Cada vez é mais longa a estrada para a idade adulta nos EUAUm número cada vez maior de americanos leva mais tempo para completar os estudos, casar-se e ter filhosA geração dos baby boomers (nascida no pós-Segunda Guerra) há muito é considerada aquela que não quis crescer, formada por adolescentes eternos mesmo quando chega à idade de receber aposentadoria da Previdência Social. Agora, inúmeras pesquisas mostram que a geração Peter Pan de verdade não foi aquela, mas sim as que vieram depois. Para muitos, por escolha ou circunstância, a independência já não começa aos 21 anos.
Dora Hughes completou seus estudos aos 30 anos. Ela se casou no ano passado e está grávida de seu primeiro filho aos 39 anosDa nova lei do governo Obama, que permite que filhos de até 26 anos permaneçam na assistência médica dos pais, ao aumento no número de mulheres de 35 anos ou mais que se tornam mães pela primeira vez, cientistas sociais dizem que a vida dos jovens adultos mudou profundamente.
Pessoas entre 20 e 34 anos demoram mais para terminar sua educação, estabelecer sua carreira, casar, ter filhos e se tornar financeiramente independentes, disse Frank F. Furstenberg, que lidera a pesquisa sobre o período de transição para a vida adulta da Fundação MacArthur, formada por uma equipe de pesquisadores que tem estudado essa transformação.
Estudos nacionais revelam que a grande maioria dos americanos, incluindo jovens adultos mais novos, concorda que as pessoas deveriam concluir seus estudos entre os 20 e 22 anos, começar a trabalhar e viver por conta própria. Mas, na prática, muitas pessoas na faixa dos 20 e 30 anos ainda não cumpriram essa meta tradicional.
Pela primeira vez, a maioria das mães, 54%, tem educação superior, um aumento significativo em comparação com os 41% de 1990. A idade média do primeiro casamento era 23 anos em 1980, agora é 27 para homens e 26 para mulheres, a idade mais alta a ser registrada no país.
Mais educação significa que as crianças precisam depender financeiramente de seus pais. Adultos entre 18 e 34 anos recebem em média US$ 38 mil em dinheiro e o equivalente a dois anos de trabalho de seus pais, ou 10% de sua renda, de acordo com a Fundação MacArthur.
No final dos anos 1990, o padrão de gastos dos pais começou a mudar para que o fluxo de dinheiro fosse maior quando seus filhos fossem muito jovens ou estivessem na faixa dos 20 anos de idade.
Mais pessoas na faixa etária dos 20 anos também vivem com os pais. Cerca de um quarto dos homens brancos de 25 anos viviam com os pais em 2007 - antes da recessão - em comparação com um quinto em 2000 e menos de um oitavo em 1970.
A contribuição dos pais não apenas dificulta ainda mais a difícil vida das famílias pobres ou de classe média, argumentam os pesquisadores, mas também afeta instituições que tradicionalmente apoiam os jovens nesse período, como faculdades sem campus para moradia e programas nacionais de serviços.
"Não desenvolvemos ou fortalecemos as instituições para que sirvam aos jovens adultos", disse Furstenberg, "porque ainda vivemos com a arcaica ideia de que as pessoas entram na vida adulta assim que saem da adolescência ou no início dos seus 20 anos".
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