Tópico: Pastor é preso por racismo[!!]

[4 Ton Mantis]

http://www.orm.com.br/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=487524


O pastor da Assembléia de Deus Petrônio Alves da Silva foi preso em flagrante acusado de racismo e injúria associada à discriminação racial. O caso ocorreu ontem, pela manhã, no Aeroporto Internacional de Belém, em um guichê da companhia aérea Transportes Aéreo Marília (TAM), quando o acusado fazia o "check-in" para viajar para Brasília e ofendeu a agente de aeroporto Ana Brenda da Costa Ribeiro. "Levei a denúncia até o fim e que isso sirva de lição a ele e outras pessoas sobre como tratar o ser humano, independente da raça ou da cor", disse a agente.

Ana Brenda contou à imprensa que o movimento no guichê estava tranquilo, sendo aquele o único voo do horário, quando chegou a vez do pastor Petrônio, que estava acompanhado da esposa e dos filhos. Ao se dirigir à funcionária, ele mostrou as bagagens e as malas foram postas na balança para a pesagem.

Ao ser informado por Ana Brenda sobre os 17 quilos a mais do que é estipulado como limite para cada passageiro, Petrônio, que também tem a pele escura, questionou a cobrança pelo excesso de forma ofensiva. "Ele disse: ‘por que eu vou pagar se eu já paguei? Por que eu pagaria para você, uma neguinha folgada’. Eu continuei o atendimento e depois chamei a Polícia Federal", relatou a vítima.

Os agentes da Polícia Federal encaminharam o caso para a Delegacia de Polícia Civil do Aeroporto e a queixa foi registrada pela delegada de plantão, Ana Guedes. Durante toda a manhã de ontem, a policial e sua equipe colheram depoimentos da vítima, testemunhas e do acusado.

Negro - Embora arredio no primeiro momento, Petrônio ao sair da delegacia conversou com os jornalistas que aguardavam o desenrolar da ocorrência, no saguão do Aeroporto Internacional de Belém. O acusado disse que também sofreu discriminação. "Houve discriminação de negro para negro, sim, por parte dela. Desde que eu cheguei ela não me atendeu de maneira correta. Nem olhou na minha cara", reclamou.

Petrônio negou ter chamado Ana Brenda de "neguinha folgada", como ela disse à delegada e duas testemunhas confirmaram. "Não chamei em hipótese nenhuma isso a ela. Ela está mentindo. Aliás, eu fui ofendido", sustentou ele, sem dizer que tipo de ofensa.

Embora tenha negado a ofensa, a vítima manteve as acusações respaldada por testemunhas e Petrônio foi preso em flagrante. A delegada Ana Guedes explicou que o caso se enquadra como injúria qualificada e crime de racismo, previsto no artigo 20 da Lei n° 7.716/89. Após os procedimentos legais, o pastor Petrônio foi encaminhado para a carceragem da Seccional da Sacramenta.

O crime de racismo prevê pena de dois a cinco anos e é inafiançável. Petrônio só poderá ganhar liberdade novamente com ordem judicial, que deve ser conseguida com algum instrumento legal para relaxamento da prisão, como o habeas corpus.

[calvino]

Bem feito.
E só por se chamar "Petrônio" deveria levar mais uns 2 anos!

[André Luiz]

Que pena que ele nao usou aqueles citaçoes biblicas 

"Caim foi marcado blá,blá,blá

O escandalo seria maior

[Mahul]

Podem acreditar! Antes de começar a ler a reportagem eu pensei: ué, mas a grande maioria desses pastores são negros ou mulatos, será um pastor branco? O pior de tudo é que não, se bem que informalmente é comum as pessoas se tratarem dessa forma aqui no Brasil. Isto é, se já são pessoas conhecidas, com um certo grau de amizade, adjetivos como neguinha e negão são até bem aceitos. Ou seja, o problema não é exatamente as palavras, mas o tom e o contexto em que elas são ditas.

[Buckaroo Banzai]

Eu acho que alguns desses casos, embora não lembre de nenhum, mas a impressão geral que me passa ou que fica, é de um certo exagero. Acho que na maior parte do tempo, crime propriamente de racismo deveria ser algo mais sério, não só insulto, ainda mais nesse tipo de caso, quando ambos provavelmente são da mesma "raça" e o termo usado não tem uma conotação negativa, não é propriamente um xingamento, algumas vezes sendo até usado meio como "cara" ou "alguém", informalmente.

Não que não pudesse haver casos de xingamentos com "temática" racista que merecessem um processo, mas sei lá...a impressão que tenho é que acaba sendo muito diferente de outros tipos de xingamentos que não ganham a mesma atenção, acabam não tendo o mesmo peso legal, e que não vão necessariamente ser menos graves a quem foi ofendido.

Acho até que quando a coisa entra nessa área de temática racista até valeria ter um peso um pouco maior, talvez, se isso puder ter um efeito educativo, quando esse talvez seja mesmo um problema um pouco mais grave que outras "temáticas"... mas sei lá, a impressão geral que fica é que muitas vezes exageram.

Passa uma impressão de que se você estiver discutindo irritado com uma pessoa de outra raça, ou com pessoas de outra raça por perto delas, é melhor respirar fundo e tomar umas duas ou três doses extras de paciência, calcular cada palavra, para não correr o risco de, nem exatamente xingar a pessoa no calor do momento de algo racista, mas simplesmente, por qualquer motivo, acabar falando mal da pessoa, ainda meio enraivecido, meio como, te perguntam, "mas o que está acontecendo, por que a confusão", e você, raivosamente diz "aquele preto lá, o babaca fica estacionado no meio da rua, e ainda com o farol alto ligado" -- tentando dar um exemplo de frase onde você poderia substituir "preto" por palmeirense, alemão, gordo, cabeludo, e outras coisas que dariam uma identificação visual sobre a quem você se refere, algo que não raramente as pessoas usam, e que não se teria tão provavelmente algo que talvez pudesse ser interpretado como uma forma pejorativa de se usar o termo se referindo ao grupo todo, e nem mesmo especficamente àquele indivíduo, por mais que você esteja furioso com o cara.

[uiliníli]

Perfeitas observações, Bucky.