Autor Tópico: Censura: após atentados em Londres atinge arte  (Lida 1178 vezes)

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Offline Südenbauer

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Censura: após atentados em Londres atinge arte
« Online: 26 de Julho de 2005, 18:30:59 »
26/07/2005  - 09h56
Censura após atentados em Londres atinge TV, cinema e literatura[/size]
EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

Logo depois do ataque ao World Trade Center em Nova York, em 11 de setembro de 2001, Hollywood fez uma censura discreta às produções que refletissem, direta ou indiretamente, o atentado. Foi o caso de "Efeito Colateral", em que Arnold Schwarzenegger vive um bombeiro que perde a mulher e o filho em um atentado a bomba.

Ao mesmo tempo em que a indústria de cinema americano dá sinais de que suspendeu seu "embargo" ao tema, com o anúncio de um filme de Oliver Stone sobre o 11 de Setembro, Londres vive uma espécie de caças às bruxas, ou melhor, a quaisquer referências a atentados, não só nos livros mas também nas telas.

Após a retirada dos anúncios de "Incendiary", outro livro criou celeuma: colados nas paredes do metrô londrino, os cartazes de "The Algebraist", de Iain Banks, que nada tem a ver com terrorismo, estampavam um trecho da resenha do jornal "The Guardian": "Um lugar perfeito para ter sua mente feita em pedaços". Uma passageira fez reclamação formal à agência que regula a publicidade no Reino Unido.

"Os ânimos estão exaltados e é preciso levar isso em conta", ponderou um porta-voz da agência, em entrevista ao "Guardian".

O cartaz do filme de terror "Creep", que mostra uma mão ensangüentada espalmada na janela de um vagão do metrô de Londres, também foi retirado de circulação. E, depois que a polícia britânica confirmou que os primeiros ataques haviam sido causados por terroristas suicidas, a emissora de TV Channel 5 cancelou a exibição do último episódio do seriado "CSI", em que um terrorista explode a si mesmo.

No filme "V de Vingança", cuja estréia está marcada para novembro, há cenas em que o metrô de Londres é bombardeado por um ataque terrorista. Houve rumores de que o filme sofreria cortes, mas os produtores afirmam que não mudarão nada.

"É um ótimo momento para o filme. Ele fará as pessoas pensarem", disse Joel Silver, produtor executivo do filme.


Fonte: Folha On-line

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26/07/2005  - 09h57
Londres rechaça romance sobre atentado
EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

O clichê da realidade imitando a arte não podia ter uma confirmação mais indesejável do que o lançamento de "Incendiary", livro sobre ataques terroristas a Londres, justamente no dia 7 de julho, quando ocorreram as primeiras explosões no metrô e num ônibus da capital inglesa.


Detalhe da capa do livro

Anúncios promovendo o livro nos jornais britânicos reproduziam a imagem de sua capa, em que se vê Londres envolta em fumaça. De imediato, Chris Cleave, o autor do livro, colocou na sua página na internet uma enquete, em que consultava seus leitores: ele deveria ou não prosseguir com o lançamento de seu livro?

A maioria foi a favor de que o autor não se intimidasse: a arte é maior do que o terrorismo, filosofou um; nós não estamos com medo, garantiu outro. Por via das dúvidas, os anúncios foram retirados dos jornais pela rede de livrarias Waterstone's.

"Eu e meus editores estamos orgulhosos do livro, mas entendo que o momento era delicado e não queria ofender as famílias das vítimas ou tirar proveito dessa tragédia. Por isso concordo com a decisão da retirada da propaganda", conta Chris Cleave, 32, em entrevista à Folha.

"É importante, no entanto, lembrar que meu livro não é sobre o terrorismo, mas sobre uma mulher tentando se recuperar da perda do filho e do marido num ataque terrorista. Algo que se passa num futuro próximo, que os ataques infelizmente trouxeram para mais perto."

A coincidência, de qualquer modo, gerou desconforto e polêmica no Reino Unido. O jornal britânico "The Observer" disse que o livro era um "insulto".

