Autor Tópico: Sobre extremistas comunistas no Orkut  (Lida 8632 vezes)

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Offline _Juca_

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #75 Online: 28 de Agosto de 2010, 19:52:05 »

Ah, claro...

Fala sério, os caras que primeiramente pegaram grana com um ditador para matar gente aqui estavam muito dispostos a participar de eleições livres como acontecia em Cuba.

Os milicos e a direita estavam muiiiittttoooo a fim de eleições livres, deu pra perceber. E todo o pessoalzinho da esquerdinha, do Serra e FHC ao Gabeira e Brizola, foram todos lá pegar uma graninha com os miseráveis de Cuba. Faz muito sentido, se fosse a URSS ainda.

Citar

O detalhe é que só "preferiram a disputa eleitoral" depois que não conseguiram o que queriam por outros meios.

Ah Claro... depois que conseguiram a democracia.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #76 Online: 28 de Agosto de 2010, 20:35:16 »
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Os milicos e a direita estavam muiiiittttoooo a fim de eleições livres, deu pra perceber. E todo o pessoalzinho da esquerdinha, do Serra e FHC ao Gabeira e Brizola, foram todos lá pegar uma graninha com os miseráveis de Cuba. Faz muito sentido, se fosse a URSS ainda.

Alguns deles estiveram em Cuba mesmo, eles próprios admitem.

O Fidel os bancava por caridade...

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Ah Claro... depois que conseguiram a democracia.

Em que eleição a turma da guerrilha se candidatou antes de 1964?

Offline Matheus de Souza

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #77 Online: 28 de Agosto de 2010, 21:34:40 »
Na boa, eu acho muita inocência alguém acreditar que a guerrilha de esquerda do Brasil tinha ideal democrata. Será que alguém realmente acredita que os cubanos ensinavam tática de guerrilha pros guerrilheiros brasileiros, visando implantar uma democracia aqui, sendo que nem lá eles fizeram? O próprio Gabeira admitiu que a guerrilha não lutava pela democracia coisa nenhuma, eles queriam a ditadura do proletariado (leia-se "ditadura comunista").

Sem contar que o início de tudo, as Ligas Camponesas, começaram a se organizar em 1961, antes do início do Regime Militar. Só isso, na minha opinião, é uma prova definitiva de que o objetivo principal deles não éra nem combater o regime militar, tampouco lutar pela democracia.
« Última modificação: 29 de Agosto de 2010, 00:25:16 por Matheus de Souza »
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Mário Vargas Llosa

Offline Unknown

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #78 Online: 28 de Agosto de 2010, 22:32:41 »
Se não tivessem agido, o que teria acontecido? Para ter uma idéia basta ver o problema que os "movimentos sociais" dos esquerdinhas estão se tornando hoje para saber o teriam feito na época.
Eu não estou nem aí para o que poderia ter acontecido, só quero saber do que realmente aconteceu. Aliás, nessa história todo mundo só lembra que a esquerda poderia se tornar uma ameaça, mas ninguém lembra do fato que os militares já queriam o poder desde o segundo governo do Getúlio. Essa história de que a esquerda era uma ameaça é só a desculpa mais conveniente que arranjaram.

Se eles realmente estavam preocupados com a manutenção da ordem constitucional, no máximo teriam feito como o Marechal Lott fez. Mas não foi o caso.

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #79 Online: 29 de Agosto de 2010, 20:17:48 »
Se não tivessem agido, o que teria acontecido? Para ter uma idéia basta ver o problema que os "movimentos sociais" dos esquerdinhas estão se tornando hoje para saber o teriam feito na época.
Eu não estou nem aí para o que poderia ter acontecido, só quero saber do que realmente aconteceu. Aliás, nessa história todo mundo só lembra que a esquerda poderia se tornar uma ameaça, mas ninguém lembra do fato que os militares já queriam o poder desde o segundo governo do Getúlio. Essa história de que a esquerda era uma ameaça é só a desculpa mais conveniente que arranjaram.

Se eles realmente estavam preocupados com a manutenção da ordem constitucional, no máximo teriam feito como o Marechal Lott fez. Mas não foi o caso.

O que aconteceu e é fato comprovado: Recebiam grana e treinamento do Fidel  e não é "poderiam se tornar uma ameaça", o correto é "Eram uma ameaça" e não apenas uma desculpa.

