18/08/2010 - 11h27
Líder do governo diz que ocupação da Câmara atrapalha negociação
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DA AGÊNCIA BRASIL
DE SÃO PAULO
A ocupação da Câmara por agentes penitenciários levou a um impasse entre a categoria e os parlamentares. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse nesta quarta-feira que a atitude da categoria só prejudicou a negociação.
Eles protestam pela aprovação da proposta de emenda à Constituição que cria a Polícia Penal, que seria responsável pela segurança nos presídios. A votação, marcada para esta terça-feira, acabou sendo adiada.
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O líder cancelou uma reunião que teria às 10h com representantes dos agentes para discutir a PEC 308, que cria a política penal estadual e a federal.
Lula Marques/Folhapress
Agentes penitenciários no salão verde da Câmara após invadirem o local e trocarem socos com seguranças
"Não vai ser na marra que os deputados votarão essa matéria. Ninguém vai se acovardar", afirmou Vaccarezza. Ele acrescentou que na pauta do esforço concentrado não havia acordo para votar a matéria e que o movimento dos agentes prejudicou a votação das MPs (medidas provisórias) pendentes e da PEC 300, que institui o piso salarial para policiais e bombeiros.
O parlamentar afirmou ainda que é inconstitucional a reivindicação dos agentes. Segundo ele, a PEC que cria uma política penal nacional estabelece ainda que os atuais agentes penitenciários seriam incorporados à polícia penal, crida também pela emenda.
Já o diretor da Federação Nacional dos Servidores Penitenciários, Francisco Rodrigues, rebateu as afirmações de Vaccarrezza. "Só tira a gente daqui na porrada. Se tentarem vamos para o confronto", afirmou.
Rodrigues contestou o líder quanto à inconstitucionalidade da PEC. Segundo ele, o agente penitenciário "já é concursado e quando se tem as mesmas atribuições e os mesmos salários não tem porque não pertencer ao mesmo quadro".
OCUPAÇÃO
Os manifestantes que invadiram na noite de ontem o prédio principal da Câmara dos Deputados passaram a noite na Casa. O clima no local é pacífico, segundo a Polícia Legislativa.
Os seguranças e os agentes penitenciários trocaram agressões por cerca de dez minutos antes da invasão. Os servidores da Casa tentaram impedir a chegada deles até o plenário da Câmara, mas não tiveram sucesso.
Os manifestantes ultrapassaram a barreira e entraram correndo pelo prédio principal, gritando palavras de ordem. Eles estavam no anexo da Câmara e conseguiram chegar até o salão verde, espaço que dá acesso ao plenário.
"Passamos o dia todo querendo entrar, e não deixaram. Nós somos líderes, a gente segura o pessoal até onde dá", disse Jânio Gandra, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis.
Segundo ele, vários manifestantes levaram choques da Polícia Legislativa, que tentava evitar a invasão. "Fomos tratados como bandidos, ninguém aguenta isso. A casa do povo fechou as portas para nós", criticou.
De acordo com a Polícia Legislativa, no momento do confronto, cerca de 150 agentes tentaram barrar a entrada de aproximadamente 400 manifestantes. Neste momento, o número de manifestantes é de cerca de 300.
INVASÕES
Em junho de 2006, integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) chegaram de ônibus a uma das entradas laterais do prédio da Câmara dos Deputados.
No confronto com policiais, os manifestantes empurraram porta adentro um carro que estava estacionado nas proximidades. Depois da invasão, os manifestantes destruíram o que encontraram no caminho: luminárias, computadores, portas de vidro e um busto de bronze do ex-governador de São Paulo Mario Covas (morto em 2001).
A invasão deixou um saldo de 41 pessoas feridas, mais de 500 pessoas presas e um prejuízo estimado na época em R$ 102 mil na Câmara.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/784806-lider-do-governo-diz-que-ocupacao-da-camara-atrapalha-negociacao.shtml