal-conservador Kenneth Minogue em A teoria pura da ideologia, trabalho em cuja tese se investem os termos respecto da noção marxista de ideologia. Em contraste com a doutrina popperiana, mas partindo criticamente dos mesmos ideais da modernidad ilustrada, o filósofo Jürgen Habermas escreveria sua obra mais importante: Teoria da acção comunicativa em onde assimilaria em uma mesma posição socialista a análise marxista e weberiano, e que seria de grande influência sobre a socialdemocracia contemporânea.

A ideia seminal de "sociedade aberta" descoberta por Popper tem sido utilizada em pró e na contramão da concepção que Marx tinha do "materialismo histórico", mas sua verdadeira relevancia reside em ter reinsertado noções liberais, com peso de causalidad sociológica e até económica, na discussão dos problemas da acção política do marxismo e da realização de um socialismo com genuina participação operária. Sem necessidade de derivar em uma apologética capitalista, o eixo do debate voltou assim a enfocarse sobre questões sociopolíticas como ser o planejamento central sobre uma vida civil unificada que possa estar ao mesmo tempo sujeita a um poder de massas cujo prerrequisito seja a posiblidad do pluralismo, e a necessidade de assegurar as condições institucionais para a liberdade de expressão individual em uma organização económica colectivista.
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Offline DDV

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #11 Online: 07 de Maio de 2010, 13:05:05 »
Adriano, pare de poluir o tópico! NINGUÉM está falando de marxismo aqui.


Os austríacos falam sobre o marxismo, são críticos destes. Logo os marxistas também são críticos dos austríacos.  :stunned:


O problema é que enquanto a Escola Austríaca é um BMW com um pneu furado, o marxismo é uma carroça tomada de cupins. Não há lugar e nem cabimento em falar do marxismo nesse tópico. Falem de escolas econômicas que prestem (keynesianismo, Escola de Chicago, etc)
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Adriano

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #12 Online: 07 de Maio de 2010, 13:14:53 »
Adriano, pare de poluir o tópico! NINGUÉM está falando de marxismo aqui.


Os austríacos falam sobre o marxismo, são críticos destes. Logo os marxistas também são críticos dos austríacos.  :stunned:


O problema é que enquanto a Escola Austríaca é um BMW com um pneu furado, o marxismo é uma carroça tomada de cupins. Não há lugar e nem cabimento em falar do marxismo nesse tópico. Falem de escolas econômicas que prestem (keynesianismo, Escola de Chicago, etc)

Os principais críticos e consequentemente as melhores críticas aos austríacos vem do marxismo. Logo estará papagaiando o que os marxista dizem sobre eles. Assim como faz com relação ao marxismo, se torna um papagaio dos austríacos. Quer debater o que já foi debatido apesar de se colocar na posição dialética de sintese (citada por você como centrismo). Está querendo reinventar a roda.  :duh:

Não fique preso nos automóveis, na estamos na era dos aviões.  :aviao:
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Offline DDV

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #13 Online: 07 de Maio de 2010, 14:29:46 »
Adriano, pare de poluir o tópico! NINGUÉM está falando de marxismo aqui.


Os austríacos falam sobre o marxismo, são críticos destes. Logo os marxistas também são críticos dos austríacos.  :stunned:


O problema é que enquanto a Escola Austríaca é um BMW com um pneu furado, o marxismo é uma carroça tomada de cupins. Não há lugar e nem cabimento em falar do marxismo nesse tópico. Falem de escolas econômicas que prestem (keynesianismo, Escola de Chicago, etc)

Os principais críticos e consequentemente as melhores críticas aos austríacos vem do marxismo. Logo estará papagaiando o que os marxista dizem sobre eles. Assim como faz com relação ao marxismo, se torna um papagaio dos austríacos. Quer debater o que já foi debatido apesar de se colocar na posição dialética de sintese (citada por você como centrismo). Está querendo reinventar a roda.  :duh:

Não fique preso nos automóveis, na estamos na era dos aviões.  :aviao:


Desconheço essas "melhores críticas" vindas do marxismo, e até mesmo duvido que existam. Quase nada no marxismo presta, afinal de contas.

A Escola Austríaca é meio marginal no mainstrean da economia, e defende teses exóticas. Mas mesmo assim ainda dá de 1000 a zero no marxismo. Foram os austríacos os primeiros a refutarem as teses de Marx da mais-valia e valor-trabalho, ainda no século XIX.

Conta-se (ainda não vi confirmação disso) que Marx desistiu de publicar o Livro 3 de O Capital apos tomar contato com os escritos de Menger, e que foi Engels quem resolveu publicá-los após a morte de Marx.




