Autor Tópico: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science  (Lida 2359 vezes)

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Rhyan

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Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Online: 17 de Dezembro de 2010, 09:29:04 »
Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science

Para revista, experimento deixa para trás a célula sintética, o sequenciamento do genoma do homem de Neandertal e a reprogramação de RNA

O objeto central amarelo é a 'microplaca', suspensa no ar por dois apoios e com a espessura de um fio de cabelo (A.D. O’Connell/A.N. Cleland)

A revista Science, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo, elegeu o maior avanço científico de 2010: a máquina quântica. Deixando para trás pesquisas importantes como a "célula sintética" do biólogo americano Craig Venter, o sequenciamento do genoma do homem de Neandertal e a reprogramação de RNAs, o dispositivo foi escolhido por trazer pela primeira vez as características da mecânica quântica — a parte da física que estuda o comportamento dos átomos e suas partículas — para o mundo dos objetos visíveis a olho nu.

A equipe de desenvolveu a máquina quântica. Da esquerda para direita: Andrew Cleland, Aaron O'Connel e John Martinis

Os físicos Andrew Cleland, John Martinis e Aaron O'Connell, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA), criaram uma pequena placa, visível a olho nu, capaz de se expandir e contrair ao mesmo tempo, imitando um estado da física chamado superposição quântica. Nele, uma partícula é capaz de ocupar dois ou mais lugares no espaço ou registrar duas ou mais quantidades de energia ao mesmo tempo. Até agora, o efeito só havia sido percebido no universo microscópico.

No experimento da equipe de Cleland, a microplaca ocupou, ao mesmo tempo, dois lugares no espaço. "Mesmo que a distância entre eles tenha sido menor que o núcleo de um átomo, conseguimos provar o conceito", disse Cleland em entrevista ao site de VEJA. "Em cinco anos, queremos ampliar essa distância para a espessura de um fio de cabelo", disse.

Parece pouco, mas a pesquisa põe fim a uma corrida científica de 75 anos pela manifestação das propriedades quânticas em objetos visíveis. Em 1935, o físico austríaco Erwin Schrödinger propôs que seria impossível verificá-las no mundo macroscópico. Desde então, vários experimentos tentaram provar o contrário, mas o sucesso só veio em 2010. "Agora sabemos que as características quânticas podem ser percebidas em objetos grandes, não apenas nos elétrons, por exemplo", disse Cleland.

O passo dado pelos cientistas americanos pode significar que o homem consiga manipular as leis da física de tal maneira a permitir feitos dignos de ficção científica. "Talvez alguém muito inteligente encontre um dia uma forma de fazer o teletransporte", disse Cleland. "Demos o primeiro passo", concluiu.


Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/revista-science-elege-avanco-cientifico-do-ano-a-maquina-quantica

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #1 Online: 17 de Dezembro de 2010, 13:12:44 »
Interessante. Mas?....
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Offline Derfel

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #2 Online: 17 de Dezembro de 2010, 15:10:23 »
Mas abre um grande leque de possibilidades, como um computador quântico.

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #3 Online: 17 de Dezembro de 2010, 15:48:17 »
Mas abre um grande leque de possibilidades, como um computador quântico.

Especificamente, o que isso aí em cima tem a ver com o computador quântico? Ou com qualquer outra coisa quântica útil? A possibilidade do computador quântico já vem sendo estudada na prática há algum tempo:

In 2005, researchers at the University of Michigan built a semiconductor chip which functioned as an ion trap. Such devices, produced by standard lithography techniques, may point the way to scalable quantum computing tools.[26] An improved version was made in 2006.[citation needed]

In 2009, researchers at Yale University created the first rudimentary solid-state quantum processor. The two-qubit superconducting chip was able to run elementary algorithms. Each of the two artificial atoms (or qubits) were made up of a billion aluminum atoms but they acted like a single one that could occupy two different energy states.[27][28]

Another team, working at the University of Bristol, also created a silicon-based quantum computing chip, based on quantum optics. The team was able to run Shor's algorithm on the chip.[29] The latest developments [for 2010] can be found in.
http://en.wikipedia.org/wiki/Quantum_computer
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Offline Derfel

