Tópico: Como articular isso?

[Blues Brother]

Pessoal,

Eu tenho tido certa dificuldade em articular minha contrariedade sobre certas coisas do mundo acadêmico.

É uma resistência instintiva que tenho à filosofia francesa em geral.

Tenho coceiras na alma quando um daqueles "pensadores" como Foucault passa a falar da vida humana como um todo, incluindo relações sociais, como parte de um esquema grandioso, onde tudo pode ser explicado.

A forma como amamos, brigamos, pensamos, vivemos, tudo é reflexo de algum grande esquema, da política, do sistema econômico, do inconsciente, do alinhamento dos Planetas...

Enfim, vejo isso como uma aberração, mas não consigo articular isso intelectualmente.

Sinto que há algo de muito errado nessas coisas. Toda semana sou apresentado à um conjunto de conceitos diferentes, de outra teoria de gabiente, para explicar a vida humana. O pessoal acha o máximo, eu fico extremamente incomodado. Não vejo como pode ser possível, não sei se dá pra explicar a vida...

Bom, alguém pode me ajudar a traduzir esse incômodo em argumentos???

[uiliníli]

Ironicamente, a melhor forma que consigo encontrar para expressar o seu incômodo vem da filosofia francesa
É o existencialismo, particularmente o conceito de má fé. Aliás, o Existencialismo inteiro vai contra essas tentativas de explicar a vida humana, pois seu conceito central é que não temos uma essência inerente a nós que nos determina.

[Südenbauer]

Hum... interessante o tópico. Eu particularmente me sinto assim quanto a algumas correntes de cinema, muito reverenciadas, mas que simplesmente não vejo o ponto, parecem ser admiradas por puro beeing cult da questão.

Particularmente pelo menos eu diria que tais linhas de pensamento parecem dizer muitas coisas sem dizer bosta nenhuma. Muita gente acaba floreando o discurso e mascarando e N formas para que fique inclusive difícil de refutar, daí a tua dificuldade de articular uma posição contrária, mas na verdade é um castelo de cartas que não resiste a uma inspeção mais acurada.

[Cumpadi]

Por isso não gosto de humanas em geral... qualquer viagem na maionese desde que seja por alguém que conseguiu obter fama é reverenciado sem mais nem menos.

[uiliníli]

Hum... interessante o tópico. Eu particularmente me sinto assim quanto a algumas correntes de cinema, muito reverenciadas, mas que simplesmente não vejo o ponto, parecem ser admiradas por puro beeing cult da questão.

Isso tem uma explicação.  CUIDADO! O link ao lado direciona para tvtropes.org. Depois de entrar, você nunca mais conseguirá sair.

[Südenbauer]

Ah, legal o artigo, mas o que eu tinha em mente quando postei são casos que não se aplicam a isso. Eu consigo geralmente perceber quando algo não funciona justamente por essa super-exposição.

[_tiago]

É uma resistência instintiva que tenho à filosofia francesa em geral.
Tenho coceiras na alma quando um daqueles "pensadores" como Foucault passa a falar da vida humana como um todo, incluindo relações sociais, como parte de um esquema grandioso, onde tudo pode ser explicado.

Eu acho maçante tais exposições e isso não tem relação com alguma divergência minha sobre perspectivas de mundo ou com meu julgamento sobre a veracidade ou não desses argumentos "franceses", simplesmente as considero entediantes, pouco objetivas e desnecessariamente rebuscadas. Vai que sua resistência vem do mesmo caminho...

E por falar em perspectivas da natureza humana...

Ironicamente, a melhor forma que consigo encontrar para expressar o seu incômodo vem da filosofia francesa
É o existencialismo, particularmente o conceito de má fé. Aliás, o Existencialismo inteiro vai contra essas tentativas de explicar a vida humana, pois seu conceito central é que não temos uma essência inerente a nós que nos determina.

Eu me sinto um tanto seduzido pela visão mais determinista do Pinker no seu livro Tábula Rasa. Embora eu não tenha conhecimento na área, muita coisa ali me convence mais que o pouco de filosofia que já li... Alguém já leu?

[uiliníli]

Já li Tábula Rasa, muito bom e tendo a concordar com o Pinker também. Temos uma grande componente de nós que é ditada pela natureza.

[calvino]

Sinto que há algo de muito errado nessas coisas. Toda semana sou apresentado à um conjunto de conceitos diferentes, de outra teoria de gabiente, para explicar a vida humana. O pessoal acha o máximo, eu fico extremamente incomodado. Não vejo como pode ser possível, não sei se dá pra explicar a vida...

Mesmo que seja verdade, não invalida a liberdade humana, pois todos escolheriam "livremente" sem saber que são levados pela correnteza.