E receber grana de um ditador é algo que muitos defensores da esquerda fazem de conta que não lembram, afinal são tidos até hoje como os "defensores da democracia" e não pelo que realmente eram, um bando de mercenários pagos por um ditador para implantar uma ditadura comunista aqui.
« Última modificação: 29 de Agosto de 2010, 20:20:18 por Arcanjo Lúcifer »

Offline DDV

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #80 Online: 30 de Agosto de 2010, 03:05:10 »
Se não tivessem agido, o que teria acontecido? Para ter uma idéia basta ver o problema que os "movimentos sociais" dos esquerdinhas estão se tornando hoje para saber o teriam feito na época.
Eu não estou nem aí para o que poderia ter acontecido, só quero saber do que realmente aconteceu. Aliás, nessa história todo mundo só lembra que a esquerda poderia se tornar uma ameaça, mas ninguém lembra do fato que os militares já queriam o poder desde o segundo governo do Getúlio. Essa história de que a esquerda era uma ameaça é só a desculpa mais conveniente que arranjaram.

Se eles realmente estavam preocupados com a manutenção da ordem constitucional, no máximo teriam feito como o Marechal Lott fez. Mas não foi o caso.


Até há poucos meses atrás, a minha opinião era sem tirar e nem pôr a mesma expressada acima: os militares tinham intenções ditatoriais de longa data, e ficaram tentando até conseguirem, usando a ameaça comunista como mera desculpa esfarrapada para tal. Quem ler meus posts relacionados a esse assunto de meses atrás poderá conferir.

Após dar uma lida nas crônicas de Hélio Gaspari (li mais o primeiro livro: "A Ditadura Envergonhadda"), conclui que as coisas na realidade foram muito mais complexas do que isso. Vou tentar resumir mais ou menos o que houve na época:


De fato, SEMPRE houve no Brasil grupos aversos à democracia, sejam do lado da direita, seja do lado da esquerda. Estes grupos sempre atuaram nos bastidores para implementar seus projetos ditatoriais. Várias tentativas nesse sentido foram feitas por ambos os lados desde a década de 30.

Antes de 1964, o Brasil vivia um regime constitucional, amparado na Carta de 1946. Os presidentes que governaram sob esse regime (Dutra, Vargas, Kubitschek, Jânio e Jango) sempre estiveram sob pressão dos 2 lados anti-democráticos da sociedade brasileira. Embora fossem minoria, ambos os grupos tinham pessoas de alta influência infiltrados nos diversos ramos da política e do aparelho estatal brasileiro. Ambos os grupos pressionavam os presidentes em direção a seus objetivos próprios, e ambos ameaçavam e chantageavam o governo e o próprio regime continuamente. A maioria dos presidentes (com destaque para Kubitschek, cujas grandes realizações lhe deram bastante capital político) conseguiu manter o equilíbrio entre essas 2 forças antagônicas com razoável habilidade. Vargas não aguentou a pressão. Jânio tentou se aproveitar desse antagonismo para conseguir mais poderes (renunciando para ter sua volta implorada pelos congressistas e militares que não queriam Jango no poder).

A partir de Jânio e Jango, as coisas começaram a desandar. Embora houvesse muitos grupos defensores de projetos anti-democráticos entre os militares (tanto na esquerda quanto na direita, chamados depois de "nazi-comunistas" pelos militares "liberais"), a maioria dos militares "pensantes" tinha formação política liberal e anti-comunista. A maioria deles defendia projetos para o Brasil nos moldes ocidentais/americanos (república constitucional democrática federativa com liberdade individual e de propriedade).

Pois então: com a posse de Jango, esse equilíbrio entre as 2 forças anti-democráticas começou a ser rompido. O papel do presidente, obviamente, era respeitar e defender a ordem constitucional democrática e a integridade das instituições estatais contra tudo e todos, até mesmo para não deixar brechas para os grupos anti-democráticos (ou "nazi-comunistas", na expressão dos militares que viriam a dar o golpe) atuarem.  Jango foi o primeiro dos presidentes a quebrar essa regra.

O que Jango fez? Ele começou a apoiar abertamente um dos 2 lados anti-democráticos já citados (no caso, o lado da esquerda). Começou a "dar moral" a estes grupos em todos os projetos, incluindo até mesmo projetos que violavam a ordem constitucional existente. Começou a fazer discursos inflamados onde colocava abertamente entre suas "opções" a violação da ordem constitucional vigente. Até aí nada demais, pois ele apenas conseguiu assustar e mobilizar o outro grupo anti-democrático (o da direita). Enquanto ele não mexesse na ordem constitucional e na estrutura hierárquica das Forças Armadas, a ordem vigente poderia ser mantida com razoável certeza.