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #4 Online: 17 de Dezembro de 2010, 16:17:50 »
A possibilidade de ocupar dois lugares ao mesmo tempo pode ser traduzido como um estado lógico e, consequentemente, usado em um circuito lógico (aliás, o próprio circuito pode ser utilizado como estado lógico no processamento). Há a possibilidade também, como dito no texto, de se pensar em teletransporte. Podem existir possibilidades de uso que nem mesmo imaginamos agora, isso é uma função da engenharia e não da ciência básica. É como Edison quando (re)descobriu o efeito edison e alguém deve ter dito: "interessante. Mas?...".

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #5 Online: 17 de Dezembro de 2010, 19:01:26 »
O problema dessas coisas "quanticas" é que sempre abrem um enorme leque de (im)possibilidades. O experimento vai acabar virando evidência da possibilidade de uma porção de coisas interessantes, mas também de um número infinito de bobagens. Quem não entende de assunto acaba sempre repetindo a notícia sem acrescentar nada de novo.

Edson não descobriu coisa alguma. Ele experimentou coisas que deram certo e outros explicaram porque deram certo, como normalmente acontece com os inventores. Provavelmente nem ele tinha idéia do que tinha descoberto. Seu raciocínio estava orientado para o experimento. Do tipo, "interessante mas" se mexer um pouco aqui, mudar um pouco alí com outro material, fizer isso ou fizer aquilo, talvez isso sirva para alguma coisa. E serviu.
« Última modificação: 17 de Dezembro de 2010, 19:18:33 por Gigaview »
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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #6 Online: 20 de Dezembro de 2010, 01:40:46 »
Revista "Science" elege as maiores descobertas científicas da década e do ano

A primeira década do século 21 mudou completamente a forma de fazer ciência. Muito do que parecia ser impossível aconteceu, como o mapeamento completo do DNA de criaturas extintas há milhares de anos e a descoberta de centenas de planetas fora do Sistema Solar.

A "Science", uma das mais importantes revistas da área, escolheu os destaques do período. Biotecnologia e genética dominam a lista.

O mergulho no lado oculto do genoma é um deles. Nos anos 2000, os cientistas descobriram que os humanos têm muito menos genes do que se pensava. Além disso, o que durante muito tempo foi chamado de "lixo" no DNA mostrou ter funções importantes, ajudando na regulação de todo o genoma.

As pesquisas com células-tronco também deram um salto. Os cientistas conseguiram "domá-las" e já produzem em laboratório qualquer tecido do corpo humano, viabilizando um dos mais promissores tratamentos para várias doenças.

O desenvolvimento de métodos para analisar DNA de criaturas que viveram há milhões de anos permitiu saber com precisão inédita detalhes de sua aparência. Além de descobrir a cor de dinossauros ou mamutes, também se descortinou o passado dos seres humanos, os quais, agora se sabe, tiveram filhos com neandertais.

A astronomia ocupa três posições na lista. Além de avanços na precisão das medições no espaço, a década também foi marcada pela confirmação da existência de água no subsolo de Marte. O registro de planetas fora do Sistema Solar bateu recordes. Em 2000, havia 26 confirmados. Hoje, são 505.

O levantamento da "Science" incluiu ainda uma questão política: as pesquisas sobre as mudanças climáticas.

Na opinião do historiador da ciência da USP Gildo Santos, a lista da "Science" é relevante, mas deixou de fora resultados importantes. "Noto a ausência da química e de outras ciências, como a geologia, a oceanografia e a matemática."

Como maior destaque de 2010, a "Science" escolheu um invenção quase indecifrável: uma minúscula haste de metal, visível a olho nu, que obedece às regras da física quântica, antes só aplicáveis a objetos submicroscópicos, como átomos. Ela conseguiu vibrar rápido e devagar ao mesmo tempo, o que só é possível num cenário quântico.

Biotecnologia e genética também dominam o levantamento anual, com destaque para novas técnicas para regredir células-tronco adultas ao estágio embrionário.

