Uma coisa muito crucial que os literalistas bíblicos/corânicos nunca chegam nem perto de tentar responder satisfatoriamente.
Isso vale principalmente para os fixistas que já aceitam ao menos alguns casos de especiação, em vez de acharem que só há umas doze espécies, que cabiam todas na arca de Noé. Esses últimos também poderiam tentar responder, ainda que talvez, fosse melhor um tópico próprio para lidar com parentesco ainda mais próximo, entre espécies, e não táxons mais elevados, mas ainda parentes "imediatos" nesse nível.
A pergunta é bastante clara, mas em todo caso, a explico um pouco mais detalhadamente. Os cientistas, e mesmo os criacionistas não-fixistas, defendem que há toda uma "árvore genealógica" onde todos os seres são aparentados em algum grau. Já para os fixistas, há "galhos flutuantes", desconexos da árvore, seres ou grupos de seres aparentados entre si, mas que não teriam qualquer parentesco com qualquer um desses outros galhos. Um diagrama de Agassiz sobre as relações entre peixes, de 1844, quatorze anos antes da publicação do "Sobre a Origem das Espécies", chega até a ser impressionante:

A evidência de parentesco é tal que ele praticamente faz uma árvore filogenética, mas arbitrariamente coloca essas lacunas.
A questão então é, como se comprovaria o parentesco verdadeiro dentro desses galhos flutuantes, e ao mesmo tempo um "isolamento" desses galhos de uma árvore maior. Como é que galos e gansos seriam parentes verdadeiros, se assim considerar, enquanto que galos, gansos e galinhas, não. Como cães/lobos e o lobo-guará são parentes verdadeiros, mas não cães, lobos, o lobo-guará e a raposa-de-darwin, ou todos esses são parentes, mas não eles e outras raposas. Ou todos canídeos, mas não os canídeos com os ursídeos. Se todos eles, então entre os caniformes e feliformes.
As linhas de evidências científicas são as mesmas para ambos os casos. Sempre, de parentesco próximo em parentesco próximo, não há qualquer barreira biologica que impeça o parentesco de ser real. Algo que sugira ser apenas uma coincidência, uma ilusão. Ilusão de parentesco próximo é uma "conclusão" forçada a partir do comprometimento inicial com uma interpretação literalista-fixista do conto bíblico em que Jeová ordena à terra e às águas que gerem os seres, e estes substratos então obedecem prontamente -- talvez sendo a origem mais primitiva ou um dos registros mais antigos do conceito de geração espontânea, crença durante muito tempo defendida pelos literalistas bíblicos (e pela sociedade em geral), e só mais recentemente rejeitada por eles, ainda que talvez às custas de alguma contradição com o trecho em que feiticeiros mágicos criam animais a partir da areia (em Êxodo).
Sem partir do princípio que uma interpretação literalista-fixista necessita ser a realidade, a biogênese, o parentesco entre os galhos, é a única explicação aceitável.