Autor Tópico: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral  (Lida 2290 vezes)

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Offline Geotecton

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Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Online: 27 de Setembro de 2010, 14:56:59 »
Em 03/10/2010 elegeremos presidente, governadores, 2/3 dos senadores, deputados federais e estaduais.

Com isto muitas mazelas do sistema político-eleitoral brasileiro voltarão ao noticiário.

Neste tópico é proposta uma discussão de algumas questões relevantes, que no meu entender, devem ser aperfeiçoadas e ou reformuladas.

Eis algumas delas:


Um sistema eleitoral centralizado e controlado pelo TRE é realmente eficiente?

Ele pode ser aperfeiçoado? Como?

O processo eleitoral não deveria ser federalizado, onde cada município decidiria a forma de votação?

As urnas eletrônicas são realmente confiáveis, em termos de impossibilidade de manipulação?

Não seria interessante um sistema de urnas combinando informação digital e impressa?

A votação deve continuar sendo obrigatória?

Pessoas analfabetas e indivíduos entre 16 e 18 anos devem manter o direito de voto?

Deve haver um grau de qualificação mínima para um candidato? Qual seria?

Deve ser eliminado o voto de legenda?

O voto distrital ou distrital misto resolveria os problemas de representação e de alavancagem de candidatos inexpressivos, "puxados" por recordistas de votos do mesmo partido?

O suplente de senador pode exercer seu cargo sem receber um voto. Como corrigir esta distorção?

Alguns estados, como São Paulo, são subrepresentados na câmara baixa, ao passo que estados como Acre e Amapá são sobrerepresentados. Qual a solução? Reduzir o número de deputados dos sobrerepresentados ou aumentar os dos subrepresentados?

Seria possível eliminar o salário de pessoas que ocupam cargos eletivos?

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Offline gilberto

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #1 Online: 27 de Setembro de 2010, 15:42:42 »
As urnas eletrônicas são realmente confiáveis, em termos de impossibilidade de manipulação?

Não seria interessante um sistema de urnas combinando informação digital e impressa?
Se alguém que tiver acesso as urnas antes de uma votação podem alterar o programa e favorecer algum candidato.

Eu sou mesário, e as urnas já tem uma impressora de rolo na parte de trás, como as impressoras de tícket de caixas registradoras. Então seria fácil adaptar o programa de votação para que o voto de cada eleitor fosse impresso após o voto. Depois o eleitor destacaria o tícket verificando se os candidatos para quem ele votou foram impressos corretamente e depositando em uma urna convencional.

Assim, continaria tendo toda a agilidade da votação eletronica, com a segurança de poder recontar os votos nas urnas.

Parece que esse sistema já é implantado em alguns outros paises, e acho que o TSE tb já pensa nisso.

Offline HSette

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #2 Online: 27 de Setembro de 2010, 17:53:38 »
Eu acho que tem que acabar com o voto obrigatório.

E criar um sistema de voto distrital, capaz de corrigir as distorções de representatividade.

O voto de legenda teria que ser relativizado de alguma forma, para impedir a eleição de pessoas que tiveram um número de votos inferior a um determinado teto.
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Chaves

Offline Unknown

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #3 Online: 27 de Setembro de 2010, 19:04:42 »
Deve ser eliminado o voto de legenda?

O voto distrital ou distrital misto resolveria os problemas de representação e de alavancagem de candidatos inexpressivos, "puxados" por recordistas de votos do mesmo partido?

Sou contra eliminar o voto de legenda, mas acho que nenhum candidato poderia ser "puxado" pelo alto número de votos que outro recebeu. A meu ver, voto de legenda quer dizer que o eleitor dá seu voto de confiança ao partido, mas esse fator eleitoral que faz um candidato muito votado doar votos para outros faz com que o eleitor compre gato por lebre.

Seria possível eliminar o salário de pessoas que ocupam cargos eletivos?

