Embora eu não seja especialista na área, arrisco em dizer que a morte é o maior o inimigo do homem, ou talvez, o medo que sua agonia pode causar. O homem tenta todos os meios para driblar essa dramática e amarga realidade. E um desses meios é, sem sombra de dúvida, a invenção da religião.
A religião alivia a angustia e ao mesmo tempo cultiva a idéia de que haverá um além para onde todos irão após a morte. Alivia porque o homem sofre por pensar que após a morte nada mais haverá, além de um sono eterno. A inexistência.
Mas embora a religião traga essa esperança de continuidade, ela também se alimenta dessa fraqueza. A religião não se beneficiaria se não houvesse tal medo. Se homem não se apegasse a esse desejo cruel de continuar existindo por toda eternidade, certamente a religião não teria como tirar tal proveito. Pois ela se aproveita dessa fraqueza. O homem teme, a religião consola. Isso é de grande valor para amenizar a aflição que queima dentro da negação.
Até aí, não vejo grandes problemas relacionados à religião. Mas a partir do momento em que a ela aprisiona, aliena, ilude, mente, engana, discrimina, segrega, dogmatiza e causa uma série de problemas ao ser humano, percebo que ela é muito mais perigosa do que se pode imaginar.
Se a religião inculca ao homem a idéia de matar em nome de sua fé, não há dúvidas de que ela é muito perigosa; se a religião ensina que os crentes devem evitar a aproximação com os “ímpios”, ela é discriminatória e tribal, isso não é benéfico para o ser humano; se os homens não se entendem pela diversidade de deuses, e assim, pregam e impõem os seus deuses aos outros, isso não é bom para a humanidade, pois causa intolerância e arrogância aos corações de seus adeptos. “O deus deles é o único; os outros são heresia”.
O jovem crente descreveu seu amigo da seguinte maneira: eu tenho consideração por ele. Ele é eticamente correto; é um pai exemplar; um grande e responsável profissional; respeita animais, crianças, vizinhos, idosos e o meio ambiente. É um cidadão de bem, MAS, infelizmente, não posso continuar a ser seu amigo. Ele não tem religião, não acredita no deus em que creio. Ou seja, ele está desaprovado.
A religião, quando faz isso na mente de uma pessoa, torna-se objeto de profunda análise em termos do grau de perigo ao ser humano.
Não importa se você respeita as leis de seu país; não importa se você pratica aquilo de bom que há até mesmo na bíblia; não importa se você absorve as coisas boas de outras religiões; não importa se você é tolerante, respeitoso, amigável etc. Nada, nada absolutamente nada importa se você não diz a seguinte frase: “eu acredito em algum deus”. Todas as outras qualidades estão vetadas e inutilizadas se você não tem crença religiosa.
Para eles, deus não se conforma apenas com aquelas qualidades. Deus tem sede de louvor; ele que ser apaziguado, louvado. Esse deus não aceita o ser humano que não clama pelo seu nome. Esse deus não dispõe dentro de si a capacidade de pensar assim: “o importante é que o homem faça aquilo que é bom para ele e os outros, ou seja, o homem deve ser prático, se assim o fizer, para mim é o bastante, mesmo que ele não tenha crença mítica ou sobrenatural, não importa; o que importa é a prática”.
Infelizmente, para boa parte dos crentes, o que importa é a frase: “EU ACREDITO EM DEUS”. O mais deixa pra lá. Em outras palavras, a teoria é extraordinariamente mais importante. Basta dizer: “eu acredito em deus”. Pronto. Tudo resolvido. Para que serve crer em deus?
P.S O amigo descrito pelo o crente no 6° parágrafo é eu. Foi assim que fui rejeitado.