Tópico: SP pagará R$ 50 a aluno que fizer reforço de matemática

[calvino]

SP pagará R$ 50 a aluno que fizer reforço de matemática


O governo de São Paulo vai pagar vale-presente de R$ 50 a estudantes que frequentarem aulas de reforço de matemática. O programa prevê que alunos dos 2º e 3º anos do Ensino Médio com bom desempenho na matéria recebam bolsa auxílio para ser tutores de alunos dos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. Aos tutores será oferecida uma bolsa mensal de R$ 115 pelos três meses de duração do programa.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O investimento total no programa será de US$ 663 mil, sendo US$ 130 mil da secretaria, US$ 200 mil do BID e US$ 333 mil de parceiros

A secretaria informou que 441 escolas da rede em 70 municípios do interior e da Grande São Paulo participarão do programa. As sessões de estudo terão duração de 90 minutos e acontecerão duas vezes por semana, durante 12 semanas, entre os dias 1º de setembro e 23 de novembro. No dia 19 de agosto, será divulgado no site do Multiplicando Saber (www.multiplicandosaber.org.br) as escolas e os alunos que serão beneficiados pelo programa.

A estimativa do governo é atingir a meta de 35 estudantes inscritos por escola do Ensino Fundamental e 15 tutores por escola do Ensino Médio. O professor coordenador também receberá um vale-presente de até R$ 50, de acordo com o número de alunos inscritos em sua escola (quanto mais próximo da meta, maior o valor), e outro vale-presente de até R$ 150, conforme a assiduidade dos jovens.

Fonte: http://migre.me/14COH

[Nina]

É brincadeira... agora tem que pagar para estudarem. Ninguém merece!

[Geotecton]

Nova cepa do vírus do assistencialismo!

[calvino]

Me ocorreu uma coisa...
Esse Serra é muito malandro!

Imagina ele, em rede nacional falando: "Cidadãos brasileiros! Vou implantar no país todo o que eu implantei em São Paulo, o vale-presente! R$ 50,00 para quem fingir ir as aulas de reforço. Lembrem-se! Nós iniciamos o BF e vamos ampliar as esmolas os programas assistenciais como nunca antes na história desse país!".


Ele ganha na hora 

[Buckaroo Banzai]

Não sei se é mais deprimente esse tipo de coisa eleitoreira ou a falta de alternativas que tenham se mostrado eficazes em fazer valer a pena estudar para as crianças e adolescentes que ajudam a sustentar a família.

[Dbohr]

Não sei se é mais deprimente esse tipo de coisa eleitoreira ou a falta de alternativas que tenham se mostrado eficazes em fazer valer a pena estudar para as crianças e adolescentes que ajudam a sustentar a família.

Acho a falta de alternativas uma coisa muito mais deprimente. O ensino anda tão ruim, e as opções pós-escola desses meninos são tão poucas que eu entendo (embora obviamente discorde) do racicínio utilitarista desenvolvido por eles que "estudar é perder tempo".

Comparação tosca: li em algum lugar que a população urbana brasileira mais pobre está engordando porque consegue-se mais calorias por real gasto  comendo porcarias em botequins e lanchonetes e com menos gasto de tempo para preparar e consumir a comida. Ou seja, o camarada vai no balcão, come duas coxinhas com refresco e dá uma segurada na fome. Com o ensino horroroso que temos, um garoto pode usar o mesmo raciocínio de curto prazo e concluir que estudar não vai servir de nada para ele.

[Wolfischer]

Minha filha está precisando de reforço em matemática, só faltava mais esse incentivo, hehe.

[Buckaroo Banzai]

Não sei se é mais deprimente esse tipo de coisa eleitoreira ou a falta de alternativas que tenham se mostrado eficazes em fazer valer a pena estudar para as crianças e adolescentes que ajudam a sustentar a família.

Acho a falta de alternativas uma coisa muito mais deprimente. O ensino anda tão ruim, e as opções pós-escola desses meninos são tão poucas que eu entendo (embora obviamente discorde) do racicínio utilitarista desenvolvido por eles que "estudar é perder tempo".