DESTAQUES DA DÉCADA

A parte oculta do genoma
O que se imaginava a respeito do DNA humano estava errado. Além de menos genes (são 21 mil, contra os 100 mil idealizados antes), boa parte do que se achava "lixo" desempenha funções importantes;

Células-tronco
Células com capacidade de reescrever seu próprio destino, as células-tronco foram uma das mais promissoras fronteiras para o tratamento de doenças. E, nesta década, os cientistas aprenderam melhor do que nunca como manejá-las e controlá-las;

Microbioma
Nos anos 2000, os humanos finalmente deram uma trégua às bactérias e aceitaram que muitos desses micro-organismos desenvolvem funções importantes no funcionamento e até na proteção do corpo humano;

DNA pré-histórico
Novas técnicas de análise permitiram avaliar o DNA de animais e plantas extintos dezenas de milhares ou milhões de anos atrás, com bastante precisão. Desse modo, descobriu-se a cor das penas de alguns dinossauros e até detalhes sobre cabelo e pele dos neandertais;

Água em Marte
Missões espaciais encontraram evidências muito fortes de que houve água líquida no planeta vermelho bilhões de anos atrás. Mais recentemente, pesquisadores comprovarama existência de gelo enterrado no solo e até em grandes blocos;

Exoplanetas
A quantidade de planetas conhecidos fora do Sistema Solar disparou: passou de 26, em 2000, para os atuais 505. E os registros não param de acontecer, devido a vários avanços tecnológicos na astronomia;

Estudos do aquecimento global
A década foi marcada pelo reconhecimento dos problemas climáticos e dos estudos sobre eles, que ganharam financiamento e repercussão mundiais;

Inflamação
Os processos inflamatórios se mostraram muito mais complexos do que se imaginava. Descobriu-se que câncer, diabetes e até Alzheimer são relacionados a respostas inflamatórias que podem, em muitos casos, levar à morte ou a sequelas graves;

Mais precisão na cosmologia
Vários experimentos mostraram melhor do que nunca o que está acontecendo no Universo. Algumas técnicas levaram a resultados surpreendentes, como a comprovação de que o Cosmos é plano;

Metamateriais
Cientistas criaram uma junção de materiais que age com propriedades que não são normalmente encontradas na natureza. Eles trabalham direcionando a luz e outras ondas eletromagnéticas, conseguindo efeitos considerados impossíveis de forma natural.

DESTAQUES DO ANO

O vencedor
A pesquisa do ano, diz a "Science", foi a criação de uma pequena haste de metal, visível a olho nu, que se comporta segundo as regras malucas da física quântica, antes só aplicáveis a objetos de tamanho submicroscópico, como átomos;

Os nove 'vices'

- Genoma dos neandertais mostra cruzamento com humanos modernos;

- Máquinas que decodificam DNA ficam cada vez mais velozes;

- Nova técnica facilita transformação de células adultas em células embrionárias;

- Pesquisadores acham maneira mais rápida de identificar genes ligados a doenças;

- Americanos conseguem criar bactéria com DNA sintético;

- Comportamento de cristais é simulado com precisão em computador;

- Cientistas acham modo de "deletar" genes de ratos, facilitando o estudo de doenças;

- Gel vaginal e remédio preventivo conseguem diminuir infecção por HIV;

- Supercomputadores simulam dinâmica molecular de proteínas.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/847201-revista-science-elege-as-maiores-descobertas-cientificas-da-decada-e-do-ano.shtml

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Offline Derfel

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #7 Online: 20 de Dezembro de 2010, 21:24:07 »
O problema dessas coisas "quanticas" é que sempre abrem um enorme leque de (im)possibilidades. O experimento vai acabar virando evidência da possibilidade de uma porção de coisas interessantes, mas também de um número infinito de bobagens. Quem não entende de assunto acaba sempre repetindo a notícia sem acrescentar nada de novo.

Edson não descobriu coisa alguma. Ele experimentou coisas que deram certo e outros explicaram porque deram certo, como normalmente acontece com os inventores. Provavelmente nem ele tinha idéia do que tinha descoberto. Seu raciocínio estava orientado para o experimento. Do tipo, "interessante mas" se mexer um pouco aqui, mudar um pouco alí com outro material, fizer isso ou fizer aquilo, talvez isso sirva para alguma coisa. E serviu.

