Ele até pode doar muito. Pode até ser que seja o maior de todos. Mas ainda assim não oblitera o fato de que o programa que ele faz é uma forma midiática e asquerosa de assistencialismo, onde ele sem dúvida ganha muito com isto.
Aqueles que fazem assistencialismo (trabalho voluntário, caridade, doações em dinheiro, etc) sem cobertura de mídia é que realmente merecem o nosso elogio.
Bem, se me permitir, eu elogio os dois.
Também até acho que tem no mínimo o lado bom de estar fazendo algo em vez de nao fazer nada. E até é bom que ganhe fama fazendo isso, talvez incentive outros a fazerem coisas parecidas. Acho que quem recebe a ajuda não liga tanto para isso, melhora sua situação de qualquer forma. Se isso se espalhasse a ponto de roubarem o nicho de assistecialismo do estado, seria ótimo, por mais que fosse com segundas intenções e não algo 100% sincero/desinteressado.
Eu faço trabalho voluntário para duas instituições e faço doações mensais para outras seis instituições. E nunca comentei isto com ninguém.
Da direção de duas das seis instituições supra partiram convites para render-me homenagens ou congratulações públicas e eu declinei da oferta. Inclusive solicitei anonimato absoluto.
Então me perdoem os demais foristas, mas mantenho a minha resoluta opinião de que o que estas "celebridades" fazem é "acenar com o chapéu alheio", salvas as evidências contrárias.
Eu acho até mais louvável que seja assim, parabéns mesmo. Só penso que, entre quem precisa de ajuda não receber, e receber de alguém que explora essa ajuda para algum ganho pessoal além da satisfação em ajudar, o último caso é preferível.
Seria ótimo, para quem precisa de ajuda, que houvesse um "boom" da caridade por modismo. Quem pode, ajudando os outros, competindo para ver quem aparece mais fazendo isso. Por piores que sejam as motivações, desde que não seja uma tremenda de uma encenação, atores recebendo doações falsas ou algo do tipo, a situação é melhor do que se eles não fizessem nada.
E, não criticando você (até porque não é exatamente uma celebridade, que eu saiba, não que eu tenha algo contra não se ser), mas mesmo aqueles que têm motivações mais sinceras/desinteressadas nesse tipo de ação, fazem bem em aparecer e talvez até incitar uma "corrida filantropista" entre as celebridades, mesmo que muitos dos que adiram não o façam pelas melhores intenções.
Um pouco como essas coisas de imagem que as empresas vêm usando, "empresa amiga da criança", "empresa amiga do meio ambiente". Não há problema em fazerem essas coisas para ganhar dinheiro, em vez de partir de uma preocupação sincera com essas questões (o quanto quer que se possa dizer que uma empresa realmente "se preocupa" com algo), desde que de fato estejam fazendo algo.
Não que seja tudo uma maravilha nisso. Na maior parte do tempo, possivelmente em ambos os casos, o que basta para um benefício de imagem é muito menos do que aquilo que poderiam fazer, se houvesse um interesse genuíno -- muitas vezes sem nem representar algo que possa ser chamado de sacrifício por qualquer critério*. Isso é o que me deixa mais incomodado.
* - não que
deva haver qualquer sacrifício heróico, mas a desproporção que deve existir** desse tipo de ação vindo de uma celebridade ou empresas e pessoas comuns/não exatamente ricas deve ser meio análoga a impostos ultra-regressivos.
** - com a ressalva de que isso é preconceito meu, sei lá, bem pode ser que hajam celebridades e etc fazendo coisas bem dignas dos melhores elogios mesmo, especialmente se não fazem para se aparecer. Mas mesmo se fizessem com essa intenção, eu dificilmente saberia, simplesmente não acompanho a "caras" e etc.