Comparação tosca: li em algum lugar que a população urbana brasileira mais pobre está engordando porque consegue-se mais calorias por real gasto  comendo porcarias em botequins e lanchonetes e com menos gasto de tempo para preparar e consumir a comida. Ou seja, o camarada vai no balcão, come duas coxinhas com refresco e dá uma segurada na fome. Com o ensino horroroso que temos, um garoto pode usar o mesmo raciocínio de curto prazo e concluir que estudar não vai servir de nada para ele.

O que não é nem necessariamente uma perspectiva "errada", segundo alguns. O retorno por estudo e trabalho é pior, quanto mais pobre se for.

Professor CHARLES KARELIS (Philosophy, George Washington University; Author, "The Persistence Of Poverty: Why the Economics of the Well-Off Can't Help the Poor"): Well, thank you for having me.

MARTIN: Now, in your book, you say - if I'm summarizing correctly - that for many poor people, the cost of working is simply too high. It outweighs the benefits.

Prof. KARELIS: I believe that poverty is actually a disincentive to work. There are a lot of consequences of that assumption, I mean, the conventional one, and you mentioned earlier in your introductory remarks, one of the big ones is that the presidential candidates who are vying to be heard on the subject of poverty sort of start from the assumption that the poorer you are, the more you must rationally want to work.

And when they look at the fact of non-work - and about half of working age poor people don't work at all - they are puzzled. And so they turn - according to their political predilections - either left or right. And if they're turning left, they say there must be obstacles, lack of opportunity kind of obstacles to work. And if they're on the right, then they point the finger at dysfunction and irrationality and people who are lacking discipline.

MARTIN: So what is the reason?

Prof. KARELIS: Well, I think poverty itself. That paradoxically, as you are poorer, you are less rather than more likely to want to work because the value of income goes down, not up, as you reach the bottom ranges of income. [...]

MARTIN: You're saying, the poorer you are, the less benefit you get from the jobs you're likely to get?

Prof. KARELIS: The poorer you are, the less benefit you stand to get from the dollar that you get from the job. So holding wages equal, which they certainly aren't, but even if they were, the - when you get down to very few dollars and you got a lot of trouble that's not relieved by your income, the marginal bit of trouble that you can relieve by the marginal dollar doesn't make much difference. And given that, your motive for doing something about it goes down.

MARTIN: So what would make people as productive as they can be?

Prof. KARELIS: Make them less poor. I'm a great believer in the idea of gratuitous help as a motivator, not as a demotivator. And we have a bunch of programs, some discredited, unfortunately, such as AFDC, which…

MARTIN: Aid to Families with Dependent children, which we used to call Welfare.

Prof. KARELIS: Right. The welfare that used to be with the no-strings kind of welfare. I like another form of making people less poor, which is income supplements, wage supplements. The famous one is the earned income tax credit. It doesn't matter about the details. Most people know about it, but what it does, in effect, is it takes your $5 an hour and makes it $6 an hour with a government supplement. And that's a good program because: A, it's cleaning up nine of the dishes. And B, it's making it more expensive to stay home because the bigger wage, the bigger the sacrifice if you don't actually work. So it's a double-barreled anti-poverty program. It's a good program. [...]




http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=14137486

[Dbohr]

Rapaz, isso é... assustador. E tem sentido.

Para alguém como eu que vê educação e aquisição de conhecimento como um fim em si mesmo, essa nova perspectiva do ciclo da pobreza é desalentadora.

[Nina]

Pois é... sempre fui ensinada que meu trabalho era estudar. Isso era dever, não era algo para ser compensado. Eu não fazia nada mais que minha obrigação.

Naquela idade já achava um absurdo meus primos ganharem dinheiro dos pais quando tiravam 10 em alguma matéria... Agora então, vejo como algo pernicioso.

[Diegojaf]

Em MG tem o Poupança Jovem.