Foi aí que veio a famosa Revolta dos Marinheiros, liderada pelo famoso Cabo Anselmo (que alguns dizem ser agente da CIA que tinha o objetivo de insuflar os militares contra o governo ). Se foi ou não uma isca, o importante é que o Jango mordeu-a com gosto: ele APOIOU os marinheiros que se insubordinavam contra seus superiores hierárquicos e as normas da instituição, ou seja, apoiou a quebra da hierarquia militar.

Com isso, os militares que não pertenciam a nenhum dos 2 lados anti-democráticos começaram a sair de sua posição de "tranquilidade" e inércia: começaram a ver aí o prenúncio da ruptura da ordem constitucional vigente, com um dos grupos anti-democráticos (no caso, o da esquerda, mas também com a possibilidade de ser o da direita) dominando o estado e implantando uma ditadura.

Os militares não-democráticos do lado da direita já pediam um golpe há mais de 10 anos, mas agora tinham conseguido finalmente um "motivo" convicente para angariar o apoio da maioria de seus companheiros pró-democracia. Mas os militares ainda esperaram um pouco o desenrolar dos acontecimentos para ver no que ia dar. Até o dia 31 de Março, a maioria dos militares ainda apoiava o regime constitucional vigente (daí a expressão de Gaspari: "o exército dormiu janguista...e acordou revolucionário).

Jango só fez piorar as coisas: demonstrando completa falta de noção, habilidade política e até mesmo de senso do perigo (sic), ao invés de tentar reequilibrar a situação (como Vargas fazia com maestria), começou a dar cada vez mais apoio declarado ao grupo anti-democrático da esquerda. Ainda hoje persistem dúvidas se o próprio Jango tinha intenções ditatoriais, ou se ele intencionava preservar o regime constitucional (embora com algumas violações pontuais). O que se sabe com certeza é que na segunda opção, o Jango certamente seria usado como um trampolim para o poder ditatorial pelos grupos comunistas que ele apoiava. Ambos os grupos citados já tinham seus golpes em curso planejado...

Após os discursos de Jango onde ele reiterou sua posição de apoio às violações da ordem constitucional e aos grupos anti-democráticos da esquerda, os militares começaram a se mexer. O primeiro a sair do quartel foi o Olímpio Mourão. Ele começou a telefonar para todos os demais generais pedindo apoio, mas a esmagadora maioria se recusava, ou pediam para esperar mais. Olímpio Mourão juntamente com outro general que não lembro o nome começaram a mover suas tropas de MG para o Rio de Janeiro.

Foi aí que o jogo começou a virar: pouco a pouco, de forma tímida, alguns generais começaram a aderir à "revolução". Castelo Branco e Costa e Silva fizeram uma espécie de QG migratório no Rio de Janeiro, onde "disparavam" com o telefone (Gaspari usa esse termo de forma jocosa, aludindo ao fato da "Revolução de 1964" ter tido apenas "disparos" de telefones) para outros generais. Pouco a pouco, mais generais foram aderindo. E a coisa começou a crescer como uma bola de neve: quanto mais generais aderiam, mais "coragem" davam para que outros aderissem... O General Kruel era um dos mais importantes estrategicamente, cujo apoio era considerado crucial. Ele foi o mais indeciso, relutou, relutou após muita insistência. Resolveu então conversar com o Jango. Ele contou a Jango toda a situação, e chegou a implorar ao mesmo para que rompesse publicamente com os comunistas (o que tiraria os motivos para o golpe e lhe daria motivo para continuar defendendo a ordem constitucional com o Jango). Jango recusou, dizendo que "não poderia romper com os seus aliados". Então, Kruel finalmente aderiu à "revolução" (um dos últimos a aderir).

Os militares se moveram no Brasil todo. Paulatinamente, todos os ocupantes de cargos estatais do regime vigente foram sendo depostos (governadores, prefeitos, diretores de estatais, etc), embora sem violência. Jango aparentemente se deu conta da grave situação a partir daí, e fugiu para o RS (de onde depois foi para o Uruguai). O congresso então declarou vaga a presidência, o presidente da Câmara assumiu o poder.

É importante salientar que os líderes da "revolução", com destaque para Castelo, além dos congressistas, governadores, imprensa e demais grupos que os apoiavam, não tinham em mente implantar uma ditadura. A idéia era "pôr ordem na casa", acabando com as subversões da ordem constitucional iniciadas por Jango e pelos comunistas, e entregar o poder ao próximo presidente a ser eleito em 1966. Entretanto, o grupo anti-democrático da direita atuou com muita maestria para colocar o aparato "revolucionário" no caminho da ditadura.