Sou contra. Acho que seria melhor que seu teto fosse vinculado ao salário mínimo. Ex.:
presidente - 30 sm
ministros, senadores e governadores - 25 sm
deputados federais, secretários de nível federal/estadual - 20 sm
deputados estaduais, prefeitos - 18 sm
vereadores, secretários municipais - 15 sm

E por mim também não deveria haver aposentadoria especial para esses casos. Todos deveriam contribuir para a Previdência e todos deveriam cumprir os seus 35 anos de trabalho como qualquer outro.

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Offline Geotecton

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #4 Online: 01 de Outubro de 2010, 21:44:59 »
[...]
Seria possível eliminar o salário de pessoas que ocupam cargos eletivos?

Eu eliminaria os salários ou os reduziria a no máximo 10 salários mínimos nacionais para presidente e o resto todos muito menores, incluindo os de governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores.

Acho uma boa idéia reduzir o salário também do Judiciário.
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Offline Geotecton

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #5 Online: 08 de Outubro de 2010, 11:16:14 »
Os foristas acham que os pontos levantados neste tópico são relevantes?
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Offline André Luiz

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #6 Online: 08 de Outubro de 2010, 11:57:10 »

Se com salario os caras ja roubam imagine sem

E a nosa democracia ainda é muito jovem para o voto nao ser obrigatorio


Offline uiliníli

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #7 Online: 08 de Outubro de 2010, 13:27:15 »
Um sistema eleitoral centralizado e controlado pelo TRE é realmente eficiente?

Na verdade existe uma certa descentralização. Tanto que quem controla tudo é o TSE e cada estado tem o seu TRE. Se e como seria possível tornar o sistema mais eficiente eu não sei, mas acho que o sistema eleitoral brasileiro é bem razoável e está melhorando.

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Ele pode ser aperfeiçoado? Como?

A partir das próximas eleições, o sistema de identificação biométrica vai ser estendido para todo o país, o que vai aumentar a segurança sistema contra fraudes.
Outra melhoria que poderiam fazer é instituir em cada cidade zonas eleitorais nas quais as pessoas pudessem votar em trânsito, por exemplo, uma pessoa que votasse em Fortaleza, mas estivesse em São Paulo no dia das eleições poderia comparecer a essa zona especial, apresentar seu título de eleitor do Ceará e ser dirigido para uma urna cearense. Se um brasileiro pode votar do exterior, por que não pode votar de fora de sua cidade?

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O processo eleitoral não deveria ser federalizado, onde cada município decidiria a forma de votação?

Para eleições municipais, talvez. Para as estaduais, poderiam valer as normas do estado. Não vejo nenhum problema nisso, mas o Brasil tem uma tradição mais centralizadora, ao contrário dos EUA.

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As urnas eletrônicas são realmente confiáveis, em termos de impossibilidade de manipulação?

Não sei afirmar, mas acredito que sejam mais seguras do que o papel.

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Não seria interessante um sistema de urnas combinando informação digital e impressa?

Pode ser. As urnas eletrônicas poderiam imprimir um papelzinho contendo os votos do eleitor e ele poderia depositá-lo em uma urna depois de conferir. Assim, havendo alguma dúvida sobre os resultados de uma zona em particular, os votos em papel poderiam ser contados manualmente. Não que isso deixasse o sistema à prova de falhas também, afinal a contagem manual também poderia ser adulterada. De qualquer jeito, seria preciso confiar no sistema.

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A votação deve continuar sendo obrigatória?

Não. E na prática ela não é, basta justificar. A abstenção este ano ficou em torno de 20 %, um em cada cinco eleitores não votou. Por que não liberar logo as pessoas a votarem se quiserem sem precisar justificar?

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Pessoas analfabetas e indivíduos entre 16 e 18 anos devem manter o direito de voto?

Sim. Na verdade, pessoas analfabetas com mais de 16 anos não deveriam é existir.

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Deve haver um grau de qualificação mínima para um candidato? Qual seria?

Sim. Mas não um diploma escolar. Acho que os candidatos a candidatos deveriam tirar uma "licença", assim como quem ser motorista precisa fazer. Eles deveriam fazer um curso básico e ser aprovados em um teste. Para esses cursos não correrem o risco de ter um viés ideológico em particular, talvez eles pudessem ser ministrados pelos partidos políticos. Dessa forma as pessoas teriam liberdade de escolher um mais alinhado com sua visão de mundo.