Poupança jovem forma a primeira turma na Grande BH

Junia Oliveira - Estado de Minas

Publicação: 23/03/2010 07:16

Quando o esforço e a dedicação são reconhecidos, a perspectiva de um futuro promissor salta aos olhos de maneira concreta. E deixa para trás um cenário povoado por pessoas para as quais a incerteza, a apatia e o desinteresse eram a principal realidade. Na segunda-feira, 2,1 mil jovens de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, concluintes do ensino médio, comemoraram uma importante vitória, com a solenidade que marcou a formatura da primeira turma do Poupança Jovem. O programa foi implantado em 2007, com o objetivo de estimular a capacidade de alunos matriculados em escolas estaduais de planejar a própria vida e criar melhores condições de ingresso no mercado de trabalho. Além do diploma, cada um recebeu R$ 3 mil.

O programa é destinado a estudantes do nível médio público estadual, moradores de cidades com altos índices de evasão escolar, violência e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os jovens têm uma poupança de R$ 1 mil a cada ano letivo em que forem aprovados. O depósito é feito nominalmente pelo governo de Minas. Até o fim deste ano, a expectativa é atender 50 mil jovens de oito municípios: além de Neves, Sabará, Esmeraldas, Ibirité (Grande BH), Governador Valadares (Vale do Rio Doce), Montes Claros (Norte de Minas), Teófilo Otoni (Vale do Mucuri) e Juiz de Fora (Zona da Mata). Os recursos somarão R$ 204 milhões até dezembro. Apenas em Neves, já foram investidos R$ 57 milhões desde o início do projeto – atualmente, são atendidos 6.758 estudantes e, até o fim do ano, esse número subirá para 10.458.

Os alunos devem concluir o ensino médio sem reprovação e cumprir outras metas, como frequentar cursos de inglês, informática, teatro, dança e música. Também devem se matricular em cursos de qualificação profissional oferecidos pelo Usina do Trabalho, também do governo estadual. Os estudantes devem ainda desenvolver ações comunitárias e não ter envolvimento com a criminalidade. A coordenadora do Poupança Jovem em Neves, Graziele Nogueira Guadanini, tinha motivos de sobra para a felicidade que exibia: “O principal resultado foi a diminuição da evasão escolar, o que comprova a permanência e a conclusão do ensino médio. Esse é objetivo maior do programa, além da qualificação profissional e da capacitação de empreendedorismo”, ressaltou.

A redução da evasão está comprovada em pesquisa do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo revelou que a taxa entre os atendidos pelo programa em Ribeirão das Neves caiu 5% em 2009, na comparação com alunos de outros municípios da Grande BH.

O adolescente Washington Aloísio de Souza Freitas, de 18 anos, é um exemplo de dedicação aos estudos. Nas oficinas de esporte, ele começou a gastar as energias que antes desperdiçava nas ruas. “Fui incentivado pelos R$ 3 mil, que vou investir na faculdade”, afirmou. A estudante Carla Aparecida da Silva Pereira, de 17, agarrou a chance de fazer um curso de informática. “Vou investir o dinheiro que recebemos no meu futuro. Ele vai me ajudar a conseguir um emprego e a ter o que quero, que é fazer a faculdade de matemática computacional”, disse.

A formatura contou com a presença do governador Aécio Neves e do vice, Antônio Augusto Anastasia. “Esse é o primeiro fôlego para vocês criarem uma atividade, um negócio ou se associarem entre si. Juízo para gastar a grana”, aconselhou o governador aos formandos.
Tags: Poupança Jovem ensino médio Grande BH trabalho estudantes

http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/03/23/noticia_minas,i=152608/POUPANCA+JOVEM+FORMA+A+PRIMEIRA+TURMA+NA+GRANDE+BH.shtml

[uiliníli]