Inicialmente, os militares apenas "sugeriram" ao congresso que efetuasse as reformas necessárias (daí o título do livro: "a ditadura envergonhada", os militares ainda pensavam como se fossem paladinos da ordem e defensores da democracia contra os nazi-comunistas...).

Com o congresso se negando implicitamente a fazer as reformas, o grupo anti-democrático dos militares (conhecidos agora como "linha-dura) convenceu os demais a iniciarem os Atos Institucionais. E assim as coisas caminharam progressivamente para o pior. Pouco a pouco, os AIs foram se sucedendo, menos democrático-constitucional o país ficava. Finalmente, a partir de 1968, ocorreu o "golpe dentro de outro golpe": os militares linha-dura assumiram de vez (com Costa e Silva), e resolveram implementar o projeto ditatorial* que tinham em mente há tempos. O AI-5 veio no ano seguinte.  O resto da história todos conhecem.




Conclusão: o regime democrático constituional na época era BASTANTE frágil e desacreditado por uma ampla e importante parcela dos grupos mais influentes (tantro da esquerda quanto da direita). Era mais ou menos como a Venezuela e Honduras hoje. As instituições não tinham a força necessária para debelar as ameaças às mesmas (Ex: afastando legalmente o Jango) mantendo-se intactas. E grande parte dos grupos influentes na política brasileira acreditava na superioridade de algum regime ditatorial (seja da esquerda, seja da direita) sobre a democracia. Bastou aparecer um presidente com um mínimo de debilidade, o equilíbrio se rompeu e o sistema ruiu. A sorte nossa é que ruiu para o lado menos ruim, o que evitou danos certamente bem maiores em termos de vidas e atraso econômico.  :?


*Embora a maioria dos militares pró-ditadura a achassem necessária apenas para combater os "nazi-comunistas", havia vários deles que acreditavam na excelência de uma ditadura perene! Sílvio Frota (se não me engano), era um desses malucos, que foi demitido por Geisel em 1977, sendo o último obstáculo à abertura política que Geisel iniciou.











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Offline _tiago

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #81 Online: 30 de Agosto de 2010, 09:04:26 »
Quando se fala em forças de esquerda, quem eram eles?
Era só o PCB?

Offline Iconoclasta SP

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #82 Online: 30 de Agosto de 2010, 16:29:14 »
Acontece que se os milicos simplesmente prendessem os integrantes de grupos de guerrilheiros de esquerda, o presidente Jango, que como presidente da república era o comandante maior das Forças Armadas, mandaria soltar no dia seguinte.

Vide o episódio do avião com os diplomatas cubanos que caiu no Peru. Os documentos que vinculavam o MRT a Cuba foram entregues diretamente ao embaixador do Brasil, o qual encaminhou para o Jango. O que ele fez? Enviou a papelada toda para Cuba.

A única e óbvia maneira de manter qualquer guerrilheiro preso era tirando o presidente de lá. No entanto, os milicos tiraram o cara e resolveram, já que estavam lá, ficar mais 20 anos no poder e sem realizar as eleições democráticas que prometeram.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #83 Online: 30 de Agosto de 2010, 16:32:26 »
Lendo o livro do Gaspari, ficou claro para mim que a democracia é como a fada Sininho: só existe enquanto as pessoas acreditam
nela. Nos anos 60 pouca gente acreditava em democracia...
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Offline CyberLizard

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #84 Online: 30 de Agosto de 2010, 19:56:32 »
Quando se fala em forças de esquerda, quem eram eles?
Era só o PCB?

Isso é algo que eu queria saber nessa história toda. Quem eram os tais grupos "antidemocráticos" de esquerda? O PCB não se encaixa nisso, pois até o golpe era um partido completamente etapista. Eles defendiam que antes de implantar socialismo no Brasil, era necessário realizar uma série de reformas para desenvolver o capitalismo. Existiam alguns grupos que romperam com o PCB na época por causa disso, mas não vejo nenhum deles como muito organizados para fazer qualquer coisa grande. De todos os movimentos armados contra a ditadura, que eu saiba, o único que aparentemente foi planejado e organizado antes dos eventos, era a Guerrilha do Araguaia, que fracassou.  


Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #85 Online: 30 de Agosto de 2010, 22:44:59 »
Citar
A sorte nossa é que ruiu para o lado menos ruim, o que evitou danos certamente bem maiores em termos de vidas e atraso econômico.  


Seja bem-vindo ao lado negro da Força....

Já estava ficando cansado de falar sozinho que os esquerdinhas queriam a ditadura deles.

