Autor Tópico: O medo da morte e o impacto da religião  (Lida 3570 vezes)

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Offline ronysalles

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O medo da morte e o impacto da religião
« Online: 28 de Julho de 2010, 11:32:46 »
 :no: Embora eu não seja especialista na área, arrisco em dizer que a morte é o maior o inimigo do homem, ou talvez, o medo que sua agonia pode causar. O homem tenta todos os meios para driblar essa dramática e amarga realidade. E um desses meios é, sem sombra de dúvida, a invenção da religião.

A religião alivia a angustia e ao mesmo tempo cultiva a idéia de que haverá um além para onde todos irão após a morte. Alivia porque o homem sofre por pensar que após a morte nada mais haverá, além de um sono eterno. A inexistência.

Mas embora a religião traga essa esperança de continuidade, ela também se alimenta dessa fraqueza. A religião não se beneficiaria se não houvesse tal medo. Se homem não se apegasse a esse desejo cruel de continuar existindo por toda eternidade, certamente a religião não teria como tirar tal proveito. Pois ela se aproveita dessa fraqueza. O homem teme, a religião consola. Isso é de grande valor para amenizar a aflição que queima dentro da negação.

Até aí, não vejo grandes problemas relacionados à religião. Mas a partir do momento em que a ela aprisiona, aliena, ilude, mente, engana, discrimina, segrega, dogmatiza e causa uma série de problemas ao ser humano, percebo que ela é muito mais perigosa do que se pode imaginar.

Se a religião inculca ao homem a idéia de matar em nome de sua fé, não há dúvidas de que ela é muito perigosa; se a religião ensina que os crentes devem evitar a aproximação com os “ímpios”, ela é discriminatória e tribal, isso não é benéfico para o ser humano; se os homens não se entendem pela diversidade de deuses, e assim, pregam e impõem os seus deuses aos outros, isso não é bom para a humanidade, pois causa intolerância e arrogância aos corações de seus adeptos. “O deus deles é o único; os outros são heresia”.

O jovem crente descreveu seu amigo da seguinte maneira: eu tenho consideração por ele. Ele é eticamente correto; é um pai exemplar; um grande e responsável profissional; respeita animais, crianças, vizinhos, idosos e o meio ambiente. É um cidadão de bem, MAS, infelizmente, não posso continuar a ser seu amigo. Ele não tem religião, não acredita no deus em que creio. Ou seja, ele está desaprovado.

A religião, quando faz isso na mente de uma pessoa, torna-se objeto de profunda análise em termos do grau de perigo ao ser humano.

Não importa se você respeita as leis de seu país; não importa se você pratica aquilo de bom que há até mesmo na bíblia; não importa se você absorve as coisas boas de outras religiões; não importa se você é tolerante, respeitoso, amigável etc. Nada, nada absolutamente nada importa se você não diz a seguinte frase: “eu acredito em algum deus”. Todas as outras qualidades estão vetadas e inutilizadas se você não tem crença religiosa.

Para eles, deus não se conforma apenas com aquelas qualidades. Deus tem sede de louvor; ele que ser apaziguado, louvado. Esse deus não aceita o ser humano que não clama pelo seu nome. Esse deus não dispõe dentro de si a capacidade de pensar assim: “o importante é que o homem faça aquilo que é bom para ele e os outros, ou seja, o homem deve ser prático, se assim o fizer, para mim é o bastante, mesmo que ele não tenha crença mítica ou sobrenatural, não importa; o que importa é a prática”.

Infelizmente, para boa parte dos crentes, o que importa é a frase: “EU ACREDITO EM DEUS”. O mais deixa pra lá. Em outras palavras, a teoria é extraordinariamente mais importante. Basta dizer: “eu acredito em deus”. Pronto. Tudo resolvido. Para que serve crer em deus?

P.S O amigo descrito pelo o crente no 6° parágrafo é eu. Foi assim que fui rejeitado.
 
   
 
 

“A maior decepção de um crente fervoroso seria, ao chegar no céu, vê um ateu”. ronysalles

Offline Anne

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #1 Online: 28 de Julho de 2010, 12:24:50 »
Rony, infelizmente, é exatamente assim que a sociedade em que vivemos funciona. Sinto muito que esse "amigo" discriminado tenha sido vc. Mas deixa eu te dizer uma coisa: Amizade de verdade está acima de qualquer coisa. Talvez, esse indivíduo com quem vc tinha uma relação de amizade, não fosse digno de sua consideração, pois ele não foi capaz de ter respeito por suas convicções.


