Prefeitura do Rio aposta no sobrenatural para espantar chuva no réveillon
Médium da Fundação Cacique Cobra Coral prepara orações para garantir céu claro na virada em Copacabana. PM reforça policiamento na orla
Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
Para promover os 20 minutos de ininterrupta queima de fogos na Praia de Copacabana, é preciso uma boa dose de planejamento. Este ano, a promessa é de que os estouros acompanhem a música, fazendo uma espécie de ‘percussão’ em harmonia com o que vai ser transmitido pelas torres de som. Um fator incontrolável pode, no entanto, ofuscar parte do brilho da festa: chuva, ou mesmo excesso de umidade no ar, em uma grande queima de fogos, é sinal de problema. Como já ocorreu em Copacabana, a umidade do ar pode dificultar a disperção da fumaça e encobrir a visão dos fogos em alguns pontos da orla – e, claro, com chuva perde-se muito da graça de começar o ano à beira-mar.
Como a época é favorável para simpatias, crendices e superstições, aflora, entre as autoridades cariocas, uma espécie de sentido de ‘vale-tudo’ para garantir o bom andamento da festa.
Como ocorre desde a gestão Cesar Maia, o prefeito Eduardo Paes mantém contrato com a Fundação Cacique Cobra Coral, que tem a missão de espantar a chuva e garantir céu claro para o réveillon do Rio. Comandada pela médium Adelaide Scritori, a fundação informa que recebeu um pedido do prefeito para reforçar as orações e pedidos aos céus para espantar as nuvens.Apesar das críticas ao antecessor, Eduardo Paes se vê, nessa época do ano, refém dos costumes. Este ano, em especial, nada pode dar errado. Um dos esperados para a festa de Copacabana é o presidente Lula, que terá, no público de mais de 2 milhões de pessoas na areia, sua última oportunidade de, como presidente, falar para tanta gente junta. E, claro, a nite do dia 31 está reservada para a apresentação da marca dos Jogos Olímpicos de 2016 – mais um motivo para Lula querer participar da festa.
Sem poder contar com o sobrenatural, a Polícia Militar do Rio divulgou, na tarde de terça-feira, o plano para a segurança da festa. “O show do Roberto Carlos foi um ótimo ensaio para o esquema de policiamento do réveillon. No dia foram registradas apenas poucas ocorrências de perda e furto de carteiras e celulares”, afirmou a a tenente-coronel Claudia Lovain, no quartel-general da Polícia Militar, no Centro do Rio. Há dois meses Lovain é comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar, em Copacabana, e será a primeira mulher a chefiar os policiais destacados para o policiamento da orla da Avenida Atlântica na data que, ao lado do carnaval, é a maior concentração de público do Rio.
Ao todo, estão mobilizados 1.350 policiais e 131 viaturas para a festa. Três helicópteros e 30 torres de vigilância compões o esquema de segurança da PM. De acordo com o relações públicas da PM, coronel Lima Castro, este efetivo é 5% maior do que o do ano passado, e será aumentado gradativamente até 2015, no réveillon que precederá os Jogos Olímpicos do Rio. Para Lima Castro, a proporção de um policial para cada 1481 pessoas é satisfatória. “Tradicionalmente o réveillon de Copacabana é tranquilo. Ano passado, com cerca de mil homens, nós conseguimos comandar uma festa sem nenhum transtorno”, acredita.
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