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Deve ser eliminado o voto de legenda?

Não. Idealmente a legenda representa uma visão de mundo, uma ideologia. Infelizmente, isso não funciona no Brasil devido à falta de qualidade da maioria dos partidos, mas não acho que seja o caso de mudar o sistema.

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O voto distrital ou distrital misto resolveria os problemas de representação e de alavancagem de candidatos inexpressivos, "puxados" por recordistas de votos do mesmo partido?

Acredito que sim, mas se você deseja apenas acabar com esse problema, um sistema majoritário, em vez de um proporcional resolveria a questão.

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O suplente de senador pode exercer seu cargo sem receber um voto. Como corrigir esta distorção?

O suplente de senador é como um vice-presidente. Ninguém vota em vice-presidente, ele vem no pacote. Quando você aperta o número de seu senador na urna eletrônica, aparecem os nomes dos suplentes. Mas eu concordo que seria melhor se fosse diferente, pois ninguém vota num senador pensando na possibilidade de o suplente assumir e é muito mais comum senadores abandonarem o cargo do que presidentes fazê-lo. Talvez uma forma de corrigir isso seria fazer com que o substituto de um senador fosse o deputado federal mais votado de seu estado nas últimas eleições que pertencesse ao mesmo partido dele.

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Alguns estados, como São Paulo, são subrepresentados na câmara baixa, ao passo que estados como Acre e Amapá são sobrerepresentados. Qual a solução? Reduzir o número de deputados dos sobrerepresentados ou aumentar os dos subrepresentados?

Reduzir. Já temos deputados demais. E a função da câmara é representar a população proporcionalmente, quem tem o papel de representar os estados é o senado.

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Seria possível eliminar o salário de pessoas que ocupam cargos eletivos?

É preciso haver no mínimo uma ajuda de custo para que ocupar cargos eletivos não seja exclusividade de quem tem dinheiro.

Offline Panthera

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #8 Online: 08 de Outubro de 2010, 16:03:24 »
Outro problemão, o sistema eleitoral brasileiro:

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93% dos deputados se elegem com votos “emprestados”

Dos 513 deputados federais eleitos para a próxima legislatura, apenas 35 chegaram lá exclusivamente pelo desejo de seus eleitores. Olhando-se o copo meio vazio: 93% da nova Câmara será composta por parlamentares que precisaram de votos alheios para se eleger.

É fruto do sistema eleitoral brasileiro: os candidatos derrotados e os votos na legenda do partido são canalizados para a eleição dos mais bem colocados na chapa partidária ou da coligação. O eleitor vota em fulano, mas ajuda a eleger sicrano -às vezes do partido rival.

Continua...

http://blogs.estadao.com.br/vox-publica/2010/10/08/93-dos-deputados-se-elegem-com-votos-%E2%80%9Cemprestados%E2%80%9D/
"Ignorância é força! Guerra é paz. Liberdade é escravidão." O Partido. 1984, George Orwell

Offline Derfel

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #9 Online: 08 de Outubro de 2010, 19:05:19 »

Um sistema eleitoral centralizado e controlado pelo TRE é realmente eficiente?

Pelo TSE, mas a função do tribunal é justamente garantir a lisura do processo, fora que a lei eleitoral é uma única. A alternativa seria uma colcha de retalhos, com cada ente federativo com suas próprias leis e sistemas de votação como nos EUA? Seria uma forma muito mais complicada, fora que em eleições regionais, como de prefeitos, estariam mais sujeitos a fraudes, já que o ente que concorre seria o que controla as eleições. É isso?

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Ele pode ser aperfeiçoado? Como?

Claro. Tudo pode ser aperfeiçoado, mesmo que não saiba como.

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O processo eleitoral não deveria ser federalizado, onde cada município decidiria a forma de votação?

Vide acima.

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As urnas eletrônicas são realmente confiáveis, em termos de impossibilidade de manipulação?

Não existe sistema infalível, contudo não acredito que seja o caso das urnas eletrônicas brasileiras. Elas podem sim ser auditadas (o código) e, se não me engano, passa um por um período em que pessoas externas tentam quebrar a segurança.