« Última modificação: 30 de Agosto de 2010, 23:04:36 por Arcanjo Lúcifer »

Offline Iconoclasta SP

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #86 Online: 31 de Agosto de 2010, 12:13:57 »
Ao contrário do que pavoneia a propaganda auto-glorificadora da esquerda revolucionária, hoje na condição de ministros ou milionários indenizados, os movimentos revolucionários não eram organizações de resistência ao regime, visto que começaram a operar em 1961 com o envio de militantes das Ligas Camponeses para Cuba e China, onde receberam treinamento de guerrilha. Já em 1962, uma destas ligas foi desbaratada pelo mais puro acaso em Goiás, onde a polícia investigava um grupo de contrabandistas.

Os movimentos socialistas clandestinos já atuavam CONTRA os governos eleitos democraticamente de Jânio Quadros e de João Goulart, durante os quais encontraram maior liberdade para se estruturarem graças à vista grossa destes presidentes.

Todas estas informações foram relatadas por esquerdistas que participaram dos movimentos em diversos livros como, por exemplo: Denise Rollemberg ("O apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil - PDF: http://www.historia.uff.br/artigos/rollemberg_apoio.pdf, versão comercial -> http://www.americanas.com.br/prod/136343/BookStore?i=1) e Luis Mir ("A Revolução Impossível", Editora Best Seller - http://www.estantevirtual.com.br/sebocarlosgomes/Luis-Mir-A-Revolucao-Impossivel-18539798)

Tem muito mais livros sobre este assunto, porém só li estes dois. Os movimentos que começaram a assumir atentados e sequestros após 1964 (VPR, ALN, MRT, MR-8 e outros tantos) nada mais eram do que reestruturações dos mesmos grupos embrionários que atuavam antes do Golpe Militar.

Difícil fazer previsões sobre o que "aconteceria", e também é difícil saber se a situação que se instalava em 1964 justificava de fato uma intervenção. Eu nem sequer pensava em nascer à época. Outro fato é que os militares mentiram: prometeram eleições democráticas em 1965 e não só não o fizeram como ainda ficaram mais 20 aninhos no poder, de quebra.

Quando se fala em forças de esquerda, quem eram eles?
Era só o PCB?

Isso é algo que eu queria saber nessa história toda. Quem eram os tais grupos "antidemocráticos" de esquerda?

Offline _tiago

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #87 Online: 31 de Agosto de 2010, 16:10:42 »
Difícil fazer previsões sobre o que "aconteceria", e também é difícil saber se a situação que se instalava em 1964 justificava de fato uma intervenção. Eu nem sequer pensava em nascer à época. Outro fato é que os militares mentiram: prometeram eleições democráticas em 1965 e não só não o fizeram como ainda ficaram mais 20 aninhos no poder, de quebra.

É minha dúvida também...
Mas ainda sobre a minha outra pergunta... Dessa esquerda que tanto alardearam ameaças, até agora vi uma meia dúzia de gansos que pretendiam gritar mais alto que a controvérsia. Essa meia dúzia tinha força suficiente pra reforçar e sustentar a ferro e fogo o Jango ou um ditador comunista no poder sendo que o exército inteiro se pronunciava contra?
Posso estar errado, mas em Cuba e URSS o apoio era amplo da população e setores do exército.

Offline DDV

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #88 Online: 01 de Setembro de 2010, 21:49:38 »
Difícil fazer previsões sobre o que "aconteceria", e também é difícil saber se a situação que se instalava em 1964 justificava de fato uma intervenção. Eu nem sequer pensava em nascer à época. Outro fato é que os militares mentiram: prometeram eleições democráticas em 1965 e não só não o fizeram como ainda ficaram mais 20 aninhos no poder, de quebra.

É minha dúvida também...
Mas ainda sobre a minha outra pergunta... Dessa esquerda que tanto alardearam ameaças, até agora vi uma meia dúzia de gansos que pretendiam gritar mais alto que a controvérsia. Essa meia dúzia tinha força suficiente pra reforçar e sustentar a ferro e fogo o Jango ou um ditador comunista no poder sendo que o exército inteiro se pronunciava contra?
Posso estar errado, mas em Cuba e URSS o apoio era amplo da população e setores do exército.

Concordo que os grupos comunistas da época faziam um barulho desproporcionalmente maior do que as suas reais capacidades (o que acabou facilitando as coisas para a repressão depois).