Offline Shinigami-Ateu

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #2 Online: 05 de Agosto de 2010, 22:13:54 »
PQP! Que filho da p***!
Isso não é amigo, eu sou ateu declarado, as vezes tenho que defender minha posição perante o pessoal aqui da empresa onde trabalho. Mas nunca ninguém chegou a esse ponto, e se chegar, não vou me importar, pois uma pessoa que está em um patamar de ignorância desse, e melhor mesmo que fique longe de mim.
O que me deixa puto é a maneira com que eles debatem, sempre se colocando como donos da verdade, é comum eu escutar as frases:
 "-Olha, eu sei que você tem Deus no coração, isso é só uma casca!"
 "-Você é uma pessoa boa, mesmo não admitindo, você tem deus no coração."
 "-O que lhe falta é sabedoria!!!"
 "-Vai ler a bíblia, você só fica lendo esses livros de psicopatas!" - O dia que me viram com o livro: Deus, um Delírio. rs...

Não é fácil ser minoria.
"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.

Offline Geotecton

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #3 Online: 05 de Agosto de 2010, 22:18:55 »
[...]
P.S O amigo descrito pelo o crente no 6° parágrafo é eu. Foi assim que fui rejeitado.

Voce não foi rejeitado, porque ele nunca foi seu amigo!

Desculpe a franqueza, mas isto é tão cristalino quanto ver através de um cristal de quartzo puro.
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Offline Adriano

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #4 Online: 05 de Agosto de 2010, 23:58:19 »
Eu uso a mesma lógica deles, ou seja, fé e religiosidade. É muito mais fácil me posicionar assim, com a mesma "tolerância" que eles tem para conosco. Não devemos ser tolerantes para com os intolerêntes.

Qual é a minha fé? É a de que deus é uma criação humana, invertendo a lógica teísta.

Qual é a minha religiosidade? É a ateologia (filosofia ateísta), assim como um teólogo ou qualquer outro especialista nas doutrinas de suas igrejas é alguém interessado racionalmente na fé que professa.

É uma atitude pragmática e de bastante eficácia. Somente assim posso bater de frente com o preconceito teísta. E digo o preconceito doutrinário e filosófico/teológico mesmo, não o das pessoas individualmente, já que este está necessariamente atrelado ao primeiro. E freud explica algo, estou estudando sobre a neurose coletiva, as religiões*  :hihi:

*Sem contar a análise da projeção que Feuerbach faz, como que introduzindo a questão em Freud.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline uiliníli

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #5 Online: 06 de Agosto de 2010, 00:57:55 »
O jovem crente descreveu seu amigo da seguinte maneira: eu tenho consideração por ele. Ele é eticamente correto; é um pai exemplar; um grande e responsável profissional; respeita animais, crianças, vizinhos, idosos e o meio ambiente. É um cidadão de bem, MAS, infelizmente, não posso continuar a ser seu amigo. Ele não tem religião, não acredita no deus em que creio. Ou seja, ele está desaprovado.

Esse cara quer viver numa bolha de plástico? Em uma sociedade democrática e civilizada se respeita as diferenças, embora ele seja livre para escolher com quem faz amizade ou não, essa atitude é extremamente imatura e mesquinha. Imagina se um filho desse cara de repente se tornasse ateu, o que ele ia fazer? Ia deixar de ser pai dele também? Lamentável...

Offline West

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #6 Online: 06 de Agosto de 2010, 10:12:00 »
Esse tipo de atitude é típica de alguém alienado. Para essas pessoas o mundo se resume a ideologia que adotam. Esse cara nunca foi seu amigo, do contrário não teria feito o que fez.

Quanto a questão do medo da morte, também concordo que ela é um dos pontos centrais das religiões. A religião é um meio de controle social, e boa parte desse controle é conseguido pelo medo que a religião incute nas pessoas.

Parece-me que a maioria das pessoas possui um temor exagerado da aniquilação pela morte. A ideia de não mais existir gera uma angústia profunda na maioria das pessoas, isso, tenho pra mim, porque a aniquilação pela morte demonstra o quanto somos insignificantes para a natureza e isso vai contra nossa pretensa posição de centralidade no contexto natural.

Eu, pessoalmente, vejo a morte como algo positivo. A aniquilação, no final das contas, é uma espécie de "descanso". É como se nunca tivéssemos existido. O fim da consciência é um oblívio eterno - ausência absoluta de tudo.