Edison descobriu, sim, o Efeito Edison. Verificou e o descreveu, ainda que não soubesse explicá-lo (e ainda foi esperto para patentear).

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #8 Online: 20 de Dezembro de 2010, 22:20:39 »
O problema dessas coisas "quanticas" é que sempre abrem um enorme leque de (im)possibilidades. O experimento vai acabar virando evidência da possibilidade de uma porção de coisas interessantes, mas também de um número infinito de bobagens. Quem não entende de assunto acaba sempre repetindo a notícia sem acrescentar nada de novo.

Edson não descobriu coisa alguma. Ele experimentou coisas que deram certo e outros explicaram porque deram certo, como normalmente acontece com os inventores. Provavelmente nem ele tinha idéia do que tinha descoberto. Seu raciocínio estava orientado para o experimento. Do tipo, "interessante mas" se mexer um pouco aqui, mudar um pouco alí com outro material, fizer isso ou fizer aquilo, talvez isso sirva para alguma coisa. E serviu.

Edison descobriu, sim, o Efeito Edison. Verificou e o descreveu, ainda que não soubesse explicá-lo (e ainda foi esperto para patentear).

Da mesma forma que Edson "descobriu" o "Efeito Edson" (nome dado muitos anos depois) eu "descobri" o eletromagnetismo aos 8 anos de idade brincando com material elétrico. Tal como Edson, não tinha a minima idéia do que estava acontecendo. Mas entendo o seu ponto de vista, pois a maioria dos livros e historiadores ficam repetindo essas estorinhas de "american hero" que se tornam verdadeiras, e as pessoas acreditam nelas. Céticos são chatos, sorry.

The phenomenon was initially reported in 1873 by Frederick Guthrie in Britain. While doing work on charged objects, Guthrie discovered that a red-hot iron sphere with a positive charge would lose its charge (by somehow discharging it into air). He also found that this did not happen if the sphere had a negative charge.[1] Other early contributors included Hittorf (1869–1883), Goldstein (1885), and Elster and Geitel (1882–1889).

The effect was rediscovered by Thomas Edison on February 13, 1880, while trying to discover the reason for breakage of lamp filaments and uneven blackening (darkest near one terminal of the filament) of the bulbs in his incandescent lamps.
http://en.wikipedia.org/wiki/Thermionic_emission
« Última modificação: 20 de Dezembro de 2010, 22:23:52 por Gigaview »
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Offline Derfel

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #9 Online: 20 de Dezembro de 2010, 22:33:30 »
A possibilidade de ocupar dois lugares ao mesmo tempo pode ser traduzido como um estado lógico e, consequentemente, usado em um circuito lógico (aliás, o próprio circuito pode ser utilizado como estado lógico no processamento). Há a possibilidade também, como dito no texto, de se pensar em teletransporte. Podem existir possibilidades de uso que nem mesmo imaginamos agora, isso é uma função da engenharia e não da ciência básica. É como Edison quando (re)descobriu o efeito edison e alguém deve ter dito: "interessante. Mas?...".

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #10 Online: 20 de Dezembro de 2010, 22:38:47 »
A possibilidade de ocupar dois lugares ao mesmo tempo pode ser traduzido como um estado lógico e, consequentemente, usado em um circuito lógico (aliás, o próprio circuito pode ser utilizado como estado lógico no processamento). Há a possibilidade também, como dito no texto, de se pensar em teletransporte. Podem existir possibilidades de uso que nem mesmo imaginamos agora, isso é uma função da engenharia e não da ciência básica. É como Edison quando (re)descobriu o efeito edison e alguém deve ter dito: "interessante. Mas?...".

Ok.  :ok:
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Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #11 Online: 20 de Dezembro de 2010, 22:42:42 »
O problema dessas coisas "quanticas" é que sempre abrem um enorme leque de (im)possibilidades. O experimento vai acabar virando evidência da possibilidade de uma porção de coisas interessantes, mas também de um número infinito de bobagens. Quem não entende de assunto acaba sempre repetindo a notícia sem acrescentar nada de novo.

