Autor Tópico: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes  (Lida 517 vezes)

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Offline Fabi

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Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Online: 20 de Janeiro de 2011, 01:39:04 »
Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
Rafael Spuldar
Enviado especial da BBC Brasil a Teresópolis

Giovane e Vera dizem que voltarão à casa atingida se não tiverem alternativa

Embora alguns digam ter medo, diversos moradores de um bairro de Teresópolis (região serrana do Rio) cogitam voltar a construir nos locais onde suas casas foram severamente atingidas pelos deslizamentos da última quarta-feira - inclusive em áreas condenadas pela Defesa Civil.

O pintor Anderson Magalhães, 33 anos, deveria ter se mudado para sua casa nova, que construiu no bairro do Féo, no último sábado. "Só faltava bater a laje, que já estava lá, comprada", disse à BBC Brasil.

No entanto, a chuva e os deslizamentos da quarta-feira anterior arruinaram a sua nova moradia, que teve o andar de baixo totalmente engolido pela lama que desceu do morro. "Ficaram cinco sacos de cimento lá, foi o que restou da minha obra."

Anderson mora de aluguel no mesmo bairro, em uma casa localizada em um ponto mais seguro. Agora, ele afirma que quer se mudar para outra zona da cidade, mas acha difícil conseguir outro lugar para morar.

"Se não tiver saída, eu com certeza pego o dinheiro do FGTS e volto pra minha casa no Féo", diz Anderson. "Vou lá, bato a laje na parte de cima, esqueço a parte de baixo e volto."

Sobre os riscos de ocorrerem novos deslizamentos como os da semana passada, o pintor afirma: "Se acontecer qualquer chuvinha, sai todo mundo de lá na hora, é o jeito."


Leonardo diz que sua casa serviu de barreira para a lama e os destroços
Ele se mostra cético com a possibilidade de ganhar recursos do governo para construir outra casa. "Conheço gente no (bairro do) Perpétuo que perdeu tudo na outra enchente (ocorrida em 2002) e até hoje não ganhou nada."

Barreira contra a lama

Outro morador do Féo, o pedreiro Leonardo Caldeira Mizael, 31 anos, tinha sua casa situada alguns metros acima da de Anderson. Leonardo diz que a sua moradia serviu como uma barreira que impediu a lama e os destroços de arrasarem com muitas casas outras abaixo. "Vi até carro voando aqui do lado", afirma.

Dentro de casa, o pedreiro mostra os estragos. Enquanto a sala e a cozinha ficaram apenas sujas, o seu quarto teve uma parede demolida pelo deslizamento, ficando inundado pela lama. O muro do lado de fora da residência foi arrancado do lugar em sua quase totalidade.

Leonardo estava ampliando a sua casa, construindo outros quartos no andar de cima, mas seus planos ficaram em suspenso: a Defesa Civil mandou ele, a mulher e dois filhos saírem do local. Ele tem medo de continuar morando ali, mas diz que não pode esperar muito tempo pelo aval do poder público.

"A Defesa Civil veio aqui e disse que a casa estava condenada, mas eles também não dão um lugar pra gente ficar", afirma. "Certamente quero continuar construindo, e espero ajuda do governo e da prefeitura."

O pedreiro afirma que, se a administração municipal não fizer nada, a própria comunidade vai começar a efetuar a limpeza do barro na semana que vem. Depois disso, a reconstrução das casas é uma questão de tempo.

"Tentar de novo"

O porteiro Giovane de Souza, 33 anos, e sua mulher, a vendedora Vera de Fátima Machado da Silva, tiveram parte da sua casa destruída pela avalanche que atingiu o Féo na última quarta-feira. Segundo Giovane, duas paredes da parte de baixo da casa ruíram com o impacto da lama.


Casa nova de Anderson teve andar de baixo engolido pela lama
No entanto, Vera afirma que as fundações da sua residência não apresentam danos sérios, nem sequer rachaduras. "Até os vidros das janelas da parte de cima ficaram inteiros", diz.

Giovane e Vera se mostram reticentes de continuar em sua casa. A vendedora, principalmente, se mostra assustada: assim que a chuva começa a cair no Féo, ela foge da sua residência, onde foi buscar alguns pertences, e sobe o morro em direção de um local que considere seguro.

