Tópico: Crenças e Distúrbios mentais

[José Eugênio]

Recentemente encontrei um amigo que sofre de distúrbio bipolar de humor (antigamente conhecido como maniaco-depressivo). Ele se tornou ateu e desde então não teve mais nenhuma crise expressiva. Nas crises anteriores pensava ser Jesus, ou outro ídolo religioso.
Isto me faz pensar que o fato de meu amigo ter se tornado cético o protegeu de suas crises. Ele continua se tratando e toma remédios para controlar o problema, no entanto, isto não invalida a minha tese de que as crenças colaboram para distúrbios deste tipo.

[Hrrr]

existem sim, e muitas, sem falar que variam de acordo com as culturas

por exemplo, existia um disturbio (se eu num me engano, na europa) onde a pessoa pensava que foi encarnada por um Wendigo

[José Eugênio]

Fiz uma busca na internet  mas não achei muita coisa, apesar de existirem pessoas desconfiadas desta  relação crençaxpsicose. Conheço pessoas que de tão religiosas acabam ficando com uma espécie de paralisia mental, não conseguem ou não querem buscar novos conhecimentos, ou seja, ficam contentes em saber que existe uma divindade e recorrem a ela para tudo, a única coisa que importa são os ensinamentos da religião.

[rizk]

Falácia do quem-conta-um-conto. Grande coisa. Mesmo porque, depois de ter desconvertido, eu comecei a tomar antidepressivo. Isso prova o quê?

Que é Wendigo?!?!?!?

[Luis Dantas]

Wendigo é uma criatura canibal do folclore canadense, Rizk.  Pelo visto você não lê muitas histórias do Wolverine...

[Luis Dantas]

Quanto à relação entre distúrbio mental e crença, parece que existe sim.  Mas não acho que seja uma relação simples de causa e efeito. É prematuro concluir que tornar-se cético ou ateu leve ao alívio da psicopatologia - isso pode ser verdade em alguns casos, mas em outros pode ser o controle da patologia que torna possível a atitude cética, por exemplo.

[Luis Brudna]

Distúrbio compulsivo e o temor a Deus

Estudo publicado na revista Behavior Research and Therapy (julho de 2002) mostrou que há uma ainda inexplicada relação entre religião e distúrbios de comportamento. Pesquisadores das universidades de Parma e de Padova, ambas na Itália, indicaram que, entre os grupos de pessoas com maior religiosidade, os católicos são mais propensos a ter transtornos obsessivos-compulsivos (TOC), especialmente se tiveram uma educação religiosa severa na infância. O TOC caracteriza-se por pensamentos obsessivos (idéias, imagens, sons, frases, lembranças, dúvidas ou impulsos) usualmente desagradáveis e acompanhados de apreensão e angústia. Mesmo as considerando absurdas, o paciente não consegue ignorá-las. São clássicos os casos em que a pessoa lava a mão inúmeras vezes por dia, sem motivo.

As causas do problema, que afeta milhões em todo o mundo, ainda são obscuras. Sabe-se apenas que fatores genéticos, educação e traumas emocionais têm implicações no problema. A novidade do estudo é a descoberta de que católicos têm mais sintomas de TOC - além de um conhecido sentimento de culpa exacerbado. Foram comparadas freiras e padres com uma comunidade laica de católicos e com outros sem envolvimento religioso. Os indivíduos com alto grau de religiosidade, especialmente entre os católicos, relataram os mais graves sintomas do distúrbio. Para a psiquiatra Lynne Drummond, do Hospital Saint George, de Londres, o estudo é pouco esclarecedor. Ela acredita que o TOC ocorre em quem tem predisposição genética para isso. Mas diz que muitos pacientes com o distúrbio admitem ter tido educação excessivamente rigorosa.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP
http://tinyurl.com/8x7mt

  Mas, por favor, vamos evitar conclusões apressadas de que os religiosos tem mais problemas mentais.

  Ateus também tem muitas neuras.  

  Somos todos humanos.  

[Idealista]

Acho que ter uma fé é saudável. Já vi muitos psicólogos falarem bem da fé. Sem contar no seu (hipotético) poder "placebo", superior à homeopatia e às pílulas de farinha!  

