Segundo N. Gregory Mankiw, economista de Harvard e autor  do livro "Introdução à Economia": 
    "Os economistas consideram os Estados Unidos uma contínua  experiência que confirma as virtudes do livre comércio. Ao  longo de sua história os Estados Unidos permitiram um comércio  sem restrições entre seus estados e o país como um todo se  beneficiou com a especialização que o comércio permite. A  Flórida colhe laranjas, o Texas extrai petróleo, a Califórnia  produz vinho e assim por diante. Os americanos não  desfrutariam dos altos padrões de  vida que desfrutam hoje se  as pessoas consumissem apenas os bens e serviços produzidos em  seus estados. O mundo poderia, da mesma maneira, beneficiar-se  do livre comércio entre as nações." (p.196)
    Mankiw reconhece que o livre comércio em alguns casos  prejudica certas indústrias e em outros casos prejudica os  consumidores. Ele não afirma que o livre comércio beneficia a  todos, mas que os benefícios superam as perdas. Quando um país  se abre ao livre comércio, alguns saem perdendo e outros saem  ganhando, mas os ganhos sempre superam  as perdas. O livre  comércio permite que os países se especializem na produção de  artigos em que possuam uma vantagem comparativa. Isso acarreta  um crescimento do tamanho do bolo econômico.
     Acho que o argumento da vantagem comparativa é  verdadeiro. Mas não acredito que ele seja por si só a única  questão envolvida no livre comércio. Mankiw rebate vários  argumentos tradicionais contra o livre comércio (proteção dos  empregos, proteção da indústria, concorrência desleal) . Ele  reconhece que o livre comércio acarreta perdas temporárias,  mas afirma que ,no final, elas são compensadas pelo aumento da  eficiência econômica.
    O que eu afirmo é que esses argumentos em favor do livre  comércio são verdadeiros, porém incompletos. Quando  consideramos a indústria de um país como um meio para produzir  bens ao menor preço, o livre-comércio de fato aparece como uma  coisa benéfica. A coisa muda inteiramente se considerarmos a  indústria de um país como uma fonte de rendimentos, como um  ativo. Sob esse aspecto o livre-comércio pode não apenas  piorar a situação de certos países, mas piorar a situação de  todos os países envolvidos.
    Vamos supor que o Chile e Canadá entrem em uma área de  livre-comércio.(Os dados são hipotéticos) O Chile tem vantagem  comparativa na produção de cobre e o Canadá tem uma vantagem  comparativa na produção de aviões. Com o livre comércio, o  lucro líquido das mineradoras chilenas registra um aumento de  100 milhões de dólares. Mas o prejuízo da indústria  aeronáutica chilena é de 120 milhões de dólares. No fim das  contas, o Chile não perde 20 milhões de dólares com o livre - comércio? O mesmo pode acontecer com o Canadá : a indústria  aeronáutica canadense aumenta o seu lucro em 120 milhões de  dólares, mas o prejuízo das mineradoras canadenses chega a 140  milhões de dólares. Há um prejuízo de 20 milhões para os dois  países. Ambos perdem com o livre-comércio.