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Não seria interessante um sistema de urnas combinando informação digital e impressa?

Seria um sistema redundante (apesar de em voga em alguns países). E mesmo assim, não estaria livre de fraudes. Por exemplo, uma urna pode, hipoteticamente, registrar um voto eletrônico diferente do que foi realmente feito, imprimir esse voto em uma urna lacrada e emitir um recibo com o voto que realmente o eleitor deu. O que deve-se criar são mecanismos (e melhorar os existentes) para facilitar a auditoria independente. Uma proposta é a da Austrália, com open-source. Mas também aí acho meio perigoso,libera para que muitas pessoas saibam o código e possam quebrá-lo.

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A votação deve continuar sendo obrigatória?

Por enquanto sim. Quando a democracia estiver mais amadurecida, então não. O problema é que, se deixar o voto facultativo, a maioria dos eleitores irão preferir ir a praia, o que leva uma concentração de poder maior nas mãos de grupos engajados politicamente (podendo levar a uma dominação por uma minoria política)

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Pessoas analfabetas e indivíduos entre 16 e 18 anos devem manter o direito de voto?

por que não? No caso de adolescentes de 16 a 18 anos, ajuda a desenvolver o sentido de cidadania e consciência política (e não são obrigados a votar). No de analfabetos, a presença de foto do candidato é um mecanismo que facilita o exercício do voto. Por fim, nem um grupo nem outro seria, na minha opinião, relevantes estatisticamente para o resultado de uma eleição.

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Deve haver um grau de qualificação mínima para um candidato? Qual seria?

Sim e não. A qualificação já existe, seja por idade, seja por alfabetização, mas não deveria ser pré-requisito para a candidatura, mas deveria haver um curso que os eleitos deveriam fazer após a eleição (ou antes, quem sabe).

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Deve ser eliminado o voto de legenda?

Não, porque representa a identificação do eleitor com um conjunto de propostas, um projeto e uma ideologia.

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O voto distrital ou distrital misto resolveria os problemas de representação e de alavancagem de candidatos inexpressivos, "puxados" por recordistas de votos do mesmo partido?

Talvez melhorasse a representação popular, mas, por outro lado, o que garantiria que não houvesse um controle por novos "coronéis" e currais eleitorais? Afora isso, não poderia haver uma perda na representatividade de ideias?

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O suplente de senador pode exercer seu cargo sem receber um voto. Como corrigir esta distorção?

O suplente de senador é uma espécie de vice. Um vice-presidente também exerce seu cargo sem receber um voto. A alternativa seria convocar novas eleições, se um senador deixasse seu cargo. O que leva a um problema: a impossibilidade de um senador desempenhar a função de ministro de estado. Se um senador for convidado para um ministério, novas eleições deveriam ser realizadas e um novo senador eleito. Se esse senador-ministro deixar o ministério, ele poderá reassumir sua vaga no senado? O que aconteceria com o novo senador eleito? Já imaginou quantas eleições deveriam ser realizadas e o custo disso?

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Alguns estados, como São Paulo, são subrepresentados na câmara baixa, ao passo que estados como Acre e Amapá são sobrerepresentados. Qual a solução? Reduzir o número de deputados dos sobrerepresentados ou aumentar os dos subrepresentados?

Reforma política. Se houvesse o voto distrital, então essa discrepância poderia ser resolvida. Mas como deveria ser essa representação? Se baseada no critério populacional, então o número de deputados por estado poderia mudar a cada pleito? Estados com baixa população, como o Acre, poderia ser representado por apenas um deputado? Deve-se fazer algo que não prejudique a representatividade dos estados menos populosos.


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Seria possível eliminar o salário de pessoas que ocupam cargos eletivos?



Taí uma coisa que sempre achei que seria idealmente válido. Porém, se você for eleito para ocupar um cargo eletivo fora de sua sede, você teria que abandonar emprego e teria que sustentar a família de alguma forma. Como apenas ricos podem ter tal regalia, então haveria o estabelecimento de uma plutocracia. Por outro lado, acho que seria algo factível no caso da câmara dos vereadores.

