Tópico: Experimento Mental - Cérebro e Pensamentos

[Feliperj]

Pensando sobre cérebro e pensamentos, fiz o seguinte exercício mental que gostaria de compartilhar (crítica e crivo de vcs) :

Premissas :

- O cérebro, com seus neurônios, sinapses, com sua química produz nossos pensamentos, imaginações e criatividade;
- O cérebro possui quantidades finitas de neurônios, sinapses, substâncias.
- Pensamentos, imaginação, criatividade são causadas por determinados padrões/sequência de ativação neuronal;
- O tempo de ativação/sequência é finito (ou seja, o processo de produzir um pensamento ocorre em um tempo finito).

Conclusões

- Como o cérebro é composto por quantidade finita de “elementos” e o tempo de ativação tb é finito teremos, obrigatóriamente, um número finito de padrões de ativação;
- Como padrões de ativação geram nossos pensamentos teremos, obrigatóriamente, um número finito de pensamentos/imaginações/criatividades.

Análise Hipotética 

Vamos imaginar que n representa a qde total de “pensamentos”, cada uma com uma determinada característica - ou seja, com n características – que o cérebro pode produzir.

Como eu posso imaginar uma situação n+1, cuja característica n+1 seja a união das n características anteriores, este meu novo pensamento corresponde a um novo padrão de ativação , que não pode existir dentro do próprio cérebro.

Outra possibilidade é um mesmo padrão poder gerar dois pensamentos diferentes. Assim, temos que, se um mesmo padrão puder produzir mais de um pensamento, o que estrará diferenciando um pensamento do outro, no cérebro?

Abs
Felipe
 

[SnowRaptor]

O cérebro não é determinístico, é caótico e as respostas são aproximadas.

Veja se esse texto pode inserir ideias novas nessa sua linha de pensamento:

http://www.3quarksdaily.com/3quarksdaily/2011/01/the-surprising-usefulness-of-sloppy-arithmetic.html

[uiliníli]

Conjuntos finitos podem criar uma quantidade infinita de elementos. Por exemplo, com 10 algarismos (ou menos, dois se você contar em binários) você pode representar todos os números que existem. Supondo que você seja um imortal e viverá eternamente, você poderia passar o resto da eternidade tendo pensamentos originais ― nem que sua única atividade fosse contar de 0 até infinito ou calcular o valor exato de π.

[Dr. Manhattan]

Mais! Supondo que cada configuração do seu cérebro corresponde a um pensamento (aceite isso, por favor), mesmo com um número infinito
de estados no seu cérebro, você poderia passar um tempo infinito tendo um número infinito de pensamentos... e mesmo assim ainda haveria um
número infinito de pensamentos que você não teve (insert trollface).

Sério. Conjuntos infinitos são porretas.

[Johan]

Conjuntos finitos podem criar uma quantidade infinita de elementos. Por exemplo, com 10 algarismos (ou menos, dois se você contar em binários) você pode representar todos os números que existem. Supondo que você seja um imortal e viverá eternamente, você poderia passar o resto da eternidade tendo pensamentos originais ― nem que sua única atividade fosse contar de 0 até infinito ou calcular o valor exato de π.

Isso é muito teórico. Um computador utiliza números binários e não é capaz de representar todos os números que existem.

[SnowRaptor]

Ele não é capaz de armazenar todos esses números, é diferente.

[Buckaroo Banzai]

[...] Se cada cérebro humano só fizesse uma sinapse – correspondente a uma estupidez monumental – seriamos capazes de apenas dois estados mentais. Se tivéssemos duas sinapses, 4 estados, três sinapses, 8 estados, e em geral, para N sinapses, 2 estados. Mas o cérebro humano é caracterizado por umas 10 trilhões de sinapses. Por conseguinte, o numero de diferentes estados de um cérebro humano equivale a 2 elevado à essa potência, ou seja – multiplicado por ele mesmo 10 trilhões de vezes. Esse é um numero inconcebivelmente grande, muito maior, por exemplo, do que o numero total de partículas elementares (elétrons e prótons) em todo o universo, que é muito menor do que 2 elevado à potência de 10 trilhões. É em virtude desse imenso número de configurações funcionalmente diferentes do cérebro humano que dois seres humanos, mesmo que sejam idênticos, jamais poderão ser muito parecidos. Esses números enormes também podem explicar algo da imprevisibilidade do comportamento humano. [...]