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Offline Luiz Souto

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #14 Online: 07 de Maio de 2010, 16:35:14 »
Aqui entra a postura contraditória da Escola Austríaca.

Os austríacos combatem e recriminam ferozmente as associações sindicais, alegando que permitem ganhos "irreais" por parte dos trabalhadores, o que é ruim para a atividade econômica, para os empreendimentos e, em última análise, para o emprego e a renda das pessoas. Defendem enfraquecimento ou mesmo extinção dos sindicatos, e defendem também a existência de um desemprego "natural" que serviria entre outras coisas para deixar o mercado de trabalho o mais concorrencial possível.

Porém, quando passam para o lado empresarial, a coisa muda radicalmente e diametralmente de figura: acham que
os cartéis e trustes são coisas "naturais" da economia, que combatê-los é inadequado, que faz parte da liberdade econômica poder se associar com outros para evitar a concorrência, e nega QUALQUER dano ou nocividade à economia e à sociedade decorrentes disso. O extremo oposto do que falam dos sindicatos!

Afinal, porque tamanha diferença de tratamento! Porque os empresários fazendo cartéis e trustes é considerado normal e não-nocivo, mas os trabalhadores associando-se em sindicatos é considerado péssimo para a economia e indesejável? Onde está a diferença entre os 2 casos?


Olhando essa diferença de tratamento, sem nenhuma justificativa lógica e empírica, começo a achar mais ainda que a Escola Austríaca não é séria.

A questão é esta , DDV: a postura da EA é ideológica e não lógica ( ou científica).
Em última análise representa uma resposta ao sindicalismo , que por sua vez é uma consequencia natural da competição entre trabalhadores e empregadores. Como você mesmo ressaltou há a tendência da concentração dos produtores e da ampliação dos trabalhadores , que tende a reduzir os salários. A contraposição desta tendência se dá por mudança na correlação de forças entre patronato e trabalhadores , onde o sindicato é o instrumento para evitar a queda dos salários ; quem diz correlação de forças diz política e é no campo político que ocorre o confronto entre patronato e trabalhadores.
Quando a EA se contrapõe à ação associativa sindical mas não à ação associativa patronal ela está apenas dando um estofo "científico" à luta política patronal. Daí também a postura despolitizadora da EA , que procura reduzir toda a interação entre os diversos grupos sociais à lei do mercado ( na verdade  , gerando uma caricatura da sociedade como de indivíduos que só se relacionam como se mercadores fossem) , mas omite o aumento do poder político causado pela cartelização.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Feliperj

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Re: Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #15 Online: 08 de Agosto de 2015, 01:19:18 »
Todos sabem perfeitamente que sem a concorrência, a oferta privada fica UMA MERDA.

Tudo de bom que a economia de mercado trás tem, entre seus maiores pilares, a concorrência.


Logo, chega a ser RIDÍCULO um austríaco defendendo privatizações até mesmo da segurança pública, alegando que a CONCORRÊNCIA melhora a qualidade, e ao mesmo tempo defendendo cartéis e trustes, que são formas de se acabar com a CONCORRÊNCIA!

Afinal, qual é a dos austríacos?!

Post antigo!!

Na realidade, para os Austriacos só é possível a formação dos cartéis e trustes verdadeiros (com prejuizo para os consumidores) em mercados com intervenção e ou regulação estatal. Em um estado de Laissez-faire, tais "cartéis" só poderão sobreviver se forem eficientes do ponto de vista do atendimento aos consumidores, caso contrário irão se desmantelar ou um novo entrante irá dasmantelá-lo.

Ou seja, é importante lembrar que toda a teoria Austríca tem como base o Laissez-faire. Não temos como pensar na defesa de sindicatos ou carteis pela escola austriaca em sistemas intervencionistas e altamente regulados como o brasileiro.

Já um sindicato, irá sempre atuar para garantir benefícios de grupos, em detrimento do restante, dado que ele não tem compromisso com os consumidores e com os demais sindicatos (e isso em qualquer ambiente).


http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2049

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1728
« Última modificação: 08 de Agosto de 2015, 01:21:30 por Feliperj »

Offline AlienígenA

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Re:Postura contraditória da Escola Austríaca
« Resposta #16 Online: 08 de Agosto de 2015, 08:33:16 »
Porque sindicatos sujeitam o mercado enquanto trustes e cartéis, em tese, se sujeitam a ele, já que o consumo, exceto de bens e serviços essenciais, não é obrigatório, enquanto a mão de obra é essencial.

 

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