Eu sou completamente a favor de premiar os alunos com dinheiro ou outros incentivos materiais. A motivação dos estudantes é fundamental para eles se esforçarem e esse papinho de conhecimento pelo conhecimento não convence muita gente. Adam Smith estava certo também sobre as escolas, as pessoas em geral não estudam porque amam estudar, elas estudam porque visam algum objetivo. Para os jovens de classe média que estudam em escolas particulares, esse objetivo pode ser o vestibular e uma carreira, mas é uma minoria dos estudantes que sequer cogita fazer um vestibular, a maioria termina seus estudos ao fim do colegial, isso quando os termina, e não têm motivação nenhuma para estudar. Acho que prêmios como o que se paga em Minas Gerais e o que estão propondo para São Paulo são uma solução realista para o problema, o de Minas por ajudar a conter a evasão e o de São Paulo para motivar os alunos a se dedicarem mais. Entretanto, do jeito como está proposto, esse projeto paulista pode acabar mesmo só com os alunos fingindo que estudam, seria mais eficaz premiar por resultados, por exemplo, prêmio de R$ 50,00 para os 10 % alunos com melhores notas na turma. Eu aceitaria de bom grado que o dinheiro dos meus impostos virasse um telefone celular comprado com as notas de um adolescente da periferia que aprendeu que pode conquistar seus objetivos estudando, em vez de roubando ou vendendo droga.

[biscoito1r]

Quem sabe o governo decide pagar 50 reais para quem pagar os impostos em dia, para quem parar no sinal vermelho e para quem for votar.

[calvino]

Governo suspende vale-presente para alunos de SP

A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo informou que decidiu adiar a implantação do projeto que previa pagamento de vale-presente a alunos da rede pública de ensino que fizessem e dessem aulas reforço de matemática. A entrega do benefício foi adiada "temporariamente", pois, segundo a assessoria de imprensa da pasta, o projeto "gerou certa polêmica". A equipe da secretaria está "revendo conceitos". Ainda não há data prevista para o pagamento do vale-presente.

Na sexta-feira, a secretaria informou que o governo de São Paulo pagaria vale-presente de R$ 50 a estudantes que frequentassem aulas de reforço de matemática. O programa previa que alunos dos 2º e 3º anos do Ensino Médio com bom desempenho na matéria recebessem bolsa-auxílio para ser tutores de alunos dos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. Aos tutores seria oferecida uma bolsa mensal de R$ 115 pelos três meses de duração do programa.

A iniciativa foi fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O investimento total no programa será de US$ 663 mil, sendo US$ 130 mil da secretaria, US$ 200 mil do BID e US$ 333 mil de parceiros.

Fonte: http://migre.me/158Od

[calvino]

Secretaria adia 'vale-presente' para 2011

Projeto teria início no dia 1º de setembro. Agora, deve ser implementado no primeiro semestre letivo do ano que vem

Após anunciar o adiamento temporário do programa Multiplicando Saber, que começaria em 1º de setembro, a Secretaria da Educação do estado de São Paulo informou que a implantação do projeto deve começar no início do ano letivo de 2011.

Em nota, a secretaria não esclarece se vai manter o vale-presente no valor de até 50 reais para os alunos do 6º e 7º anos que participarem do projeto. Além da remuneração dos alunos participantes, o Multiplicando Saber previa também o pagamento de uma bolsa-auxílio no valor de 115 reais para os alunos do 2º e 3º anos do ensino médio que se candidatassem para ministrar as aulas de roforço.

Segundo a nota, o adiamento ocorreu para que o programa seja esclarecido e discutido "junto à comunidade acadêmica e a população".

O Multiplicando Saber é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Fonte: http://migre.me/15EHo

[Lakatos]

Eu dou reforço de matemática na minha escola... Meu consolo é que ganho mais do que isso. 
Mas, falando sério, como é deprimente que cheguemos a esse estado... O mínimo que eu sentiria numa situação assim seria vergonha. E tem mais: provavelmente, os alunos serão indicados pelos professores para participarem dos reforços, do contrário todos frequentariam pelo dinheiro. E não ficaria chocado ao saber que muitos alunos que antes estudavam razoavelmente parariam de se esforçar para serem incluídos na lista.