Autor Tópico: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente  (Lida 895 vezes)

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Offline Geotecton

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Este tópico objetiva discutir os motivos que levaram ao crescimento histórico diferencial entre países que podem possuir uma ou mais características semelhantes.

P. explo.  EUA e Brasil. Ambos ficam na América, tem territórios de dimensões e potenciais semelhantes (para efeito de análise inicial) e ambos tem aproximadamente o mesmo período de "vida independente" (234 e 188 anos, respectivamente). Porque a diferença brutal entre eles?
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Offline Adriano

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #1 Online: 04 de Junho de 2010, 11:29:21 »
Principalmente devido aos seus colonizadores. EUA com a Inglaterra que foi um grande império dos mares e o Brasil com Portugal que foi uma tentativa de império europeu.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline André Luiz

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #2 Online: 04 de Junho de 2010, 14:35:09 »
EUA: Ocupaçao de territorio

Brasil: Colonia de exploraçao

EUA: Prote$$tante

Brasil: carola, ser pobre é lindo

Offline Zeichner

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #3 Online: 04 de Junho de 2010, 15:05:27 »
Só o fato do protestantismo não explica o sucesso americano.

Basicamente, o início da colonização deles foi uma tentativa de socialismo cristão, onde todos, juntos, irmanados, construiriam juntos um país de justiça social, onde todos trabalhariam o que se precisa para si e para os outros. Este sonho de harmonia terminou, como sempre, em merda.
As primeiras colônias foram um fracasso, porque todos queriam as benesses e ninguém queria ficar trabalhando para alimentar desocupado.

Então, foi nomeado um novo chefe da colônia, que acabou com tudo e definiu o direito à propriedade privada e a liberdade econômica de comercializarem com quem queriam. Isso fez com que a colônia progredisse instantâneamente, porque todos estavam tentando fazer uma vida melhor para si, mas, incrível como isto causa o efeito colateral de que o bem-estar geral da população melhorou muito.

Este interesse pelo privado, e não o público, culminou contra as taxas dos produtos da inglaterra, o famoso caso de jogar o chá do navio. Eles não aceitavam ficar bancando governos que não se interessavam nem um pouco por eles, e se revoltaram, criando a primeira revolução popular bem sucedida, pelo fato de que tentaram diminuir a influência do governo, e não trocar uma aristocracia por ditaduras, como foi a revolução francesa.

Enfim, a constituição americana foi o molde de restringir a influência do governo e da religião na vida privada. Os fundadores da pátria eram em muitos casos céticos, e tentaram a criação de um estado leigo, onde o indivíduo pudesse ter a religião, ideologia ou pensasse qualquer merda que fosse, mas que o governo não poderia em hipótese alguma fazer isso.

A liberdade americana de pensar, de construir e de possuir levou o país a ser a maior potência mundial. Isso porque o americano típico odeia governos em geral, o que é uma boa conduta.

No Brasil? A colonização manteve todos os vícios da estrutura burocratizante, corrupta e ineficiente de Portugal, junto com a influência perniciosa da religião "oficial" que perdura até hoje. A idéia de extrativismo é meia-verdade, porque o grosso das receitas portuguesas com as colônias é graças ao monopólio estatal de comércio e da industrialização, que manteve o país estagnado nas atividades primárias por séculos. Monopólio estatal extremamente enraigado no pensamento dos grupos do poder desde sempre, seja coronéis ou principalmente dos sindicalistas que se aproveitam das benesses estatais para impedir a concorrência.

Enfim, o que faltou no Brasil foi capitalismo e estado leigo. POderia ter acontecido nos Estados Unidos também, se não fosse por causa de algumas almas iluminadas que perceberam que jamais seriam capazes de serem tão iluminados a ponto de saber de tudo quando estivessem no governo.

Offline Derfel

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #4 Online: 04 de Junho de 2010, 16:25:20 »
O Zeichner já disse boa parte do que eu pensava, mas gostaria de fazer umas colocações. Primeiro é que, no Brasil, pelo menos nos primeiros momentos, o processo de colonização não foi igual em todo o território. O modelo que se escolheu aqui, através das capitanias hereditárias, reproduzia um sistema feudal português, agravado pelo fato dos donatários nem pisarem no território. No final serviam apenas como colônia de exploração. A exceção foi Pernambuco. Duarte Coelho conseguiu estruturar uma colônia viável, deixando de lado o extrativismo e a procura por riquezas fáceis como o El Dorado, investido na cana de açúcar. Se não tivessem passado a perna nele e tomado sua capitania, acho que a geopolítica poderia ser outra.

Offline calvino

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #5 Online: 04 de Junho de 2010, 18:59:00 »
Os fundadores da pátria eram em muitos casos céticos,

De onde você tirou essa informação? Sempre ouví dizer (e lí) exatamente o contrário.