[Hugo]

Pessoal,

Eu tenho tido certa dificuldade em articular minha contrariedade sobre certas coisas do mundo acadêmico.

É uma resistência instintiva que tenho à filosofia francesa em geral.

Tenho coceiras na alma quando um daqueles "pensadores" como Foucault passa a falar da vida humana como um todo, incluindo relações sociais, como parte de um esquema grandioso, onde tudo pode ser explicado.

A forma como amamos, brigamos, pensamos, vivemos, tudo é reflexo de algum grande esquema, da política, do sistema econômico, do inconsciente, do alinhamento dos Planetas...

Enfim, vejo isso como uma aberração, mas não consigo articular isso intelectualmente.

Sinto que há algo de muito errado nessas coisas. Toda semana sou apresentado à um conjunto de conceitos diferentes, de outra teoria de gabiente, para explicar a vida humana. O pessoal acha o máximo, eu fico extremamente incomodado. Não vejo como pode ser possível, não sei se dá pra explicar a vida...

Bom, alguém pode me ajudar a traduzir esse incômodo em argumentos???

Ahh.. me incomoda muito esse tipo de pensamento também. Estudo um filósofo que é terminantemente contra essa sistematização do homem: Kierkegaard.

Mas, acredito que voce irá gostar muito de Albert Camus e suas obras. Camus adota a teoria do absurdo, isto é, a vida é absurdo, não há como explicá-la, como colocá-la em um sistema.

O Estrangeiro é um livro de Camus que mostra a vida de Mersault e sua morte. Mersault comete um ato impensado e decreta sua morte. Um ato absurdo. Outras obras também eu aprecio muito (A queda, Estado de Sítio, O mito de Sísifo...).

Te indico um livro de Sartre chamado "O existencialismo é um humanismo'. Na verdade não se trata de uma obra, mas de uma conferência que ele deu em 1945 na França. Saiu quentinho uma tradução de João Batista Kreuch, Editora Vozes. Comprei-o por r$ 20,00.

[Dbohr]

O Hugo acertou em cheio, eu aprecio o Absurdismo de Camus, embora seja muito mais otimista e tenha muito mais noção do que Mersault

Outra coisa que você pode fazer é deixar as Humanas de lado e estudar Exatas!

Isso é só meio piada...

[Blues Brother]

Sou desconfiado em relação ao Sartre, mas vou me aventurar na obra do Camus.

Li algo bem profundo sobre o academês de hoje:

"Há uma tendência totalitária que se resume em detestar a realidade e tentar modificá-la à luz da teoria. O totalitário delira com um mundo a partir de teorias de gabinete e suas reconstituições abstratas da realidade.

As relações humanas se constroem em ambientes concretos (família, bairro, trabalho, igreja, cemitérios) e não através de abstrações políticas ou morais."

O que acham? Eu me senti contemplado.

[Südenbauer]

Autor?

[Blues Brother]

Luiz Felipe Pondé.

[O Grande Capanga]

Pessoal,

Eu tenho tido certa dificuldade em articular minha contrariedade sobre certas coisas do mundo acadêmico.

É uma resistência instintiva que tenho à filosofia francesa em geral.

Tenho coceiras na alma quando um daqueles "pensadores" como Foucault passa a falar da vida humana como um todo, incluindo relações sociais, como parte de um esquema grandioso, onde tudo pode ser explicado.

A forma como amamos, brigamos, pensamos, vivemos, tudo é reflexo de algum grande esquema, da política, do sistema econômico, do inconsciente, do alinhamento dos Planetas...

Enfim, vejo isso como uma aberração, mas não consigo articular isso intelectualmente.

Sinto que há algo de muito errado nessas coisas. Toda semana sou apresentado à um conjunto de conceitos diferentes, de outra teoria de gabiente, para explicar a vida humana. O pessoal acha o máximo, eu fico extremamente incomodado. Não vejo como pode ser possível, não sei se dá pra explicar a vida...

Bom, alguém pode me ajudar a traduzir esse incômodo em argumentos???

Isso aí é igual a falar que a humanidade é como é por causa do pecado original.

[Geotecton]

Sou desconfiado em relação ao Sartre, mas vou me aventurar na obra do Camus.

Li algo bem profundo sobre o academês de hoje:

"Há uma tendência totalitária que se resume em detestar a realidade e tentar modificá-la à luz da teoria. O totalitário delira com um mundo a partir de teorias de gabinete e suas reconstituições abstratas da realidade.

As relações humanas se constroem em ambientes concretos (família, bairro, trabalho, igreja, cemitérios) e não através de abstrações políticas ou morais."

O que acham? Eu me senti contemplado.

Eu acho que é uma mistura variável de todos os fatores citados, mas com maior predominância do que ele chama de "ambientes concretos".

[_tiago]

Luiz Felipe Pondé.

Foi na coluna dele?