Há um capítulo no livro do Gaspari que trata dos grupos comunistas, onde são especificamernte citados cada um, origem e desfecho. Quase todos eram grupelhos pequenos, porém recebiam bastante dinheiro e assessoria de Cuba, URSS, e na época todos eles achavam que seria possível iniciar uma revolução de sucesso a partir de um grupo pequeno, tal como ocorrera em Cuba (os adversários deles também achavam isso e os superestimavam).

O Exército (as Forças Armadas em geral) não era inteiramente anti-comunista, longe disso. Embora a maioria dos oficiais mais veteranos fossem anti-comunistas, havia uma salada-de-frutas completa lá dentro, com muitos comunistas e fascistas. A maioria era uma massa que seguia as ordens de quem se firmasse melhor no poder (ou seja, se os generais e almirantes comunistas se firmassem, teriam um ótimo efetivo à sua disposição, embora seja provável que não houvesse tanta unanimidade assim a ponto de evitar uma guerra civil...). Esses aí foram todos expurgados após o golpe.

Quantro a Cuba e URSS, ao que eu saiba, havia um apoio geral à derrubada dos regimes anteriores (Fulgêncio Batista e o czarismo), e a maioria da população queria noi lugar uma democracia com amplas liberdades individuais. Não havia um apoio geral aos comunistas pelo comunismo em si (pelo contrário), mas apenas como agentes da derrubada dos regimes anteriores. No caso soviético, foi uma manobra hábil que levou o partido bolchevique, dentre as dezenas de outro, ao poder no final de tudo. Não houve uma escolha ou apoio popular desses regimes.



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Offline Mahul

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #89 Online: 02 de Setembro de 2010, 15:42:48 »
Parabéns, DDV, estou gostando de suas aulas de história! 8-) Só um lembrete, é Élio Gaspari, sem o H, italiano! :ok:
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Offline DDV

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #90 Online: 04 de Setembro de 2010, 12:45:32 »
Parabéns, DDV, estou gostando de suas aulas de história! 8-) Só um lembrete, é Élio Gaspari, sem o H, italiano! :ok:

Obrigado  :ok: (pelos parabéns e pelo lembrete).
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Offline Matheus de Souza

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Re: Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #91 Online: 04 de Setembro de 2010, 13:18:59 »
Quando se fala em forças de esquerda, quem eram eles?
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Mário Vargas Llosa

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Re:Sobre extremistas comunistas no Orkut
« Resposta #92 Online: 29 de Maio de 2019, 13:33:10 »
Comando de Caça aos Comunistas



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


As referências deste artigo necessitam de formatação (desde dezembro de 2012). Por favor, utilize fontes apropriadas contendo referência ao título, autor, data e fonte de publicação do trabalho para que o artigo permaneça verificável no futuro.   
Comando de Caça aos Comunistas (CCC) foi uma organização paramilitar anticomunista brasileira de extrema direita, atuante sobretudo nos anos 1960 e composta por estudantes, policiais e intelectuais favoráveis ao regime militar então vigente.


Batalha da Maria Antônia

Centro Universitário Maria Antônia da Universidade de São Paulo
O Comando de Caça aos Comunistas (CCC), fundado pelo policial civil e estudante de Direito Raul Nogueira de Lima, que se tornaria um torturador no DOPS conhecido como "Raul Careca",[1] era chefiado pelo advogado João Marcos Monteiro Flaquer e recebia treinamento do Exército Brasileiro.[2]


Índice
1   Origem e atuação
2   O conflito da rua Maria Antônia
3   Nomes ligados ao CCC
3.1   João Marcos Monteiro Flaquer
3.2   Raul Nogueira de Lima (Raul Careca)
3.3   Cássio Scatena
3.4   João Parisi Filho
3.5   Depoimento
4   Ver também
5   Referências
6   Ligações externas
Origem e atuação
O CCC surgiu em 1963, em plena Guerra Fria, quando era difundido, sobretudo na classe média, o medo do comunismo e do avanço da esquerda no Brasil. Estima-se que, só no Estado de São Paulo, o Comando de Caça aos Comunistas contasse com mais de 5 mil integrantes.[3] Entre eles, muitos eram estudantes universitários das universidades de São Paulo. Mas havia também policiais. Muitos dos seus membros agiam como delatores. Recebiam treinamento militar e frequentemente andavam armados. [carece de fontes]

Segundo relatos, em 1964, logo após o golpe militar, os integrantes do CCC invadiram e destruíram a Rádio MEC, no Rio de Janeiro. Foi a primeira ação "oficial" do Comando, na defesa do novo regime. De acordo com a professora Maria Yedda Leite Linhares,[4] os invasores literalmente destruíram os estúdios da rádio. Além do CCC, havia pelo menos outros três grupos de extrema-direita reconhecidos publicamente: a Associação Anticomunista Brasileira (AAB), a Frente Anticomunista (FAC) e o Movimento Anticomunista (MAC). Todavia, o CCC liderava as manifestações anticomunistas no Brasil, fazendo denúncias e atacando diretamente pessoas e entidades da oposição ao governo militar.