Citar
e tentaram a criação de um estado leigo, onde o indivíduo pudesse ter a religião, ideologia ou pensasse qualquer merda que fosse, mas que o governo não poderia em hipótese alguma fazer isso.

Um estado laico? Isso deve ser natural pois foram os protestantes que difundiram a idéia do laicismo pela Europa e os puritanos americanos devem tê-la trazido de lá.

Mas sempre lí sobre a influência da Bíblia em suas leis e decisões judiciais.
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline Zeichner

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #6 Online: 04 de Junho de 2010, 19:32:38 »
Rodrigo Constantino

A Revolução Americana representa o experimento mais liberal, em grande escala, que se tem conhecimento até hoje. Os ideais representados pelos “pais fundadores” da nação ajudaram a criar um ambiente de ampla liberdade individual, incluindo a religiosa. Alguns conservadores da direita cristã, entretanto, tentam reescrever a história de seu país, transformando tudo num projeto cristão. O ex-presidente Bush encarna esta imagem com perfeição, misturando os temas da fé com os do governo.

Preocupada com esta deturpação dos fatos, Brooke Allen escreveu Moral Minority, um livro que enaltece a postura cética dos principais “pais fundadores”. Ela argumenta que a nação americana não foi fundada nos princípios cristãos, e que a elite responsável tanto pela independência quanto pela Constituição era filha do iluminismo que florescia em sua época. Em suma, os “pais fundadores” eram herdeiros de Locke, não de Cristo.

Os massacres e perseguições religiosas que marcaram a Reforma na Europa eram muito recentes ainda, e os “pais fundadores” estavam determinados a evitar algo parecido. Unificar as diferentes seitas existentes nas colônias era um desafio. A religião deveria ser vista como uma questão pessoal, subjetiva, que ficaria fora da arena pública da política. Figuras de destaque, como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e James Madison, avançariam na idéia de “tolerância religiosa” de Locke, para pregar, de fato, a liberdade religiosa. Um muro seria erguido entre o Estado e a religião.

Brooke Allen seleciona alguns dos mais importantes “pais fundadores” e faz uma análise meticulosa de suas visões religiosas, especialmente por meio de cartas particulares trocadas por eles. É preciso lembrar que eles eram figuras públicas, com objetivos políticos, vivendo numa época em que certos dogmas nem sequer eram questionados pelas massas. Assumir uma postura mais radical sobre um tema tão delicado como religião poderia ser fatal para as ambições políticas de alguém. Mesmo assim, as declarações públicas desses homens demonstram como suas crenças sofreram forte influência iluminista. Algumas afirmações seriam impensáveis até nos dia de hoje, por conta de um preocupante retorno do misticismo.

Benjamin Franklin, um dos mais respeitados “pais fundadores”, fora criado como um Presbiteriano, mas reconhecia que o importante eram poucas regras de bom senso comuns a todas as religiões. Ele não era freqüentador assíduo de igrejas, admitia que a “revelação” não havia o influenciado, e dizia respeitar todas as diferentes religiões. Para ele, o relevante eram as ações dos homens, boas ou más, e não seus pensamentos. Sua visão religiosa era bastante utilitarista. Além disso, ele negava o monopólio da verdade a qualquer seita, preferindo uma postura de modéstia. Palavras como “certeza” eram evitadas por Franklin, que adotava um método mais socrático. Jesus teria sido um importante pensador, mas Franklin tinha dúvidas sobre sua divindade, e não parecia se importar muito com isso. Para ele, esta era uma questão indiferente. Alguém pode imaginar uma interseção entre os fundamentalistas cristãos da direita americana atual e Benjamin Franklin?

O primeiro presidente americano, general George Washington, encarava a religião como algo bastante pessoal também. Poucas crenças simples bastavam para um bom convívio social, e Washington não era chegado a adorações religiosas. No leito de sua morte, Washington rejeitou a presença de um padre, contrário aos hábitos cristãos. John Adams defendia mais abertamente a separação entre religião e política. Adams mantinha uma postura mais pessimista em relação à natureza humana, e acreditava que as paixões como vaidade, orgulho, avareza e ambição iriam sempre predominar sobre a moralidade ou a religião, Sua visão do clero não era positiva de forma alguma. Adams reconheceu, após muita leitura sobre teologia, que pouca importância havia ali, e que suas crenças, inalteradas por décadas, poderiam ser resumidas nas palavras “ser justo e bom”. Enfim, uma tolerância universal que não depende do credo religioso de cada um.