Edson não descobriu coisa alguma. Ele experimentou coisas que deram certo e outros explicaram porque deram certo, como normalmente acontece com os inventores. Provavelmente nem ele tinha idéia do que tinha descoberto. Seu raciocínio estava orientado para o experimento. Do tipo, "interessante mas" se mexer um pouco aqui, mudar um pouco alí com outro material, fizer isso ou fizer aquilo, talvez isso sirva para alguma coisa. E serviu.

Edison descobriu, sim, o Efeito Edison. Verificou e o descreveu, ainda que não soubesse explicá-lo (e ainda foi esperto para patentear).

OK.  :ok:
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Offline Cientista

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #12 Online: 21 de Dezembro de 2010, 00:57:12 »
Edson não descobriu coisa alguma. Ele experimentou coisas que deram certo e outros explicaram porque deram certo, como normalmente acontece com os inventores. Provavelmente nem ele tinha idéia do que tinha descoberto. Seu raciocínio estava orientado para o experimento. Do tipo, "interessante mas" se mexer um pouco aqui, mudar um pouco alí com outro material, fizer isso ou fizer aquilo, talvez isso sirva para alguma coisa. E serviu.
Espere um pouco, Gigaview. Não sei se a semântica da palavra descoberta é, para você, a mesma que para mim, mas mesmo reconhecendo sua inquestionável 'dez à nona visão' das coisas não posso concordar que "Edison não descobriu coisa alguma". Penso é que ele descobriu coisas demais. Quanto a "explicações", a realidade é que, em ciência, as explicações estão sempre mais adiante. As descobertas fincam muito mais bandeiras e abrem muito mais perspectivas que as explicações e até motivam estas últimas. E descobridores não devem ser menosprezados como se suas descobertas fossem, sempre, puramente casuais e pudessem ser feitas por qualquer um ou jamais terão fim as três lastimáveis, falaciosas e imperdoáveis fases por que todo grande inventor ou cientista sempre tem que passar.

Levando-se em conta que tudo começou com a lâmpada incandescente e que a idéia primordial da mesma nem foi de Edison (foi de alguém que, após tentar "um pouco", concluiu açodadamente que sua própria idéia era furada e que, devido a isso, nem lembro seu nome agora), há que se considerar com mais atenção e respeito o significado e a importância dessa contribuição "trial and error" edisoniana. Considero que um dos principais pilares que sustentam nossa moderna era tecnológica tenha sido fundado ali, naquele momento. O efeito termoiônico (efeito Edison) deu origem, com Lee de Forest, ao triodo e, na tentativa de seguir o mesmo princípio com dispositivos de 'estado sólido', o objetivo era que os primeiros transístores fossem FET, o que não ocorreu devido a dificuldades técnicas daquele momento evolutivo da técnica humana. Os bipolares foram mais viáveis naquele instante (sem deixar de mencionar que foram imaginados, inerentemente, numa condição de alternativa). As diversas variantes dos modernos FET, desde os discretos até cada um dos milhões componentes de cada processador do mundo, são uma (re)coroação "tardia" *ainda* do efeito Edison. Se Edison não o tivesse descoberto *da forma como o descobriu*, naquele momento, alguém se arriscaria a imaginar que estaríamos onde estamos hoje? Alguém afirmará que a descoberta de Edison foi, inquestionavelmente, casual?

Além do mais, mesmo dentro do âmbito teórico das explanações científicas, não podemos desprezar o fulcral e poderoso método da tentativa e erro pois os métodos numéricos, tornados possíveis em sua atual excelência pela existência de computadores (vindos lá do efeito Edison) cada vez mais velozes, evidenciam as extremas limitações das convencionais metodologias da análise matemática. É a matemática à 'moda edisoniana'. E, não por 'acaso', a que tem obtido os mais úteis resultados científicos.

