Essa idéia é em partes sem sentido, pois ela duplicaria o volume de matéria e energia em todos os momentos em que uma observação obrigasse o universo a bifur-car-se. Além do mais, desde que os universos paralelos não interagem, é difícil submeter essa interpretação a um teste experimental e, portanto, ela é inútil do ponto de vista científico.
Eu estou falando hipoteticamente. Essa interpretação da MQ é realmente polêmica e não é testável, não é ciência, pelo menos ainda não. Quanto a questão de duplicar a matéria e a energia, não é bem assim. A interpretação dos muitos mundos propõe que a energia de cada ramificação do universo se divide de forma proporcional à sua probabilidade, de modo que a energia total do multiverso é conservada (não me peça para entrar em detalhes, eu sou tão leigo quanto você

)
Outra coisa, uma vez que a observação que fazemos resolve magicamente a dicotomia do gato, não há como fugir da conclusão de que somos nós — nossa consciência — que geramos o colapso da função de onda do gato. Portanto uma escolha do livré arbítrio.
O gato é só uma alegoria. Nosso experimento não precisa envolver uma pessoa ou qualquer ser consciente e um gato. Pode envolver duas partículas elementares. Por exemplo, um elétron tem 50 % de se mover para a esquerda ou para a direita; a interpretação dos muitos mundos diz que haverá um universo em que ele irá para a a direita e outra em que irá para a esquerda. Não há livre-arbítrio nem consciência envolvidos na questão.
Também não entendo como vários Universos poderia corroborar, em suas palavras, para que isso fosse o ultimo prego no caixão de Deus. Se de fato existe outros Universos, fica difícil imaginar como eles estariam surgindo, de onde estaria saindo tanta energia para sua construção e o quê determina suas configurações? Todas essas conjecturas corrobora para uma inteligência, não o contráio. Além disso, se eles estariam se replicando, qual seria o modelo primário, o princípio fundamental? [Se disserem que eles estariam surgindo do nada, o argumento cosmológico Kalan refutaria esta idéia facilmente].
Eu digo que esse seria o último prego no caixão de Deus por causa do argumento do ajuste fino: o argumento de que todas as constantes físicas da natureza parecem ajustadas para possibilitar que a vida surgisse, e por isso a existência de vida seria um indício da existência de Deus. A existência de um multiverso que contivesse inúmeros universos, cada um com constantes físicas diferentes derruba esse argumento: existiriam diversos universos com leis da física diferentes e que não seriam capazes de comportar vida, o nosso simplesmente calhou de ser um que "ganhou na loteria". Repare que a versão da teoria dos multiversos de que os cientistas do CERN estão falando não tem relação com a interpretação dos muitos-mundos, mas qualquer uma das duas, na minha opinião, refuta completamente o argumento do ajuste-fino.
Sobre a questão da replicação, repare que não há matéria e energia sendo criados do nada, na teoria tradicional, a quantidade de matéria e energia do multiverso é constante, só que muito maior que a do nosso universo conhecido. Na interpretação dos muitos mundos, é como se a energia fosse "dividida" a cada replicação. Não conheço muito os detalhes, entretanto... repare que não estou tentando te convencer da interpretação dos muitos-mundos, eu mesmo não estou convencido dela, estou apenas especulando informalmente sobre quais seriam as implicações morais disso.
Essa idéia de ter outros universos iguais ao nosso com tempos e contigências variadas porém semelhantes ao nosso, para mim, apesar de não entender de física quântica, acho absurda ciêntificamente, uma mitologia ciêntífica, e não entendo como a ciência pode apoiar tais coisas e não aceitar a espiritualidade como um modelo melhor (Me refiro aqui aos efeitos, interpretações e implicações, porque a idéia de outros universo eu acho até plausível do ponto de vista espiritual).
A ciência não "apoia" essa ideia, a ciência apoia o que tem evidências, e esse não é o caso. Como diz o nome, essa é uma "interpretação" dos fenômenos observados na mecânica quântica, há outras interpretações. Não é uma teoria.
Agora, você tocou no ponto da espiritualidade, eu acho que você escolheu muito mal as palavras ao usar o verbo "aceitar". Sua pergunta sobre por que a ciência não aceita a espiritualidade tem uma resposta muito simples: os fenômenos espirituais são tão carentes de evidências rigorosas quanto a interpretação dos muitos mundos. Claro, nos centros espíritas você vê ou ouve falar muito em experiências mediúnicas, curas espirituais, e etc., mas você entende que esses fenômenos não acontecem em condições controladas e que nunca foram reproduzidos com sucesso diante de uma audiência neutra, não é mesmo? Nesse caso, é melhor ter paciência antes de pedir para a ciência "aceitar" a existência de espíritos, ela vai aceitar quando as evidências forem sólidas o bastante. Assim como com qualquer proposição.
Mas o que eu acho interessante nessa idéia, é que Platão, há 2.500 a.c ja apresentava uma teoria semelhante, ou seja, que o mundo que vivemos, para Platão, não é o único mundo que existe. Existe igualmente um mundo das idéias, separado do mundo sensível ao qual nós evoluimos. E que o nosso mundo seria um reflexo deste, ao qual nós tiramos todas as idéias, ou seja, as idéias perfeitas chegariam a nós imperfeitas. Sem dúvida os teóricos quânticos e alguns ciêntistas tem como princípio fundamenteal por base de suas teorias, as hipóteses espiritualistas, que com o passar dos anos e anvaços ciêntíficos, as mais absurdas vão se tornando plausíveis. Não há como negar este fato e que é a ciência que está evoluindo para um conceito espiritual.
Eu acho que Platão estava falando de outra coisa, Micro. Ele não falava de muitos mundos, cada um com uma ordem natural diferente, ele falava de dois mundos, o nosso e um mundo das ideias com formas perfeitas e coisa e tal. Não tem relação com o que propõem os físicos de hoje. Olhando bem, você não precisa nem recorrer a Platão para defender seu ponto de vista de que outras pessoas já tinham proposto a ideia de "outras realidades", pois o próprio cristianismo e o próprio espiritismo, além de outras religiões, também têm esse conceito, o que são céu, inferno, umbral, nosso lar, campos elísios, se não "realidades paralelas" à nossa? Mas isso não quer dizer que Platão, Jesus, Kardec ou J. R. R. Tolkien soubessem de alguma coisa que nós não sabemos sobre a Física.