Offline HSette

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Re: Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #10 Online: 08 de Outubro de 2010, 19:13:27 »
Repito um post que fiz em outro Tópico. Acho que fica melhor aqui.

Acho que temos uma boa iniciativa:

Assim que o Senado retomar sua pauta de votações depois do segundo turno, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) vai conversar com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e angariar apoio para levar a plenário a Proposta de Emenda Constitucional, de sua autoria, que transforma em majoritário o voto também para deputados federais e estaduais. Tal como é o de senador. “É um absurdo esse voto proporcional. No majoritário, quem tiver voto, entra. Quem não tiver, perde”, resume Dornelles, enfático. Isso acabaria com a figura do puxador de votos das legendas, como Tiririca, que elegeu de carona mais três deputados com ele, com pouca expressividade de votação. Detalhe: a PEC de Dornelles já foi aprovada na CCJ do Senado.

http://www.jblog.com.br/informejb.php?itemid=23938
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Chaves

Offline JJ

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #11 Online: 03 de Outubro de 2016, 01:48:43 »
Politicagem, sempre

Obra de 2.070 anos já ensinava a usar bajulação e difamação para vencer eleição

Pedro Cirne

Do UOL, em São Paulo


Políticos disputam eleições há milhares de anos. E, antes mesmo de Jesus Cristo nascer, um manual já indicava o que um candidato deve fazer para ser eleito. Se esta obra traz dicas "do bem" como "valorize suas qualidades" e "dê atenção aos jovens", também enfatiza questões como bajular, difamar, intimidar, fazer promessas sem obrigação de cumpri-las e mudar o discurso de acordo com quem estiver ouvindo.


A obra se chama "Pequeno manual sobre eleições" e foi escrita pelo general e político Quintus Tullius Cicero em 64 a.C.. O orador e político Marcus Tullius Cicero, irmão mais velho de Quintus, seria candidato ao posto de cônsul. Para ajudá-lo, o militar escreveu este sucinto memorando.


O Cícero mais novo soava desiludido com os seus pares: "a política é cheia de engodo, trapaça e traição". Mas isso não o impediu de estimular o irmão com conselhos: "você deve pensar constantemente em publicidade". E não parava por aí: o irmão que se aventurava na política deveria aprender a bajular (sim, puxar o saco), prometer mesmo sabendo que não iria cumprir (seria menos danoso do que dizer "não") e cobrar favores sempre que pudesse.


Tanto tempo depois, estas orientações continuam atuais? Para especialistas ouvidos pelo UOL, sim.


"É um livro atualíssimo e que deveria ser dado no primeiro ano de toda faculdade", afirma Roberto Romano, professor de ética e filosofia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Porque as pessoas falam de ética, mas precisam entender como a sociedade política se construiu até os dias de hoje."


"Não são contemporâneos: são clássicos", afirmou Carlos Melo, cientista político e professor do Insper.


O UOL separou dicas de Quintus Tullius Cicero --que, ainda hoje, podem ser úteis para um candidato, mas que podem ajudar mais você, que é eleitor. Caso queira ler o manuscrito completo, ele saiu no Brasil em forma de livro com o título "Como ganhar uma eleição".


http://www.uol/eleicoes/especiais/politicagem-sempre.htm#tematico-1



Offline JJ

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #12 Online: 03 de Outubro de 2016, 01:55:32 »

Depois darei uma olhada nas perguntas que abriram o tópico  e provavelmente irei responder  algumas. No momento tá muito tarde. Vou dormir.


 :lazy:

Offline DDV

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #13 Online: 03 de Outubro de 2016, 01:59:13 »
Acho uma boa idéia reduzir o salário também do Judiciário.

Acho péssima idéia.




Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline JJ

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #14 Online: 03 de Outubro de 2016, 10:17:13 »

Agora que li com cuidado as questões apresentadas pelo Geotecton,  e a princípio nenhuma me parece fácil de ser respondida  de forma minimamente fundamentada, de modo que ultrapasse  o mero senso comum, me parecem que todas exigem  no mínimo uma olhada em  um bom texto de ciências políticas para serem adequadamente respondidas.  Entretanto pode-se responder sem esse tipo de consulta a fontes de ciências políticas, desde que esteja claro que se trata de mera opinião (fundamentada em valores, que obviamente são subjetivos).