Por outro lado, quanto ao tema do tópico, concordo em muito com você. E vou mais além, afirmando que parece-me mais baboseira inútil, sem sentido e sensacionalista, na melhor das hipóteses. É o tipo de notícia "científica" que afirma coisas absurdas sem demonstração, exigindo a fé de um crente para aceitá-las. Fenômenos quânticos são detectáveis em corpos macroscópicos de muitas e muitas maneiras e nunca houve nenhuma novidade nisso. Toda fronteira de qualquer corpo macroscópico, por exemplo, é uma zona de eventos quânticos cujos efeitos são macroscopicamente observáveis quando a zona de eventos de um corpo interage com a de outro, por exemplo. Isso já tinha sido percebido desde antes de Zenão de Eléia mas não foi aproveitado e foi desvirtuado em 'função' da infeliz inserção do conceito metafísico filosófico-matemático de infinito através do outro conceito puramente matemático de limite de função (aqui, um exemplo de como uma "explicação", em oposição a uma descoberta, pode chegar a ser uma desgraça para a ciência). A explicação do específico (concernente ao fenômeno ao qual refiro-me) "paradoxo" de Zenão é óbvia e simples: dois corpos que aproximam-se chegam a se tocar porque há uma região em suas fronteiras (e no espaço e no tempo entre eles) em que não mais se aplica uma análise geométrica euclidiana que é, basicamente, uma geometria filosófica (ao contrário do que muitos, possivel e incrivelmente diriam, é a geometria euclidiana que é filosófica e fantasiosa). Se a estrutura do universo não fosse quântica eles NUNCA alcançariam um ao outro, MESMO, por mais próximos que estivessem. Cada pisada que damos ao caminhar-mos; cada dedada no teclado que damos são fenômenos quânticos macroscopicamente observáveis. E há muitos outros. O universo macroscópico, simplesmente, não se apresentaria da forma como é se não fosse estruturado quanticamente. Demócrito percebeu isso pois o átomo que ele propôs, pessimamente entendido, não era o "átomo" divisível de agora; não era, tampouco, o átomo indivisível de Dalton; não era o átomo de Rutherford; não eram os átomos categorizáveis de Mendeleiev; não era nenhum átomo definido por qualquer 'modelo atômico' delineado até hoje. O átomo de Demócrito era O "A-tomo" real; era o quantum.

A notícia me parece, fundamentalmente, ridícula. Qualquer corpo macroscópico, na sua zona periférica de eventos quânticos, apresenta comportamento quântico, de modo que pode-se dizer que há incerteza quântica sobre onde essa zona termina. Pode-se dizer que qualquer corpo, em seus limites, está "em dois lugares ao mesmo tempo". Agora, o que eles dizem que farão daqui há 5 anos, quero mais que ver para crer. E olhe que nessa notícia não se mostrou nada.

É, para mim, incrível que tenha que ter chegado o ano 1900 para que Planck, no intuito de solucionar o impasse ("paradoxo") da radiação do corpo negro, tenha finalmente proposto o quantum. Felizmente, não se propôs mais nenhuma hipótese ad hoc e descreveu-se o fenômeno, exatamente, como ele é, sem fugas hipotéticas e inclusões de conceitos desnecessários e, pior, irreais. Não foi mais possível fugir do "paradoxo", ou seja, da realidade. O grande paradoxo é como a mente humana pode resistir tanto à realidade, aos fatos. O modo cíclico do pensar humano é uma maldita herança da degeneração linguística, "impressionantemente" até, por muitos, venerada -- a filosofia. Nenhuma outra atitude mental pode ser mais inimiga do verdadeiro saber.