[SnowRaptor]

E viva a exponencial! \o/

[Adriano]

Isso me lembra a questão dos qualias, que aqui pode ser entendido como a experiência do pensamento:

Qualia [singular: quale, em latim e português]. Termo filosófico que define as qualidades subjectivas das experiências mentais. Por exemplo, a vermelhidão do vermelho, ou o doloroso da dor.

Os qualia simbolizam o hiato explicativo que existe entre as qualidades subjectivas da nossa percepção e o sistema físico a que chamamos cérebro. As propriedades das experiências sensoriais são, por definição, epistemologicamente não cognoscíveis na ausência da sua própria experiência directa. Como resultado, são também incomunicáveis.

Os qualia desempenham um papel importante na filosofia da mente, principalmente por poderem ser interpretados como uma refutação de facto do fisicalismo. No entanto, a existência e a natureza dos qualia continuam a ser objecto de um aceso debate na filosofia da mente contemporânea.

E o interessante é a definição de Dennett para qualia:

Definições

Daniel Dennett, identifica quatro propriedades que são comumente associadas aos qualia, isto é, os qualia são:

   1. inefáveis; isto é, não podem ser comunicados ou apreendidos por outros meios diferentes da experiência directa.
   2. intrínsecos; isto é, são propriedades não relacionais, que não se alteram conforme a relação da experiência com outras coisas.
   3. privados; isto é, todas as comparações intersubjectivas dos qualia são sistematicamente impossíveis.
   4. directa ou imediatamente apreensíveis pela consciência; isto é, "experienciar um quale" é "saber-se que se experiencia um quale, sabendo-se que é isso mesmo tudo quanto há a saber sobre esse quale".

O pensamento de um indivíduo é sempre uma interação informacional entre este e o mundo. Basta contextualizar os diversos níveis sistêmicos de interação (saúde => interno , autorrealização => externo e geralmente a mellhor conexão cognitiva ao mundo).

[lusitano]

Caro - Feliperj

Conclusões:

- Como o cérebro é composto por quantidade finita de “elementos” e o tempo de ativação tb é finito teremos, obrigatóriamente, um número finito de padrões de ativação;

- Como padrões de ativação geram nossos pensamentos teremos, obrigatóriamente, um número finito de pensamentos/imaginações/criatividades.

Então temos o seguinte: um neurónio, é a mínima quantidade finita de cérebro, que se pode conceber... Todavia, um neurónio, é constituído por uma quantidade infinita de fracções elementares, que por sua vez, são passíveis de ser compostas por outros tantos conjuntos infinitos.

Portanto, posso especular, que um cérebro na realidade, é uma organização de conjuntos aparentemente infinitos, de porções, infinitesimais, que no seu todo forma um conjunto "finito", que por conjectura, manipula o infinito.  

[Feliperj]

Ola Lusitano,

Não. Os componetes dos neuronios são finitos. E temos de analisar as possibilidades de arranjos na configuração. Por isso que este conjunto finito não gera infinitos, como falado em outros comentarios.

Abs
Felipe

[gogorongon]

Finito não é fixo; a quantidade de neurônios varia ao longo do tempo, e a configuração e a quantidade das conexões deles também.

Fora que neurônios não são as únicas células nervosas do corpo; as células relacionadas aos cinco sentidos constantemente alimentam o cérebro com novos dados.

[lusitano]

Caro - Feliperj

Não. Os componetes dos neuronios são finitos. E temos de analisar as possibilidades de arranjos na configuração. Por isso que este conjunto finito não gera infinitos, como falado em outros comentarios.

Abs
Felipe

Você está a dizer-me, que a substância atómica, não é infinitamente divisível, como a noção de (UM)