{trecho tirado de uma reportagem do Fantástico sobre uma suposta cura milagrosa}

“Eu não teria, cientificamente, como explicar o desaparecimento das dores”, diz o médico, que acredita que a causa da cura possa ter sido um ato voluntário de fé, não um milagre.

Qual a diferença? “Ato voluntário de fé ocorre quando um paciente acredita tanto que possa ser curado, que a cura acaba realmente ocorrendo”, responde.

(http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA989284-4005-0-0-03072005,00.html)

Se eu conseguir dominar essa técnica, viverei além dos 100 anos! ^^

[uiliníli]

Eu acredito que sou imortal, eu acredito que sou imortal, eu acredito que sou imortal, eu acredito que...

[n/a]

É bastante comum ver religiosos, principalmente os mais radicais, terem um sentimento de culpa, e é comum ver pastores/padres/professores de religião em escolas tentarem criar na pessoa um sentimento dessa forma, relacionado a deuses e pecados.

Mas não consigo imaginar em que ponto isso pode deixar de ser simples e se tornar uma obsessão.

[n/a]

Acho que ter uma fé é saudável. Já vi muitos psicólogos falarem bem da fé. Sem contar no seu (hipotético) poder "placebo", superior à homeopatia e às pílulas de farinha!  

{trecho tirado de uma reportagem do Fantástico sobre uma suposta cura milagrosa}

?Eu não teria, cientificamente, como explicar o desaparecimento das dores?, diz o médico, que acredita que a causa da cura possa ter sido um ato voluntário de fé, não um milagre.

Qual a diferença? ?Ato voluntário de fé ocorre quando um paciente acredita tanto que possa ser curado, que a cura acaba realmente ocorrendo?, responde.

(http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA989284-4005-0-0-03072005,00.html)

Se eu conseguir dominar essa técnica, viverei além dos 100 anos! ^^

Seja bem-vindo ao fórum, Idealista.

Só existe algo interessante no placebo, veja este trecho:

"Mas o que a medicina tem a dizer sobre isso? A equipe do Fantástico foi procurar o médico que tratou de Dona Celina.

Alfonso Racedo mostra as radiografias tiradas antes e depois da recuperação. E elas são absolutamente idênticas. Não há cartilagem no joelho e a tíbia e o fêmur estão colados um ao outro, é osso com osso, o que deveria continuar causando muita dor."

Ou seja, o problema, a artrose crônica, não foi curado. Ele continua lá. O que desapareceu foram os sintomas, as dores.

Assim, se você estivesse com uma doença, poderia não sentir dores ou sintomas com o seu poder mental, mas poderia morrer do mesmo jeito.

Placebo está relacionado ao cérebro, coisas como o câncer, imagino eu, não podem ser contornadas apenas acreditando.

[Marcelo Terra]

Milagre é um braço ou uma perna novos. Um cego de nascença, com uma lesão irreversível. Milagres que anunciam por aí ou são besteiras, dorzinha disso, um pequeno tumor que reverteu,... Ou estão longe no tempo ou no espaço dependendo de se crer em depoimentos de décima ou milésima mão. Geralmente de fontes que acreditam na religião propiciadora do milagre.

Não conheço nem nunca ouvi falar de um milagre de verdade que seja verificável. E verificável pra mim é simples, se um perneta ganhou uma perna nova orando pra Jesus, me diz onde ele mora que eu quero ver como estão chocados seus vizinhos diante de um fenômeno como esse. É só dizer: "Ah, em Anchieta, na rua tal." Vou lá ver como as pessoas estão reagindo ao fenômeno. Requisito: que more na rua por um bom tempo, sendo conhecido da vizinhança, senão é fácil uma igreja muquirana qualquer infiltrar um "ceguinho" pra ser "curado" depois de um tempo.

[Südenbauer]

Acho que ter uma fé é saudável. Já vi muitos psicólogos falarem bem da fé. Sem contar no seu (hipotético) poder "placebo", superior à homeopatia e às pílulas de farinha!

O otimismo em geral faz bem a saúde. Isso deviao a ligação entre o nosso sistema límbico cerebral e o sistema imunológico. Em suma, o otimismo de que você viverá bastante faz com que uma doença terminal se prolongue mais. Esse otimismo nõ faz nenhum milagre, mas é algo significativo e faz bem a saúde sim.