Segundo o almanaque do jornal Folha de S. Paulo,[5] o CCC foi responsável pelos seguintes eventos:

Invasão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, onde espancaram o elenco do espetáculo Roda Viva (em 18/7/1968)
Atentado à bomba no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro (em 2/12/1968)
Sequestro, tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de D. Helder Câmara, em Recife (em 26/5/1969)
Mas a maior ação com envolvimento do Comando de Caça aos Comunistas ocorreu na cidade de São Paulo e ficou conhecida como a "batalha da Maria Antônia" ou "guerra da Maria Antônia".[6] Violentos confrontos ocorreram entre 2 e 3 de outubro de 1968, quando alunos da Faculdade de Filosofia da USP (considerada como um reduto da esquerda política) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (tida como reduto da direita) travaram uma verdadeira batalha campal na rua Maria Antônia, em São Paulo. No dia 3 de outubro, o prédio da Faculdade de Filosofia da USP foi incendiado, e um jovem secundarista, José Carlos Guimarães, de 20 anos, morreu, atingido por uma bala na cabeça. Três outros estudantes foram baleados e houve dezenas de feridos, alguns gravemente queimados com ácido sulfúrico.[7] À noite, o teto do prédio da Faculdade de Filosofia desabou.[8]

Segundo a extinta revista O Cruzeiro, estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia: Boris Casoy (locutor da Rádio Eldorado), João Marcos Monteiro Flaquer, João Parisi Filho,[9] e "Raul Careca". De acordo com a mesma reportagem de 9 de novembro de 1968, participaram do ataque ao elenco do Roda Viva: João Marcos Monteiro Flaquer,[10] Cássio Scatena e "Raul Careca". Em 2010, o próprio autor da reportagem na revista Cruzeiro, Pedro Medeiros, esclareceu que os diversos nomes que ele relacionara como integrantes do CCC[11] foram publicados sem confirmação.[12] Ao entrevistar integrante do grupo em 1968, o repórter se apropriou da agenda de telefones do entrevistado e os nomes que apareciam na agenda acabaram sendo publicados como sendo membros do grupo, entre eles Boris Casoy.[11]

Em 11 de outubro de 1978,[13] o industrial Cássio Scatena, ex-CCC, assassinou um operário na porta da Metalúrgica Alfa em São Paulo. A fábrica faz greve em protesto. Em 7 de novembro de 1986 Scatena foi a júri e condenado a treze anos de reclusão. Em 25 de novembro de 1987 o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo anulou o julgamento.[14]

Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais,[15] o estudante do Colégio Marina Cintra, José Carlos Guimarães, morto durante a Batalha da Maria Antônia, em 1968, foi assassinado pelo policial Raul Careca, do Departamento de Ordem Política e Social. Também de acordo com o Grupo Tortura Nunca Mais, o Padre Antônio Henrique Pereira Neto foi assassinado pelo CCC. O padre Henrique, da Arquidiocese de Olinda e Recife de 28 anos, desenvolvia atividades junto ao Arcebispo Dom Helder Câmara, que o tratava como um filho.[16] Depois que celebrou uma missa em memória do estudante Edson Luiz de Lima Souto, morto pela polícia durante uma manifestação de rua no Rio de Janeiro, o Padre Antônio Henrique passou a receber constantes ameaças de morte por parte do CCC. No dia 26 de maio, o padre foi sequestrado. Seu corpo foi encontrado, no dia seguinte, em um matagal na Cidade Universitária de Recife, pendurado de cabeça para baixo, em uma árvore, com marcas evidentes de tortura: espancamento, queimaduras de cigarro, cortes de facão na barriga e no pescoço e três tiros na cabeça.[16] No inquérito aberto no Tribunal de Justiça de Pernambuco, foram acusados, pelo sequestro, tortura e morte do padre Henrique, Rogério Matos do Nascimento, delegado Bartolomeu Gibson, investigador de polícia Cícero Albuquerque, tenente José Ferreira dos Anjos, da Polícia Militar, Pedro Jorge Bezerra Leite, José Caldas Tavares e Michel Maurice Och. Testemunhas acusaram as mesmas pessoas, não só por este assassinato, mas também, pelo metralhamento que deixou paralítico, em 1969, o líder estudantil recifense, Cândido Pinto de Melo. O autor dos disparos teria sido o tenente José Ferreira dos Anjos, campeão de tiro que atuava no serviço secreto da polícia militar e único pernambucano enviado no grupo de 18 policiais enviados para aperfeiçoamento na Academia Internacional de Polícia nos Estados Unidos - após um mês nos EUA o governos norte-americano pediu que fosse devolvido ao Brasil por causa do mau comportamento.[16] Segundo o Desembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, "há provas da participação do CCC no assassinato do Padre Henrique." O inquérito foi arquivado.[17]