No site de Cleave, um leitor foi ainda mais contundente: obviamente o autor não podia adivinhar que os ataques aconteceriam. Mas Cleave sabia das ameaças de terrorismo que havia muito tempo assombravam o país. E "Incendiary", portanto, estaria pegando uma carona na realidade, uma jogada de marketing favorável a escritores e diretores de cinema.

"Acho que o livro venderia bem com ou sem ataques", defende-se Cleave. "Vivemos numa década que será conhecida no futuro como a década do terrorismo. Meu livro é relevante para esta época, não por causa de um ataque em particular, mas porque é um apelo ao fim da violência política, de ambas as partes. A coincidência da publicação é horrível, mas certamente não é uma oportunidade de vendas."

Quinto livro de Cleave, mas o primeiro a ser publicado, "Incendiary" já teve seus direitos vendidos para 15 países [o Brasil ainda não está incluído na lista] e até para o cinema. O autor, antes um repórter do "Daily Telegraph", diz que o escreveu em resposta aos ataques terroristas de Madri e às notícias de torturas na prisão iraquiana de Abu Ghraib, em 2004.

No livro, uma mulher escreve uma carta a Osama bin Laden, depois que seu filho de 4 anos e seu marido são mortos num ataque suicida, durante uma partida de futebol, no estádio do Arsenal, em Londres, tentando convencê-lo a abortar sua campanha terrorista.

"Como pai, eu estava preocupado com o perigoso estado das coisas do mundo em que meu filho vai crescer. É um livro muito pessoal, sobre meus medos em relação à nossa civilização. Espero que ele consiga expressar um pouco o que a grande maioria das pessoas que desejam a paz está pensando no momento sobre estes terríveis eventos."

Apesar da polêmica, Cleave diz que não mudaria nenhuma linha em "Incendiary". Para o autor, é improvável que seu livro sofra qualquer tipo de censura oficial. Parte do mercado, no entanto, já teria manifestado sua insatisfação com a fatídica coincidência: algumas redes de livrarias, conta Cleave, tiraram "Incendiary" de suas prateleiras, temendo que seus clientes ficassem chocados.

"Em termos de censura, o mercado hoje em dia é bem mais conservador do que os governos jamais conseguiram ser. A diferença é que não se chama de 'censura' quando algo assim acontece. Não há um debate público. Em vez disso, o livro fica sem oxigênio e morre lentamente."

Cleave não descarta a possibilidade de escrever um outro livro que fale especificamente dos recentes ataques a Londres. Não fazê-lo, diz ele, seria tão louco como escrever sobre os dias de hoje sem falar da eletricidade. "A ameaça terrorista se tornou parte de nossas vidas de tal forma que seria impossível fazer um livro sério que não a mencionasse de algum modo."

Cleave lamenta a morte do brasileiro Jean Charles Menezes, assassinado pela polícia inglesa, por engano, na semana passada. Ele compara o Reino Unido ao Brasil, pela sua combinação de raças e religiões, de pessoas ricas e pobres, no momento divididas entre aquelas que acreditam ser este o momento para se fazer pontes com a comunidade islâmica. E uma minoria, que se mostra abertamente racista, sobretudo com a comunidade asiática.

"Só espero que lembremos de ver as pessoas em termos dos seus atos individuais, e não como membros de grupos políticos, raciais ou religiosos."


Fonte: Folha On-line

Offline Rodion

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Re.: Censura: após atentados em Londres atinge arte
« Resposta #1 Online: 26 de Julho de 2005, 18:36:16 »
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E, depois que a polícia britânica confirmou que os primeiros ataques haviam sido causados por terroristas suicidas, a emissora de TV Channel 5 cancelou a exibição do último episódio do seriado "CSI", em que um terrorista explode a si mesmo.

ué, eles tão atrasados hehe
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   "É um ótimo momento para o filme. Ele fará as pessoas pensarem[pagarem]", disse Joel Silver, produtor executivo do filme.


é né. hehe
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

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