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Offline calvino

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Economistas dizem que Brasil está se desindustrializando
« Online: 30 de Agosto de 2010, 23:39:54 »
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Economistas dizem que Brasil está se desindustrializando e veem problemas à frente



SÃO PAULO - Mesmo com o otimismo generalizado com o Brasil, os palestrantes presentes no evento da Fundação Getulio Vargas apresentaram diversos problemas do País – entre eles, o que o diretor-presidente da CSN (CSNA3) e presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, chamou de importações descontroladas.

“O nosso modelo é de desindustrialização. Tivemos um déficit de manufaturados de US$ 35 bilhões de dólares no ano passado, este ano deve ser de US$ 60 bilhões. Grãos, minérios e combustível mascaram esses resultados”, disse o executivo. A tendência, segundo ele, é que a situação externa siga piorando no segundo semestre – o que é um risco para esse modelo.

“Vamos ter uma crise serrote – esse sobe desce vai permanecer durante muito tempo. Isso deve ser uma prioridade para o ministro (da Fazenda, Guido) Mantega – o Brasil não pode ser tão dependente assim”, afirmou.

4 anos, 40 anos

Da mesma maneira, o professor de economia José Luís Oreiro também criticou a desindustrialização do País – e, destoando dos demais palestrantes, inclusive do próprio Guido Mantega, afirmou que vê o futuro brasileiro com bastante pessimismo.

“Se dermos muita sorte, teremos uma crise de balanço de pagamentos em 2012. Mas podemos dar azar – se o pré-sal impedir essa crise. Se isso ocorrer, o Brasil vai passar por um processo lento de desindustrialização que vai minar o crescimento do País”.

O desempenho brasileiro nos próximos quatro anos pode até ser positivo, para o professor – entretanto, o problema está nos próximos 40 anos. “Esse modelo de tripé da política econômica – controle da inflação, cambio flutuante e superávit primário – vai nos jogar em uma ladeira que vai jogar fora nossa industrialização”, argumenta.

Oferta, demanda e câmbio

Yoshiaki Nakano, diretor e professor da Escola de Economia da FGV-SP apresentou uma visão semelhante. Evitando usar a palavra desindustrialização, Nakano afirmou que a estrutura produtiva do País está em uma especialização regressiva – que significa, basicamente, andar para trás. Um exemplo, segundo ele, pode ser visto entre as siderúrgicas, “que estão, ao invés de exportar aço fino, se tornando mineradoras”.

Ele credita grande parte desse movimento ao surgimento de um outro centro para a economia global – a China – que tem pesada demanda por commodities. “Os EUA deixarão de ser a locomotiva global, forçando os emergentes a buscarem outro foco. O fluxo de capitais dos emergentes deve ser menor com a desalavancagem do sistema financeiro – com isso, somado a outros fatores, temos o fim do fetiche do financiamento externo”, afirma Nakano.

Isso, por si só, provoca uma valorização da taxa de câmbio, questão que deve ser olhada com cautela pelo governo. A apreciação da taxa de câmbio também é vista por Oreiro – e, em sua opinião, deve ser a primeira a ser mudada. “O governo hoje atua como market maker no mercado de câmbio”, explica. Para ele, um fundo poderia assumir esse papel, assumindo a administração da taxa cambial a uma taxa competitiva, "tendo a atribuição também de manter um controle de capitais dinâmico e abrangente”.

Já o economista e ex-secretário da Cultura de São Paulo, João Sayad, sugeriu que a taxa de câmbio pudesse ser estabilizada através de outro instrumento - a taxa de juros, a âncora da inflação. Fernando Holanda Barbosa, também professor da FGV, discordou de Sayad, e afirmou que o primeiro passo é acabar com a descoordenação das políticas fiscal e monetária – e, consequentemente, do Banco Central e Ministério da Fazenda. “Precisamos remontar o sistema operacional do BC (...) Precisamos ser mais como o Japão”, apontou.

Pelo mesmo motivo, Barbosa também foi contra a ideia de Oreiro da criação de um fundo para lidar com o câmbio – que, em sua visão, só pioraria essas desconexões.

Ainda sobre a questão oferta/ demanda, Nakano aponta que o problema surge somente em uma das pontas. “Enquanto o potencial de oferta dos emergentes segue, eu não tenho um pólo dinâmico como os EUA, que agora tem que reduzir seu déficit de transações correntes. Estamos muito abaixo da fronteira tecnológica, então pelo lado da oferta o problema não existe – o desafio é a demanda. Vamos ser capazes de estimular e calcular a demanda global agregada para crescer de maneira eficiente?”.


FONTE]http://dinheiro.br.msn.com/mercado/artigo.aspx?page=0&cp-documentid=25396347]FONTE



"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

 

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