Thomas Jefferson foi um dos “pais fundadores” mais radicais contra a interferência da religião na vida política. Difamado como o Voltaire de Virgínia pelos seus opositores, Jefferson defendia o escrutínio científico sobre qualquer assunto, incluindo religião. O Estatuto de Virgínia pela Liberdade Religiosa, escrito por ele, era um documento radical para a época, que acabou servindo como modelo para a separação entre governo e igreja depois. As crenças religiosas deveriam ser da esfera individual; ninguém é agredido pelo que o vizinho pensa sobre deuses e fé. Para Jefferson, em todos os países os padres foram hostis à liberdade, sempre em alianças com o déspota, garantindo proteção em troca. Em uma carta ao seu sobrinho, Jefferson sugeriu que a Bíblia fosse lida como se lê Tácito ou Lívio. A sua própria razão deveria guiá-lo, rejeitando preconceitos e crenças de todos os lados. Jefferson pensava que as diferentes religiões convergiam na essência, em regras básicas de convívio em sociedade, mas que lutas sangrentas eram travadas por causa de seus dogmas, totalmente irrelevantes para o bem-estar geral. Pessoas boas existem em todas as religiões, e isso é o importante, não as religiões em si. Jefferson se considerava um seguidor de Epicuro.

O amigo de Jefferson, James Madison, também considerava totalmente errado o governo se meter em religião. Uma pequena interferência seria uma grave usurpação de direitos. Para Madison, a humanidade achava mais confortável crer num deus, e isso era o máximo que poderia ser dito sobre o assunto. Cada seita deveria conviver pacificamente com as demais, e um monopólio seria um grande perigo. Por este motivo, Madison não aceitava a idéia da América se definir como uma nação cristã. A maioria poderia seguir a fé cristã, mas isso não dava o direito de ela interferir no pensamento das minorias. O legado cristão, para Madison, era de indolência do clero, servilismo dos leigos, e muita perseguição. O “pai da Constituição” pregava que tanto a religião quanto o governo seriam mais puros se não se misturassem.

Thomas Paine era, sem dúvida, o mais radical dos “pais fundadores” nos discursos, talvez porque não tivesse ambições políticas e podia falar o que pensava abertamente. O autor de Common Sense chegou a ser preso na França por apoiar a Revolução Francesa, que claramente cometeu excessos condenáveis, em parte como reação aos excessos absurdos da própria Igreja Católica no país. Em The Age of Reason, Thomas Paine abre fogo direto contra os diferentes credos religiosos que espalhavam intolerância entre os indivíduos.

O que Brooke Allen mostra no livro é como os principais “pais fundadores” beberam da fonte iluminista, que permitiu um grande avanço das liberdades religiosas. O cristianismo não é o responsável por isto, pois enquanto teve o poder político, não havia espaço nem liberdade para outras seitas. Uma das melhores ilustrações da influência iluminista na nova nação foi o Tratado de Tripoli, assinado em 1797, declarando com todas as letras que o governo dos Estados Unidos não era, de forma alguma, fundado na religião cristã. O documento foi apoiado pelo então presidente John Adams, e foi ratificado no Senado por unanimidade. É bom lembrar que, após centenas de votações já realizadas no Senado até então, esta foi apenas a terceira com votação unânime.

Segundo seus próprios fundadores, portanto, os Estados Unidos eram um produto do iluminismo, não da religião cristã. O filósofo John Locke merece mais crédito que Cristo por esta experiência revolucionária, que garantiu uma liberdade individual jamais antes vista na história da humanidade. O que a direita cristã deseja, portanto, não é um resgate aos valores pregados pelos “pais fundadores” dos Estados Unidos, mas um retrocesso aos tempos medievais, onde religião e governo eram coisas totalmente misturadas, e não havia liberdade religiosa alguma.

http://rodrigoconstantino.blogspot.com

Offline Zeichner

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #7 Online: 04 de Junho de 2010, 19:35:26 »
Os pais fundadores americanos eram iluministas inspirados em Voltaire e Locke. Não poderíamos considerá-los ateus no sentido atual do termo, mas eram bem céticos sobre o poder da religião. Logo, o estado americano cresce por não se atrelar a nenhuma religião "oficial", ao mesmo tempo que permite que muitos grupos perseguidos no velho continente, como os puritanos e judeus, se fixassem no país.

Exemplo de tolerância religiosa. O país cresceu por permitir liberdade religiosa, justamente  por não ser um estado religioso.

Offline Mr. Mustard

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #8 Online: 04 de Junho de 2010, 22:08:12 »
EUA: Ocupaçao de territorio

Brasil: Colonia de exploraçao

EUA: Prote$$tante

Brasil: carola, ser pobre é lindo

Objetivo e certeiro. :ok:

Offline André Luiz

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #9 Online: 05 de Junho de 2010, 11:34:28 »
Mas sempre se le que os pais fundadores eram maçons

Offline Zeichner

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Re: Economia e História - Motivos para que os países cresçam diferencialmente
« Resposta #10 Online: 05 de Junho de 2010, 16:39:33 »
Aí que está. maçonaria até pode, mas meio como um clube exclusivo. Inspiração cristã está claro que não foi.

 

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