Não temo a morte, pois, como diria Nietzsche: "Enquanto eu sou ela não é, e quando ela for eu não mais serei".
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
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Protágoras.Ensaio sobre os deuses. Séc. V a.C.

Offline Shinigami-Ateu

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #7 Online: 06 de Agosto de 2010, 10:16:03 »
Não temo a morte, pois, como diria Nietzsche: "Enquanto eu sou ela não é, e quando ela for eu não mais serei".

Essa frase não é de Epicuro?

"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.
"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.

Offline Geotecton

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #8 Online: 06 de Agosto de 2010, 10:21:11 »
Não temo a morte, pois, como diria Nietzsche: "Enquanto eu sou ela não é, e quando ela for eu não mais serei".

Essa frase não é de Epicuro?

"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.

Eu acho que é de Epicuro. Mas ela foi cunhada para combater a superstição (na visão dele) que afastava os humanos da verdadeira harmonia com os deuses.
« Última modificação: 06 de Agosto de 2010, 10:24:12 por Geotecton »
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Offline uiliníli

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #9 Online: 06 de Agosto de 2010, 10:51:00 »
Ontem eu pensei uma coisa abestalhada. Como não podia deixar de ser, vou compartilhar com vocês :hihi:
Se espaço e tempo se equivalem, como diz uma das premissas mais triviais da Teoria da Relatividade, então o medo da morte não faz sentido. Por exemplo: nós não nos preocupamos com a ideia de sermos limitados verticalmente... não nos afligimos com o fato de nosso corpo ter um comprimento finito nos eixos x, y e z, a ideia de que temos um tamanho certo é tão bem assimilada (exceto no caso dos homens, que em geral desejam que um pedacinho seu fosse maior...) que soa até ridículo isso tudo o que eu escrevi. É que independente do nosso tamanho, nós estamos autocontidos no espaço que ocupamos. Se eu tivesse 2,20 metros de altura e pesasse 150 kg eu não seria "mais eu". Um cara de 2,20 m e 150 kg tem mais biomassa que um sujeito de 1,40 m e 35 kg, mas ele não é mais sujeito, não é mais pessoa.

Mas se fisicamente o tempo equivale ao espaço, porque nos perturba tanto a ideia de sermos finitos também no tempo? Nós temos o tempo que temos, assim como temos o tamanho que temos. Nós estamos autocontidos no tempo que vivemos, então, assim como não nos afetam em nada os eventos que aconteceram antes do nosso nascimento e antes de nossos cérebros terem adquirido a capacidade de guardar lembranças e nem nos afetarão os eventos que acontecerem depois de perdermos essas capacidades. Pensando desse jeito, eu consigo me convencer que querer viver mais tempo é tão ridículo quanto querer ser mais alto e o medo da morte é tão tolo quanto o medo de olhar para baixo e ver o chão.

Offline West

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #10 Online: 06 de Agosto de 2010, 10:54:56 »
Não temo a morte, pois, como diria Nietzsche: "Enquanto eu sou ela não é, e quando ela for eu não mais serei".

Essa frase não é de Epicuro?

"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.
Não temo a morte, pois, como diria Nietzsche: "Enquanto eu sou ela não é, e quando ela for eu não mais serei".

Essa frase não é de Epicuro?

"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.

Eu acho que é de Epicuro. Mas ela foi cunhada para combater a superstição (na visão dele) que afastava os humanos da verdadeira harmonia com os deuses.

É de Epicuro mesmo. Acho que devo ter lido em um texto que falava de Nietzsche e aí acabei associando. Maldita memória!  :x
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"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
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Offline Shinigami-Ateu

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #11 Online: 06 de Agosto de 2010, 11:19:25 »
Ontem eu pensei uma coisa abestalhada. Como não podia deixar de ser, vou compartilhar com vocês :hihi:
Se espaço e tempo se equivalem, como diz uma das premissas mais triviais da Teoria da Relatividade, então o medo da morte não faz sentido. Por exemplo: nós não nos preocupamos com a ideia de sermos limitados verticalmente... não nos afligimos com o fato de nosso corpo ter um comprimento finito nos eixos x, y e z, a ideia de que temos um tamanho certo é tão bem assimilada (exceto no caso dos homens, que em geral desejam que um pedacinho seu fosse maior...) que soa até ridículo isso tudo o que eu escrevi. É que independente do nosso tamanho, nós estamos autocontidos no espaço que ocupamos. Se eu tivesse 2,20 metros de altura e pesasse 150 kg eu não seria "mais eu". Um cara de 2,20 m e 150 kg tem mais biomassa que um sujeito de 1,40 m e 35 kg, mas ele não é mais sujeito, não é mais pessoa.

