Nas relações econômicas, o que é muito ofertado valerá menos do que o que é pouco ofertado.
No caso dos trabalhadores e empresários, a tendência é que haja mais trabalhadores e menos empresários na economia, o que por si só tende a ser uma desvantagem para os trabalhadores na hora de negociar salários. Mas isso não é a questão principal do tópico.
Os empresários ofertam seus bens no mercado. Quanto mais ofertantes houver, mais concorrência haverá, e menores os preços serão.
Idem com os trabalhadores: mais trabalhadores disponíveis aumenta a concorrência por empregos, o que puxa os salários para baixo.
Tanto os empresários, quanto os trabalhadores, podem se reunir em associações, de modo que a oferta de mã-de-obra (no caso dos trabalhadores) ou de produtos e serviços (no caso de empresários) possa ser melhjor controlada, atenuando-se a concorrência, o que puxa os salários (no caso dos trabalhadores) e preços (no caso dos empresários) para cima.
Aqui entra a postura contraditória da Escola Austríaca.
Os austríacos combatem e recriminam ferozmente as associações sindicais, alegando que permitem ganhos "irreais" por parte dos trabalhadores, o que é ruim para a atividade econômica, para os empreendimentos e, em última análise, para o emprego e a renda das pessoas. Defendem enfraquecimento ou mesmo extinção dos sindicatos, e defendem também a existência de um desemprego "natural" que serviria entre outras coisas para deixar o mercado de trabalho o mais concorrencial possível.
Porém, quando passam para o lado empresarial, a coisa muda radicalmente e diametralmente de figura: acham que
os cartéis e trustes são coisas "naturais" da economia, que combatê-los é inadequado, que faz parte da liberdade econômica poder se associar com outros para evitar a concorrência, e nega QUALQUER dano ou nocividade à economia e à sociedade decorrentes disso. O extremo oposto do que falam dos sindicatos!
Afinal, porque tamanha diferença de tratamento! Porque os empresários fazendo cartéis e trustes é considerado normal e não-nocivo, mas os trabalhadores associando-se em sindicatos é considerado péssimo para a economia e indesejável? Onde está a diferença entre os 2 casos?
Olhando essa diferença de tratamento, sem nenhuma justificativa lógica e empírica, começo a achar mais ainda que a Escola Austríaca não é séria.