O conflito da rua Maria Antônia
Ver artigo principal: Batalha da Maria Antônia
O CCC esteve envolvido nos eventos que levaram à conhecida "Batalha da Maria Antônia", em 1968, entre alguns estudantes da Universidade Mackenzie e os da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.[18] Houve a morte de um estudante secundarista, José Guimarães, vítima de uma bala perdida cujo som confundiu-se com o dos rojões disparados de parte a parte.

Segundo relatado pela Fundação Perseu Abramo[19] e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo em 28 de novembro de 1977, "(...) As sedes dos DA de Filosofia e Letras, DA Leão XIII, CA de Ciências Sociais e Serviço Social, CA 22 de agosto e do DCE -Diretório Central dos Estudantes- foram depredadas. Portas que estavam fechadas apenas com o trinco foram arrombadas a pontapés. As gavetas foram arrancadas fora das mesas e seu conteúdo jogado no chão. Em vários restos de portas ficaram bem nítidas as marcas dos pontapés. Em diversas salas foi pichada a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas), organização que, como a AAB (Aliança Anticomunista Brasileira), se opusera à ideologia comunista. Uma lista enorme de bens das entidades foi levada pela polícia. A biblioteca também foi inteiramente invadida e seus ocupantes expulsos aos gritos e ameaças de cassetetes. Os policiais jogaram vários livros no chão. Entraram com violência e, usando palavras de baixo calão, nas salas de aula, prendendo todos os seus ocupantes, e muitas vezes espancando-os..."

Segundo reportagem da revista Veja, de 9 de outubro de 1968,[20] "(...) paus e pedras, bombas Molotov, rojões, vidros cheios de ácido sulfúrico que ao estourar queimavam a pele e a carne, tiros de revólver e muitos palavrões voaram durante quatro horas pelos poucos metros que separam as calçadas da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Exatamente às 10 e meia da manhã do dia 2, quarta-feira, começou a briga entre as duas escolas. Porque alguns alunos do Mackenzie atiraram ovos em estudantes que cobravam pedágio na Rua Maria Antônia a fim de recolher dinheiro para o Congresso da UNE e outros movimentos antigovernistas da ação estudantil, a rua em que vivem as duas escolas rapidamente se esvaziou. Formaram-se grupos dos dois lados, dentro do Mackenzie, onde estudam alguns membros do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Frente Anticomunista (FAC) e Movimento Anticomunista (MAC); dentro da Faculdade de Filosofia da USP, onde fica a sede da União Estadual dos Estudantes. As duas frentes agrediram-se entre discursos inflamados e pausas esparsas. Ao meio-dia a intensidade da batalha aumentou, porque chegaram os alunos dos cursos da tarde. O Mackenzie mantinha uma vantagem tática - os seus prédios ficam em terreno mais elevado e são cercados por um muro alto. A Faculdade da USP está junto à calçada, com sua entrada principal ladeada por colunas de estilo grego e duas portas laterais. A fachada não tem mais que 20 metros. Seu único trunfo: uma saída na Rua Dr. Vila Nova, perpendicular à Maria Antônia, bem defronte à Faculdade de Economia, também da USP. Nessa quarta-feira, uma enfermaria improvisada no banheiro da USP atendeu a seis feridos. Dois alunos do Mackenzie também se machucaram. Na rua, os estudantes da USP apupavam os do Mackenzie: "Nazistas, gorilas!" E os mackenzistas revidavam: "Guerrilheiros fajutos!" Às 2 da tarde a reitora do Mackenzie, Esther de Figueiredo Ferraz, pediu uma tropa de choque - 30 guardas-civis - para "proteger o patrimônio da escola". Quando a polícia chegou, os estudantes se dispersaram. Houve uma trégua..."


[...]



https://pt.wikipedia.org/wiki/Comando_de_Ca%C3%A7a_aos_Comunistas
« Última modificação: 29 de Maio de 2019, 13:38:14 por JJ »

 

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