Mas se fisicamente o tempo equivale ao espaço, porque nos perturba tanto a ideia de sermos finitos também no tempo? Nós temos o tempo que temos, assim como temos o tamanho que temos. Nós estamos autocontidos no tempo que vivemos, então, assim como não nos afetam em nada os eventos que aconteceram antes do nosso nascimento e antes de nossos cérebros terem adquirido a capacidade de guardar lembranças e nem nos afetarão os eventos que acontecerem depois de perdermos essas capacidades. Pensando desse jeito, eu consigo me convencer que querer viver mais tempo é tão ridículo quanto querer ser mais alto e o medo da morte é tão tolo quanto o medo de olhar para baixo e ver o chão.

Puxa vida! Legal seu pensamento, eu nunca tinha olhado para morte por esse ângulo.
Sem puxar a sardinha para o medo da morte, algo programado para se auto preservar, uma bloqueio biológico. É interessante pensar na vida como um objeto no espaço tempo, desprendido de consciência.
Quando se coloca consciência ai a coisa complica mais ainda, quando seu corpo físico se vai, e o fim absoluto e eminente do seu "eu" original, mas ainda vão existir muitas copias imperfeitas de sua "persona" uma espécie de meme de quem você foi, na mente de quem lhe conhece e, essas cópias toscas, ficam por ai por um bom tempo. Quem sabe um dia, essa cópia mau feita, possa ser feita com perfeição e reutilizada.

Nossa! Viajei na maionese.
Legal esse assunto. rs...rs...rs...
 :stunned:

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Offline uiliníli

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #12 Online: 06 de Agosto de 2010, 11:34:14 »
Puxa vida! Legal seu pensamento, eu nunca tinha olhado para morte por esse ângulo.
Sem puxar a sardinha para o medo da morte, algo programado para se auto preservar, uma bloqueio biológico. É interessante pensar na vida como um objeto no espaço tempo, desprendido de consciência.
Quando se coloca consciência ai a coisa complica mais ainda, quando seu corpo físico se vai, e o fim absoluto e eminente do seu "eu" original, mas ainda vão existir muitas copias imperfeitas de sua "persona" uma espécie de meme de quem você foi, na mente de quem lhe conhece e, essas cópias toscas, ficam por ai por um bom tempo. Quem sabe um dia, essa cópia mau feita, possa ser feita com perfeição e reutilizada.

Nossa! Viajei na maionese.
Legal esse assunto. rs...rs...rs...
 :stunned:



É, eu não tinha levado em conta a consciência nessa história. Talvez essa dificuldade que temos para lidar com a finitude no tempo, mas não com o espaço, é que a consciência não se enxerga no espaço. Como a consciência é um processo, e não um objeto tridimensional, para ela só existe o tempo. Mas mesmo assim, se tempo e espaço se equivalem, podemos pensar que o tempo que uma consciência dura é análogo ao tamanho de um objeto no espaço. Aí nos damos conta de como temos uma mentalidade infantil ainda: se você pede para uma criança escolher entre dois pedaços de bolo, é fácil prever qual ela vai querer: o maior. Nós, adultos, em geral não temos essa mesma gula, nós aprendemos a ter um pouco de temperança... pelo menos quanto aos pedaços de bolo. Mas quando o assunto é o tempo que vivemos nos falta essa maturidade.

Offline Adriano

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #13 Online: 06 de Agosto de 2010, 11:39:26 »
Ateísmo e o medo da morte:

Citar
Feuerbach crê que na religião há uma carência da consciência de si do homem. Essa carência é a base da religião, onde o homem (religioso) aliena a sua essência; essa fase religiosa corresponde a uma “essência infantil da humanidade”, já que este homem (infantil) adora sua própria essência sem reconhecê-la como tal. Feuerbach acrescenta que entre o humano e o divino não há uma oposição de fato, real, mas sim ilusória. A contradição fundamental está no homem, porque não há uma essência religiosa. A religião é uma abstração das limitações da vida humana, corporal. Não há qualidades em si na vida divina.
Esse homem infantil em Feuerbach é um ser que teme sua finitude e as limitações (naturais) que sofre todo ser humano.