No entanto, a exemplo dos seus vizinhos, o casal não pretende esperar muito tempo para voltar a ter uma casa - nem que seja no mesmo local de antes.

"Eu estou pensando nisso. Vou dar um tempo e ver o que acontece. Querer, eu não quero (ficar), mas não sei se tem saída", afirma Vera. "Se a prefeitura demorar muito, o negócio é a gente ir lá e tentar de novo."

Poder público

O coordenador do 3º Centro de Apoio das Promotorias de Justiça Cíveis do Ministério Público do Rio, Leônidas Filippone, afirma que, pela experiência de casos anteriores, é sabido que pode ocorrer a reocupação de locais que estejam em risco.

"Estamos articulando com as prefeituras para que ela use poder de polícia para tomar medidas preventivas, para que casas desocupadas sejam interditadas e para evitar o retorno das pessoas", afirma.

A reportagem da BBC Brasil entrou em contato com a prefeitura de Teresópolis para se manifestar a respeito do assunto, mas não obteve retorno.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/01/110118_teresopolis_moradores_rs_vale.shtml
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Offline Spitfire

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #1 Online: 20 de Janeiro de 2011, 03:36:19 »
Olha, posso até exagerar, mas o que eu penso é que a maioria destas construções são irregulares, não pelo local em si, que evidentemente é de risco, mas pela falta de contratação de um engenheiro para desenvolver um projeto de uma casa segura para a situação em questão. Um engenheiro analisaria as condições do terreno e criaria uma solução apropriada para, se não eliminar totalmente, atenuar em muito o impacto que estragos destas magnitudes costumam trazer. O sujeito entrevistado corrobora com isto, ele mesmo esta planejando e construindo a própria casa, sem nenhuma assessoria e sem nenhuma orientação, óbvio que em um próximo evento haverão problemas... isto é certo.

Construções irregulares são mais comuns do que a maioria de nós podemos imaginar.

Offline Barata Tenno

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #2 Online: 20 de Janeiro de 2011, 08:37:31 »
Se eles tivessem grana pra contratar um engenheiro provavelmente não morariam em areas de risco.
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Offline Diegojaf

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #3 Online: 20 de Janeiro de 2011, 09:39:22 »
E qual a desculpa dos que tinham grana, construíram casas enormes, o poder público disse que ali era área de risco, mandou eles saírem e eles ainda assim insistiram com uma ação na justiça pra continuar ali?
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Offline Titoff

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #4 Online: 20 de Janeiro de 2011, 10:35:33 »
E qual a desculpa dos que tinham grana, construíram casas enormes, o poder público disse que ali era área de risco, mandou eles saírem e eles ainda assim insistiram com uma ação na justiça pra continuar ali?

Tem esse caso, em que o cara tem dinheiro mas vai correr atrás até ouvir o que quer ouvir e construir onde acha bonito, mas teve muitos terrenos atingidos que não eram area de risco, mas se tornaram area de risco ao longo do tempo pq outros construiram de forma irregular perto de rios ou encosta.

No primeiro caso, vemos que touperice não faz distinção socio-econômica.

Offline Spitfire

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #5 Online: 20 de Janeiro de 2011, 10:43:34 »
Se eles tivessem grana pra contratar um engenheiro provavelmente não morariam em areas de risco.

Sim... isto é bem verdade, eu sei.

Offline Mr. Mustard

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Re: Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes
« Resposta #6 Online: 20 de Janeiro de 2011, 10:52:17 »
Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes

Em outras palavras:

Moradores cogitam construir em área arrasada por enchentes, cuja consequencia será outra tragédia

Solução para este problema:

Eu não tenho, nem os moradores. Deveria haver interesse político, mas vi recentemente no Youtube, uma reportagem de 1981 relatando o mesmo problema, nas mesma região, porém com número menor de mortos.

Creio que não seja possível, nesta altura, obrigar os moradores a morar em outro lugar.

Porém, a população poderia assumir sua mea culpa entrando com a mão-de-obra nas reconstruções e o governo com parte dos recursos e principalmente, com a consultoria construtiva (engenheiros) e análise de riscos. Se eu não me engano, me parece a população de baixa renda possui o benefício desta consultoria realizada por um engenheiro da prefeitura, mas eu não tenho certeza.

Será que eu estou sendo utópico demais?

 

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