Offline JJ

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #15 Online: 03 de Outubro de 2016, 11:14:26 »
Acho uma boa idéia reduzir o salário também do Judiciário.
Acho péssima idéia.


Me parece que o pensamento implícito  nesta (implícita)  defesa de salários (acima da média mundial em termos de percentual do PIB) deve estar relacionada a ideia de que tais agentes públicos devem receber muito bem para que assim diminua a probabilidade de corrupção  em seus atos.  Entretanto  tal ideia pode ser extendida para:


_Auditores da Receita Federal;

_Auditores das Receitas Estaduais;

_Auditores das Receitas Municipais;

_Procuradores da Fazenda Nacional;

_Procuradores das Fazendas Estaduais e Municipais;

_Delegados da Polícia Civil;

_Delegados da Polícia Federal;

_Agentes da Polícia Civil;

_Agentes da Polícia Federal;

_Senadores  (teria que ser quanto ?  350.000 por mês ? );

_Deputados Federais (teria que ser quanto ?  250.000 por mês ? );

_Deputados Estaduais (teria que ser quanto ?  150.000 por mês ? );

_Vereadores (teria que ser quanto ?  100.000 por mês ? );


_ E outras categorias e grupos mais poderosos...



E tal coisa seria justa e correta num país cuja média salarial  é cerca de R$2.227,50  ?   :?:




« Última modificação: 03 de Outubro de 2016, 11:22:47 por JJ »

Offline JJ

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Re:Sociedade e Política - Questões relacionadas ao processo eleitoral
« Resposta #16 Online: 06 de Junho de 2018, 11:44:59 »

REINVENÇÃO  [ ou Maquiagem ]


Partidos mudam de nome, excluem o 'P' e querem ser chamados de movimento


"Partidos-movimentos" que foram bem sucedidos na Europa inspiram caciques brasileiros a trocarem a roupagem de velhos partidos. Ao todo 34 novas legendas aguardam registro pelo TSE


Em tempos de delações, com acusações de recebimento de propinas e caixa dois revelados por seus antigos financiadores, velhos partidos, com a mesma estrutura partidária e com os mesmos presidentes, usam o discurso do “novo, e da “modernidade”, para atrair os votos dos eleitores nas próximas eleições de 2018. No entanto, o novo e moderno fica só no discurso: as novas siglas que vão surgindo no cenário político brasileiro estão abandonando o 'P' (de partido) para passar a ideia de que são “movimentos”, em vez de tratar-se de uma organização política, composta e comandada por políticos.


O PTN (Partido Trabalhista Nacional), legenda sob a qual Jânio Quadros se elegeu presidente, virou Podemos. A presidenta nacional do partido, deputada federal Renata Abreu, de São Paulo), diz que a versão nacional do Podemos não é de direita e nem de esquerda e a inspiração para o novo nome veio do “yes, we can” ( sim, nós podemos) de Barack Obama.


Em entrevista, Renata disse: “Chega de direita ou esquerda. A ideologia não vai mudar um país”. O senador Álvaro Dias, eleito pelo PSDB e que estava no Partido Verde (PV), filiou-se na semana passada ao Podemos e deve sair candidato à eleição presidencial do ano que vem. Romário (PSB-RJ) também acertou filiação ao Podemos, e poderá ser candidato ao governo estadual do Rio, também em 2018.


Depois de 27 anos como Partido Trabalhista do Brasil, o PTdoB (que filiou o ex-petista Cândido Vaccarezza, citado em delações), passará a se chamar Avante. Os dirigentes do partido não escondem que a mudança de nome não tem a ver com ideologia progressista. Só querem mesmo é tirar o “PT” do nome, temendo não terem votos nas eleições de 2018.


Mas talvez esse não seja o verdadeiro motivo. O partido avalia que pode sair "torrado" das urnas por fazer parte da base eleitoral de Michel Temer (PMDB). E pior, por levar "trabalhista" no nome, mas votar contra os trabalhadores.