A consciencia religisa
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Offline Thadeu Augusto

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #14 Online: 14 de Março de 2012, 16:08:07 »
:no: Embora eu não seja especialista na área, arrisco em dizer que a morte é o maior o inimigo do homem, ou talvez, o medo que sua agonia pode causar. O homem tenta todos os meios para driblar essa dramática e amarga realidade. E um desses meios é, sem sombra de dúvida, a invenção da religião. [...]

Ótima análise, Rony. Peço permissão para postar isso em meu blog, com as devidas referências, claro.
“‘Não houve conversão no leito de morte,’ disse Druyan. ‘Nenhum apelo a Deus, nenhuma esperança sobre uma vida pós morte, nenhuma pretensão que ele e eu, que fomos inseparáveis por vinte anos, não estávamos dizendo adeus para sempre.’
‘Ele não queria acreditar?’ ela perguntou.
‘Carl nunca quis acreditar,’ ela respondeu ferozmente. ‘Ele quis SABER.’”
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Offline Thadeu Augusto

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #15 Online: 14 de Março de 2012, 16:09:48 »
Galera, foi mal pela "desenterrada" do tópico. É que eu o vi por uma busca do Google e nem me toquei pra ver a data dele..  :|

Mas enfim.. prometo não repetir.. uahsuhas
“‘Não houve conversão no leito de morte,’ disse Druyan. ‘Nenhum apelo a Deus, nenhuma esperança sobre uma vida pós morte, nenhuma pretensão que ele e eu, que fomos inseparáveis por vinte anos, não estávamos dizendo adeus para sempre.’
‘Ele não queria acreditar?’ ela perguntou.
‘Carl nunca quis acreditar,’ ela respondeu ferozmente. ‘Ele quis SABER.’”
Ann Druyan, esposa de Carl Sagan, na revista Newsweek

Offline J Ricardo

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #16 Online: 14 de Março de 2012, 16:44:05 »
O bom homem canaliza todo medo em um objetivo.

Semana passada convidei um amigo que conheci em um curso, ele é Pernambucano, um cara negro, super-simples, ficou horrorizado ao saber que minha esposa é crente e eu ateu, falou algumas coisas que ele pensa sobre Deus e a necessidade em ter fé, coisas muito intelectualmente rasas. Mas no fundo confessou que saiu de Pernambuco, deixando a mulher e uma criança de colo devido problemas familiares e que hoje tem eu e minha esposa como exemplo a ser seguido em sua vida.

Offline Geotecton

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #17 Online: 14 de Março de 2012, 17:58:30 »
Galera, foi mal pela "desenterrada" do tópico. É que eu o vi por uma busca do Google e nem me toquei pra ver a data dele..  :|

Mas enfim.. prometo não repetir.. uahsuhas

Não há nenhum problema em 'desenterrar' tópicos, pois na maioria das vezes há novas contribuições significativas para ele. Além disto, eu entendo que é preferível retomar tópicos antigos do que abrir novos com temática semelhante.


P.S.

Eu sou um dos que mais 'desenterraram' (e 'desenterram') tópicos por aqui.  :biglol:
« Última modificação: 17 de Março de 2012, 00:05:51 por Geotecton »
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Offline Thadeu Augusto

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #18 Online: 15 de Março de 2012, 08:36:07 »
Não há nenhum problema em 'desenterrar' tópicos, pois na maioria das vezes há novas contribuições significativas para ele. Além disto, eu entendo que é preferível retomar tópicos antigos do que abrir novos com temática semelhante.


P.S.

Eu sou um dos que mais 'desenterraram' (e 'desenterram') tópicos por aqui.  :biglol:
Bom saber disso. Frequentei diversos fóruns nos quais essa prática era completamente hostilizada pela galera em geral..  :ok:
“‘Não houve conversão no leito de morte,’ disse Druyan. ‘Nenhum apelo a Deus, nenhuma esperança sobre uma vida pós morte, nenhuma pretensão que ele e eu, que fomos inseparáveis por vinte anos, não estávamos dizendo adeus para sempre.’
‘Ele não queria acreditar?’ ela perguntou.
‘Carl nunca quis acreditar,’ ela respondeu ferozmente. ‘Ele quis SABER.’”
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Offline Pagão

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #19 Online: 16 de Março de 2012, 11:52:05 »
Medo de morrer, sim! Medo da morte, não!
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Feliperj