Offline Gigaview

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #13 Online: 21 de Dezembro de 2010, 02:03:16 »
O meu entendimento da semântica da palavra descoberta, nesse caso, surge da minha visão dos papéis do cientista e do inventor. Entendo que cientistas "descobrem" e inventores "experimentam" com diferentes objetivos, apesar da experiência, no caso dos cientistas, estar incluída na metodologia científica, coisa que não acontece necessariamente com os inventores que normalmente realizam experiências orientadas para resultados práticos e essencialmente lucrativos. Edson era um excelente inventor com a preocupaçâo de um excelente businessman no seu ramo de negócios, com a visão da patente de suas "descobertas" e não estava nem aí para o método científico ou outras preocupações mais acadêmicas simplesmente porque esse não era o seu mundo. Diferente de William Crookes, por exemplo, diante de seu radiômetro. Edson não tinha conhecimento para explicar o que tinha "descoberto". Foi como você disse trial & error. Melhor seria dizer que Edson foi um dos primeiros (na verdade, o segundo) a "verificar" o fenômeno. Atribuir a essa verificação um sabor de descoberta, acho que é conceder a Edson um caráter cientifico com o qual ele nem mesmo se preocupava. Como disse acima, poderia dizer que também tive o meu momento de glória ao "descobrir" aos oito anos o eletromagnetismo e de certa forma tenho o meu registro na história da humanidade não por ser o primeiro, nem o segundo mas o enésimo indivíduo que "verificou" algo surpreendente para a sua idade sem imaginar que isso já constava dos livros escolares que me viriam pela frente nos anos futuros. É claro que a comparação é exagerada mas ilustra o que disse. Crookes, por outro lado, teve condições de tentar explicar, apesar de ter explicado errado aquilo que tinha "descoberto".

No restante estamos de acordo.

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Offline Cientista

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #14 Online: 21 de Dezembro de 2010, 02:51:05 »
Entendo e até louvo sua perspectiva. Acho que, particularmente, eu tendo para uma visão/posição utilitarista, talvez extremada, da ciência.

Só para constar, nunca considerei Thomas Edison, um cientista. Sem dúvida era um inventor e isso é muito diferente, embora seja muito confundido. Até mesmo o interesse dele pela química, desconhecido por muitos, tinha objetivos não exatamente científicos. E, até por isso, não foi muito longe nesse campo ainda que tenha alcançado alguns resultados devidos, sem dúvida, à sua grande genialidade intuitiva de 1% (que, dele, devia ser bem mais que os 100% da maioria) e sua pertinácia resoluta de 99%. Indivíduos como ele são, de qualquer forma, raríssimos.

Offline lusitano

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #15 Online: 08 de Agosto de 2011, 08:43:44 »
Cientista - escreveu:

Citar
Levando-se em conta que tudo começou com a lâmpada incandescente e que a idéia primordial da mesma nem foi de Edison (foi de alguém que, após tentar "um pouco", concluiu açodadamente que sua própria idéia era furada e que, devido a isso, nem lembro seu nome agora)

Antes de Edison, ter inventado a lâmpada de incandescência, Humphry Davy, no início do século XIX, inventou a lâmpada de arco voltaico, por volta de 1800.

Ele havia descoberto que um circuito elétrico, alimentado por uma potente bateria de Volta, com dois bastões de carbono pontiagudos nas extremidades em contato mecânico inicial e após o fechamento do arco, mantida uma distância uniforme, a passagem de corrente elétrica gerava um arco voltaico com alta luminosidade, pois a temperatura do polo positivo chega a 3 700°C, e no polo negativo fica em torno de 2 500°C.

A lâmpada a arco voltaico, precursora das modernas lâmpadas de descarga de mercúrio e sódio foi utilizada comercialmente e com eficiência de 1888 até 1920 na iluminação pública e ambientes.

Em projetores cinematográficos, foi utilizada até a década de oitenta, existindo até hoje em cinemas ao redor do planeta.

Em 1858 no farol de South Foreland, na Inglaterra, foi utilizada uma lâmpada de arco voltaico, que não apresentou resultados satisfatórios, pois a queima era inconstante e a vida útil muito curta, exigindo constante manutenção.

FÍSICA ANIMADA-LAMPADA DE ARCO VOLTAICO DE HUMPHRY DAVY ...

3 min - 18 out. 2010 - Vídeo enviado por profalexamorim

Neste experimento demonstramos o funcionamento da Lâmpada de Arco Voltáico do químico inglês Humphry Davy criada no séc.

www.youtube.com/watch?v=g6zDz_VVxzQ


Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline Feliperj

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Re: Máquina quântica é o avanço científico do ano, diz Science
« Resposta #16 Online: 08 de Agosto de 2011, 12:23:00 »
Eu realmente tenho dificuldade de entender um efeito quantico em um objeto macroscópico da ordem de grandeza de um núcleo atômico...E tb, esta precisão de medida me assombra.

Abs
Felipe

 

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