A fé é um  tipo de otimismo.

[Agnostic]

Distúrbio compulsivo e o temor a Deus

Estudo publicado na revista Behavior Research and Therapy (julho de 2002) mostrou que há uma ainda inexplicada relação entre religião e distúrbios de comportamento. Pesquisadores das universidades de Parma e de Padova, ambas na Itália, indicaram que, entre os grupos de pessoas com maior religiosidade, os católicos são mais propensos a ter transtornos obsessivos-compulsivos (TOC), especialmente se tiveram uma educação religiosa severa na infância. O TOC caracteriza-se por pensamentos obsessivos (idéias, imagens, sons, frases, lembranças, dúvidas ou impulsos) usualmente desagradáveis e acompanhados de apreensão e angústia. Mesmo as considerando absurdas, o paciente não consegue ignorá-las. São clássicos os casos em que a pessoa lava a mão inúmeras vezes por dia, sem motivo.

As causas do problema, que afeta milhões em todo o mundo, ainda são obscuras. Sabe-se apenas que fatores genéticos, educação e traumas emocionais têm implicações no problema. A novidade do estudo é a descoberta de que católicos têm mais sintomas de TOC - além de um conhecido sentimento de culpa exacerbado. Foram comparadas freiras e padres com uma comunidade laica de católicos e com outros sem envolvimento religioso. Os indivíduos com alto grau de religiosidade, especialmente entre os católicos, relataram os mais graves sintomas do distúrbio. Para a psiquiatra Lynne Drummond, do Hospital Saint George, de Londres, o estudo é pouco esclarecedor. Ela acredita que o TOC ocorre em quem tem predisposição genética para isso. Mas diz que muitos pacientes com o distúrbio admitem ter tido educação excessivamente rigorosa.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP
http://tinyurl.com/8x7mt

  Mas, por favor, vamos evitar conclusões apressadas de que os religiosos tem mais problemas mentais.

  Ateus também tem muitas neuras.  

  Somos todos humanos.  

Muito interessante o artigo. Uma amiga minha (off-topic: talvez ex-amiga atualmente) psicóloga com mais de 20 anos de atuação me disse que muitos dos casos dos transtornos psicólogicos, como o TOC ou Síndrome do Pânico, tinham um forte componente de culpa em seus pacientes. Culpa esta não necessariamente religiosa em alguns casos.

Eu tenho Síndrome do Pânico e a mesma é acentuada quando me sinto culpado por algo, mas era muito pior quando eu acreditava no deus tirano da bíblia, justamente pelo fato de que a religião cristã tradicional acentuava muito minha "consciência de culpa" num sentido geral. Aliás, a rígida educação cristã que tive foi em grande parte responsável por passar o que sofro hoje. Na minha opinião considero um ato de terrorismo psicológico os pais dizerem para uma criança/adolescente que se ele/ela não seguir a crença bíblica pode ir para o inferno. Sinceramente, às vezes já tive vontade de processar o cristianismo pelo mal que essa crença me fez, caso isso fosse possível. Mas um dia, quem sabe?

Agora, falando da crença religiosa em si, certas crenças podem ser consideradas delírios, tal como crer que um deus todo-poderoso está amparando o indivíduo e envia seus anjos para o proteger. Isso, tecnicamente falando, é um delírio (algum psicólogo imparcial de plantão me corrija se estiver errado).

[Rodion]

ora, causa desconhecida nada. tá mais do que na cara que tem a ver com as neuras da bíblia, aquela bizarrice mórbida cheia de sangue e culpa. a bíblia é um dos livros mais FEIOS já escritos.

[Athena]

Tbm concordo, sobre a parcela de culpa da Bíblia e de suas mais fantásticas interpretações,nos problemas psicológicos, o cetismo ajuda muito e entender nossos problemas sem apelar para motivos fantasiosos.

[Nina]

Bem-vinda, Athena!!  

[Luis Dantas]

Ken Wilber acredita que há muito potencial para criação de culpa quando se tenta corrigir problemas "mundanos" por meios "espiritualizados".

Eu sei, parece tão evidente dizendo assim.  Mas acontece muito.

http://www.ariray.com.br/saladeleitura.htm
http://www.ariray.com.br/textossaladeleitura/07_doenca_carma.doc