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Re: O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #20 Online: 16 de Março de 2012, 17:33:55 »
Ontem eu pensei uma coisa abestalhada. Como não podia deixar de ser, vou compartilhar com vocês :hihi:
Se espaço e tempo se equivalem, como diz uma das premissas mais triviais da Teoria da Relatividade, então o medo da morte não faz sentido. Por exemplo: nós não nos preocupamos com a ideia de sermos limitados verticalmente... não nos afligimos com o fato de nosso corpo ter um comprimento finito nos eixos x, y e z, a ideia de que temos um tamanho certo é tão bem assimilada (exceto no caso dos homens, que em geral desejam que um pedacinho seu fosse maior...) que soa até ridículo isso tudo o que eu escrevi. É que independente do nosso tamanho, nós estamos autocontidos no espaço que ocupamos. Se eu tivesse 2,20 metros de altura e pesasse 150 kg eu não seria "mais eu". Um cara de 2,20 m e 150 kg tem mais biomassa que um sujeito de 1,40 m e 35 kg, mas ele não é mais sujeito, não é mais pessoa.

Mas se fisicamente o tempo equivale ao espaço, porque nos perturba tanto a ideia de sermos finitos também no tempo? Nós temos o tempo que temos, assim como temos o tamanho que temos. Nós estamos autocontidos no tempo que vivemos, então, assim como não nos afetam em nada os eventos que aconteceram antes do nosso nascimento e antes de nossos cérebros terem adquirido a capacidade de guardar lembranças e nem nos afetarão os eventos que acontecerem depois de perdermos essas capacidades. Pensando desse jeito, eu consigo me convencer que querer viver mais tempo é tão ridículo quanto querer ser mais alto e o medo da morte é tão tolo quanto o medo de olhar para baixo e ver o chão.

Ola Uilli,

A TGR provou a imortalidade do ser  :hihi:

Na TRG o que existe é o espaço-tempo (presente, passado e futuro), que pode ser "percebido" de diferentes maneiras, dependendo de como o observador, em função do seu estado de movimento, "fatia" este espaço-tempo. O percepção do fluxo do tempo é, na TR, um ilusão. Persistente, mas uma ilusão.

Ou seja, o meu passado está em algum "lugar" desse epaço tempo, e "sempre" estará, assim como o meu presente e futuro!!! Conclusão : somos todos imortais  :hihi:

Acho que este é um dos outros pontos em que a TR entra em conflito com a MQ, pois na MQ passado e futuro estão sempre em aberto (a não ser na MQ de Bhom).

Abs
Felipe

Offline Digão

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Re:O medo da morte e o impacto da religião
« Resposta #21 Online: 15 de Abril de 2012, 02:48:51 »
Por ser ex-católico, não fico surpreso com a reação do tal crente. Naquela época minha visão de mundo era a de que "o ser humano é naturalmente imoral e só tem consideração pelos outros por medo de castigo divino", de forma que eu era tolerante com quem fosse de outras religiões (ou seja, que também seguiam uma linha disciplinatória), mas achava ateu coisa de outro planeta, sentindo uma mistura de aversão a algo contagioso ("esse aí foi vencido pelo demônio, credo, xô satanás!"), piedade ("coitado, esse aí nos momentos de dificuldade não recorre à força que mais resolve problemas, só conta consigo, um barquinho perdido no oceano"), uma pouco de irritação, enfim, não sabia o que esperar de alguém assim tão desarmado contra as artimanhas desvirtuantes do demônio, que sabe-se lá em que grau deve ter conseguido distanciá-lo dos princípios morais talvez até os mais básicos. Basicamente aquela coisa de topar com um índio armado no meio da selva amazônica, sem saber qual reação ele vai ter com você.

Sei que soa extremamente preconceituoso, mas como mostrar isso para alguém que foi condicionado desde pequeno a ter uma única visão de mundo e a não revisá-la sob pena da danação eterna, portanto não podendo admitir outros critérios para avaliação do caráter alheio? Sim, o cara era seu amigo, mas para ele é como se você de repente tivesse revelado "Olha, na verdade eu sou um zumbi de Marte, e aproveitando eu queria saber o que vocês têm contra transar com meninas de 3 anos". Ele não estava preparado para o choque, nem tinha como estar.

Isso me lembra a história do susto de alguns imigrantes italianos bem simples que chegaram ao Brasil e se depararam com mulatos, para os imigrantes eles pareciam quase bichos e causaram muita surpresa, nunca se havia visto gente com aparência tão diferente na terra deles.
« Última modificação: 15 de Abril de 2012, 02:53:36 por Digão »

 

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