O Avante abriga também o combativo Silvio Costa (PE), deputado federal que emergiu de partidos de direita para brilhar como defensor da ex-presidente Dilma e hoje diz querer “reinventar a esquerda”. Sobre o nome da legenda, definido com a ajuda de profissionais de comunicação, o presidente do partido, Luiz Tibé (MG) diz que “convida à ação, ao novo, à mobilização e à união de um grupo na busca de soluções para o futuro”. Apesar do discurso de inovação, Tibé é presidente do PTdoB há mais de 10 anos.


Também com discurso de renovação na política, o Partido Social Liberal (PSL), passará a se chamar apenas Livres. O PSL, registre-se, apoiou o tucano João Doria nas eleições municipais em São Paulo, e faz parte da base tucana no estado. 


Não são apenas os pequenos partidos que pensam em mudar de nome. No ano passado, o presidente do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), o senador Romero Jucá (RR), apresentou uma proposta para o partido voltar a se chamar apenas MDB.


Políticos peemedebistas estão entre os mais afetados pelas recentes delações premiadas e investigações da operação Lava Jato e algumas das principais lideranças da legenda encabeçam dezenas de denúncias. “Queremos deixar de ser partido e ser um movimento. Ou seja, algo mais forte, algo mais permanente, com uma ação constante”, disse Jucá em entrevista coletiva.


Pode parecer irônico, mas não é. O deputado cassado Valdemar Costa Neto (ex-Partido da República, o PR), condenado no mensalão e investigado na Operação Lava Jato, é tido como um dos responsáveis pela criação de um novo partido que prefere esconder a própria natureza, o 'Muda Brasil'.


A nova legenda, tem diversos nomes ligados ao PR. O ex-parlamentar, condenado por lavagem de dinheiro e por corrupção, ainda tem grande ascensão sobre seus correligionários.


Foi o  PFL, partido de sustentação dos militares e que passou a se chamar Democratas (DEM),  que em 2007 iniciou  a “modinha” de abandonar o termo "partido" do nome oficial da legenda, como forma de se diferenciar dos demais concorrentes.


Em 2015, criada por – e em torno de – Marina Silva, apareceu a Rede Sustentabilidade. O Solidariedade é outra legenda que aboliu o termo partido e agora se diz movimento. Ele foi criado em 2013 pelo deputado Paulinho da Força, que responde inquérito no STF depois de ser delatado por executivos da Odebrecht. 


Para Antônio Augusto Queiroz, o Toninho, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), “as mudanças são explicadas de formas diversas, mas, além da fuga ao desgaste dos partidos, representam a esperança de repetir, no Brasil, o sucesso dos ‘partidos-movimentos’, que emergiram fora de estruturas políticas tradicionais e conseguiram rapidamente bom desempenho eleitoral — caso do francês Em Marcha, do italiano Cinco Estrelas e, claro, do espanhol Podemos. “Não adianta mudar de nome se não mudarem os atores. O PFL passou a se chamar DEM, mas o partido manteve seus caciques e continuou do mesmo tamanho”, diz Augusto Queiroz.


Se os antigos partidos estão eliminando o 'P' do nome, a fila dos novos para serem criados, que aguardam a liberação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já vem sem essa letra na sigla do nome.


Tem Igualdade, Manancial, União da Democracia Cristã do Brasil, Patriotas, Força Brasil, Movimento Cidadão Comum, Raiz Movimento Cidadanista, Renovar e uma série de outros. O TSE analisa o pedido de registro de ao todo 34 partidos, o que quase iguala os 35 partidos registrado atualmente  – ou seja, se forem todos homologados, o Brasil chegará à marca de 69 siglas que, mesmo sem receber nenhum voto, terão direito a verbas do Fundo Partidário, tempo de propaganda em TV e rádio, além de direito a participar das disputas eleitorais sem cláusula de barreira.


E assim caminha o debate político nesse país. A conferir.


http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2017/07/em-busca-de-votos-partidos-mudam-de-nome-excluem-o-2018p2019-e-querem-ser-chamados-de-movimento

 

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